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Guia de Estudos - Faap

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BUSCANDO SOLUÇÕES PARA A<br />

QUESTÃO DOS REFUGIADOS DA<br />

GUERRA CIVIL SOMALI


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Senhores <strong>de</strong>legados,<br />

É com enorme satisfação que a diretoria do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados<br />

dá as boas-vindas à VII Edição do Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil. Primeiramente, gostaríamos <strong>de</strong><br />

nos apresentar. A diretoria <strong>de</strong>ste comitê conta com 3 membros:<br />

Isabela Vendramini Castrignano <strong>de</strong> Oliveira, 21 anos, cursa o 7º semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais.<br />

Participou como diretora adjunta do Banco Mundial na VI Edição do Fórum FAAP.<br />

Manuela Franco Fernan<strong>de</strong>s, 23 anos, cursa o 6º semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais. Participou<br />

como voluntária <strong>de</strong> Estrutura nas edições V e VI do Fórum FAAP e atualmente ocupa o cargo <strong>de</strong> diretora<br />

financeira do XVI Encontro Nacional dos Estudantes <strong>de</strong> Relações Internacionais - ENERI.<br />

Samara Conze Figueiredo, 21 anos, cursa o 7º semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais. Participou como<br />

voluntária do Comitê <strong>de</strong> Imprensa na edição do VI Fórum FAAP.<br />

O tema abordado por este comitê foi cuidadosamente escolhido, <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um alcance<br />

mundial e ao caráter emergencial da questão. Dessa forma, recomendamos seguir o <strong>de</strong>senrolar<br />

do conflito através do nosso guia <strong>de</strong> estudos e pesquisas, por ocorrer em uma região politicamente<br />

instável, que necessita <strong>de</strong> ações minuciosamente planejadas para tornar suas resoluções duradouras.<br />

Esperamos que os <strong>de</strong>bates possam ser produtivos e embasados em pesquisas e reflexões.<br />

Não po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> parabenizar e agra<strong>de</strong>cer a secretária-geral acadêmica <strong>de</strong>sta edição, Bruna<br />

Strufaldi, pelo excelente trabalho <strong>de</strong>senvolvido neste curto período <strong>de</strong> tempo. A toda equipe administrativa<br />

<strong>de</strong>sta edição, o nosso muito obrigado.<br />

Desejamos a todos os senhores <strong>de</strong>legados <strong>de</strong>bates frutíferos, e que os senhores consigam alcançar<br />

os objetivos <strong>de</strong>ste comitê, respeitando suas competências e realçando os valores e princípios da<br />

Carta das Nações Unidas. Boa sorte!<br />

Isabela Vendramini, Manuela Fernan<strong>de</strong>s e Samara Figueiredo<br />

Diretoras acadêmicas<br />

13


INTRODUÇÃO<br />

Por conta da falência da Liga das Nações 1 e o caos<br />

instaurado pela Segunda Guerra Mundial durante o<br />

período <strong>de</strong> 1939 a 1945, os Estados se <strong>de</strong>pararam com<br />

a necessida<strong>de</strong> e a importância <strong>de</strong> criar um organismo<br />

multilateral que pu<strong>de</strong>sse, <strong>de</strong> forma coletiva, alcançar<br />

interesses globais. Por meio da Conferência <strong>de</strong> São<br />

Francisco, em 1945, foi formalizada a criação da Organização<br />

das Nações Unidas (ONU), com inicialmente<br />

51 Estados-Membros.<br />

Seu nascimento conservou os principais objetivos<br />

da Liga das Nações, manter a paz e garantir a segurança<br />

internacional através <strong>de</strong> resoluções pacíficas <strong>de</strong><br />

conflitos. Por conta <strong>de</strong> falhas cometidas por sua antecessora,<br />

a nova organização buscou realizar alterações<br />

estruturais que ampliassem sua esfera <strong>de</strong> atuação<br />

como prevenção <strong>de</strong> conflitos e assistência humanitária.<br />

Assim, com o fim da Segunda Guerra Mundial,<br />

alguns temas foram enfatizados pela comunida<strong>de</strong><br />

internacional, o que proporcionou uma maior preocupação<br />

com os problemas que afligiam a humanida<strong>de</strong>.<br />

Através <strong>de</strong> agências especializadas, programas<br />

e fundos disseminados no mundo inteiro, a organização<br />

consegue afetar diretamente o sistema como um<br />

todo. Um dos focos da ONU é buscar soluções coletivas<br />

para assuntos relevantes como <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável, proteção aos refugiados, meio ambiente,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico e social, entre outros.<br />

HISTóRICO DO COMITê<br />

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados<br />

(ACNUR) foi criado após a Segunda Guerra<br />

Mundial pela Assembleia Geral das Nações Unidas<br />

(AGNU) com o intuito <strong>de</strong> auxiliar pessoas <strong>de</strong>slocadas<br />

resultantes <strong>de</strong> conflito. Assim, foi estabelecido em<br />

1949, e iniciou seus trabalhos em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1950,<br />

com um mandato inicial <strong>de</strong> apenas três anos, mas que<br />

se prolonga até os dias <strong>de</strong> hoje.<br />

No ano seguinte à criação do ACNUR, ocorre uma<br />

conferência <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res das Nações Unidas em que é redigida<br />

uma Carta Magna que regulamenta a situação<br />

dos refugiados. É oficializada, então, a Convenção das<br />

Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, no<br />

dia 28 <strong>de</strong> julho do mesmo ano, entrando em vigor três<br />

14<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

anos <strong>de</strong>pois. O Estatuto do Escritório do Alto Comissariado<br />

das Nações Unidas para Refugiados, também conhecido<br />

como Estatuto do Refugiado, é anexado a uma<br />

Resolução que convida os governos a colaborar com o<br />

Alto Comissariado, estabelecendo seu trabalho como<br />

humanitário, social e completamente apolítico.<br />

Esse instrumento representou um compromisso legal<br />

e supranacional dos Estados com relação às necessida<strong>de</strong>s<br />

dos refugiados. Portanto, <strong>de</strong>finiu-se refugiado<br />

como sendo<br />

toda pessoa que temendo ser perseguida por motivos<br />

<strong>de</strong> raça, religião, nacionalida<strong>de</strong>, grupo social, ou opiniões<br />

políticas, se encontra fora do país <strong>de</strong> sua nacionalida<strong>de</strong> e que<br />

não po<strong>de</strong> ou, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse temor, não quer valer-se da<br />

proteção <strong>de</strong>sse país, ou que, se não tem nacionalida<strong>de</strong> e se<br />

encontra fora do país no qual tinha sua residência habitual<br />

em consequência <strong>de</strong> tais acontecimentos, não po<strong>de</strong> ou não<br />

quer voltar a ele.<br />

O surgimento do comissariado coincidiu com o período<br />

da Guerra Fria, que, somado a influência e pressões<br />

internas provenientes dos Estados-Membros, acabou<br />

por direcionar as operações principalmente aos novos<br />

refugiados do regime comunista, restringindo sua atuação<br />

à Europa. Contudo, o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scolonização<br />

da África nos anos 60 refletiu na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expandir<br />

as atuações do ACNUR, inserindo sua funcionalida<strong>de</strong><br />

na esfera global. Guerras buscando a in<strong>de</strong>pendência,<br />

guerras civis pós-in<strong>de</strong>pendência e a interferência <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s potências em conflitos internos acarretaram<br />

gran<strong>de</strong> aumento do número <strong>de</strong> refugiados, tanto na<br />

África quanto na América Latina e Ásia.<br />

Nos anos que seguiram, as responsabilida<strong>de</strong>s do Alto<br />

Comissariado cresceram proporcionalmente na tentativa<br />

<strong>de</strong> salvaguardar a gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong>slocadas<br />

que resultavam <strong>de</strong>sses conflitos auxiliando não<br />

somente refugiados, mas também <strong>de</strong>slocados internos,<br />

apátridas, retornados e requerentes <strong>de</strong> asilo político ou<br />

diplomático, confirmando sua valia para a comunida<strong>de</strong><br />

internacional.<br />

Durante os anos 90 a Agência encontrou problemas<br />

com relação à sua insuficiência econômica, falta<br />

<strong>de</strong> recursos próprios que sustentassem suas ativida<strong>de</strong>s.<br />

Inúmeros conflitos, particularmente os africanos, foram<br />

esquecidos, pois os doadores preocupavam-se apenas


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

com seus interesses estratégicos, e se estes não existissem<br />

na região, simplesmente esquivavam-se <strong>de</strong> suas<br />

responsabilida<strong>de</strong>s. Houve também mudanças na visão<br />

<strong>de</strong> alguns países acolhedores que passaram a associar<br />

refugiados como um “peso” extra na socieda<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>sta<br />

forma tentavam contê-los em suas regiões <strong>de</strong> origem, o<br />

que dificultava a realização efetiva dos compromissos<br />

<strong>de</strong>limitados pelo órgão.<br />

Os objetivos e competências atribuídas pela ONU<br />

ao ACNUR consistem, <strong>de</strong> forma principal, na busca <strong>de</strong><br />

soluções para a situação dos refugiados e na coor<strong>de</strong>nação<br />

das ativida<strong>de</strong>s internacionais para a proteção dos<br />

mesmos. Sua missão é assegurar que qualquer pessoa<br />

obtenha o direito ao asilo em outro país, se necessário,<br />

e garantir legalmente os direitos dos refugiados.<br />

Define-se por direito dos refugiados a liberda<strong>de</strong> em<br />

todos os aspectos: religiosos, culturais, <strong>de</strong> expressão e<br />

movimento, à não discriminação, à residência, à proprieda<strong>de</strong><br />

intelectual e industrial, à associação, ao emprego,<br />

ao alojamento, à educação e assistência pública,<br />

a papéis <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e documentos <strong>de</strong> viagem.<br />

Dentre suas competências, estão inseridas ativida<strong>de</strong>s<br />

como: assistir àqueles que <strong>de</strong>sejam retornar ao<br />

seu país <strong>de</strong> origem e buscar soluções duradouras para<br />

a situação <strong>de</strong>ssas pessoas. Autorizado igualmente pela<br />

Assembleia Geral das Nações Unidas e pelo Comitê Executivo<br />

do ACNUR, o organismo tem o direito <strong>de</strong> intervir,<br />

direcionando suas ações em prol <strong>de</strong> outros grupos,<br />

como os apátridas. Define-se por apátridas todos aqueles<br />

indivíduos que não são consi<strong>de</strong>rados nacionais por<br />

qualquer Estado, ou seja, o Estado não reconhece como<br />

seu cidadão, não possuindo nenhuma nacionalida<strong>de</strong>.<br />

As atuações do ACNUR eram inicialmente restritas,<br />

apenas auxiliando os governos a <strong>de</strong>limitar e criar normas<br />

que incluíssem os refugiados na socieda<strong>de</strong>, respeitando<br />

a Convenção <strong>de</strong> 1951. Uma vez que o ACNUR teve<br />

suas responsabilida<strong>de</strong>s ampliadas, este passou a atuar<br />

também com instituições internacionais, buscando minimizar<br />

o <strong>de</strong>slocamento forçado e promover melhorias<br />

nas condições dos refugiados ao redor do mundo. Organizações<br />

regionais, internacionais, não governamentais<br />

e governos recebem colaboração do comitê buscando<br />

complementar esforços que se fazem necessários à proteção<br />

<strong>de</strong>sses indivíduos e na busca para a solução <strong>de</strong><br />

seus problemas.<br />

O ACNUR oferece às pessoas sob sua custódia proteção<br />

e assistência <strong>de</strong> forma imparcial sem distinção<br />

<strong>de</strong> religião, raça, sexo ou opinião política. Dentre suas<br />

ativida<strong>de</strong>s é dada às mulheres e crianças uma atenção<br />

especial, buscando aten<strong>de</strong>r respectivamente suas necessida<strong>de</strong>s<br />

básicas e garantir seus direitos naturais. Para<br />

tal, o Comitê recebe colaboração <strong>de</strong> instituições como<br />

o Programa Mundial para Alimentos (WFP), Fundo das<br />

Nações Unidas para as Crianças (UNICEF) e a Organização<br />

Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS).<br />

Vale ressaltar que as ações do Comissariado buscam<br />

sempre respeitar e promover os princípios e propósitos<br />

da Carta das Nações Unidas.<br />

Contudo, alguns problemas com relação à atuação<br />

do Alto Comissariado são enfrentados, pois o mesmo<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> resoluções do Conselho <strong>de</strong> Segurança das<br />

Nações Unidas (CSNU). Este, por possuir caráter obrigatório,<br />

estabelece o envio <strong>de</strong> recursos humanos e materiais<br />

para amenizar a situação dos refugiados <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

conflitos. Assim, o ACNUR acaba por trabalhar<br />

estreitamente não só com os órgãos <strong>de</strong> auxílio humanitário,<br />

mas também com o CSNU.<br />

Assim, o órgão possuiu como trabalho principal<br />

buscar ações imediatas às crises humanitárias, visando<br />

proteger aproximadamente 32,9 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />

que se enquadram no status <strong>de</strong> refugiado. Atua<br />

<strong>de</strong> diferentes maneiras buscando assegurar os direitos<br />

humanos <strong>de</strong> todos aqueles que estejam em situações<br />

vulneráveis, além <strong>de</strong> garantir que não haverá o retorno<br />

involuntário por parte dos mesmos. O Comitê procura<br />

assistir o retorno dos refugiados a seus países e integrá-<br />

-los em países que cedam asilo ou reassentá-los em outros<br />

lugares. Visando o <strong>de</strong>senvolvimento, o Alto Comissariado<br />

busca prover o necessário para a manutenção<br />

da dignida<strong>de</strong> humana, com assistência médica, alimento,<br />

água e abrigo. Assim sendo, o Comitê <strong>de</strong>senvolve<br />

programas especiais visando assegurar que esta parte<br />

da população, os refugiados, tenha acesso igualitário a<br />

proteção, serviços básicos e oportunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> modo a<br />

reconstruírem suas vidas.<br />

HISTóRICO DO PROBLEMA<br />

No mundo pós-Guerra Fria, a Somália se caracteriza<br />

como um Estado on<strong>de</strong> a intervenção internacional se<br />

torna essencial, e as nações não <strong>de</strong>vem esperar que as<br />

15


intervenções resultem numa rápida reconciliação dos<br />

combates e na reconstrução das socieda<strong>de</strong>s civis, este<br />

acarretará num processo <strong>de</strong>licado e <strong>de</strong>morado, <strong>de</strong> forma<br />

a transformar a estrutura do país.<br />

Vários acadêmicos argumentam que, quando um<br />

Estado não está no comando da gestão <strong>de</strong> um país,<br />

ele se torna uma terra sem leis e acaba por gerar criminosos,<br />

como é o caso dos piratas que se encontram<br />

na Somália nos dias <strong>de</strong> hoje. Contudo, a Somália não<br />

foi sempre um sinônimo <strong>de</strong> violência, pobreza, fome<br />

e miséria. Conhecida como o Chifre da África, rica em<br />

ouro, óleos exóticos, ma<strong>de</strong>iras raras e marfim, era consi<strong>de</strong>rada<br />

pelos antigos egípcios uma região <strong>de</strong> alto valor.<br />

A homogeneida<strong>de</strong> encontrada hoje tanto política<br />

quanto social <strong>de</strong>ntro do país acaba por dificultar ao<br />

invés <strong>de</strong> ajudar a situação do mesmo. Diferentemente<br />

<strong>de</strong> outras nações, que até os dias <strong>de</strong> hoje lutam para<br />

reconciliar diferentes culturas, religiões e tradições, a<br />

Somália é cultural, linguistica, e religiosamente homogênea.<br />

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha<br />

e a Itália lutavam pelo controle da região do Chifre<br />

da África. A Grã-Bretanha saiu vitoriosa com o término<br />

da guerra e a Somalilândia italiana, fração do terrirório<br />

somali, se transformou em um território unido sob o<br />

controle da Itália.<br />

No ano <strong>de</strong> 1960, foi conquistada a in<strong>de</strong>pendência<br />

da Somália, formando a República Nova da Somália.<br />

Contudo, a in<strong>de</strong>pendência política não acarretou em<br />

paz na região. As superpotências, que viam a região<br />

do Chifre da África como uma importante área estratégica<br />

na época da Guerra Fria, não pararam <strong>de</strong> armar<br />

essa região, o que acarretou milhares <strong>de</strong> mortes em<br />

todo o continente. Somado a isso, rivalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> divida em clãs e corrupção formaram a receita<br />

perfeita para sua dissolução política. A corrupção<br />

alcançava níveis sem prece<strong>de</strong>ntes, a base fundamental<br />

da política havia sido transformada em clãs, a<br />

legitimida<strong>de</strong> do governo estava corrompida e as instituições<br />

e agentes visivelmente <strong>de</strong>sgastados.<br />

Ao final dos anos 1970, a Somália se tornou palco<br />

<strong>de</strong> enormes disputas étnicas pelo controle do Estado.<br />

A situação teve uma piora no fim do anos 1980, quando<br />

o país passou a enfrentar uma grave crise institucional<br />

fazendo finalmente com que o Estado per<strong>de</strong>sse<br />

o monopólio sobre a governança <strong>de</strong> seu território. A<br />

16<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

situação se agrava com o fim da Guerra Fria, quando os<br />

EUA passam a não ter mais interesse na região, uma vez<br />

que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)<br />

se encontrava dissolvida e a região africana seria <strong>de</strong>ixada<br />

<strong>de</strong> lado.<br />

Após a <strong>de</strong>rrota da Somália para a Etiópia numa disputa<br />

<strong>de</strong> territórios na região <strong>de</strong> Oga<strong>de</strong>n (Guerra <strong>de</strong> Oga<strong>de</strong>n<br />

-1977-1978), o país entra em crise, e com o visível<br />

aumento do <strong>de</strong>sagrado da população em relação ao<br />

governo opressor <strong>de</strong> Sied-Barre, já se podia ver o início<br />

<strong>de</strong> um conflito civil. De fato, em 1986, Barre já iniciava<br />

ofensivas contra os movimentos opositores; no mesmo<br />

ano a Guerra Civil se concretiza e, em 1992, Barre <strong>de</strong>ixa<br />

o po<strong>de</strong>r.<br />

As políticas adotadas por Siad-Barre, que resultaram<br />

em um governo opressivo e ditatorial que explorava a<br />

população, extorquindo seus recursos naturais e massacrando<br />

milhares, acarretaram a situação atual do país,<br />

em que o crime interno passou a ser um problema internacional,<br />

por ser um “criadouro” e local <strong>de</strong> manutenção<br />

<strong>de</strong> ameaças, principalmente oriundas das ativida<strong>de</strong>s<br />

dos piratas.<br />

O fato <strong>de</strong> ter se tornado um problema mundial não<br />

é nenhuma surpresa, uma vez que o Estado conta com<br />

uma ausência total <strong>de</strong> opções econômicas praticáveis,<br />

os civis se encontram fortemente armados e é uma terra<br />

sem leis on<strong>de</strong> acaba por prevalecer a violência aleatória<br />

e os ataques dos clãs baseados nas milícias. Um relatório<br />

escrito pelo Banco Mundial no ano <strong>de</strong> 2005 coloca que<br />

o governo <strong>de</strong> Barre foi seguido não por um governo <strong>de</strong><br />

reconciliação, mas por um período em que a anarquia<br />

se prolongou <strong>de</strong> forma violenta e com guerras.<br />

Des<strong>de</strong> a queda <strong>de</strong> Barre em 1991 a única fonte <strong>de</strong><br />

estabilida<strong>de</strong> relativa na Somália nos dias atuais é a República<br />

da Somalilândia, um território que se <strong>de</strong>clarou<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte após a <strong>de</strong>rrocada do presi<strong>de</strong>nte; território<br />

esse que é pacífico, possui uma constituição e uma<br />

<strong>de</strong>mocracia, porém, até os dias <strong>de</strong> hoje, não é reconhecido<br />

como in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte por quaisquer organismos internacionais<br />

ou Estado da comunida<strong>de</strong> internacional.<br />

Houve, logo após a saída <strong>de</strong> Siad Barre, uma rápida<br />

intervenção (1992-1995) do CSNU, que aprovou uma resolução<br />

autorizando uma missão <strong>de</strong> paz, com objetivos<br />

humanitários, li<strong>de</strong>rada pelos Estados Unidos da América.<br />

Entre abril <strong>de</strong> 1992 e março <strong>de</strong> 1993, a região foi pal-


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

co da Operação das Nações Unidas na Somália (UNO-<br />

SOM I) e entre março <strong>de</strong> 1993 e março <strong>de</strong> 1995 houve a<br />

UNOSOM II.<br />

Respectivamente, essas missões visavam, por meio<br />

do Conselho <strong>de</strong> Segurança e através <strong>de</strong> resoluções,<br />

uma força <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> paz na Somália. A United<br />

