Guia de Estudos - Faap

Prebisch 2 foi o principal mentor desse ideal de desenvolvimento
aos países da América Latina, que depois se
estendeu aos países em desenvolvimento.
Após meio século desde sua fundação, a Cepal realizou
contribuições relevantes para o desenvolvimento
regional dos países que integram a América Latina e o
Caribe, fazendo com que seu estudo seja de extrema
importância para compreender a história econômica de
seus membros. Ela é interpretada como uma “escola de
pensamento” especializada na análise das tendências
econômicas e sociais de médio e longo prazo dos países
latino-americanos e caribenhos.
Desde seus primeiros anos, desenvolveu um método
analítico próprio denominado “histórico-estrutural”,
o qual se mantém até os dias atuais, em que se analisa a
forma como as instituições e a estrutura produtiva condicionam
a dinâmica econômica dos países em desenvolvimento.
A própria Cepal admite que nesse método
não existam “estágios de desenvolvimento” uniformes,
já que os países em desenvolvimento, caracterizados
pelo “desenvolvimento tardio”, possuem uma dinâmica
diferente daqueles países que obtiveram um desenvolvimento
mais rápido. Dessa forma, a Comissão sugeriu
nos anos 70 a denominação da terminologia “heterogeneidade
estrutural” para as economias de seus países
integrantes.
A história da Cepal foi marcada pela sua participação
nos debates sobre a inflação, que resultou em um novo
conceito denominado “inflação inercial” 3 , como também
foi importante na contribuição das análises macroeconômicas
dos países latino-americanos e caribenhos,
e, principalmente, ficou reconhecida pelo suporte nos
debates sobre desenvolvimento sustentável desde os
anos 70. Além disso, é de suma importância dizer que
a metodologia da Cepal tem como característica uma
visão integral sobre o termo desenvolvimento, o “jogo
dialético entre as ideias e a realidade” (ação e pensamento),
e também a busca de uma identidade regional.
A CEPAL possui como missão realizar estudos, pesquisas
e outras atividades de apoio em conformidade
com o mandato da Comissão; promover o desenvolvimento
econômico e social através da cooperação e da
integração a nível regional e sub-regional; fornecer serviços
de consultoria para governos (a pedido dos próprios);
dentre outros.
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VII Fórum FAAP de Discussão Estudantil - 2011
Ao largo de sua história, é possível destacar três temas
aos quais a organização mais se ateve em sua agenda,
são eles: 1º) referente ao papel central que desempenham
as economias latino-americanas e caribenhas
na sua inserção internacional; 2º) o intercâmbio tecnológico;
3º) a equidade dentro do processo global de desenvolvimento.
O livro 50 anos de pensamento na Cepal relata a trajetória
intelectual da instituição durante o período 1948-
1998. Nele, o autor, Ricardo Bielschowsky, faz referência
a cinco etapas históricas da Cepal detalhadamente e
trata sobre produções recentes. O livro também ressalta
a importância de Raúl Prebisch e destaca outras personalidades
que auxiliaram nos trabalhos da organização,
tais como os intelectuais Celso Furtado, José Medina,
Anibal Pinto, Osvaldo Sunkel, Regino Botti e Aldo Ferrerobre.
Ao tratar sobre as origens e os anos 50 (processo
denominado por industrialização), o autor inicia tratando
sobre os documentos elaborados por Prebisch que
defendiam que a industrialização espontânea em curso
tinha um significado especial para a história da humanidade,
pois representava a possibilidade da região
subdesenvolvida latino-americana em “colher frutos” do
progresso técnico mundial, conferidos até aquele momento
apenas aos países tidos como industrializados.
Essa época é considerada pelo autor como “o auge
da criatividade e da capacidade de ousar e influenciar”,
já que muitos intelectuais contribuíram na formação da
Cepal. Foi nesse período também que foi desenvolvida
a “teoria do desenvolvimento” que tem como prerrogativa
a ideia de que os países subdesenvolvidos merecem
uma análise independente, já que eles possuem
um funcionamento diferente dos países desenvolvidos.
Há de se considerar também a necessidade da industrialização
como uma possível forma de superar o subdesenvolvimento
e a pobreza.
Nos anos 60, crescem os debates referentes à integração
regional. É importante relembrar que nessa época
fora criada a Conferência das Nações Unidas sobre o
Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), que se utiliza
dos conceitos previamente elaborados pela própria
Cepal, e passa a ser vista como um local para debater
as ideias críticas do processo de desenvolvimento em
curso.