Guia de Estudos - Faap
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caudilhos 5 e aristocratas passam a disputar o po<strong>de</strong>r<br />
com classes médias e proletários, ambos urbanos em<br />
sua maioria e <strong>de</strong>stacadas pela verificação <strong>de</strong> constantes<br />
aumentos numéricos, uma vez que, <strong>de</strong>svinculados<br />
da metrópole, um espaço é criado para disputas por<br />
conta da liberda<strong>de</strong> política instaurada. Entretanto, há<br />
a conservação, no plano econômico e social, <strong>de</strong> características<br />
coloniais. Isso é completado por objetivos<br />
que <strong>de</strong>veriam ser alcançados como a construção <strong>de</strong><br />
socieda<strong>de</strong>s nacionais mais abertas e economicamente<br />
mais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />
O final do século XIX e mais propriamente o início<br />
do século XX recheiam a vida política dos países<br />
latino-americanos <strong>de</strong> revoluções, constatação <strong>de</strong> ditaduras<br />
e intervenções militares. Entretanto, diferentemente<br />
do período das in<strong>de</strong>pendências, caracterizada<br />
por confronto entre clãs e indivíduos, agora estas<br />
agitações passam a ser consequentes <strong>de</strong> atraso econômico<br />
e social, não mais toleráveis em nações que<br />
<strong>de</strong>sejavam se <strong>de</strong>senvolver.<br />
Na época em que a América Latina se tornava in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />
o capitalismo já imperava na Europa<br />
Oci<strong>de</strong>ntal e nos EUA, porém a dominação ibérica e a<br />
natureza dos conservadores haviam preservado estruturas<br />
arcaicas, como a escravidão e o trabalho forçado,<br />
não existentes há vários séculos em países mais<br />
adiantados.<br />
32<br />
A partir das in<strong>de</strong>pendências, a América Latina teve <strong>de</strong><br />
passar, <strong>de</strong> início, pelas revoluções que, no correr da Ida<strong>de</strong><br />
Média, haviam acompanhado a reconstituição das soberanias<br />
<strong>de</strong>smembradas pelo feudalismo, bem como pelas<br />
revoluções burguesas que, nos séculos XVII e XVIII, haviam<br />
arrancado à nobreza o monopólio das funções públicas;<br />
<strong>de</strong>pois, pelas revoluções do séc. XIX que introduziram o<br />
proletariado na vida política; e, por fim, pelas revoluções<br />
sociais do séc. XX.<br />
Tal atraso <strong>de</strong>mandava então uma certa agilida<strong>de</strong><br />
para acompanhar as mudanças do capitalismo e consequentemente<br />
uma crise permanente era caracterizada<br />
na socieda<strong>de</strong>. Quando as populações estavam<br />
iniciando a absorção <strong>de</strong> avanços alcançados pelas lutas<br />
anteriores, novas revoluções ocorriam.<br />
No período pós-Segunda Guerra Mundial, o tema<br />
do <strong>de</strong>senvolvimento ganhou <strong>de</strong>staque no cenário in-<br />
VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />
ternacional pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconstrução dos países<br />
europeus <strong>de</strong>vastados pela guerra. Truman, em 1949, dava<br />
ênfase ao discurso ao dizer que o que se pretendia com o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento era tornar disponíveis os avanços científicos<br />
e o progresso material com vistas à promoção do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento. Esta questão do <strong>de</strong>senvolvimento se<br />
inicia assim objetivando atingir melhoras nos quesitos<br />
econômicos, uma vez que se mostravam essenciais para<br />
o reerguimento dos Estados.<br />
Neste cenário, os países da América Latina se <strong>de</strong>param<br />
com a dificulda<strong>de</strong> em transformar a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma<br />
tão rápida para a conquista do crescimento econômico.<br />
Sendo assim, renunciam à utilização <strong>de</strong> formas <strong>de</strong>mocráticas<br />
<strong>de</strong> governo e até mesmo a proteger as liberda<strong>de</strong>s<br />
individuais, e passam a instaurar ditaduras <strong>de</strong> um homem<br />
ou partido, <strong>de</strong> eleições dirigidas, que tinham em suas bases<br />
medidas <strong>de</strong> caráter econômico.<br />
O que difere a América Latina <strong>de</strong> outros países sub<strong>de</strong>senvolvidos<br />
é que esta nunca se separou completamente<br />
da cultura europeia oci<strong>de</strong>ntal, tendo empregado assim<br />
aspectos válidos e que aten<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong> forma benéfica os<br />
europeus, mas que, ao serem transpostos para a América<br />
Latina, em nada correspondia à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas estruturas,<br />
as quais sempre tinham como base o pensamento<br />
liberal dos séculos XVIII e XIX. Estas <strong>de</strong>cisões impossibilitavam<br />
a organização completa <strong>de</strong> Estados, o que os fazia<br />
oscilar ora por laços <strong>de</strong>mocráticos ora por governos da lei<br />
e do arbítrio.<br />
O <strong>de</strong>bate acerca do <strong>de</strong>senvolvimento é marcado então<br />
pela busca do crescimento econômico e a consolidação<br />
<strong>de</strong> instituições <strong>de</strong>mocráticas. O Estado era consi<strong>de</strong>rado<br />
o principal ator para direcionar este <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
As políticas keynesianas 6 eram <strong>de</strong>stinadas a países on<strong>de</strong><br />
não há baixa propensão a poupar e baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
investimentos, as quais indicavam que <strong>de</strong>veria haver a<br />
expansão da <strong>de</strong>manda agregada a partir do impulso <strong>de</strong><br />
gastos públicos. A emergência do Terceiro Mundo a partir<br />
<strong>de</strong> 1970 trará para a pauta do cenário internacional o problema<br />
<strong>de</strong> caráter distributivo, salientando que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>veria ser tratado como um problema em si<br />
e não apenas cunhado por políticas domésticas.<br />
A crise do bem-estar europeu, juntamente com a crise<br />
da dívida externa a partir <strong>de</strong> 1980 nos países latino-americanos<br />
faz submergir então a agenda do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
enquanto problema internacional e também a falta <strong>de</strong><br />
confiança nas políticas centralizadas no Estado. O <strong>de</strong>sen