Nations Operation in Somália I (UNOSOM I) tinha por<br />

função facilitar a entrega <strong>de</strong> alimentos e remédios à população,<br />

sem que os comboios fossem saqueados, uma<br />

vez que gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dinheiro <strong>de</strong> organizações<br />

humanitárias estavam sendo extraviadas.<br />

O problema do país africano era tanto que a ONU<br />

não podia contar com um governo central, o qual pu<strong>de</strong>sse<br />

negociar, ao invés disso, a capital somali se encontrava<br />

dividida por milícias, o que dificultou ainda mais o<br />

trabalho do secretário-geral da ONU para Assuntos Políticos,<br />

James O. C. Jonah e da participação da Liga dos<br />

Estados Árabes, a Organização da União Africana e a Organização<br />

da Conferência Islâmica, que trabalharam diretamente<br />

com o “presi<strong>de</strong>nte” Mahdi, na busca <strong>de</strong> uma<br />

reconciliação nacional.<br />

Com o aumento da ação militar das Nações Unidas,<br />

foi possível estabelecer um acordo em março <strong>de</strong> 1992.<br />

Entretanto, apesar do empenho da comunida<strong>de</strong> internacional,<br />

a situação se <strong>de</strong>teriorou em Mogadíscio, tropas<br />

da UNOSOM tiveram seus carros e armas roubadas,<br />

navios não conseguiam aportar, entre outros. Assim,<br />

por consequência, a Organização das Nações Unidas se<br />

viu na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma segunda missão, a UNOSOM<br />

II, que buscava o mesmo objetivo da primeira missão,<br />

porém, com a inclusão <strong>de</strong> novas resoluções, sendo uma<br />

<strong>de</strong>las, a aprovação do uso da força na missão <strong>de</strong> paz. Resolução<br />

esta que tinha por <strong>de</strong>finição: “o uso <strong>de</strong> todos os<br />

meios necessários para estabelecer o mais cedo possível<br />

um ambiente seguro para a operação humanitária<br />

na Somália.”<br />

Novamente, após a saída das Nações Unidas, via-se<br />

um Estado praticamente anárquico, que possuía grupos<br />

provenientes <strong>de</strong> milícias lutando por território. Quem<br />

governou a partir <strong>de</strong> então foram os lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong>sses movimentos,<br />

os senhores da guerra.<br />

Estima-se que aproximadamente 350 mil somalis tenham<br />

morrido entre 1991 e 1992 <strong>de</strong>vido às condições<br />

precárias <strong>de</strong> sobrevivência no país. Na capital, Mogadís-<br />

cio, o número <strong>de</strong> pessoas famintas era muito gran<strong>de</strong>, e o<br />

número <strong>de</strong> refugiados vindos dos campos somente aumentava,<br />

pois acreditavam que na cida<strong>de</strong> encontrariam<br />

trabalho e alimento, mas o cenário era outro.<br />

Em 2000, os clãs apontaram Abdulkassim Salat Hassan<br />

como presi<strong>de</strong>nte em uma conferência que ocorreu<br />

em Djibouti. Foi criado então um governo <strong>de</strong> transição<br />

com o objetivo <strong>de</strong> conciliar a guerra das milícias. Ao fim<br />

<strong>de</strong> seu mandato, porém, nada havia sido modificado,<br />

não havendo oportunida<strong>de</strong>s para a unificação do país.<br />

A situação da Somália se agravou ainda mais em<br />

2006, quando islamitas ganharam o controle do sul do<br />

país, após expulsarem os senhores da guerra que dominavam<br />

a região há 15 anos. No final <strong>de</strong> 2006, tropas<br />

etíopes, fiéis ao governo, tomaram o po<strong>de</strong>r das mãos<br />

islamitas. Porém, no final <strong>de</strong> 2008, o grupo Al-Shabab,<br />

<strong>de</strong> insurgentes islâmicos, lutou contra o governo e suas<br />

tropas etíopes, retomando o território perdido e dominando<br />

a maior parte do sul da Somália. Des<strong>de</strong> então, o<br />

Parlamento do país tem tentado agir contra o grupo,<br />

nomeando o islamita mo<strong>de</strong>rado Sheikh Sharif Sheikh<br />

Ahmad como presi<strong>de</strong>nte. No mesmo ano, o número <strong>de</strong><br />

refugiados e <strong>de</strong>slocados internos do país alcançou mais<br />

<strong>de</strong> um milhão, segundo a ONU.<br />

Além do grupo rebel<strong>de</strong>, a falta <strong>de</strong> governo no país<br />

por longa data levou ao gran<strong>de</strong> problema da pirataria,<br />

ameaçando a navegação internacional na área que é<br />

um dos mais importantes trechos <strong>de</strong> navegação do<br />

mundo.<br />

No último mês do ano <strong>de</strong> 2010, a ONU <strong>de</strong>clarou que<br />

1,5 milhão <strong>de</strong> pessoas encontra-se <strong>de</strong>salojada e, <strong>de</strong>ste<br />

montante, aproximadamente 400 mil está nas redon<strong>de</strong>zas<br />

da capital. O Comissariado con<strong>de</strong>nou as violações<br />

dos direitos humanos existentes na região referindo-se<br />

a mortes indiscriminadas, mutilações <strong>de</strong> civis, violação<br />

<strong>de</strong> mulheres e recrutamento <strong>de</strong> crianças-soldado.<br />

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA<br />

A Guerra Civil transformou a Somália em um país<br />

sem leis, entregue à violência e à anarquia, on<strong>de</strong> o governo<br />

não possui nenhum controle. Consi<strong>de</strong>rado que<br />

esse Estado sofre uma crise humanitária sem previsão<br />

<strong>de</strong> término, po<strong>de</strong>mos encaixá-lo no conceito <strong>de</strong> Estado<br />

falido, ou seja, aquele que não possui as capacida<strong>de</strong>s<br />

para assegurar as funções básicas <strong>de</strong> segurança a<br />

17


sua população, o Estado <strong>de</strong> direito não é mais efetivo<br />

e o governo não controla mais seu próprio território.<br />

Apesar da eleição, em 2009, <strong>de</strong> um ex-membro da<br />

União das Cortes Islâmicas (UCI) como presi<strong>de</strong>nte, o<br />

embate entre a própria UCI e o Governo Transicional<br />

Fe<strong>de</strong>ral (GTF), ainda persiste.<br />

18<br />

A União das Cortes Islâmicas (UCI) constitui um conjunto<br />

<strong>de</strong> cortes seguidoras da sharia – código <strong>de</strong> leis do<br />

islamismo -, que dominou regiões diversas da Somália até<br />

o ano <strong>de</strong> 2006. A UCI instituiu-se como oposição ao po<strong>de</strong>r<br />

do Governo Transicional Fe<strong>de</strong>ral (GTF), estabelecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2004, a partir do Quênia, visto que Mogadíscio encontrava-se<br />

dominada pela UCI. Em 2006, com o apoio <strong>de</strong> forças<br />

provenientes da Etiópia, o GTF conseguiu expulsar a UCI<br />

tanto <strong>de</strong> Mogadíscio quanto <strong>de</strong> outras regiões ocupadas<br />

pelas Cortes mais ao sul da Somália.<br />

No final <strong>de</strong> 2008, porém, o grupo islamita Al-Shabab<br />

lutou e retornou o po<strong>de</strong>r, tomando quase todo o<br />

sul da Somália.<br />

A capital é consi<strong>de</strong>rada “terra <strong>de</strong> ninguém”, repleta<br />

<strong>de</strong> milícias, gangues e conflitos armados. Como principal<br />

palco <strong>de</strong>sses conflitos, a cida<strong>de</strong> e seus civis vivem<br />

em total abandono, a falta <strong>de</strong> recursos para as pessoas<br />

é latente, e a maioria aguarda a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />

para regiões vizinhas ou outros países.<br />

Relatos <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>ios, ataques militares, ofensivas<br />

com granadas, bombas espalhadas pelas ruas,<br />

frequentes em área civil, são comuns, além dos conflitos<br />

entre o Governo Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Transição e grupos<br />

rebel<strong>de</strong>s que na maioria das vezes acabam também<br />

atingindo bairros resi<strong>de</strong>nciais.<br />

A Somália não fornece aos seus cidadãos serviços<br />

públicos e sociais, não conta com nenhum sistema <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, moradia e educação, <strong>de</strong>ssa forma, a população<br />

é forçada a buscar seu bem-estar da maneira que lhe<br />

for conveniente, fazendo com que a criminalida<strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>senvolva. Umas das consequências mais latentes<br />

<strong>de</strong>ssa situação é a pirataria, ação encontrada pelos somalis<br />

como uma forma <strong>de</strong> economia e sustento.<br />

Esse processo foi iniciado quando a população encontrou<br />

na pesca (quase subsistente) uma forma <strong>de</strong><br />

sobrevivência. Porém, o fato <strong>de</strong> que toda a extensão<br />

da Somália, terra e mar, sofria com a ausência <strong>de</strong> qual-<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

quer governo, gran<strong>de</strong>s navios pesqueiros começaram a<br />

utilizar a área do mar, on<strong>de</strong> era realizada a pesca, para navegação,<br />

o que prejudicava potencialmente a ativida<strong>de</strong><br />

da população local. Então, a única solução encontrada, a<br />

princípio, para o restabelecimento da pesca por esses pescadores,<br />

foi a pirataria, sendo que esses navios pesqueiros<br />

eram sequestrados, juntamente com sua tripulação.<br />

O lucro para os somalis viria do pagamento do resgate.<br />

Contudo, a pirataria teve crescimento pujante, e hoje<br />

passou a ser <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> outros grupos da Somália,<br />

como os senhores <strong>de</strong> guerra, “que possuem o controle<br />

militar <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada região <strong>de</strong> um território, mas<br />

não possuem autorida<strong>de</strong> legal sobre a mesma”, fazendo<br />

emergir uma gran<strong>de</strong> indústria da pirataria. Um dos motivos<br />

da falta <strong>de</strong> ajuda humanitária, ou a dificulda<strong>de</strong> da<br />

mesma <strong>de</strong> chegar até o país, são os próprios piratas que<br />

se encontram na passagem dos navios <strong>de</strong> ajuda que chegariam<br />

até lá, dificultando o acesso da chegada <strong>de</strong> qualquer<br />

auxílio externo.<br />

Diante <strong>de</strong>sse cenário, pela falta <strong>de</strong> condições básicas<br />

<strong>de</strong> sobrevivência, e pelo total caos instaurado em sua<br />

capital, hoje a Somália possui por volta <strong>de</strong> 1,4 milhão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocados internos, e por volta <strong>de</strong> 500.000 pessoas vivendo<br />

em outros países. Isso ocorre pelo conflito em andamento,<br />

pela violência indiscriminada e pela total falta<br />

<strong>de</strong> proteção dos direitos humanos. Os refugiados resi<strong>de</strong>m<br />

em locais <strong>de</strong>stinados a esse tipo <strong>de</strong> situação, chamados<br />

campos <strong>de</strong> refugiados, gerenciados pela própria Agência<br />

<strong>de</strong> Refugiados das Nações Unidas. Lá vivem em condições<br />

precárias, expostos a doenças, a longos períodos <strong>de</strong> seca<br />

e a falta <strong>de</strong> ajuda humanitária, que é impedida <strong>de</strong> chegar,<br />

pela insegurança causada. Assim, o refugiado permanece<br />

nesses campos até que receba abrigo por parte <strong>de</strong> algum<br />

país.<br />

Há também o problema das <strong>de</strong>portações sofridas por<br />

esses <strong>de</strong>slocados, muitos países, que a princípio concordaram<br />

em receber essas pessoas, agora os estão “<strong>de</strong>volvendo”<br />

ao seu país <strong>de</strong> origem. Esse retorno involuntário<br />

fere o princípio <strong>de</strong> non-refoulement (nenhum país que<br />

abriga refugiados ou requerentes <strong>de</strong> asilo po<strong>de</strong> “<strong>de</strong>volvê-<br />

-los” antes que tenham sua situação analisada) e coloca<br />

inúmeras vidas em risco, dada a violência latente em Mogadíscio.<br />

Define-se por <strong>de</strong>slocados internos (IDPs): pessoas <strong>de</strong>slocadas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu próprio país que muitas vezes são<br />

erroneamente chamadas <strong>de</strong> refugiadas. Ao contrário dos


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

refugiados, os IDPs não atravessaram uma fronteira internacional<br />

na busca <strong>de</strong> segurança. As razões das fugas<br />

são semelhantes às dos refugiados (conflito armado,<br />

violência generalizada, violações <strong>de</strong> direitos humanos),<br />

legalmente os <strong>de</strong>slocados internos permanecem sob a<br />

proteção <strong>de</strong> seu próprio governo, ainda que esse governo<br />

possa ser a causa da fuga. Como cidadãos, eles mantêm<br />

todos os seus direitos e são protegidos pelo direito<br />

humano e pelo direito internacional humanitário.<br />

Não <strong>de</strong>ve haver dúvida com relação à necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reconhecimento da comunida<strong>de</strong> internacional da situação<br />

emergencial que vive a Somália, e que, através<br />

<strong>de</strong> ações planejadas, seja construída uma consciência<br />

nacional voltada para a criação <strong>de</strong> um governo estável;<br />

do contrário, o Estado permanecerá falido, com uma<br />

anarquia econômica, social e ambiental.<br />

PANORAMA DE POLíTICAS GLOBAIS<br />

Todo esse panorama foi baseado no site da ONU para<br />

refugiados, o qual trata o tema <strong>de</strong> uma forma global,<br />

po<strong>de</strong>ndo dar uma visão mais ampla sobre a situação<br />

mundial em relação a refugiados, <strong>de</strong>slocados internos,<br />

apátridas, retornados e requerentes <strong>de</strong> asilo.<br />

Situação do País<br />

Resi<strong>de</strong>ntes na Somália<br />

Refugiados 1.815<br />

Buscam por asilo 24.668<br />

Refugiados retornados 61<br />

IDPs 1.550.000<br />

Originados da Somália<br />

Refugiados 678.309<br />

Buscam por asilo 21.084<br />

Refugiados retornados 61<br />

IDPs 1.550.000<br />

África Subsaariana<br />

Diferentemente <strong>de</strong> outros continentes, o número <strong>de</strong><br />

refugiados na África vem apenas aumentando. Isso se<br />

explica pelos altos índices do continente: 305.000 em<br />

busca <strong>de</strong> asilo, mais <strong>de</strong> 6,3 milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados internos,<br />

2,1 milhões <strong>de</strong> refugiados e por volta <strong>de</strong> 100.000<br />

apátridas.<br />

A repatriação aparece como a principal solução da<br />

região, uma vez que auxilia na integração regional, sendo<br />

esta então vista como uma opção mais realista nos<br />

dias atuais. Além da repatriação voluntária, a integração<br />

local e os reassentamentos têm auxiliado os refugiados<br />

da África, através <strong>de</strong> soluções em longo prazo, como no<br />

caso da República Unida da Tanzânia, a qual está revendo<br />

o pedido <strong>de</strong> cidadania <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 160.000 refugiados<br />

do Burundi.<br />

Desta forma, o ACNUR se mostra essencial na questão,<br />

visto que tem ajudado <strong>de</strong> uma maneira relevante<br />

o retorno <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados internos para suas regiões <strong>de</strong><br />

origem. Somente em 2009, o Alto Comissariado e seus<br />

parceiros da região, proveram proteção e assistência a<br />

mais <strong>de</strong> seis milhões <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>slocados. Contudo, a solução<br />

se encontra cada vez mais distante, uma vez que<br />

muitos outros cidadãos têm sido <strong>de</strong>slocados tanto interna<br />

como externamente, <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>sastres naturais<br />

e conflitos.<br />

No caso da Somália, que estamos <strong>de</strong>batendo, o país<br />

enfrenta um grave <strong>de</strong>slocamento forçado na região,<br />

com mais <strong>de</strong> 1,5 milhões <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong>senraizadas. Por<br />

conta <strong>de</strong>sta forte tensão, muitos foram para o Quênia<br />

e Etiópia como refugiados. No caso do campo <strong>de</strong> refugiado<br />

do Quênia, a superlotação faz com que o nível <strong>de</strong><br />

assistência seja reduzido, complicando mais ainda a resolução<br />

do problema.<br />

Assim, o ACNUR busca o auxílio e cooperação dos<br />

governos da África, principalmente os que se encontram<br />

na rota <strong>de</strong> imigração, a fim <strong>de</strong> estreitar os laços <strong>de</strong><br />

proteção e asilo a estes refugiados.<br />

Américas<br />

O continente é um dos principais abrigos <strong>de</strong> refugiados.<br />

A maioria oriunda da Colômbia, país que tem<br />

um dos maiores números <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados internos do<br />

mundo. A situação humanitária agravada da Colômbia,<br />

principalmente nas áreas rurais do país, acarretou em 3<br />

milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados internos, enquanto outras centenas<br />

<strong>de</strong> milhares se tornaram refugiados em outros pa-<br />

19


íses. A segurança da região fica mais difícil por conta<br />

<strong>de</strong> ameaças contra a socieda<strong>de</strong> civil, assassinatos e<br />

sequestros <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res políticos e estupro <strong>de</strong> mulheres,<br />

causando mais <strong>de</strong>slocados internos. Além do mais, a<br />

tensão é forte em relação aos países andinos, <strong>de</strong>vido<br />

aos movimentos <strong>de</strong> imigração nas fronteiras.<br />

Já os Estados Unidos e o Canadá são exemplos <strong>de</strong><br />

países industrializados que mais aceitam refugiados<br />

e proporcionam asilo, além <strong>de</strong> receber um dos maiores<br />

números <strong>de</strong> refugiados reinstalados. O governo<br />

norte-americano concordou em rever suas políticas,<br />

a fim <strong>de</strong> melhorá-las em relação aos refugiados que<br />

procuram abrigo no país.<br />

Nos casos <strong>de</strong> países como Brasil, Chile, Paraguai e<br />

Uruguai, foram criadas comissões nacionais <strong>de</strong> refugiados<br />

para discutir os pedidos <strong>de</strong> asilo, com a intenção<br />

<strong>de</strong> buscar soluções duradouras para a questão.<br />

Esses países também ratificaram instrumentos tanto<br />

regionais quanto internacionais <strong>de</strong> direitos humanos.<br />

Ásia e Pacífico<br />

As crises humanitárias <strong>de</strong> 2009 causaram gran<strong>de</strong><br />

sofrimento na Ásia. Dessa maneira, o papel do ACNUR<br />

é principalmente prover assistência emergencial e<br />

proteção aos afetados da região.<br />

No Sri Lanka, o fim <strong>de</strong> uma longa guerra civil fez<br />

com que milhares <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados internos pu<strong>de</strong>ssem<br />

voltar para suas áreas com a ajuda do governo local.<br />

Já no leste asiático, espera-se uma promulgação da<br />

legislação <strong>de</strong> refugiados da China entre 2010 e 2011,<br />

além da a<strong>de</strong>são da Mongólia à Convenção <strong>de</strong> Refugiados<br />

<strong>de</strong> 1951, assim como um novo programa <strong>de</strong><br />

refugiados no Japão. Dessa maneira, o ACNUR busca<br />

auxiliar esses governos nacionais a assumirem novas<br />

responsabilida<strong>de</strong>s em relação ao tema.<br />

Europa<br />

O Alto Comissariado conta com 40% <strong>de</strong> seu financiamento<br />

oriundo <strong>de</strong>ste continente. As regiões <strong>de</strong><br />

operações do ACNUR na Europa constituem 48 países<br />

e 3 organismos regionais, sendo eles: União Europeia,<br />

Conselho da Europa e Organização para Segurança e<br />

Cooperação na Europa (OSCE). Todos os países da re-<br />

20<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

gião são parte da Convenção <strong>de</strong> Refugiados <strong>de</strong> 1951, o<br />

que é relevante em relação à questão dos refugiados.<br />

A Europa enfrenta problemas em termos <strong>de</strong> ajuda aos<br />

apátridas, poucos Estados assinaram e ratificaram sua<br />

Convenção. A dificulda<strong>de</strong> encontra-se na localização do<br />

território europeu, e em toda a parte burocrática envolvida<br />

para o asilo <strong>de</strong>sses “sem pátria”, além da necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> possuir um sistema <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> migração mais bem<br />

<strong>de</strong>finido. Entretanto, o Comitê busca estreitar laços com<br />

países europeus a fim <strong>de</strong> promover o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong> Asilo Comum Europeu.<br />

O su<strong>de</strong>ste europeu abriga um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

pessoas <strong>de</strong>slocadas. A Sérvia e a Bósnia e Hezergovina<br />

acolhem diversos <strong>de</strong>slocados internos, refugiados que se<br />

encontram em difíceis situações, sendo proibidos <strong>de</strong> voltarem<br />

para suas casas, sendo então a solução do problema<br />

da região uma priorida<strong>de</strong> para o ACNUR.<br />

Na Europa Oriental, os <strong>de</strong>slocados exce<strong>de</strong>m o número<br />

<strong>de</strong> pedidos <strong>de</strong> asilo e refugiados. Por exemplo, na Geórgia,<br />

Rússia e Azerbaijão, existem mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocados internos. Assim, o Comitê trabalha junto com<br />

os governos da região para solucionar a questão, levando<br />

sempre em consi<strong>de</strong>ração os princípios orientadores das<br />

Nações Unidas para <strong>de</strong>slocados internos.<br />

Oriente Médio e Norte da África<br />

A maior parte <strong>de</strong>sta área encontra-se em conflito, portanto,<br />

a região possui um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> refugiados<br />

e <strong>de</strong>slocados, tanto por acolher quanto por originar tais<br />

pessoas. A situação da Mauritânia tem atingido avanço,<br />

uma vez que o repatriamento <strong>de</strong> seus refugiados no Senegal<br />

está chegando ao fim, com o sistema <strong>de</strong> asilo nacional<br />

em andamento e a reintegração dos retornados ao<br />

país. Outra área crítica é o Iraque, on<strong>de</strong> há por volta <strong>de</strong><br />

1,4 milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados internos e gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

refugiados iraquianos no país. Em particular, a preocupação<br />

é em relação à realocação <strong>de</strong> crianças e mulheres que,<br />

muitas vezes, são as mais afetadas pela violência <strong>de</strong> gênero,<br />

o que inclui o tráfico <strong>de</strong> pessoas e o trabalho infantil.<br />

O Egito, por sua vez, abriga refugiados e quem busca<br />

por asilo oriundos <strong>de</strong> diversos países como Iraque,<br />

Somália, Sudão e outros países africanos. Muitos cruzam


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

do Egito para Israel à procura <strong>de</strong> proteção e melhores<br />

oportunida<strong>de</strong>s econômicas, o que acaba por afetar<br />

toda a situação. Já no Iêmen, por exemplo, existem mais<br />

<strong>de</strong> 154.000 refugiados, provenientes principalmente da<br />

Somália e por volta <strong>de</strong> 77.000 <strong>de</strong>slocados internos, afetados<br />

em conflito interno <strong>de</strong> 2004. Em 2010 esse número<br />

caiu drasticamente, isso po<strong>de</strong> ser atribuído a alguma<br />

melhora na Somália, além <strong>de</strong> um melhor controle em<br />

suas rotas migratórias.<br />

No caso do Afeganistão, a falta <strong>de</strong> leis restringiu o<br />

acesso da ONU em parte do país. Já no Paquistão, a situação<br />

humanitária piorou no mesmo ano, com mais <strong>de</strong><br />

2,5 milhões <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong>ixando suas casas <strong>de</strong>vido à insegurança<br />

da região, o que levou o governo a provi<strong>de</strong>nciar<br />

assistência humanitária <strong>de</strong> diversas formas, como<br />

comida e produtos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> básica<br />

Tanto o Irã quanto o Paquistão são exemplos <strong>de</strong><br />

países que mais abrigam refugiados na região. São 1,7<br />

milhões <strong>de</strong> afegãos morando no Paquistão, e mais <strong>de</strong><br />

900.000 no Irã<br />

Já no caso <strong>de</strong> Israel, o ACNUR aumentou sua presença<br />

nos últimos anos, a fim <strong>de</strong> auxiliar no registro do<br />

Estatuto do Refugiado, para promover a afirmação <strong>de</strong><br />

um sistema nacional <strong>de</strong> asilo, levando em consi<strong>de</strong>ração<br />

as normas internacionais. O papel do Comitê na região<br />

tem sido positivo, uma vez que o governo cancelou o<br />

“Ga<strong>de</strong>ra Ha<strong>de</strong>ra” que tinha por função proibir refugiados<br />

e requerentes <strong>de</strong> asilo do centro do país.<br />

O ACNUR também preten<strong>de</strong> re<strong>de</strong>finir certos programas<br />

da região, para então investir mais nas áreas <strong>de</strong><br />

educação, nutrição e saú<strong>de</strong>. O principal projeto, a priori,<br />

se dá em Sahrawi, região pertencente ao Saara oci<strong>de</strong>ntal.<br />

PONDERAÇÕES<br />

O cenário atual encontrado na Somália, proveniente<br />

<strong>de</strong> guerras civis, teve início um pouco antes da <strong>de</strong>posição<br />

do ditador Siad Barre. Des<strong>de</strong> então, viu-se somente<br />

a <strong>de</strong>cadência do país em forma <strong>de</strong> conflitos consecutivos,<br />

um Estado beirando a anarquia e uma socieda<strong>de</strong><br />

completamente <strong>de</strong>scrente e <strong>de</strong>sestruturada. A pirataria<br />

é um sintoma claro do colapso da Somália como um Estado<br />

legítimo e em pleno exercício.<br />

No presente, compreen<strong>de</strong>-se por que a cooperação<br />

internacional se faz tão essencial para a recuperação<br />

nacional e resolução da crise. São crescentes as dificulda<strong>de</strong>s<br />

no processo <strong>de</strong> instauração da paz. Os campos<br />

<strong>de</strong> refugiados, cada vez mais, estão atuando acima da<br />

capacida<strong>de</strong> que comportam, tornando-se mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

da ajuda humanitária proveniente da comunida<strong>de</strong><br />

internacional.<br />

Os interesses <strong>de</strong> cada grupo, militantes, Estado, população,<br />

são bem específicos e diferentes, contudo,<br />

<strong>de</strong>ve-se ter em mente a importância <strong>de</strong> impedir e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

os direitos humanos em tempos <strong>de</strong> guerra civil.<br />

Todo projeto <strong>de</strong>ve ser proposto <strong>de</strong> forma que a reinserção<br />

<strong>de</strong>ssa população possa ser realizada <strong>de</strong> modo pacífico,<br />

estrutural e duradouro. Espera-se que os senhores<br />

<strong>de</strong>legados do ACNUR não se limitem às pon<strong>de</strong>rações<br />

que seguem, visto que, no <strong>de</strong>correr do <strong>de</strong>bate, novos<br />

tópicos po<strong>de</strong>rão ser apontados e novas consi<strong>de</strong>rações<br />

po<strong>de</strong>rão se tornar relevantes.<br />

No contexto atual, melhores tipos <strong>de</strong> acordos, resoluções<br />

e tratados para a promoção das mudanças, no<br />

que diz respeito aos refugiados e aos indiretamente<br />

envolvidos. Pensar em maneiras <strong>de</strong> reinserção e reabsorção<br />

na socieda<strong>de</strong> e qual a melhor forma <strong>de</strong> atingir<br />

as expectativas dos refugiados, com relação a diversos<br />

fatores, como pátria, moradia, saú<strong>de</strong> e alimentação<br />

Em relação à política externa do seu país, quais<br />

providências já foram tomadas para o auxílio dos refugiados<br />

<strong>de</strong> guerras civis da Somália, expondo como, <strong>de</strong><br />

alguma forma, esse problema influencia em sua economia<br />

e em sua política. Criar projetos e planos <strong>de</strong> ajuda<br />

humanitária para alcançar uma solução <strong>de</strong> curto e/ou<br />

longo prazo que trará benefícios aos refugiados. Pensando<br />

no seu país, abordar suas crenças religiosas e se<br />

essas influenciam a estrutura da política externa<br />

Por fim, <strong>de</strong>cidir quais melhores maneiras <strong>de</strong> assistir<br />

às vitimas <strong>de</strong> um conflito tão violento e sem previsão <strong>de</strong><br />

término, e como buscar novas formas <strong>de</strong> auxiliar os refugiados<br />

da guerra, como <strong>de</strong>slocá-los para outros países<br />

e, por último, mas não menos importante, quais formas<br />

<strong>de</strong> incentivo po<strong>de</strong>ríamos usar para que outros governos<br />

se ponham à disposição para o auxílio e o abrigo <strong>de</strong>ssas<br />

pessoas.<br />

21


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12 March 2010. Disponível em: http://www.unhcr.org/cgi-bin/<br />

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Último acesso em: 08/02/2011<br />

UNITED NATIONS. Charter of the United Nations Disponível em: http://<br />

www.un.org/aboutun/charter/. Último acesso em: 08/02/2011<br />

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Disponível em: http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/2863.htm Último<br />

acesso em: 08/02/2011<br />

NOTAS ExPLICATIVAS<br />

1 Primeira tentativa <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> um organismo multilateral que buscasse<br />

a paz e segurança internacional <strong>de</strong> forma conjunta.<br />

23


AMéRICA LATINA:<br />

COOPERAR PARA DESENVOLVER


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Queridos <strong>de</strong>legados,<br />

É com imenso prazer e alegria que damos as boas-vindas aos senhores <strong>de</strong>legados que<br />

irão participar das reuniões da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CE-<br />

PAL). Meu nome é Jéssica Freire e será um prazer assisti-los como uma das diretoras durante<br />

os trabalhos do VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil. Os dizeres <strong>de</strong>sta mensagem não<br />

são apenas meus, mas também <strong>de</strong> Lucas Valladares e Fernando Nadai, como diretores da<br />

CEPAL. Terei a honra e o privilégio <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r dividir a mesa com duas pessoas incríveis, que<br />

se tornaram gran<strong>de</strong>s amigos no <strong>de</strong>correr das edições do Fórum FAAP. Admiração e companheirismo<br />

são alguns dos sentimentos que posso <strong>de</strong>screver que sinto por eles, por isso<br />

minha felicida<strong>de</strong> em po<strong>de</strong>r compartilhar <strong>de</strong> mais esta oportunida<strong>de</strong>.<br />

Atualmente estou cursando o 7º semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais na FAAP. Meu histórico<br />

<strong>de</strong>ntro do Fórum FAAP iniciou-se em 2008, quando tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser voluntária<br />

<strong>de</strong> comunicação. No ano seguinte participei como diretora adjunta no Comitê <strong>de</strong><br />

Desarmamento e Segurança Internacional (DSI). Ainda no mesmo ano, fiz parte do staff do<br />

III Fórum FAAP <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Ribeirão Preto como diretora e em 2010 ingressei<br />

no mesmo evento como diretora no Comitê <strong>de</strong> Direitos Humanos (CDH).<br />

Lucas Valladares cursa atualmente o 7º semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais na FAAP e<br />

também o 7º semestre <strong>de</strong> Direito na PUC-SP. Inseriu-se no Fórum FAAP já na primeira edição<br />

(2005) como <strong>de</strong>legado no Comitê <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia (C&T). Na segunda edição<br />

(2006) participou como <strong>de</strong>legado na Organização Mundial do Comércio (OMC). Em 2009<br />

teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingressar no V Fórum FAAP como voluntário no Conselho da União<br />

Europeia (CUE) e em 2010 participou do evento como diretor do Comitê Econômico e Social<br />

Europeu (CESE).<br />

Fernando Nadai atualmente está cursando o 7º semestre <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong> na FAAP. Sua<br />

participação no Fórum FAAP também foi logo na primeira edição, como <strong>de</strong>legado no Comitê<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento Humano (CDH). Em 2010, Fernando participou como diretor adjunto<br />

do Comitê Econômico e Social Europeu (CESE).<br />

O Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil é mais do que um evento acadêmico <strong>de</strong> simulações<br />

<strong>de</strong> organizações internacionais, é uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento. Sem perceber,<br />

alunos, professores, voluntários, diretores e todo o staff, trocam experiências – ensinam e<br />

apren<strong>de</strong>m – <strong>de</strong>param-se enfrentando seus maiores medos e inseguranças e a todo momento<br />

são <strong>de</strong>safiados a se superarem. Acreditamos que o real objetivo do Fórum é o <strong>de</strong><br />

mudar vidas, proporcionando aos alunos novos indicadores sobre o futuro a seguir, tanto<br />

no âmbito profissional quanto no pessoal.<br />

Sempre possuímos indagações sobre quais seriam os reais problemas que impediriam<br />

que as nações da América Latina e do Caribe, em suas mais variadas diversificações, pu<strong>de</strong>ssem<br />

se <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong> forma total. Após exaustivas pesquisas, concluímos que a questão<br />

social, em suas inúmeras facetas, é ainda um ponto frágil e a que mais <strong>de</strong>mora para se<br />

<strong>de</strong>senvolver, em razão da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentos pesados e <strong>de</strong> longo prazo. Depois<br />

<strong>de</strong> encontrar o tópico, Lucas e Fernando a<strong>de</strong>ntraram no projeto para então darmos início<br />

aos trabalhos do comitê. O tema <strong>de</strong>limitado então ficou: América Latina: cooperar para <strong>de</strong>senvolver.<br />

O <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> foi elaborado com o intuito <strong>de</strong> servir como base para melhor<br />

25


26<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

enten<strong>de</strong>r a questão apresentada e elaborar a preparação para o <strong>de</strong>bate. Por isso, recomendamos<br />

que um estudo mais profundo seja realizado para po<strong>de</strong>rmos alcançar um alto nível<br />

<strong>de</strong> discussões.<br />

Ficam aqui registrados nossos votos <strong>de</strong> muita sorte e sucesso em mais esta oportunida<strong>de</strong><br />

que a vida está lhes proporcionando. Cabe apenas a vocês transformarem-na na melhor <strong>de</strong><br />

todas!<br />

Jéssica Baio Freire e Lucas Serrano do Prado Valladares Filho<br />

Diretores acadêmicos


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

INTRODUÇÃO<br />

Criada com o intuito <strong>de</strong> contribuir com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico na América Latina e reforçar as relações<br />

econômicas dos países entre si e com as <strong>de</strong>mais<br />

nações do mundo, a Comissão Econômica para a América<br />

Latina e o Caribe (CEPAL) possui também o comprometimento<br />

com o alcance do <strong>de</strong>senvolvimento social.<br />

Ao largo <strong>de</strong> sua história, a CEPAL realizou contribuições<br />

relevantes para o <strong>de</strong>senvolvimento regional dos países<br />

que integram a América Latina e o Caribe, fazendo com<br />

que seu estudo, hoje, seja <strong>de</strong> extrema importância para<br />

compreen<strong>de</strong>r a história econômica <strong>de</strong> seus membros.<br />

Ao se apresentarem como Estados soberanos, os países<br />

da América Latina e do Caribe lidaram com problemas<br />

e barreiras para seu <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>ntre eles:<br />

a pobreza, a baixa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e a ineficiente inclusão<br />

social das classes mais baixas foram pontos que<br />

sempre estiveram ligados ao capitalismo sub<strong>de</strong>senvolvido<br />

<strong>de</strong>sses países. De tal forma que se torna imprescindível<br />

relevar a questão das vulnerabilida<strong>de</strong>s sociais, que<br />

muitas vezes é confundida com pobreza, mas que na realida<strong>de</strong><br />

representa a insegurida<strong>de</strong> e in<strong>de</strong>finição que comunida<strong>de</strong>s,<br />

famílias e indivíduos possuem em relação<br />

a suas condições <strong>de</strong> vida, assim como os mecanismos e<br />

estratégias que venham a realizar para enfrentar os efeitos<br />

<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>terminados eventos.<br />

As vulnerabilida<strong>de</strong>s estão associadas aos padrões <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento vigentes e à ineficácia dos Estados ao<br />

distribuírem <strong>de</strong> forma plena condições <strong>de</strong> vida favoráveis<br />

a todos os cidadãos. Dessa forma, todos os pontos<br />

que envolvem o tema têm no Estado um dos mais <strong>de</strong>stacados<br />

agentes <strong>de</strong> soluções.<br />

Constata-se então que o <strong>de</strong>senvolvimento é realmente<br />

uma necessida<strong>de</strong> para solucionar questões que<br />

se transformam em vulnerabilida<strong>de</strong>s, mas para isso é<br />

preciso que medidas <strong>de</strong> longo prazo que visem o bem-<br />

-estar sejam empregadas. O nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das nações bem como a inserção dos mesmos no cenário<br />

econômico global é variável e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma<br />

indiscutível dos índices <strong>de</strong> crescimento econômico e<br />

tecnológico, o qual <strong>de</strong>ve estar aliado <strong>de</strong> forma intrínseca<br />

ao bom andamento dos quesitos sociais. Conclui-se<br />

que o <strong>de</strong>senvolvimento não será mais sinônimo <strong>de</strong> crescimento<br />

econômico e passará a incorporar dimensões<br />

políticas e sociais.<br />

Em pleno século XXI é cada vez mais aceita a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> que o mercado e o Estado são complementares, o<br />

Estado em muitos casos po<strong>de</strong> ser um aparelho vital para<br />

os mercados. Quando o Estado realiza ações com o intuito<br />

<strong>de</strong> maximinizar a vida em socieda<strong>de</strong>, diminuindo<br />

as vulnerabilida<strong>de</strong>s que cercam os cidadãos e aumentando<br />

a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, resultados benéficos passam<br />

a ser caracterizados em todas as áreas (política, econômica,<br />

social e cultural). De tal forma que a relação entre<br />

crescimento econômico com políticas sociais eficazes<br />

se apresenta como uma alternativa para se erradicar os<br />

déficits sociais.<br />

O Estado então <strong>de</strong>ve ser gerido como instrumento <strong>de</strong><br />

ações para beneficiar o mercado e vice-versa, tal como<br />

promover um <strong>de</strong>senvolvimento sustentável e buscar <strong>de</strong><br />

forma produtiva a cooperação com outros países. O Estado<br />

é um ator que se apresenta com gran<strong>de</strong> importância<br />

na busca pelo bem-estar e melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

para todos, sendo necessária sua reestruturação para<br />

convergir para o alcance <strong>de</strong>ste resultado. A<strong>de</strong>mais, para<br />

alcançar um <strong>de</strong>senvolvimento real, as nações <strong>de</strong>vem<br />

obter crescimento econômico com o amparo do fator<br />

social em excelente caracterização.<br />

Sendo assim, o <strong>de</strong>senvolvimento social e as questões<br />

relevantes quanto à vulnarelabilida<strong>de</strong> passam a ser tratados<br />

com mais atenção, sendo necessária alguma ativida<strong>de</strong><br />

que envolva tais elementos para então reverter<br />

índices <strong>de</strong> pobreza e baixa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos países<br />

que integram a América Latina.<br />

HISTóRICO DO COMITê 1<br />

A Comissão Econômica para a América Latina (CE-<br />

PAL) foi fundada em 25 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1948 pela resolução<br />

106 (VI) do Conselho Econômico e Social (ECOSOC)<br />

da ONU. Com a resolução 1984/67, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

1984, o Conselho modificou seu nome, passando para<br />

Comissão para a América Latina e o Caribe, cuja se<strong>de</strong> se<br />

estabelece em Santiago, Chile.<br />

A Cepal é uma das cinco comissões regionais da<br />

ONU e foi criada tanto para contribuir com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico da América Latina, como também<br />

para reforçar relações econômicas dos países entre si<br />

e com as <strong>de</strong>mais nações do mundo. Posteriormente,<br />

incorporou-se seus objetivos o comprometimento com<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento social. O economista argentino Raúl<br />

27


Prebisch 2 foi o principal mentor <strong>de</strong>sse i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

aos países da América Latina, que <strong>de</strong>pois se<br />

esten<strong>de</strong>u aos países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Após meio século <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua fundação, a Cepal realizou<br />

contribuições relevantes para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

regional dos países que integram a América Latina e o<br />

Caribe, fazendo com que seu estudo seja <strong>de</strong> extrema<br />

importância para compreen<strong>de</strong>r a história econômica <strong>de</strong><br />

seus membros. Ela é interpretada como uma “escola <strong>de</strong><br />

pensamento” especializada na análise das tendências<br />

econômicas e sociais <strong>de</strong> médio e longo prazo dos países<br />

latino-americanos e caribenhos.<br />

Des<strong>de</strong> seus primeiros anos, <strong>de</strong>senvolveu um método<br />

analítico próprio <strong>de</strong>nominado “histórico-estrutural”,<br />

o qual se mantém até os dias atuais, em que se analisa a<br />

forma como as instituições e a estrutura produtiva condicionam<br />

a dinâmica econômica dos países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

A própria Cepal admite que nesse método<br />

não existam “estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento” uniformes,<br />

já que os países em <strong>de</strong>senvolvimento, caracterizados<br />

pelo “<strong>de</strong>senvolvimento tardio”, possuem uma dinâmica<br />

diferente daqueles países que obtiveram um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

mais rápido. Dessa forma, a Comissão sugeriu<br />

nos anos 70 a <strong>de</strong>nominação da terminologia “heterogeneida<strong>de</strong><br />

estrutural” para as economias <strong>de</strong> seus países<br />

integrantes.<br />

A história da Cepal foi marcada pela sua participação<br />

nos <strong>de</strong>bates sobre a inflação, que resultou em um novo<br />

conceito <strong>de</strong>nominado “inflação inercial” 3 , como também<br />

foi importante na contribuição das análises macroeconômicas<br />

dos países latino-americanos e caribenhos,<br />

e, principalmente, ficou reconhecida pelo suporte nos<br />

<strong>de</strong>bates sobre <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

anos 70. Além disso, é <strong>de</strong> suma importância dizer que<br />

a metodologia da Cepal tem como característica uma<br />

visão integral sobre o termo <strong>de</strong>senvolvimento, o “jogo<br />

dialético entre as i<strong>de</strong>ias e a realida<strong>de</strong>” (ação e pensamento),<br />

e também a busca <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional.<br />

A CEPAL possui como missão realizar estudos, pesquisas<br />

e outras ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio em conformida<strong>de</strong><br />

com o mandato da Comissão; promover o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico e social através da cooperação e da<br />

integração a nível regional e sub-regional; fornecer serviços<br />

<strong>de</strong> consultoria para governos (a pedido dos próprios);<br />

<strong>de</strong>ntre outros.<br />

28<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

Ao largo <strong>de</strong> sua história, é possível <strong>de</strong>stacar três temas<br />

aos quais a organização mais se ateve em sua agenda,<br />

são eles: 1º) referente ao papel central que <strong>de</strong>sempenham<br />

as economias latino-americanas e caribenhas<br />

na sua inserção internacional; 2º) o intercâmbio tecnológico;<br />

3º) a equida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do processo global <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O livro 50 anos <strong>de</strong> pensamento na Cepal relata a trajetória<br />

intelectual da instituição durante o período 1948-<br />

1998. Nele, o autor, Ricardo Bielschowsky, faz referência<br />

a cinco etapas históricas da Cepal <strong>de</strong>talhadamente e<br />

trata sobre produções recentes. O livro também ressalta<br />

a importância <strong>de</strong> Raúl Prebisch e <strong>de</strong>staca outras personalida<strong>de</strong>s<br />

que auxiliaram nos trabalhos da organização,<br />

tais como os intelectuais Celso Furtado, José Medina,<br />

Anibal Pinto, Osvaldo Sunkel, Regino Botti e Aldo Ferrerobre.<br />

Ao tratar sobre as origens e os anos 50 (processo<br />

<strong>de</strong>nominado por industrialização), o autor inicia tratando<br />

sobre os documentos elaborados por Prebisch que<br />

<strong>de</strong>fendiam que a industrialização espontânea em curso<br />

tinha um significado especial para a história da humanida<strong>de</strong>,<br />

pois representava a possibilida<strong>de</strong> da região<br />

sub<strong>de</strong>senvolvida latino-americana em “colher frutos” do<br />

progresso técnico mundial, conferidos até aquele momento<br />

apenas aos países tidos como industrializados.<br />

Essa época é consi<strong>de</strong>rada pelo autor como “o auge<br />

da criativida<strong>de</strong> e da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ousar e influenciar”,<br />

já que muitos intelectuais contribuíram na formação da<br />

Cepal. Foi nesse período também que foi <strong>de</strong>senvolvida<br />

a “teoria do <strong>de</strong>senvolvimento” que tem como prerrogativa<br />

a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que os países sub<strong>de</strong>senvolvidos merecem<br />

uma análise in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, já que eles possuem<br />

um funcionamento diferente dos países <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar também a necessida<strong>de</strong> da industrialização<br />

como uma possível forma <strong>de</strong> superar o sub<strong>de</strong>senvolvimento<br />

e a pobreza.<br />

Nos anos 60, crescem os <strong>de</strong>bates referentes à integração<br />

regional. É importante relembrar que nessa época<br />

fora criada a Conferência das Nações Unidas sobre o<br />

Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), que se utiliza<br />

dos conceitos previamente elaborados pela própria<br />

Cepal, e passa a ser vista como um local para <strong>de</strong>bater<br />

as i<strong>de</strong>ias críticas do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em<br />

curso.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Os anos 70 ficaram reconhecidos por uma reorientação<br />

dos “estilos” <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>vido a algumas<br />

influências, sendo elas a recuperação econômica da região<br />

durante o “auge” mundial <strong>de</strong> 1965-1973 que levou<br />

ao reconhecimento <strong>de</strong> que a reforma agrária e a redistribuição<br />

<strong>de</strong> renda constituiriam a base <strong>de</strong> um crescimento<br />

socialmente mais homogêneo e justo. Em segundo<br />

lugar, a ONU passou a promover um intenso <strong>de</strong>bate internacional<br />

sobre esses temas, o que fez com que intelectuais<br />

cepalinos formulassem críticas metodológicas<br />

à forma com que se <strong>de</strong>senvolviam esses <strong>de</strong>bates. E, por<br />

fim, a crise internacional <strong>de</strong> 1973/1974 e a intensificação<br />

posterior do endividamento reforçaram a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reorientar a “modalida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> industrialização<br />

<strong>de</strong> maneira a combinar estímulos do mercado interno<br />

com a orientação pró-exportadores <strong>de</strong> bens industriais.<br />

Isso fez com que nos anos 80 representassem uma<br />

superação do problema do endividamento mediante o<br />

“ajuste com crescimento”. Nessa época, segundo o autor,<br />

os <strong>de</strong>bates cepalinos passaram a tratar do processo<br />

<strong>de</strong> crescimento no longo prazo, o que ocorreria <strong>de</strong> fato<br />

nos anos 90, em que se verificou uma “transformação<br />

produtiva com equida<strong>de</strong>”. Além disso, a CEPAL teve que<br />

readaptar algumas <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>vido à nova era da<br />

liberalização e da globalização, o que ficou conhecido<br />

como o “neoestruturalismo” cepalino.<br />

É nesse período também que a questão social passa<br />

a ser mais <strong>de</strong>batida, tal como ocorreu nas sessões <strong>de</strong><br />

1992 em que o “Panorama Social” fora exposto em uma<br />

publicação que expunha a “brecha da equida<strong>de</strong>” e o reconhecimento<br />

<strong>de</strong> que para alcançar a meta da equida<strong>de</strong><br />

através do aumento simultâneo da produtivida<strong>de</strong> e dos<br />

salários é necessário acelerar ainda mais o crescimento.<br />

Integram-se também os temas da fragilida<strong>de</strong> financeira<br />

da região, o tema fiscal (“pacto fiscal”) e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável.<br />

Recentemente, os documentos apresentados nas<br />

sessões <strong>de</strong> 2000 e 2002 propõem uma correção das assimetrias<br />

macroeconômicas e financeiras internacionais,<br />

o fortalecimento institucional (sistemas legais, pactos<br />

sociais eficientes), implementação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento produtivo (infraestrutura, <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> sistemas nacionais <strong>de</strong> inovação) e melhores<br />

enca<strong>de</strong>amentos sociais (políticas sociais integradas nos<br />

âmbitos da educação, emprego e proteção social), <strong>de</strong>ntre<br />

outros temas. O quadro a seguir sintetiza todo esse<br />

período histórico.<br />

Síntese dos elementos analíticos que compõem o<br />

pensamento da Cepal:<br />

PERíODOS E TEMAS<br />

• Inserção internacional (centro-periferia e<br />

vulnerabilida<strong>de</strong> externa).<br />

• Condições estruturais internas (econômicas e<br />

sociais) do crescimento/progresso técnico, e <strong>de</strong><br />

emprego.<br />

• Ação estatal.<br />

INDUSTRIALIzAÇÃO (1948 - 1960)<br />

• Desequilíbrio estrutural da balança <strong>de</strong><br />

pagamentos; integração regional.<br />

• Processo <strong>de</strong> industrialização substitutiva;<br />

tendências perversas causadas pela<br />

especialização e pela heterogeneida<strong>de</strong><br />

estrutural, inflação estrutural e <strong>de</strong>semprego.<br />

• Conduzir a industrialização.<br />

REFORMAS (1960)<br />

• Dependêcia; integração regional; política internacional<br />

<strong>de</strong> redução da vulnerabilida<strong>de</strong> na periferia.<br />

• Reforma agrária e distribuição do ingresso <strong>de</strong><br />

pessoas como requisito para redinamizar a economia;<br />

heterogeneida<strong>de</strong> estrutural; <strong>de</strong>pendência.<br />

• Reformar para viabilizar o <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

ESTILOS DE CRESCIMENTO (1970)<br />

• Dependência, endividamento perigoso;<br />

insuficiência exportadora.<br />

• Estilos <strong>de</strong> crescimento, estrutura produtiva;<br />

distributiva; estruturas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r; industrializa-<br />

ção que combina mercado interno e o esforço<br />

exportador.<br />

29


• Viabilizar o estilo que leve à homogenieda<strong>de</strong><br />

social; fortalecer as exportações industriais.<br />

DíVIDA (1980)<br />

• “Asfixia financeira”.<br />

• Ajuste com crescimento; oposição aos cho-<br />

ques do ajuste, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong><br />

ingresso e eventual conveniência <strong>de</strong> choques<br />

estabilizadores.<br />

• Renegociar a dívida para ajustar o crescimen-<br />

to.<br />

TRANSFORMAÇÃO PRODUTIVA COM EQUIDADE (1990-1998)<br />

• Especialização exportadora ineficaz e vulne-<br />

rabilida<strong>de</strong> nos movimentos <strong>de</strong> capitais.<br />

• Dificulda<strong>de</strong>s para uma transformação produ-<br />

tiva eficaz.<br />

• Executar políticas para fortalecer a transfor-<br />

mação produtiva com equida<strong>de</strong>.<br />

Fazem parte da Cepal 44 países. São eles: Alemanha,<br />

Antigua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados,<br />

Belice, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia,<br />

Costa Rica, Cuba, Dominica, Equador, El Salvador, Espanha,<br />

Estados Unidos da América, França, Granada,<br />

Guatemala, <strong>Guia</strong>na, Haiti, Jamaica, Japão, México, Nicarágua,<br />

Países Baixos, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal,<br />

Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte,<br />

República da Coreia, República Dominicana, Saint Kitts<br />

e Nevis, São Vicente e as Granadinas, Santa Lucía,<br />

Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela.<br />

Conforme se verifica na lista, 33 <strong>de</strong>stes países são países<br />

da América Latina e do Caribe, já os outros sete<br />

representam nações da América do Norte, Europa e<br />

Ásia que mantêm vínculos históricos, econômicos e<br />

culturais com a região, o que torna sua presença na<br />

organização relevante, visto que tais países po<strong>de</strong>m<br />

também servir <strong>de</strong> instrumento para cooperação e até<br />

mesmo expandir projetos “cepalinos” para seus conti-<br />

30<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

nentes e <strong>de</strong>mais organizações que participam.<br />

Além disso, nove países também participam como<br />

membros associados, sendo eles: Anguila, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas,<br />

Aruba, Ilhas Caimã, Ilhas Turcos e Caicos, Ilhas<br />

Virgens Britânicas, Ilhas Virgens dos Estados Unidos,<br />

Montserrat e Porto Rico, territórios estes que integram a<br />

região do Caribe e que integram a CEPAL com o intuito<br />

<strong>de</strong> promover melhor relacionamento com outros países<br />

membros e até mesmo buscar soluções que visam o <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

HISTóRICO DO PROBLEMA<br />

América Latina é o nome dado às proporções <strong>de</strong><br />

terras que englobam todo o continente sul-americano<br />

até ao norte da percepção sul dos Estados Unidos, no Hemisfério<br />

Oci<strong>de</strong>ntal. Esta região compreen<strong>de</strong> quase 14%<br />

da área total <strong>de</strong> terras do mundo e mais <strong>de</strong> 7% <strong>de</strong> sua população.<br />

Neste espaço estão situadas 20 nações e várias<br />

<strong>de</strong>pendências coloniais da Inglaterra, França e Holanda,<br />

algumas ainda nem mesmo exploradas pelo homem, as<br />

quais fazem partes <strong>de</strong> uma enorme varieda<strong>de</strong> relacionada<br />

à fauna, flora, terrenos, climas, raças, costumes sociais<br />

e práticas políticas.<br />

Diferente da colonização que povoara das costas<br />

do Mediterrâneo ao Mar Báltico, na Europa, ou ainda<br />

a fronteira inglesa nos Estados Unidos, o <strong>de</strong>scobrimento<br />

da América se comportou como um novo tipo <strong>de</strong> expansão.<br />

Pela primeira vez, os europeus entravam em contato<br />

com outra civilização completamente adversa à sua. Este<br />

fato foi motivado pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong><br />

riquezas e fomento <strong>de</strong> comércio por partes dos Estados<br />

soberanos da Europa Oci<strong>de</strong>ntal, que teve como pioneiros<br />

na conquista <strong>de</strong>stas novas localida<strong>de</strong>s Portugal e Espanha,<br />

não <strong>de</strong> forma proposital <strong>de</strong> início 4 , mas que, após a<br />

sua dominação, a região veio a se tornar o caminho para<br />

ascensão <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no mundo, funcionando como instrumento<br />

<strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> riquezas e <strong>de</strong> comércio das<br />

metrópoles ibéricas.<br />

A gran<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é que já se armavam na América Latina<br />

as estruturas econômicas e sociais que viriam mais<br />

tar<strong>de</strong> a retardar a evolução das nações. Por volta do começo<br />

do século XVI até meados do século XIX, a América<br />

Latina ficou comprometida pelo sistema colonial sendo<br />

caracterizada como meio <strong>de</strong> se obter metais preciosos e<br />

<strong>de</strong> produtos agrícolas, o que resultou numa balança <strong>de</strong>


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comércio favorável para seus conquistadores, espanhóis<br />

e portugueses.<br />

Muito bem explorada, porém mal <strong>de</strong>senvolvida, a<br />

América Latina limitava-se às correntes do pacto colonial;<br />

nem o movimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e uma relativa prosperida<strong>de</strong><br />

no século XVIII, muito menos as in<strong>de</strong>pendências<br />

ocorridas no primeiro quarto do século XIX haviam<br />

realizado algum avanço com relação à importância da<br />

construção <strong>de</strong> um plano interno e, futuramente, <strong>de</strong><br />

um externo, visando seu <strong>de</strong>senvolvimento completo;<br />

apenas constantes pesa<strong>de</strong>los políticos se apresentaram<br />

como reais.<br />

O caráter local das revoluções, que acabaram por<br />

dar origem às in<strong>de</strong>pendências, não possuía quaisquer<br />

embasamentos em raízes sociais ou econômicas, o que<br />

acabou por facilitar a constituição <strong>de</strong> estruturas arcaicas,<br />

que anteriormente eram dadas pelas explorações feitas<br />

pelas metrópoles, sem nenhum vínculo com objetivos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social autônomos.<br />

Em 1825, terminadas as lutas <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência, a<br />

ruptura das estruturas coloniais fora causada por uma<br />

transformação dos sistemas comerciais, pela negação<br />

a indivíduos ligados às antigas metrópoles e ainda foi<br />

aguçada por militarização, que <strong>de</strong>sejava dividir o po<strong>de</strong>r<br />

com grupos que antes eram excluídos.<br />

A nova or<strong>de</strong>m, que tanto era ansiada pelas populações,<br />

<strong>de</strong>morou a nascer e esta era explicada pelo atraso<br />

advindo da herança <strong>de</strong> guerra. A importância do po<strong>de</strong>r<br />

militar não diminuía mesmo com o fim dos impasses<br />

pela in<strong>de</strong>pendência. Essa tendência era responsável<br />

pela instabilida<strong>de</strong> política sem fim.<br />

Divididos e conservando, até um tempo relativamente<br />

extenso após as in<strong>de</strong>pendências, estruturas claramente<br />

coloniais sem a introdução <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong><br />

construção dos Estados, como a diversificação da economia<br />

e a instauração <strong>de</strong> instituições igualitárias e <strong>de</strong>mocráticas,<br />

a gran<strong>de</strong> maioria dos Estados latino-americanos<br />

foi absorvida por embates entre indivíduos e clãs<br />

pelo po<strong>de</strong>r. O <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social da<br />

América Latina tomou rumos adversos do dos EUA e da<br />

Europa oci<strong>de</strong>ntal. Até mesmo nações mais favorecidas<br />

como Chile, Brasil, Argentina, México e Uruguai tiveram<br />

o século XIX como perdido.<br />

Nos fins <strong>de</strong>sse século, os EUA eram mais povoados do que<br />

a América Latina e, enquanto os 80 milhões <strong>de</strong> norte-americanos<br />

eram ricos e instruídos, os 60 milhões <strong>de</strong> latino-americanos<br />

permaneciam miseráveis e iletrados. Em relação à Europa oci<strong>de</strong>ntal<br />

e à América anglo-saxônica, que tão rapidamente se<br />

haviam transformado, a América Latina tornara-se um mundo<br />

sub<strong>de</strong>senvolvido.<br />

A Europa tinha a visão <strong>de</strong> uma América Latina rica, já<br />

a visão dos EUA era a <strong>de</strong> uma região repleta <strong>de</strong> ignorância<br />

e menosprezo, o que prolongou por gran<strong>de</strong> tempo<br />

as intervenções militares americanas na região do mar<br />

do Caribe, tal como retardaram sua assistência econômica<br />

ao continente. Estas posições dissimulavam a miséria<br />

e a ignorância das massas em relação à verda<strong>de</strong>ira<br />

América Latina. Com relação aos EUA, em particular,<br />

<strong>de</strong>senvolveu-se nos países latino-americanos um sentimento<br />

<strong>de</strong> repressão e negação quanto a suas ações,<br />

uma vez que as novas nações do continente americano<br />

tinham nos EUA um vizinho que cooperaria para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

nas mesmas. Entretanto não foi o que<br />

ocorreu <strong>de</strong> prontidão, o que resultou na não aceleração<br />

do progresso econômico e social na América Latina.<br />

O <strong>de</strong>spertar da América Latina, que viria a ser caracterizado<br />

no início da segunda meta<strong>de</strong> do século XX com<br />

o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreu em princípio<br />

pela necessida<strong>de</strong> norte-americana <strong>de</strong> construir uma<br />

frente neutralizadora para o conflito <strong>de</strong>stacado do qual<br />

os EUA não <strong>de</strong>sejavam participar. Em seguida, já no período<br />

da guerra fria, a <strong>de</strong>fesa e importância diplomática<br />

que as organizações internacionais viriam a fornecer<br />

para a América Latina impediriam ações negligenciadas<br />

das gran<strong>de</strong>s potências para com esta região do continente<br />

para sempre.<br />

O peso <strong>de</strong>stacado pelo maior número <strong>de</strong> países<br />

nascentes, <strong>de</strong>vido à fragmentação da América espanhola,<br />

acrescido ainda da unida<strong>de</strong> que fora conservada da<br />

América portuguesa, se fez presente nos organismos<br />

internacionais, principalmente nas Nações Unidas e, só<br />

não foi exclusivo por conta da inserção dos países que<br />

se tornaram in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes a partir <strong>de</strong> 1948 na África e<br />

Ásia. No entanto, a inclusão <strong>de</strong>stes dois últimos continentes<br />

no cenário internacional acarretou uma pressão<br />

ainda maior para assegurar o direito ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

ante as gran<strong>de</strong>s potências.<br />

Com as in<strong>de</strong>pendências, os países da América<br />

Latina assim começam a instituir suas bases internas. Os<br />

31


caudilhos 5 e aristocratas passam a disputar o po<strong>de</strong>r<br />

com classes médias e proletários, ambos urbanos em<br />

sua maioria e <strong>de</strong>stacadas pela verificação <strong>de</strong> constantes<br />

aumentos numéricos, uma vez que, <strong>de</strong>svinculados<br />

da metrópole, um espaço é criado para disputas por<br />

conta da liberda<strong>de</strong> política instaurada. Entretanto, há<br />

a conservação, no plano econômico e social, <strong>de</strong> características<br />

coloniais. Isso é completado por objetivos<br />

que <strong>de</strong>veriam ser alcançados como a construção <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s nacionais mais abertas e economicamente<br />

mais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

O final do século XIX e mais propriamente o início<br />

do século XX recheiam a vida política dos países<br />

latino-americanos <strong>de</strong> revoluções, constatação <strong>de</strong> ditaduras<br />

e intervenções militares. Entretanto, diferentemente<br />

do período das in<strong>de</strong>pendências, caracterizada<br />

por confronto entre clãs e indivíduos, agora estas<br />

agitações passam a ser consequentes <strong>de</strong> atraso econômico<br />

e social, não mais toleráveis em nações que<br />

<strong>de</strong>sejavam se <strong>de</strong>senvolver.<br />

Na época em que a América Latina se tornava in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

o capitalismo já imperava na Europa<br />

Oci<strong>de</strong>ntal e nos EUA, porém a dominação ibérica e a<br />

natureza dos conservadores haviam preservado estruturas<br />

arcaicas, como a escravidão e o trabalho forçado,<br />

não existentes há vários séculos em países mais<br />

adiantados.<br />

32<br />

A partir das in<strong>de</strong>pendências, a América Latina teve <strong>de</strong><br />

passar, <strong>de</strong> início, pelas revoluções que, no correr da Ida<strong>de</strong><br />

Média, haviam acompanhado a reconstituição das soberanias<br />

<strong>de</strong>smembradas pelo feudalismo, bem como pelas<br />

revoluções burguesas que, nos séculos XVII e XVIII, haviam<br />

arrancado à nobreza o monopólio das funções públicas;<br />

<strong>de</strong>pois, pelas revoluções do séc. XIX que introduziram o<br />

proletariado na vida política; e, por fim, pelas revoluções<br />

sociais do séc. XX.<br />

Tal atraso <strong>de</strong>mandava então uma certa agilida<strong>de</strong><br />

para acompanhar as mudanças do capitalismo e consequentemente<br />

uma crise permanente era caracterizada<br />

na socieda<strong>de</strong>. Quando as populações estavam<br />

iniciando a absorção <strong>de</strong> avanços alcançados pelas lutas<br />

anteriores, novas revoluções ocorriam.<br />

No período pós-Segunda Guerra Mundial, o tema<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento ganhou <strong>de</strong>staque no cenário in-<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

ternacional pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconstrução dos países<br />

europeus <strong>de</strong>vastados pela guerra. Truman, em 1949, dava<br />

ênfase ao discurso ao dizer que o que se pretendia com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento era tornar disponíveis os avanços científicos<br />

e o progresso material com vistas à promoção do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Esta questão do <strong>de</strong>senvolvimento se<br />

inicia assim objetivando atingir melhoras nos quesitos<br />

econômicos, uma vez que se mostravam essenciais para<br />

o reerguimento dos Estados.<br />

Neste cenário, os países da América Latina se <strong>de</strong>param<br />

com a dificulda<strong>de</strong> em transformar a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma<br />

tão rápida para a conquista do crescimento econômico.<br />

Sendo assim, renunciam à utilização <strong>de</strong> formas <strong>de</strong>mocráticas<br />

<strong>de</strong> governo e até mesmo a proteger as liberda<strong>de</strong>s<br />

individuais, e passam a instaurar ditaduras <strong>de</strong> um homem<br />

ou partido, <strong>de</strong> eleições dirigidas, que tinham em suas bases<br />

medidas <strong>de</strong> caráter econômico.<br />

O que difere a América Latina <strong>de</strong> outros países sub<strong>de</strong>senvolvidos<br />

é que esta nunca se separou completamente<br />

da cultura europeia oci<strong>de</strong>ntal, tendo empregado assim<br />

aspectos válidos e que aten<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong> forma benéfica os<br />

europeus, mas que, ao serem transpostos para a América<br />

Latina, em nada correspondia à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas estruturas,<br />

as quais sempre tinham como base o pensamento<br />

liberal dos séculos XVIII e XIX. Estas <strong>de</strong>cisões impossibilitavam<br />

a organização completa <strong>de</strong> Estados, o que os fazia<br />

oscilar ora por laços <strong>de</strong>mocráticos ora por governos da lei<br />

e do arbítrio.<br />

O <strong>de</strong>bate acerca do <strong>de</strong>senvolvimento é marcado então<br />

pela busca do crescimento econômico e a consolidação<br />

<strong>de</strong> instituições <strong>de</strong>mocráticas. O Estado era consi<strong>de</strong>rado<br />

o principal ator para direcionar este <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

As políticas keynesianas 6 eram <strong>de</strong>stinadas a países on<strong>de</strong><br />

não há baixa propensão a poupar e baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

investimentos, as quais indicavam que <strong>de</strong>veria haver a<br />

expansão da <strong>de</strong>manda agregada a partir do impulso <strong>de</strong><br />

gastos públicos. A emergência do Terceiro Mundo a partir<br />

<strong>de</strong> 1970 trará para a pauta do cenário internacional o problema<br />

<strong>de</strong> caráter distributivo, salientando que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>veria ser tratado como um problema em si<br />

e não apenas cunhado por políticas domésticas.<br />

A crise do bem-estar europeu, juntamente com a crise<br />

da dívida externa a partir <strong>de</strong> 1980 nos países latino-americanos<br />

faz submergir então a agenda do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

enquanto problema internacional e também a falta <strong>de</strong><br />

confiança nas políticas centralizadas no Estado. O <strong>de</strong>sen


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volvimento passa a ser assim sinônimo <strong>de</strong> crescimento<br />

econômico, caracterizando suas políticas a aquelas<br />

que possibilitassem a livre atuação do mercado, com a<br />

supremacia da abertura do comércio internacional, os<br />

ajustes das contas públicas e redução, <strong>de</strong> forma contrária,<br />

dos gastos com políticas sociais.<br />

Na América Latina, o espírito <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cooperação e união dos Estados em prol <strong>de</strong> melhorias<br />

<strong>de</strong>senvolvimentistas é marcado pelas i<strong>de</strong>ias da CEPAL,<br />

entre 1960 e 1970, <strong>de</strong> estruturação das economias latino-americanas<br />

em <strong>de</strong>fesa da industrialização, através<br />

dos mol<strong>de</strong>s do sistema <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> importação<br />

(mo<strong>de</strong>lo ISI) 7 e do processo <strong>de</strong> integração.<br />

A ampliação e o fortalecimento do aparelho estatal<br />

foi o gran<strong>de</strong> instrumento utilizado para se colocar em<br />

prática os fundamentos econômicos cepalinos, o que<br />

veio a transformar completamente os perfis econômicos<br />

e sociais da América Latina. Um aspecto <strong>de</strong>stacado<br />

do processo social foi o intenso processo <strong>de</strong> urbanização.<br />

No que condiz ao plano econômico, o setor manufatureiro<br />

aumentou a gravitação e inserção <strong>de</strong> seus<br />

produtos no plano global e no <strong>de</strong> emprego, enquanto<br />

a produção agrícola se mantinha paralisada ou estagnada.<br />

Acelerava-se a expansão dos serviços, empregos nos<br />

setor público juntamente com a intensificação, burocratização<br />

e absorção <strong>de</strong> recursos por parte do Estado. A<br />

população urbana conquistou níveis <strong>de</strong> renda crescentes<br />

em <strong>de</strong>trimento da rural, ainda que a dinâmica industrial<br />

tenha se <strong>de</strong>bilitado com os cenários da década <strong>de</strong><br />

60 e 70.<br />

As instabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stas décadas, ocasionadas pelo<br />

primeiro choque <strong>de</strong> petróleo, que dificultava a obtenção<br />

<strong>de</strong> petróleo e <strong>de</strong> créditos a juros baixos no sistema<br />

internacional, aliado aos acontecimentos da década <strong>de</strong><br />

1980, provocados pelo agravamento das consequências<br />

do primeiro choque, ocorrência do segundo choque<br />

<strong>de</strong> petróleo e endividamento externo, dificultaram<br />

a correta implementação dos i<strong>de</strong>ais cepalinos. Estas<br />

i<strong>de</strong>ias só irão mostrar sinais <strong>de</strong> avanço a partir das décadas<br />

<strong>de</strong> 1980 e 1990, justamente quando políticas <strong>de</strong><br />

estabilização da inflação passam a ser criadas.<br />

O processo <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>veria ser concretizado e<br />

entendido como a criação <strong>de</strong> um mercado comum para<br />

que os países pu<strong>de</strong>ssem conseguir respon<strong>de</strong>r às exigências<br />

do crescimento econômico regional. Trata-se<br />

da época do “regionalismo aberto”. É importante ainda<br />

notar que entre estas duas fases, a CEPAL tem seu interesse<br />

voltado para o ajuste macroeconômico dos países<br />

latino-americanos e para a resolução <strong>de</strong> problemas estruturais.<br />

Apesar do regionalismo não ter sido tão trabalhado,<br />

é neste período que políticas visando à cooperação<br />

para resoluções <strong>de</strong> impasses macroeconômicos<br />

entre os países envolvidos ganham espaço.<br />

É no espaço do sistema internacional que as re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> interação entre os atores ocorreram, dando forma<br />

ao conflito ou à cooperação e às suas manifestações<br />

extremas, respectivamente guerra ou integração. A<br />

guerra representa o máximo <strong>de</strong> discórdia e necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> interesses <strong>de</strong>terminantes, já a integração é<br />

dada pela alegação da existência <strong>de</strong> interesses supranacionais.<br />

A partir <strong>de</strong>sta explanação, é possível que seja<br />

realizado um exame da dimensão <strong>de</strong> cooperação internacional<br />

que é caracterizada por Calduch como<br />

(...) toda relação entre atores internacionais orientada<br />

para a mútua satisfação <strong>de</strong> interesses ou <strong>de</strong>mandas, mediante<br />

a utilização complementar <strong>de</strong> seus respectivos po<strong>de</strong>res no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> atuações coor<strong>de</strong>nadas e ou solidárias.<br />

Esta <strong>de</strong>finição é, como <strong>de</strong>termina Ayllón, retirada do<br />

ramo da sociologia e do estudo das diversida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relações<br />

que se originam <strong>de</strong> interações sociais. Aplicando-<br />

-a ao campo das relações internacionais, esta po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>stacada como a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cooperação que se<br />

realiza entre os atores do sistema internacional.<br />

A ação <strong>de</strong> realizar tarefas em conjunto entre dois<br />

ou mais Estados, visando atingir resultados <strong>de</strong>signados<br />

como <strong>de</strong>sejados pelas partes envolvidas é então o<br />

gran<strong>de</strong> objetivo da cooperação internacional. A Carta<br />

das Nações Unidas em seu capítulo primeiro, parágrafo<br />

terceiro, <strong>de</strong>fine <strong>de</strong> forma clara e objetiva a importância<br />

<strong>de</strong> se fomentar projetos e mecanismos <strong>de</strong> cooperação<br />

internacional, <strong>de</strong>stacando-se este último como um dos<br />

propósitos da organização.<br />

Conseguir uma cooperação internacional para resolver<br />

os problemas internacionais <strong>de</strong> caráter econômico, social,<br />

cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito<br />

aos direitos humanos e às liberda<strong>de</strong>s fundamentais<br />

para todos, sem distinção <strong>de</strong> raça, sexo, língua ou religião.<br />

33


Há muitas formas <strong>de</strong> se cooperar, <strong>de</strong>stacadas por<br />

Ayllón, como por exemplo, a cooperação política ou<br />

econômica. Consi<strong>de</strong>rando o conteúdo da cooperação<br />

internacional para o <strong>de</strong>senvolvimento (CID), esta ainda<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> caráter geral ou setorial, orientada a<br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões conjuntas, <strong>de</strong> caráter operativo,<br />

com relação à implementação <strong>de</strong> medidas e programas<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> caráter operativo<br />

fazendo ligação com a implementação <strong>de</strong> medidas e<br />

também <strong>de</strong> caráter informal ou orgânico como objetivo<br />

e consequências das ações das organizações internacionais.<br />

A cooperação internacional po<strong>de</strong> ainda ser realizada<br />

em âmbito bilateral, mais utilizada nos períodos<br />

que antece<strong>de</strong>m o fim da Segunda Guerra, marcada<br />

por políticas egoístas e exclusivas dos Estados, e a multilateral<br />

que ganha força principalmente nos anos 60,<br />

época em que os povos dos Estados da Ásia e África<br />

emergem. A diplomacia multilateral ganha força pelo<br />

fato <strong>de</strong> que preconiza que as <strong>de</strong>cisões dos Estados<br />

<strong>de</strong>vam ser obrigadas à submissão <strong>de</strong> procedimentos<br />

que ten<strong>de</strong>m a neutralizar <strong>de</strong>terminadas posições egoístas,<br />

em favor <strong>de</strong> políticas dos blocos e alianças, on<strong>de</strong><br />

a maioria é que <strong>de</strong>staca o andamento das resoluções<br />

e também <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> tratados servindo <strong>de</strong><br />

base para reger as relações da organização.<br />

A América Latina não conseguiu tornar viável a<br />

caracterização <strong>de</strong> uma economia industrial progressiva.<br />

Em vez disso, per<strong>de</strong>u posições frente a países que<br />

iniciaram sua industrialização a partir <strong>de</strong> bases mais<br />

fracas. Um exemplo a ser citado é o caso asiático, o<br />

qual pô<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> uma autonomia muito maior<br />

se comparada à dos países latino-americanos e cercada<br />

<strong>de</strong> tradições burocráticas muito mais eficientes e<br />

livres <strong>de</strong> interesses particulares.<br />

Já a América Latina teve seus problemas baseados<br />

não exatamente na natureza das políticas, mas sim<br />

na sua implementação. As bases fiscais foram insuficientes<br />

<strong>de</strong>vido em gran<strong>de</strong> parte à ausência <strong>de</strong> reais<br />

medidas sociais e político-redistributivas. O Estado foi<br />

dominado por interesses <strong>de</strong> partidos políticos, militares,<br />

grupos econômicos, caudilhos ou ditadores, que<br />

fortaleceram seu po<strong>de</strong>r econômico e político pela via<br />

estatal. Por conta <strong>de</strong>stas práticas, houve o fortalecimento<br />

do caráter clientelista do emprego e da gestão<br />

dos expêndios públicos pelos regimes autoritários ou<br />

semi<strong>de</strong>mocráticos.<br />

34<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

Como frisa Enrique Iglesias, secretário-geral ibero-<br />

-americano (SEGIB), ex-presi<strong>de</strong>nte do Banco Interamericano<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento (BID) e ex-secretário executivo<br />

da CEPAL, o Estado que acompanhou o paradigma cepalino<br />

foi onipresente, centralista e cativo. Foram poucos os<br />

países que conseguiram avançar na construção <strong>de</strong> um Estado<br />

sólido <strong>de</strong>mocrático, fator indispensável para impedir<br />

que interesses particulares dominem e que a lei seja<br />

uniforme.<br />

A dominação das vias públicas para priorizar interesses<br />

privados acabou por caracterizar um ineficiente funcionamento<br />

do mercado, especulação e corrupção. Este<br />

cenário ainda veio a <strong>de</strong>terminar a não criação <strong>de</strong> respostas<br />

às <strong>de</strong>mandas dos cidadãos, o que contribuiu para a<br />

exclusão <strong>de</strong> amplos setores da população, dos benefícios<br />

do crescimento e à perda <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> do Estado.<br />

Estes pontos <strong>de</strong>stacados acabaram por ilustrar o esgotamento<br />

do mo<strong>de</strong>lo heterodoxo da CEPAL a partir da<br />

precipitação da crise do Estado. O modo como foram implementadas<br />

as políticas econômicas, sociais e políticas,<br />

aliadas aos acontecimentos <strong>de</strong> recessão e inflação proporcionados<br />

pelas duas crises <strong>de</strong> petróleo (1973 e 1979),<br />

que tiveram seu emprego máximo na crise da dívida, acelerou<br />

os processos <strong>de</strong> inflação, perda <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong><br />

da economia e aumentou as distâncias sociais. No plano<br />

institucional <strong>de</strong>struíram-se bancos centrais, ministérios<br />

<strong>de</strong> planejamento e instituições financeiras e <strong>de</strong> fomento<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Ainda mencionando Enrique Iglesias, este <strong>de</strong>staca que<br />

houve situações ainda mais graves no quesito <strong>de</strong> formulação<br />

da política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, nas quais as medidas<br />

<strong>de</strong> longo prazo foram esquecidas. Isto ocorreu pois<br />

os problemas da sobrevivência econômica e as crises <strong>de</strong><br />

curto prazo tomaram toda a atenção das autorida<strong>de</strong>s políticas<br />

dos países da América Latina.<br />

As últimas décadas do século XX foram marcadas por<br />

intensas alterações sociais no mundo capitalista, que teve<br />

como objetivo principal a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se reformular<br />

o aparelho estatal. Estes i<strong>de</strong>ais foram originados a partir<br />

da década <strong>de</strong> 1970, momento em que o esgotamento do<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico constituído no<br />

pós-guerra (marcado pela ampliação e o fortalecimento<br />

do aparelho estatal) abre espaço para a ascensão do pensamento<br />

neoliberal. Nos anos <strong>de</strong> 1980 este pensamento<br />

ganha força com a entrada dos principais partidos, <strong>de</strong>fensores<br />

<strong>de</strong>stes princípios, nas maiores economias globais


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– Republicano, nos Estados Unidos; Conservador, na<br />

Inglaterra; Democrata Cristão, na Alemanha. A partir <strong>de</strong><br />

1990, países como o Brasil passam a pautar suas economias<br />

no seguinte tripé: <strong>de</strong>sregulamentação, privatização<br />

e abertura econômica.<br />

Através <strong>de</strong>sta nova formulação <strong>de</strong> Estado, a década<br />

<strong>de</strong> 1990 é marcada por um novo ciclo reformista no<br />

âmbito social, que tem como ambiente mais <strong>de</strong>licado e<br />

complexo o ajuste econômico, complementação das reformas<br />

institucionais e da consolidação da <strong>de</strong>mocracia.<br />

Muito mais do que a introdução <strong>de</strong> novos mecanismos<br />

<strong>de</strong> mudança, o período é marcado pela tensa relação<br />

entre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resoluções voltadas para os fatores<br />

macroeconômicos <strong>de</strong> estabilização, com metas <strong>de</strong><br />

reformas sociais em tese voltadas para a melhora da eficiência<br />

e da equida<strong>de</strong>.<br />

A crença na liberalização <strong>de</strong>veria caracterizar que a<br />

economia estaria sujeita a regras do mercado financeiro,<br />

vigência <strong>de</strong> preços como forma <strong>de</strong> distribuir recursos,<br />

programas <strong>de</strong> estabilização fortes, abertura para o<br />

comércio internacional, entrada <strong>de</strong> recursos financeiros<br />

e investimento privado estrangeiro e políticas <strong>de</strong> privatizações.<br />

A confiança no livre comércio era fruto da<br />

crença <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento seria proporcionado<br />

pela melhor eficiência alocativa dos recursos ante a<br />

competição no cenário internacional.<br />

O Estado assim passou a ter uma presença cada vez<br />

menor nos assuntos econômicos, <strong>de</strong>vendo o mercado<br />

o controlar. Os assuntos relativos à ineficiência, corrupção,<br />

clientelismo e excesso burocrático dominaram os<br />

argumentos contra a presença do Estado na economia.<br />

Instituições foram fechadas, instrumentos <strong>de</strong> políticas<br />

foram cortados, assim como o intervencionismo excessivo,<br />

tudo isso somado à perda da visão <strong>de</strong> longo prazo.<br />

As reformas assim passaram a não ser empregadas pelo<br />

Estado, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> do mesmo.<br />

Segundo as pesquisas do Latinobarómetro, somente um<br />

terço da população latino-americana crê nas reformas. Isto<br />

conduziu a uma crescente perda <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> das reformas<br />

e do mercado na gran<strong>de</strong> maioria da população. Essa<br />

crise <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> se somou ao sentimento generalizado<br />

<strong>de</strong> frustração e <strong>de</strong> fadiga <strong>de</strong>vido à insuficiência do progresso<br />

e dureza dos sacrifícios feitos na aplicação das reformas.<br />

A forma como o Estado se relacionará com o<br />

mercado e com os cidadãos neste cenário caracterizado<br />

pelo abandono <strong>de</strong> políticas firmes em todos os níveis<br />

públicos, econômicos e sociais será o fator principal que<br />

colocará os reais números proporcionados pelo crescimento<br />

econômico estendido ao <strong>de</strong>senvolvimento social<br />

como um todo. Um instituto que po<strong>de</strong> ser usufruído<br />

<strong>de</strong>ssa relação é o da cooperação, que em muito foi<br />

empregada pela Cepal com o intuito <strong>de</strong> atingir os altos<br />

níveis <strong>de</strong> industrialização, para fazer com que os países<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento pu<strong>de</strong>ssem competir com produtos<br />

<strong>de</strong> maior valor agregado no âmbito internacional,<br />

e que se apresenta, através <strong>de</strong> diálogos e ações, como<br />

maneira <strong>de</strong> minimizar os inúmeros efeitos dos déficits<br />

sociais em muitas nações latino-americanas.<br />

É <strong>de</strong> suma importância <strong>de</strong>stacar que, caso <strong>de</strong>terminado<br />

Estado alcance crescimento econômico, porém se<br />

esqueça (ou se omita) <strong>de</strong> realizar políticas sociais que<br />

objetivam uma nação com melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,<br />

em nada po<strong>de</strong>rá trazer igualda<strong>de</strong> para todos os cidadãos.<br />

De tal forma que o fator social se apresenta como<br />

imprescindível para que o <strong>de</strong>senvolvimento pleno possa<br />

ser caracterizado pelos países da América Latina e Caribe.<br />

Conclui-se por ora que o avanço dos países latino-<br />

-americanos ocorre <strong>de</strong> forma positiva ao verificar-se a<br />

ligação dos aspectos econômicos com os sociais.<br />

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA<br />

Se em alguns Estados as forças <strong>de</strong> mercado foram<br />

capazes <strong>de</strong> ampliar os índices econômicos, em outros<br />

apenas acentuaram a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a recursos<br />

entre indivíduos e até países. Neste novo século, a<br />

agenda do <strong>de</strong>senvolvimento vem acompanhada <strong>de</strong> um<br />

novo prisma, sendo necessário re<strong>de</strong>fini-lo e trabalhá-lo<br />

através <strong>de</strong> uma ótica multidisciplinar, <strong>de</strong> forma a incluir<br />

a diversida<strong>de</strong> da realida<strong>de</strong> política, econômica e social<br />

dos países.<br />

Para que seja possível o entendimento do conceito<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, faz-se necessária a diferenciação<br />

entre este conceito e o <strong>de</strong> crescimento econômico. Observando-se<br />

os estudos <strong>de</strong> renomados economistas, é<br />

possível constatar que a diferença fundamental apontada<br />

por eles seria que o crescimento correspon<strong>de</strong> a<br />

uma variação única e exclusivamente quantitativa dos<br />

indicadores econômicos. Já o <strong>de</strong>senvolvimento implica,<br />

além <strong>de</strong>ssa, em variações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m qualitativa, com a<br />

<strong>de</strong>corrente melhora do nível <strong>de</strong> vida da população e<br />

um aumento contínuo do grau <strong>de</strong> participação do indi-<br />

35


víduo na socieda<strong>de</strong>.<br />

Em resumo:<br />

36<br />

Crescimento econômico<br />

aspecto quantitativo<br />

Desenvolvimento<br />

aspecto quantitativo + aspecto qualitativo<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento, concluí-se, é um crescimento<br />

harmonioso e estrutural, ao passo que o crescimento<br />

não implica em equilíbrio das estruturas.<br />

Sob uma ótica humanista da economia, não há<br />

um conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento “econômico” e sim<br />

um conceito mais amplo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>finido<br />

a partir <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> transformações por<br />

que passa a socieda<strong>de</strong>, tanto no plano político, como<br />

no econômico e no social. Nesse contexto, para que<br />

haja <strong>de</strong>senvolvimento, três condições <strong>de</strong>vem, necessariamente,<br />

ser atendidas: 1ª. O crescimento da renda<br />

per capita em condições satisfatórias <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> e<br />

ocupação; 2ª. A integração <strong>de</strong> todo o sistema social<br />

no processo, em que os investimentos geram ca<strong>de</strong>ias<br />

prospectivas e retrospectivas <strong>de</strong> produção e emprego;<br />

3ª. A distribuição dos frutos <strong>de</strong>sse crescimento entre<br />

os diversos segmentos da socieda<strong>de</strong>.<br />

Fica evi<strong>de</strong>nte, portanto, que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

só será obtido quando, além da melhoria dos indicadores<br />

econômicos, houver distribuição <strong>de</strong> renda mais<br />

equânime e maior grau <strong>de</strong> participação dos indivíduos<br />

no <strong>de</strong>bate e nas <strong>de</strong>cisões políticas que dizem respeito<br />

a assuntos <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong> e<br />

não apenas <strong>de</strong> uma minoria que representa a classe<br />

econômica e/ou politicamente dominante.<br />

Des<strong>de</strong> que foram constituídos como Estados soberanos,<br />

a pobreza, baixa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e ineficiente<br />

inclusão social das classes mais baixas foram pontos<br />

que sempre estiveram ligados ao capitalismo sub<strong>de</strong>senvolvido<br />

dos países latino-americanos. Estes aspec-<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

tos, aliados a inúmeras vulnerabilida<strong>de</strong>s sociais, <strong>de</strong>vem-se<br />

em gran<strong>de</strong> parte ao tipo <strong>de</strong> capitalismo adotado nos últimos<br />

anos: economia <strong>de</strong> livre mercado, aberta ao mundo<br />

e com a caracterização <strong>de</strong> um Estado que interfere nas relações<br />

nacionais <strong>de</strong> forma mínima. É importante <strong>de</strong>stacar<br />

que o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das nações bem como a<br />

inserção das mesmas no cenário econômico global é uma<br />

variável que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma indiscutível dos índices<br />

<strong>de</strong> crescimento econômico e tecnológico, os quais <strong>de</strong>vem<br />

estar aliados <strong>de</strong> forma intrínseca ao bom andamento<br />

dos quesitos sociais.<br />

A verda<strong>de</strong> é que muitos países que obtiveram altas<br />

taxas <strong>de</strong> crescimento econômico ainda têm gran<strong>de</strong>s<br />

proporções da população na pobreza. De acordo com o<br />

Panorama Social da América Latina, realizado em 2010<br />

pela CEPAL, atualmente 33% da região da América Latina<br />

e Caribe, o que correspon<strong>de</strong> a 183 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />

pobres e 74 milhões <strong>de</strong> indigentes (ver tabela 2). O <strong>de</strong>senvolvimento<br />

é realmente uma necessida<strong>de</strong> para reduzir<br />

questões que se transformam em vulnerabilida<strong>de</strong>s,<br />

como no caso da pobreza, mas não tem sentido se não<br />

aumentar a renda e o bem-estar <strong>de</strong> todos os indivíduos.<br />

A melhor alternativa para se erradicar os déficits sociais<br />

com certeza está na positiva relação entre crescimento<br />

econômico com eficazes políticas sociais que venham a<br />

objetivar melhorias na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos cidadãos.<br />

Definições <strong>de</strong> pobreza baseadas na renda dão a<br />

enten<strong>de</strong>r que os seres humanos necessitam <strong>de</strong> um nível<br />

mínimo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> água, vestuário e alimentação<br />

para sobreviverem. Ao ligar estas necessida<strong>de</strong>s a preços é<br />

possível traçar uma linha absoluta <strong>de</strong> pobreza, vindo a ser<br />

um importante indicador. Antes <strong>de</strong> tudo faz se necessário<br />

<strong>de</strong>screver a diferença entre dois conceitos importantes.<br />

O conceito <strong>de</strong> pobreza extrema ou absoluta se diferencia do<br />

<strong>de</strong> pobreza relativa, pois neste último se estabelecem normas<br />

sociais e padrões <strong>de</strong> consumo que variam <strong>de</strong> acordo com a evolução<br />

da renda média das famílias. Dessa forma, o extrato pobre<br />

é <strong>de</strong>finido como o conjunto <strong>de</strong> pessoas ou famílias cujo nível<br />

<strong>de</strong> renda é 0,6 vezes inferior à renda média, caracterizando-o<br />

como um setor relativamente excluído da socieda<strong>de</strong>.<br />

Muito embora haja este indicador baseado em linhas<br />

<strong>de</strong> pobreza, a verda<strong>de</strong> é que há uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><br />

para caracterizar em números reais estes índices <strong>de</strong> pobreza<br />

absoluta. Rowntree, autor inglês que remo<strong>de</strong>lou<br />

esta abordagem, afirma exatamente que as linhas não são<br />

realistas, pois não se po<strong>de</strong> viver com os padrões estabele-


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

cidos e, sobretudo, como critica Townsend, traz à frente<br />

o aspecto da complacência, dando a enten<strong>de</strong>r que po<strong>de</strong>ria<br />

haver um número mínimo <strong>de</strong> pobreza, caso este<br />

fosse minimizado. Normalmente a linha da pobreza é<br />

dada em relação à renda média e dificilmente está ligada<br />

a padrões <strong>de</strong> segurança social. Muito embora isso<br />

ocorra não se po<strong>de</strong> negar que as linhas caracterizadas<br />

são em muito benéficas, principalmente para os países<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento, on<strong>de</strong> as taxas <strong>de</strong> sobrevivência<br />

permaneceram como meios <strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r a situação<br />

da pobreza.<br />

As linhas são maneiras muito úteis <strong>de</strong> se medir a pobreza,<br />

entretando tem como foco necessida<strong>de</strong>s mínimas<br />

<strong>de</strong> consumo, não <strong>de</strong>stacando <strong>de</strong> forma totalmente<br />

eficiente informações como saú<strong>de</strong>, educação, moradia<br />

e outros fatores da vida das classes mais baixas. Para<br />

lidar com este impasse, as Nações Unidas, em 1960,<br />

criaram indicadores sociais, fazendo com que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econônomico e também social <strong>de</strong>ixassem<br />

<strong>de</strong> ser medidos apenas pelo PIB (Produto Interno Bruto)<br />

<strong>de</strong> um país. Os indicadores sociais divi<strong>de</strong>m similarida<strong>de</strong><br />

com a abordagem <strong>de</strong> renda da linha da pobreza, visto<br />

que também se baseia em pontos quantitativos. Apesar<br />

<strong>de</strong> estes indicadores caracterizarem novas informações,<br />

a verda<strong>de</strong> é que ampliam o quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> pobreza,<br />

manifestada através <strong>de</strong> má educação, saú<strong>de</strong> precária,<br />

habitações falhas, etc. Por conta disso, a maioria<br />

das explicações sobre a incidência da pobreza é agora<br />

acompanhada <strong>de</strong>ssas condições como medidas pelos<br />

indicadores sociais.<br />

Um aspecto que críticos mencionam ao se abordar<br />

os indicadores sociais é o fato dos mesmos não englobarem<br />

pontos não materiais. Tão importante quanto saber<br />

quantas crianças estão na escola e quantas pessoas<br />

possuem o que comer, é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ter participação<br />

política, livre expressão, liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração<br />

econômica, entre outros. Sendo assim, muitos outros<br />

fatores têm sido <strong>de</strong>stacados como passíveis <strong>de</strong> serem<br />

sofridos por pessoas pobres, como violência, discriminação,<br />

crime e opressão, ultrapassando o limite imposto<br />

entre a relação <strong>de</strong> pobreza e renda.<br />

Retornando aos indicadores sociais, é importante<br />

notar que estes <strong>de</strong>monstram como a pobreza está associada<br />

à privação <strong>de</strong> fatores sociais, à <strong>de</strong>svantagem e ao<br />

sofrimento e como estes aspectos afetam milhares <strong>de</strong><br />

pessoas no mundo atual.<br />

As vulnerabilida<strong>de</strong>s sociais estão associadas aos padrões<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento vigentes e à ineficácia dos<br />

Estados ao distribuírem <strong>de</strong> forma plena condições <strong>de</strong><br />

vida favoráveis a todos os cidadãos.<br />

Faz-se necessário aqui <strong>de</strong>stacar o significado <strong>de</strong><br />

vulnerabilida<strong>de</strong>, que muitas vezes é confundido como<br />

um todo com pobreza. De um lado representa a insegurança<br />

e in<strong>de</strong>finição que comunida<strong>de</strong>s, famílias e indivíduos<br />

possuem em relação a suas condições <strong>de</strong> vida,<br />

po<strong>de</strong>ndo esta preocupação ser ligada a algum evento<br />

econômico-social traumático caracterizado. De outra<br />

forma, po<strong>de</strong> significar os mecanismos e estratégias que<br />

comunida<strong>de</strong>s, famílias e indivíduos venham a realizar<br />

para enfrentar os efeitos <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>terminados eventos.<br />

Todos os pontos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> consequentemente<br />

têm no Estado seu maior agente <strong>de</strong> soluções.<br />

Os Estados que são caracterizados como sendo mais<br />

fracos <strong>de</strong>vem verificar quais são suas ambições e se fixar<br />

nas tarefas para realização <strong>de</strong> tais. O <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável, equitativo e capaz <strong>de</strong> reduzir a pobreza tem<br />

cinco medidas fundamentais:<br />

• uma base jurídica;<br />

• um clima político propício, com estabilida<strong>de</strong><br />

macroeconômica;<br />

• investimentos em recursos humanos e infra-<br />

estrutura;<br />

• proteção dos grupos vulneráveis;<br />

• proteção do meio ambiente natural.<br />

O Panorama Social da América Latina 2010 <strong>de</strong>stacou<br />

que em 2009 a região da América Latina e Caribe<br />

experimentou uma queda do produto por habitante <strong>de</strong><br />

3%, em um cenário <strong>de</strong> crise econômica internacional<br />

generalizada. Esta realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> redução afetou gran<strong>de</strong><br />

parte dos países da região, com <strong>de</strong>staque para El Salvador,<br />

Honduras, México, Paraguai e República Bolivariana<br />

da Venezuela. Entretanto, a diferença <strong>de</strong>sta crise para as<br />

anteriores é que <strong>de</strong>ssa vez os países estavam solidificados<br />

em políticas públicas mais fortes, as quais pu<strong>de</strong>ram<br />

evitar um maior impacto nas condições sociais e <strong>de</strong> trabalho.<br />

37


Como <strong>de</strong>monstra a tabela abaixo, as empresas privadas<br />

são gravemente afetadas pela ausência <strong>de</strong> funções<br />

básicas do Estado, dificultadas principalmente<br />

pelos obstáculos institucionais.<br />

TABELA 1<br />

Fonte: BANCO MUNDIAL. Relatorio sobre o <strong>de</strong>senvolvimento mundial,<br />

1997: O Estado num Mundo em transformação. Washington, D. C.: BANCO<br />

MUNDIAL, 1997, p. 44<br />

Neste mesmo ano, a incidência da pobreza alcançou<br />

33,1% da população da região, incluindo 13,3%<br />

<strong>de</strong> pessoas em condições <strong>de</strong> pobreza extrema ou indigência.<br />

Estes dados representam em números 183<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas pobres e 74 milhões <strong>de</strong> indigentes.<br />

Em comparação a 2008, a pobreza caracterizou-se<br />

por um pequeno retrocesso, representado por 0,1%.<br />

Isto <strong>de</strong>monstra que os países estão muito mais preparados<br />

para lidar com os efeitos sociais da crise em<br />

comparação a situações anteriores. O aumento da pobreza<br />

extrema revelou-se um pouco maior, com um<br />

aumento <strong>de</strong> 0,4%. Tanto o número <strong>de</strong> pobres como<br />

indigentes aumentaram em três milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />

Atualmente é possível avaliar a evolução da<br />

pobreza e da indigência entre 2008 e 2009 em nove<br />

países. Seis <strong>de</strong>les apresentaram uma clara diminuição<br />

da pobreza entre um ano e outro, obtendo assim uma<br />

redução <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> três pontos. São eles: República<br />

Dominicana e Uruguai (área urbana). Já Brasil, Panamá<br />

e Peru tiveram a redução <strong>de</strong>ste fator entre 0,9 e<br />

2,2%. Colômbia e Equador, por mais que pequenas,<br />

tiveram sinais negativos nas variações da taxa <strong>de</strong> pobreza<br />

(nível nacional, não urbano).<br />

Quanto às taxas <strong>de</strong> indigência, Colômbia, Panamá,<br />

Peru, República Dominicana e Uruguai registra-<br />

38<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

ram uma gran<strong>de</strong> queda; Brasil e Paraguai obtiveram uma<br />

redução pequena. A Costa Rica é o único país <strong>de</strong>ntre os<br />

<strong>de</strong>stacados que registrou aumento intenso nos indicadores<br />

<strong>de</strong> pobreza e <strong>de</strong> indigência no ano <strong>de</strong> 2009.<br />

Estes números permitem avaliar o progresso dos<br />

países para pôr em prática a consecução da primeira meta<br />

dos Objetivos <strong>de</strong> Desenvolvimento do Milênio, que tem<br />

como objetivo reduzir pela meta<strong>de</strong>, entre 1990 e 2015,<br />

a porcentagem <strong>de</strong> indivíduos em situação <strong>de</strong> extrema<br />

pobreza. Apesar do retrocesso experimentado em 2008<br />

e 2009, a América Latina continua bem para conquistar<br />

esta meta. A porcentagem <strong>de</strong> avanço é <strong>de</strong> 82%, até então<br />

72% do tempo já foi transcorrido.<br />

TABELA 2<br />

Fonte: CEPAL: Panorama Social da América Latina 2010: http://www.eclac.org/<br />

publicaciones/xml/9/41799/PSE-panoramasocial2010.pdf, p. 13<br />

As mudanças observadas na pobreza são verificadas<br />

entre as diferentes interações entre o crescimento da<br />

renda média das pessoas (“efeito crescimento”) e as mudanças<br />

na forma como esta renda é distribuída (“efeito<br />

distribuição”). Nos cinco em que a pobreza sofreu queda<br />

(Argentina, Chile, Peru, República Dominicana e Uruguai)<br />

houve predominância do efeito crescimento, enquanto<br />

em outros cinco (Brasil, Colômbia, Equador, Panamá e Paraguai)<br />

foi o efeito distribuição que imperou. Entre 2002


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

e 2009, o aumento da pobreza na Costa Rica <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>terioração distributiva, já em El Salvador a elevação da<br />

pobreza <strong>de</strong>u-se por conta da queda na renda média.<br />

Entre 2002 e 2009, verificou-se que a pobreza tem sofrido queda graças à combinação entre os efeitos “crescimento”<br />

e “distribuição”. Nos países em que a queda da pobreza foi <strong>de</strong> 7% ou mais, ambos os efeitos contribuíram para o<br />

resultado, 41% a 80% no caso do efeito crescimento e <strong>de</strong> 20% e 59%, o do efeito distribuição.<br />

TABELA 3<br />

Fonte: CEPAL: Panorama Social da América Latina 2010: http://www.eclac.org/publicaciones/xml/9/41799/PSE-panoramasocial2010.pdf, p. 14.<br />

Muitos pesquisadores preferem utilizar a caracterização das linhas <strong>de</strong> probreza a partir <strong>de</strong> critérios nacionais, visto<br />

que <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong>monstra-se a real verossimilhança da realida<strong>de</strong> daquele território. Em uma ânsia <strong>de</strong> se obter dados<br />

mais precisos, o Banco Mundial, através <strong>de</strong> um estudo realizado em 2001 sobre o ano <strong>de</strong> 1998, calculou a linha <strong>de</strong> pobreza<br />

relativa para países em <strong>de</strong>senvolvimento, ao estimar a proporção da população que ganha um terço ou menos da<br />

média nacional.<br />

39


TABELA 4<br />

Fonte: HALL, Anthony; MIDGLEY, James. Pobreza, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

In: CAMPOS, Taiane (org.): Desenvovimento, Desigualda<strong>de</strong> e<br />

Relações Internacionais. Minas Gerias: PUCMINAS, 2005, p. 95<br />

Descobriu-se assim que em alguns lugares do globo<br />

a incidência <strong>de</strong> pobreza absoluta é comparativamente<br />

baixa, enquanto a pobreza relativa atinge números<br />

altíssimos, permanecendo um problema sério.<br />

Em 1998, mais da meta<strong>de</strong> da população da América<br />

Latina encontrava-se abaixo da linha da pobreza relativa,<br />

porém a incidência da pobreza absoluta era <strong>de</strong><br />

apenas 15,6%.<br />

Sendo assim, um dos piores <strong>de</strong>safios da América<br />

Latina, sem dúvida, é não apenas retirar pessoas<br />

da linha <strong>de</strong> pobreza, mas encontrar meios <strong>de</strong> criar ambientes<br />

propícios para sua inclusão e ainda melhores<br />

condições <strong>de</strong> vida, bem-estar e renumerações que<br />

condigam com a realida<strong>de</strong> dos países. É necessário<br />

criar maiores oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego e qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida para acabar com as brechas sociais. Como<br />

mencionou Alicia Bárcena, secretária-executiva da<br />

Cepal, na Conferência sobre Investimento para o Emprego<br />

e para o Desenvolvimento na América Latina e<br />

Caribe, os investimentos externos se mostram como<br />

<strong>de</strong> extrema importância para que a região possa trilhar<br />

o caminho do <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

40<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

Em 2009 o IED (Investimento Externo Direto) na região<br />

foi <strong>de</strong> 41%, aproximadamente 78.000 milhões <strong>de</strong> dólares,<br />

e a expectativa para 2010 é que ultrapasse os 100.000<br />

milhões <strong>de</strong> dólares. Entretanto, apenas o IED não basta<br />

para alterar a estrutura produtiva dos países latino-americanos.<br />

A concentração <strong>de</strong> melhores produções em um<br />

número limitado <strong>de</strong> indústrias tem gerado uma gran<strong>de</strong><br />

heterogeneida<strong>de</strong>, aumentando assim a diferença entre<br />

as empresas maiores e as menores, assim como os níveis<br />

<strong>de</strong> salário entre os trabalhadores com maiores e menores<br />

capacitações profissionais. Para o alcance <strong>de</strong>ste objetivo,<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integrar pequenas e médias empresas<br />

nas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> empresas transnacionais se mostra<br />

mais do que importante.<br />

A secretária-executiva ainda enfatiza a necessida<strong>de</strong><br />

e relevância do papel do Estado como agente fundamental<br />

para assegurar a disposição <strong>de</strong> um ambiente<br />

macroeconômico e políticas públicas que incentivem a<br />

inversão, inovação e criação <strong>de</strong> emprego <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />

aumentando assim o bem-estar social e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida da população da região.<br />

Como <strong>de</strong>stacam os dados do Panorama Social da<br />

América Latina (2010), <strong>de</strong>senvolvido pela Cepal, a pobreza<br />

na maioria dos países da América Latina recuará em<br />

2010 e retornará aos índices pré-crise mundial. Isso por<br />

conta da recuperação econômica <strong>de</strong>sses Estados. Os dados<br />

<strong>de</strong>mostram que, mesmo sofrendo os efeitos da crise<br />

econômica e da queda generalizada do produto em 2009,<br />

a pobreza na região quase não aumentou e a indigência<br />

teve uma expansão pequena. Estes resultados foram atingidos<br />

graças ao implemento <strong>de</strong> políticas maciças <strong>de</strong> emprego,<br />

juntamente com medidas visando a distribuição<br />

<strong>de</strong> renda. Ainda, por outra vertente, uma tendência positiva<br />

ao acesso a serviços básicos e educação foi mantida.<br />

O documento <strong>de</strong>staca a combinação entre o aumento<br />

dos salários, em famílias <strong>de</strong> baixa renda e as transferências<br />

públicas, visando minimizar o impacto da crise<br />

<strong>de</strong> 2009. Estas duas vertentes tiveram um papel <strong>de</strong> extrema<br />

importância para reduzir a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> da região<br />

como um todo. Segundo a CEPAL, a pobreza ainda afeta<br />

mais crianças e adolescentes do que outras camadas da<br />

socieda<strong>de</strong>.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

PANORAMA DE POLíTICAS GLOBAIS<br />

Europa<br />

A União Europeia está presente em todas as regiões<br />

<strong>de</strong> conflito, incluindo Iraque, Afeganistão, os territórios<br />

palestinos e as diferentes regiões da África.<br />

As operações <strong>de</strong> auxílio da União Europeia (UE) estão<br />

a cargo da ECHO, o setor específico da UE para ajuda<br />

humanitária, fundado em 1992 e que já atuou em mais<br />

<strong>de</strong> 100 países. Suas ativida<strong>de</strong>s refletem a proliferação <strong>de</strong><br />

crises graves em todo o mundo, a disposição da UE em<br />

fazer tarefas <strong>de</strong> subministro <strong>de</strong> equipes básicas e ajuda<br />

especializada às vitimas. O orçamento anual em média<br />

é <strong>de</strong> 700 milhões <strong>de</strong> euros.<br />

A i<strong>de</strong>ia principal da ECHO é salvar e conservar vidas,<br />

reduzir o sofrimento e proteger a integrida<strong>de</strong> e a dignida<strong>de</strong><br />

dos afetados. A ajuda dada varia, po<strong>de</strong>ndo ser<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> um cobertor, até alimentos, medicamentos, equipes<br />

médicas etc.<br />

O gráfico mostra como foi dividida ultimamente a<br />

quantida<strong>de</strong> da verba em continentes.<br />

Fonte: Activities of the European Union: http://europa.eu/pol/images/<br />

hum/overview-hum-1_en.jpg<br />

Ásia e Pacífico<br />

Em pleno século XXI, a América Latina enfrenta<br />

uma situação um tanto quanto peculiar. A posse <strong>de</strong> recursos<br />

naturais abundantes tem proporcionado ganhos<br />

consi<strong>de</strong>ráveis à região, visto que os preços no mercado<br />

internacional têm se tornado elevados <strong>de</strong>vido à gran-<br />

<strong>de</strong> procura, principalmente por commodities. Sendo<br />

assim, as previsões para o futuro possuem um quadro<br />

consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> otimização e ganhos consi<strong>de</strong>ráveis. Isto<br />

está ocorrendo em gran<strong>de</strong> parte por conta do aumento<br />

da <strong>de</strong>manda das economias emergentes da Ásia que,<br />

ao mesmo tempo, se apresentam como concorrentes<br />

constantes dos produtos latino-americanos.<br />

A experiência da Ásia com estruturas produtivas integradas<br />

fornece à América Latina um intenso <strong>de</strong>safio a<br />

superar e também mostra um exemplo a ser consi<strong>de</strong>rado,<br />

dado que o comércio regional <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> produção<br />

é caracterizado como um dos causadores do crescimento<br />

do PIB <strong>de</strong> maneira homogênea. A criação <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s<br />

em inúmeras áreas do comércio po<strong>de</strong> vir a ser<br />

uma razão econômica <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para o comércio<br />

regional latino-americano para fazer frente à concorrência<br />

asiática.<br />

O Banco Mundial <strong>de</strong>fine pobreza como sendo a falta<br />

<strong>de</strong> renda e, como limite, adota um dólar diário. Dessa<br />

forma, são consi<strong>de</strong>rados pobres 33% da população do<br />

mundo, ou seja, 1 bilhão e trezentos milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />

Quase a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>las, mais <strong>de</strong> 550 milhões, vive na<br />

Ásia meridional; 215 milhões, na África, ao sul do Saara,<br />

e 150 milhões, na América Latina.<br />

As <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s entre os países e os grupos pertencentes<br />

a cada um <strong>de</strong>les em diferentes regiões do mundo<br />

é um fator muito marcante e nas subdivisões da Ásia<br />

isto não é diferente. Apesar <strong>de</strong>, como foi dito, o PIB não<br />

ser um bom indicador para se <strong>de</strong>terminar o bem-estar<br />

social, é verda<strong>de</strong> que o mesmo indica diferenças significativas<br />

dos padrões <strong>de</strong> vida das pessoas no globo. Isto<br />

po<strong>de</strong> ser verificado como um exemplo das rendas per<br />

capita <strong>de</strong> 1999. Enquanto a renda per capita dos países<br />

do Sul Asiático era <strong>de</strong> apenas US$ 440, a dos países do<br />

Leste Asiático e Pacífico chegava a ser <strong>de</strong> US$ 1.000, e<br />

os da Ásia Central em torno <strong>de</strong> US$ 2.150. É importante<br />

<strong>de</strong>stacar a diferença que havia entre países do Norte e<br />

Sul: enquanto a renda per capita do Norte era <strong>de</strong> aproximadamente<br />

US$ 25.730, a do Sul (países em <strong>de</strong>senvolvimento)<br />

era <strong>de</strong> apenas US$ 1.240, uma discrepância mais<br />

do que visível.<br />

Em 1998, exatos 43% dos pobres no Sul, ou 522<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas, moravam no Sul Asiático, 24% ou<br />

291 milhões viviam na África Subsaariana e 23% ou 278<br />

milhões moravam no Leste Asiático ou Pacífico. Uma<br />

menor concentração se dava na Europa Oci<strong>de</strong>ntal, Ásia<br />

41


Central e Oriente Médio. A concentração <strong>de</strong> pessoas<br />

pobres se encontra em maior número no Sul da Ásia<br />

exatamente por lá haver a maior porcentagem populacional<br />

do mundo, incluindo países como Índia,<br />

Paquistão e Indonésia. Há também uma porcentagem<br />

consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> pessoas no Leste Asiático, dado<br />

o exemplo da China, entretanto nesta região há um<br />

índice menor <strong>de</strong> pessoas que vivem com cerca <strong>de</strong><br />

um dólar por dia. É também no Sul da Ásia e na África<br />

Subsaariana que há o registro dos piores indicadores<br />

sociais do mundo, como por exemplo, expextativa <strong>de</strong><br />

vida, educação feminina, má nutrição infantil e mortalida<strong>de</strong><br />

infantil (indicadores sociais chaves).<br />

África Subsaariana<br />

Como já fora explanado, quase todas as pessoas<br />

pobres que vivem com menos <strong>de</strong> um dólar por dia<br />

estão concentradas no Sul e a maior incidência regional<br />

é verificada na África Subsaariana com 46% da<br />

população em estado crítico <strong>de</strong> sobrevivência (290,9<br />

milhões <strong>de</strong> pobres – pobreza absoluta registrada em<br />

1998).<br />

É importante notar que estes dados coletados<br />

pelo Banco Mundial não levaram em conta a diferença<br />

existente entre as próprias regiões. Ao utilizar as<br />

informações sobre pobreza nacional, verificou-se que<br />

a incidência da pobreza em Gana era <strong>de</strong> aproximadamente<br />

29%, já na Nigéria era <strong>de</strong> 65%. Realizando uma<br />

divisão mais minuciosa, através dos critérios nacionais,<br />

verificou-se que 10,8% da população (1998) representavam<br />

estado <strong>de</strong> pobreza relativa. As <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<br />

também são expressas em gran<strong>de</strong>s proporções<br />

na África Subsaariana, principalmente em regiões<br />

mais prósperas como a África do Sul, na qual 10% da<br />

população, em 1998, <strong>de</strong>tinha 46% do total da renda.<br />

Segundo o Programa das Nações Unidas para o<br />

Desenvolvimento (2000), a África po<strong>de</strong> vir a ser um<br />

exemplo <strong>de</strong> que as condições em muito pioraram.<br />

Um fato ainda constrastante é que o número <strong>de</strong> pessoas<br />

pobres na África Subsaariana aumentou, <strong>de</strong>vido<br />

em gran<strong>de</strong> parte às guerras endêmicas e aos conflitos<br />

internos. Mais refugiados surgiram e pessoas <strong>de</strong>slocadas;<br />

ativida<strong>de</strong>s criminosas como o tráfico <strong>de</strong> drogas<br />

e prostituição ganharam espaço e se difundiram. Um<br />

outro exemplo prático <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong>ira matança e<br />

negação <strong>de</strong> direitos fundamentais dos cidadãos diz<br />

respeito à disseminação da AIDS. Em 1999, 5 milhões<br />

42<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

<strong>de</strong> pessoas foram infectadas com o HIV e mais <strong>de</strong> 20 milhões<br />

tiveram redução da expectativa <strong>de</strong> vida por causa<br />

<strong>de</strong>ssa doença.<br />

Oriente Médio<br />

Des<strong>de</strong> o fim da Segunda Guerra Mundial, a região do<br />

Oriente Médio tem enfrentado momentos <strong>de</strong> uma relativa<br />

paz armada e tolerância em meio a conflitos, como a<br />

Guerra do Golfo, Guerra do Iraque, a disputa árbe-israelense<br />

e o programa <strong>de</strong> enriquecimento <strong>de</strong> urânio iraniano.<br />

A gran<strong>de</strong> diferença da pobreza característica <strong>de</strong>sta região<br />

é que ela se distribui. Mencionando dados coletados<br />

em 2001 pelo Banco Mundial no ano <strong>de</strong> 1998, 10,8% da<br />

população se encontrava abaixo da linha da pobreza. Menos<br />

<strong>de</strong> 1% dos pobres do mundo estava concentrado no<br />

Oriente Médio e no Norte da África.<br />

Porém, o que ocorre nestas regiões é o mesmo caso<br />

da América Latina: gran<strong>de</strong> parte da população não se encontra<br />

na linha <strong>de</strong> porbreza extrema, mas sim da pobreza<br />

relativa. Nestes aspectos, a má distribuição <strong>de</strong> renda nos<br />

países da Améica Latina chega a ser um dos pontos centrais<br />

da continuida<strong>de</strong> da pobreza relativa. O petróleo é a<br />

máquina que impulsiona a região e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> praticamente<br />

se origina a maior parte da renda. Juntamente com<br />

esta fonte <strong>de</strong> riqueza, há inúmeros conflitos internos e externos,<br />

nos quais a região está mergulhada, o que acaba<br />

por disseminar má qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e não cumprimento<br />

dos direitos básicos dos cidadãos, aqui se coloca principalmente<br />

o crime contra a vida.<br />

As projeções do Banco Mundial não são animadoras: o<br />

número <strong>de</strong> pobres só ten<strong>de</strong> a aumentar na região, apesar<br />

<strong>de</strong> haver uma quantida<strong>de</strong> menor <strong>de</strong> pobres se comparada<br />

com outras regiões do globo, os intensos conflitos e o<br />

aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conflitos sociais em toda a região.<br />

A intervenção dos Estados Unidos vem dificultando<br />

ainda mais os embates, vi<strong>de</strong> as guerras do Afeganistão e<br />

Iraque e o apoio a Israel na luta pela Palestina.<br />

Leste Europeu e CEI<br />

Mesmo com poucas pessoas ganhando menos <strong>de</strong> dois<br />

dólares por dia na Europa, nos Estados Unidos e em outras<br />

nações industrializadas, a pobreza segue sendo consi<strong>de</strong>rada<br />

um problema. Nos Estados Unidos, por exemplo,


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

aproximadamente 12% da população vivia abaixo da<br />

linha da pobreza em 1998, o que representava 32 milhões<br />

<strong>de</strong> pessoas, população aproximadamente igual<br />

à do estado da Califórnia, maior estado do país. Como<br />

dito, a verda<strong>de</strong> é que para se <strong>de</strong>scobrir índices reais é<br />

preciso averiguar critérios nacionais.<br />

A <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> riqueza são fatores<br />

que se alastraram <strong>de</strong> forma significativa. A <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

do progresso social 8 é marcada em algumas regiões<br />

do globo, em <strong>de</strong>staque aqui o Leste Europeu. A taxa<br />

<strong>de</strong> pobreza absoluta no Leste Europeu, assim como na<br />

Ásia Central, em muito se difundiu e se expandiu <strong>de</strong>vido<br />

à queda da União Soviética, evento que teve consequências<br />

negativas em várias etapas da vida social, como<br />

a expectativa <strong>de</strong> vida, acesso à escolarida<strong>de</strong>, níveis <strong>de</strong><br />

renda etc.<br />

OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento<br />

Econômico)<br />

A OCDE é composta <strong>de</strong> países comprometidos com<br />

a <strong>de</strong>mocracia e o mercado econômico <strong>de</strong> todo o mundo<br />

para:<br />

• apoiar o crescimento econômico sustentável;<br />

• fomentar o emprego;<br />

• melhorar o padrão e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida;<br />

• adquirir e presevar a estabilida<strong>de</strong> financeira;<br />

• acompanhar e assistir ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

eco- nômico <strong>de</strong> outros países;<br />

• contribuir para o crescimento e <strong>de</strong>senvolvimen-<br />

to do comércio como um todo.<br />

O combate à pobreza e à exclusão social continuam<br />

sendo priorida<strong>de</strong> na agenda <strong>de</strong> todos os países pertencentes<br />

ou não à OCDE. Entretando, para que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

individual e também social possa ser fomentado<br />

é preciso muito mais do que isso. Assuntos que vão<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, normas e regras trabalhistas, saú<strong>de</strong>,<br />

família, igualda<strong>de</strong> sexual a necessida<strong>de</strong>s educacionais e<br />

envelhecimento da população, precisam ser caracterizados<br />

por medidas <strong>de</strong> longo prazo e permanentes, para<br />

que possa haver resultados expansivos do bem-estar e<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos indivíduos.<br />

A organização é dotada <strong>de</strong> um ambiente on<strong>de</strong><br />

os governos discutem, comparam experiências, buscam<br />

soluções para problemas comuns, con<strong>de</strong>nam práticas<br />

discriminatórias e coor<strong>de</strong>nam políticas nacionais e<br />

internacionais.<br />

PONDERAÇÕES<br />

Após a apresentação do contexto histórico e da <strong>de</strong>finição<br />

do problema, alguns pontos po<strong>de</strong>m aqui ser<br />

apresentados como indispensáveis para a discussão da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturação nacional e busca <strong>de</strong> medidas<br />

<strong>de</strong> cooperação para o alcance do pleno <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

através do enfoque em estruturas sociais vulnerabilizantes<br />

na América Latina e Caribe:<br />

- A gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos na América Latina<br />

e Caribe vivendo em níves <strong>de</strong> pobreza relativa e a<br />

má distribuição <strong>de</strong> renda verificada na região, impedindo<br />

o real cumprimento do bem-estar social e qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida para todos.<br />

- A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realocar e direcionar o Estado<br />

como agente principal para o combate a problemas<br />

<strong>de</strong> múltiplos planos sociais, como pobreza, exclusão e<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> sociais, <strong>de</strong>semprego, condições mínimas<br />

<strong>de</strong> sobreviência, entre outros; o papel do Estado é o <strong>de</strong><br />

proporcionar bem-estar e melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida aos<br />

cidadãos, cabe então a ele criar um ambiente propício<br />

para que estes direitos possam ser caracterizados. O<br />

não cumprimento das questões sociais <strong>de</strong> forma plena<br />

impe<strong>de</strong> o total e verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>senvolvimento da nação,<br />

resultando em questões <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social.<br />

- Medidas para fortalecer a cooperação não apenas<br />

regional, mas global visando minimizar os efeitos das<br />

vulnerabilida<strong>de</strong>s sociais, criar meios a<strong>de</strong>quados para o<br />

convívio social e atingir o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> forma<br />

sustentável em todos os territórios. Projetos sociais, parcerias<br />

políticas e também o próprio fomento dos fatores<br />

econômicos são alguns dos exemplos que aqui po<strong>de</strong>m<br />

ser levantados.<br />

- A América Latina e o Caribe possuem níveis diversos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, impedindo assim que esta parcela<br />

<strong>de</strong> países do continente americano possa absorver<br />

<strong>de</strong> forma total os benefícios da relação <strong>de</strong> fomento dos<br />

campos econômico, político e social entre as nações<br />

43


soberanas. Sendo assim, o <strong>de</strong>senvolvimento em cada Estado<br />

<strong>de</strong>sta região do continente americano caminha em<br />

níveis diferentes, impedindo assim o real progresso da<br />

região no combate aos ainda existentes precários índices<br />

no âmbito social e a aquisição <strong>de</strong> benefícios econômicos<br />

e políticos.<br />

- A questão econômica até meados da década <strong>de</strong> 1990<br />

era o objetivo primordial <strong>de</strong> todos os países, entretando o<br />

aprimoramento econômico sem o apoio dos quesitos sociais<br />

passou a ser combatido por nações que <strong>de</strong>sejavam<br />

se <strong>de</strong>senvolver. E, embora possa ter havido intenção <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixar isto claro na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> cenários futuros, a verda<strong>de</strong><br />

é que a importância das questões sociais não foi, <strong>de</strong><br />

forma eficaz, trabalhada com o intuito <strong>de</strong> proporcionar<br />

melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida aos cidadãos e gerações futuras.<br />

Para que os fatores sociais possam ser estabelecidos<br />

<strong>de</strong> forma plena, são necessários tempo, altos investimentos<br />

e constante fiscalização dos métodos utilizados.<br />

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NOTAS ExPLICATIVAS<br />

1 O presente trabalho tem como principal referência bibliográfica o en<strong>de</strong>reço<br />

eletrônico oficial da Comissão para América Latina e o Caribe (Cepal),<br />

sendo parte <strong>de</strong> seu texto traduzido livremente pelos Diretores <strong>de</strong>ste Comitê.<br />

2 Nascido em 1901 na Argentina, Raúl Prebisch, foi um dos fundadores e<br />

presi<strong>de</strong>nte da Cepal, como também participou da Comissão das Nações<br />

Unidas para a América Latina (UNCLA) e também da UNCTAD. É reconhecido<br />

também por ter <strong>de</strong>senvolvidado a “<strong>de</strong>pendência” na tese da teoria do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico.<br />

3 A inflação inercial é <strong>de</strong>terminada pela <strong>de</strong>nominada “memória inflacionária”,<br />

na qual a inflação atual é caracterizada pela inflação passada mais a<br />

expectativa da inflação futura. Esta memória ou inércia inflacionária é então<br />

representada pela resistência que os preços <strong>de</strong> uma economia exercem<br />

contra as políticas <strong>de</strong> estabilização que possuem como alvo causas<br />

primárias. A inflação passa a ser <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>xação e<br />

não <strong>de</strong> sua própria aceleração. A in<strong>de</strong>xação funciona como um reajuste <strong>de</strong><br />

preços pelos índices <strong>de</strong> inflação passados.<br />

4 Como <strong>de</strong>staca Dozer, isto é <strong>de</strong>scrito <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> portugueses e espanhóis<br />

estarem interessados, primeiramente, em alcançar meios para afetar<br />

o monopólio italiano tendo como objetivo inicial alcance ao comércio<br />

oriental.<br />

5 Caudilhismo faz menção ao exercício <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r político que ganha corpo<br />

através do agrupamento <strong>de</strong> indivíduos em torno <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque.<br />

Estes (caudilhos) normalmente são li<strong>de</strong>ranças políticas carismáticas e que<br />

baseiam suas ações em setores tradicionais da socieda<strong>de</strong>.<br />

6 As políticas keynesianas ganharam espaço por volta <strong>de</strong> 1930, período<br />

em que o capitalismo atravessava uma <strong>de</strong> suas mais graves crises (crise <strong>de</strong><br />

1929) e em que o liberalismo econômico clássico (i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico das nações não po<strong>de</strong>ria ser gerido pela intervenção<br />

estatal) imperavam. Através <strong>de</strong> uma revisão da teoria <strong>de</strong> Adam Smith, Keynes<br />

acreditava que o Estado <strong>de</strong>veria ser o responsável por conter qualquer<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio na economia.<br />

7 Após o esgotamento do mo<strong>de</strong>lo baseado na pauta agroexportador, <strong>de</strong>vido<br />

em gran<strong>de</strong> parte a crise <strong>de</strong> 1929, países da América Latina iniciaram<br />

um intenso método <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> suas importações (mo<strong>de</strong>lo ISI), uma<br />

vez que não podiam contar mais com os produtos estrangeiros por conta<br />

da <strong>de</strong>pressão inciada. O mo<strong>de</strong>lo ISI representou um gran<strong>de</strong> salto industrial<br />

para a região e também para a pauta <strong>de</strong> importação, que passou a ser <strong>de</strong><br />

produtos para abastecimento da industrial nacional. O Estado possuiu um<br />

papel <strong>de</strong> extrema importância nesta etapa, gerenciado e planejando os<br />

novos processos industriais. O mo<strong>de</strong>lo perpetuaou-se até 1970, quando<br />

problemas internos, crises externas e aumento das taxas <strong>de</strong> juros internacionais<br />

colocaram fim ao este novo <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

8 O termo <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> do progresso social utilizado pelos autores faz<br />

menção ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dos fatores sociais, ou seja, cria-<br />

-se condições <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> para alguns e privações contantes para outros<br />

muitos.<br />

45


O AVANÇO PETROLíFERO NO âMBITO DA<br />

GUERRA CIVIL: A QUESTÃO DA NIGéRIA


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Delegados,<br />

É com gran<strong>de</strong> entusiasmo que apresentaremos um tema muitas vezes esquecido, porém <strong>de</strong><br />

extrema importância no Conselho <strong>de</strong> Segurança. Constantemente nas agendas e <strong>de</strong>bates dos<br />

organismos internacionais, o petróleo se mostra como uma das gran<strong>de</strong>s cobiças do homem<br />

na atualida<strong>de</strong> e é por isso que a questão do petróleo na Nigéria será o foco <strong>de</strong> discussão <strong>de</strong>ste<br />

comitê.<br />

O Conselho <strong>de</strong> Segurança das Nações Unidas (CSNU) será dirigido por Beatriz Ahualle, aluna<br />

do quinto semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais. Ela iniciou seu histórico <strong>de</strong>ntro do Fórum FAAP<br />

em 2007, como <strong>de</strong>legada da Organização Mundial <strong>de</strong> Comércio (OMC), na terceira edição do<br />

evento, e, em 2008, do Comitê <strong>de</strong> Desarmamento e Segurança Internacional (DSI). No ano seguinte,<br />

foi voluntária <strong>de</strong> Comunicação, on<strong>de</strong> pô<strong>de</strong> expandir seus conhecimentos da parte administrativa<br />

do evento. Em 2010, foi diretora adjunta do Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos (CDH),<br />

no qual se <strong>de</strong>bateu a questão da Caxemira, os problemas por ela enfrentados quanto à divisão<br />

<strong>de</strong> seu território e toda a violação dos direitos humanos que o povo caxemirense sofre. Com<br />

uma gran<strong>de</strong> soma <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los já realizados, pô<strong>de</strong> comprovar que a cada um adquiriu novos<br />

conhecimentos e aprendizados, não só na vida profissional, mas, principalmente, na pessoal,<br />

tendo a certeza <strong>de</strong> que não será diferente no Conselho <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong>ste VII Fórum FAAP.<br />

Amanda Thamer Butros está cursando o terceiro semestre da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito e iniciou<br />

sua experiência com o Fórum FAAP em 2009, como <strong>de</strong>legada do International Monetary Fund<br />

(IMF). Neste mesmo ano, participou do I Fórum FAAP Júris, obtendo a classificação <strong>de</strong> segundo<br />

lugar na Organização Mundial <strong>de</strong> Comércio. Em 2010, trabalhou como voluntária acadêmica<br />

do Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos no VI Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil.<br />

Guilherme Ferraz Callegaretti está cursando o terceiro semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais<br />

e esta é a primeira vez que participa do evento, mas com muito entusiasmo, estando apto a<br />

realizar os trabalhos do comitê com excelência.<br />

O tema O avanço petrolífero em tempos <strong>de</strong> guerra civil: a questão da Nigéria foi escolhido em<br />

<strong>de</strong>corrência da atenção urgida por um país que sofre com uma guerra civil violenta, a qual nos<br />

últimos anos tem <strong>de</strong>ixado muitos mortos e feridos, e que vê sua economia ameaçada pelos<br />

ataques a sua infraestrutura petrolífera. Com um número significativo <strong>de</strong> empresas estrangeiras<br />

no setor, a Nigéria clama por uma solução do Conselho <strong>de</strong> Segurança para que tal conflito<br />

seja solucionado e tais ataques cessem, protegendo, assim, não só sua economia, como a <strong>de</strong><br />

todos os países com os quais estabelece relações comerciais envolvendo petróleo. Contamos<br />

com os senhores para ajudar a solucionar um problema <strong>de</strong> tal importância e <strong>de</strong>cidir o futuro<br />

dos nigerianos.<br />

Amanda Thamer Butros, Beatriz Ahualle e Guilherme Ferraz Callegaretti<br />

Diretores acadêmicos<br />

47


INTRODUÇÃO<br />

Depois <strong>de</strong> sofrer com duas gran<strong>de</strong>s guerras, o mundo<br />

via a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um organismo que lhes possibilitasse<br />

discutir sobre a segurança das nações. Neste<br />

contexto foi criado o Conselho <strong>de</strong> Segurança (CS),<br />

órgão pertencente à Organização das Nações Unidas<br />

(ONU) que tem como foco a manutenção da paz e da<br />

segurança internacionais. Em suas reuniões <strong>de</strong>bate-se<br />

acerca dos possíveis conflitos <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> situações<br />

preocupantes para a comunida<strong>de</strong> internacional.<br />

Apresentado como o continente mais preocupante<br />

para a ONU, a África possui gran<strong>de</strong>s problemas no âmbito<br />

<strong>de</strong> atuação do CS. Apesar <strong>de</strong> problemáticas, como<br />

a fome e a pobreza, é gran<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> países que<br />

enfrentam conflitos internos, que po<strong>de</strong>m afetar outros<br />

países, como é o caso da Nigéria, que especificaremos<br />

nas páginas subsequentes.<br />

Território que já abrigou diversos povos no <strong>de</strong>correr<br />

<strong>de</strong> sua história, a Nigéria atualmente é habitada por 150<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas divididas em 250 etnias, fato que<br />

ocasiona uma gran<strong>de</strong> turbulência local. Não se trata só<br />

<strong>de</strong> religião. O país enfrenta uma instabilida<strong>de</strong> política há<br />

cerca <strong>de</strong> 50 anos em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> uma guerra civil,<br />

envolvendo diferentes partidos e grupos opositores.<br />

Gran<strong>de</strong> parte do problema se associa ao setor petrolífero,<br />

o mais importante da economia nigeriana. São<br />

gran<strong>de</strong>s os investimentos estrangeiros, principalmente<br />

<strong>de</strong> China e Estados Unidos, sendo que o país ocupa a<br />

nona posição no ranking mundial <strong>de</strong> maiores produtores<br />

<strong>de</strong> petróleo, além <strong>de</strong> ser o maior produtor e exportador<br />

no continente africano.<br />

Tais investidores acabam por influenciar nas <strong>de</strong>cisões<br />

locais, causando revolta <strong>de</strong> grupos militantes, com<br />

<strong>de</strong>staque para o Movimento <strong>de</strong> Emancipação do Delta<br />

do Níger (MEND). Este grupo vem realizando diversos<br />

ataques às bases <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> petróleo em todo o<br />

território nigeriano, causando mortes e um incalculável<br />

prejuízo, não só à Nigéria, mas a todos os países relacionados<br />

ao setor.<br />

Além dos ataques, outro evento que preocupa as autorida<strong>de</strong>s<br />

internacionais são os vazamentos <strong>de</strong> petróleo<br />

no Delta do Níger. Estes, que vem ocorrendo em gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong>, têm por consequência a extinção da vida<br />

48<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

<strong>de</strong> animais e plantações no oceano, as manchas nas<br />

águas e uma <strong>de</strong>cadência da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população.<br />

A <strong>de</strong>gradação ecológica como um todo afeta<br />

ainda o país, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fortemente da sua agricultura<br />

para a alimentação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da população, e<br />

que hoje vê suas águas poluídas e suas terras inférteis.<br />

A Nigéria necessita que medidas sejam tomadas<br />

pelo Conselho <strong>de</strong> Segurança, para que os ataques cessem<br />

e a paz seja estabelecida no país, acreditando que<br />

só assim po<strong>de</strong>rá se <strong>de</strong>senvolver economicamente baseada<br />

no aumento dos níveis <strong>de</strong> exportação do petróleo.<br />

A população precisa ser protegida e o equilíbrio <strong>de</strong> interesses<br />

<strong>de</strong>ve ser finalmente alcançado para conter as<br />

disputas internas.<br />

HISTóRICO DO COMITê<br />

Para se enten<strong>de</strong>r a criação do Conselho <strong>de</strong> Segurança<br />

das Nações Unidas (CSNU), <strong>de</strong>ve-se antes enten<strong>de</strong>r o<br />

contexto histórico no qual o mundo se encontrava após<br />

a Segunda Guerra Mundial. Antes da criação do CSNU,<br />

um organismo <strong>de</strong>nominado Conselho <strong>de</strong> Segurança<br />

da Liga das Nações já visava a importância <strong>de</strong> um mecanismo<br />

<strong>de</strong> segurança coletiva. Todavia, este continha<br />

inúmeras falhas, havendo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar um<br />

novo organismo com o mesmo objetivo do anterior, porém,<br />

sem os mesmos erros.<br />

Devido às razões supracitadas, o Conselho <strong>de</strong> Segurança<br />

das Nações Unidas foi fundado através do artigo<br />

<strong>de</strong> número 7 da Carta das Nações Unidas, em 1945. De<br />

acordo com o capítulo V, o Conselho <strong>de</strong> Segurança da<br />

Carta das Nações Unidas é um órgão restrito da Organização<br />

das Nações Unidas, e tem como responsabilida<strong>de</strong><br />

principal a manutenção da paz e da segurança internacionais,<br />

além <strong>de</strong> investigar qualquer disputa ou situação<br />

que possa levar a um conflito internacional e recomendar<br />

métodos <strong>de</strong> ajustamento para tais disputas.<br />

Objetivando a melhor representação das potências<br />

mundiais, o CS foi formado por cinco membros permanentes,<br />

sendo eles: China, França, Reino Unido, Estados<br />

Unidos da América e União das Repúblicas Socialistas<br />

Soviéticas (URSS, Rússia nos dias atuais). A escolha <strong>de</strong>stes<br />

países está baseada no cenário pós-Segunda Guerra<br />

Mundial, da qual saíram vitoriosos.


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Outro aspecto a ser consi<strong>de</strong>rado é o fato <strong>de</strong> estes<br />

cinco membros serem os únicos países com permissão<br />

para possuir armas nucleares, segundo o Tratado<br />

da Não Proliferação Nuclear (TNP). Além disso, estas<br />

nações possuem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> veto, sendo que qualquer<br />

votação não procedimental precisa da aprovação<br />

unânime dos cinco membros, ou seja, se algum<br />

<strong>de</strong>stes votar contra uma cláusula ou resolução, esta<br />

automaticamente não será aprovada.<br />

Após a Segunda Guerra Mundial e a criação da<br />

ONU, o mundo vivia sob uma lógica bipolar, <strong>de</strong>nominada<br />

Guerra Fria. Mesmo assim, em 1965 foi <strong>de</strong>ferida<br />

a Emenda 1991 à Carta das Nações Unidas, que<br />

<strong>de</strong>terminava um aumento <strong>de</strong> seis para <strong>de</strong>z membros<br />

rotativos, respeitando uma distribuição geográfica e<br />

equitativa. Ou seja, <strong>de</strong>veria haver três países representando<br />

o continente africano, dois da Ásia, dois da<br />

América Latina e dois da Europa Oci<strong>de</strong>ntal e Europa<br />

Oriental.<br />

Sendo assim, a composição atual do CS é completa<br />

com os membros não permanentes, escolhidos<br />

pela Assembleia Geral, e que permanecem durante<br />

um período <strong>de</strong> dois anos, sendo meta<strong>de</strong> das ca<strong>de</strong>iras<br />

alteradas anualmente. As seções <strong>de</strong>ste ano serão<br />

compostas pelos membros: África do Sul, Alemanha,<br />

Bósnia-Herzegovina, Brasil, Colômbia, Gabão, Índia,<br />

Líbano, Nigéria e Portugal.<br />

A presidência do Conselho <strong>de</strong> Segurança também<br />

tem caráter rotativo, alternando em turnos com duração<br />

<strong>de</strong> um mês, <strong>de</strong>ntre seus estados membros, e que<br />

são <strong>de</strong>finidos por or<strong>de</strong>m alfabética, na língua inglesa.<br />

Se algum <strong>de</strong>stes violar os princípios presentes na Carta<br />

das Nações Unidas, o Conselho, através da Assembleia<br />

Geral, tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> recomendar a suspensão<br />

ou até mesmo a expulsão do membro do comitê.<br />

O CS é um dos principais órgãos da ONU, possuindo<br />

caráter mandatório, o que significa que tem a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>nar aos estados-membros e às instituições.<br />

Sua principal função é a <strong>de</strong> manter a paz e<br />

segurança internacionais, investigando, recomendando<br />

ou mediando, a fim <strong>de</strong> interferir nos conflitos entre<br />

países, objetivando encontrar um acordo <strong>de</strong> paz entre<br />

os envolvidos, tendo em vista o bem-estar <strong>de</strong> suas respectivas<br />

populações. É também responsável por autorizar<br />

o uso da força, através do envio <strong>de</strong> operações<br />

militares para manter a paz, por exemplo, mandando<br />

cessar fogo no caso <strong>de</strong> uma guerra ou então impondo<br />

sanções econômicas ou embargos militares.<br />

Uma resolução do Conselho <strong>de</strong> Segurança é aprovada<br />

se tiver maioria <strong>de</strong> nove dos quinze membros, inclusive<br />

os cinco membros permanentes. Um voto negativo <strong>de</strong><br />

um membro permanente configura um veto à resolução.<br />

A abstenção <strong>de</strong> um membro permanente não configura<br />

veto.<br />

Além dos quinze membros oficiais, o CS contará com<br />

um membro observador, o qual não possui voto nas resoluções<br />

do comitê, mas cuja presença é <strong>de</strong> extrema importância<br />

para o <strong>de</strong>senvolver das discussões acerca do<br />

conflito abordado.<br />

HISTóRICO DO PROBLEMA<br />

O território on<strong>de</strong> hoje se situa a Nigéria acolheu, no<br />

período entre os séculos XV e XVII, dois gran<strong>de</strong>s reinos:<br />

Oyo a sudoeste e Benin a su<strong>de</strong>ste. Tais domínios se <strong>de</strong>stacam<br />

na história nigeriana por terem estabelecido sistemas<br />

com base organizacional política pela primeira vez<br />

na região. Posteriormente, foram estabelecidos portos<br />

costeiros por comerciantes <strong>de</strong> origem europeia, que visavam<br />

o aumento do tráfico <strong>de</strong> escravos. Com isso, passaram<br />

a competir fortemente com os árabes no comércio<br />

<strong>de</strong>stes para as Américas.<br />

A partir do século XIX, o comércio toma um novo<br />

rumo: as commodities (que significa mercadorias e são<br />

utilizadas em transações comerciais). Usman dan Fodio,<br />

mestre religioso, escritor e fundador do califado <strong>de</strong> Sokoto,<br />

une o território sob influência do império islâmico,<br />

tendo muito <strong>de</strong> sua cultura e <strong>de</strong> seus costumes sufocados<br />

pela imposição do Islã arabo-centrista antipoliteísta. Foi<br />

nessa época que o comércio <strong>de</strong> escravos foi proibido. A<br />

Inglaterra dominava a bacia do rio Níger.<br />

Tal processo <strong>de</strong> dominação teve início com George<br />

T. Goldie, um comerciante da região do baixo Níger, que<br />

criou em 1879 a Companhia Unida da África, da qual viriam<br />

a participar outros comerciantes britânicos daquela<br />

região, objetivando controlar o rio local. Em 1886, a Companhia<br />

foi renomeada para Companhia Real do Níger,<br />

com autorização e proteção britânica para tomar posse<br />

da região. A companhia realizou tratados com tribos vizinhas<br />

para administrá-las e, assim, aumentar o seu po<strong>de</strong>r,<br />

criando novos postos <strong>de</strong> comércio.<br />

49


Os territórios possuídos eram <strong>de</strong>stinados à produção<br />

<strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> palma, bebidas alcoólicas e roupas, já que a<br />

companhia cobrava altas taxas sobre produtos importados.<br />

Dessa forma, os nativos não comprariam produtos<br />

<strong>de</strong> outros países concorrentes da Coroa Britânica.<br />

A Companhia Real do Níger foi importante para fazer<br />

frente às colônias francesas e alemãs, aumentando o<br />

po<strong>de</strong>r britânico na região.<br />

Cinco anos <strong>de</strong>pois a Nigéria torna-se protetorado<br />

britânico e, em 1914, colônia da mesma.<br />

50<br />

(...) <strong>de</strong>pois da guerra, as nações europeias passaram a<br />

elaborar projetos para o <strong>de</strong>senvolvimento das colônias (...).<br />

No entanto, logo ficou evi<strong>de</strong>nte que esses projetos estavam<br />

<strong>de</strong>stinados a permanecerem sob controle europeu, e que não<br />

haveria gran<strong>de</strong>s oportunida<strong>de</strong>s para os africanos. O resultado<br />

foi um gran<strong>de</strong> sentimento <strong>de</strong> frustração (...)<br />

Já no século XX, após anos sob dominação e duas<br />

gran<strong>de</strong>s guerras, o nacionalismo nigeriano teve um<br />

crescimento acelerado, fazendo com que a Inglaterra<br />

iniciasse uma transição para um governo <strong>de</strong> base fe<strong>de</strong>ral<br />

próprio. A aceitação britânica da in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

Gana influenciou diversos movimentos <strong>de</strong> emancipação<br />

pela África Oci<strong>de</strong>ntal, <strong>de</strong>ntre eles na Nigéria, a qual<br />

tinha um agravante <strong>de</strong>vido à extensão <strong>de</strong> seu território.<br />

Em 11 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1959 todos os homens nigerianos<br />

acima dos 21 anos votaram na nova Legislatura<br />

Fe<strong>de</strong>ral, quando três principais partidos concorreram<br />

nas eleições. Na Nigéria do Norte se <strong>de</strong>stacava o apoio<br />

britânico à aristocracia tradicional muçulmana através<br />

do Congresso Popular do Norte (CPN), partido conservador<br />

li<strong>de</strong>rado por Sardauna <strong>de</strong> Sokoto, do Norte. Já na<br />

do Sul havia a disputa pela hegemonia entre o Conselho<br />

Nacional da Nigéria e Camarões (CNNC), li<strong>de</strong>rado pelo<br />

médico Nnamdi Azikiwé, do Leste, e o Grupo <strong>de</strong> Ação,<br />

pelo professor Obafemi Awolowo, premier do Oeste.<br />

Os partidos, por acreditarem que a centralização<br />

<strong>de</strong>sestabilizaria todo o país, optaram pela formação<br />

<strong>de</strong> uma fe<strong>de</strong>ração, na qual haveria administrações regionais.<br />

Na assembleia, o CPN ganhou 142 ca<strong>de</strong>iras, o<br />

CNNC 89 e o Grupo da Ação 72, e 9 ca<strong>de</strong>iras foram ocupadas<br />

por pequenos partidos e candidatos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

Um novo gabinete foi então formado com 10<br />

ministros do CPN e 7 ministros do CNNC.<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

A aliança entre a CPN e o CNCC fez com que a Inglaterra<br />

reconhecesse, em 1960, a Nigéria como in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Porém, a emancipação não ocasionou a total<br />

estabilida<strong>de</strong> da região.<br />

O CNCC esperava (...) um aumento do seu po<strong>de</strong>r em todo<br />

o país. No entanto, para o CPN isto constituía uma ação tática<br />

<strong>de</strong>stinada a dominar o sul e a impedir os seus dinâmicos emigrantes<br />

<strong>de</strong> perturbar a socieda<strong>de</strong> do norte. (...) O resultado<br />

foi a corrupção, ineficácia e procedimentos intoleráveis (...)<br />

Nos seis anos posteriores, diferentes grupos militares<br />

realizaram dois golpes sucessivos, levando o país a um<br />

período <strong>de</strong> ditadura militar. Um <strong>de</strong>les, tentando ampliar<br />

o seu po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>cretou a in<strong>de</strong>pendência da República <strong>de</strong><br />

Biafra, estado localizado ao sul do país, o qual foi in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1967 a janeiro <strong>de</strong> 1970. O fato <strong>de</strong>u<br />

início a uma guerra civil que teve por resultado a <strong>de</strong>rrota<br />

do grupo.<br />

A década <strong>de</strong> 1970 é registrada na história do país<br />

como sendo uma das mais turbulentas. No âmbito econômico,<br />

a Nigéria se enriquecia por conta <strong>de</strong> suas riquezas<br />

naturais, principalmente o petróleo, porém, <strong>de</strong>vido<br />

à corrupção, quase toda a riqueza ficava nas mãos<br />

<strong>de</strong> terceiros e <strong>de</strong>vido a este fato, o petróleo teve uma<br />

<strong>de</strong>svalorização <strong>de</strong> 75%, levando a economia nigeriana<br />

a uma situação crítica. No âmbito político, um golpe<br />

político em 1975 marca a volta do controle civil com a<br />

ascensão <strong>de</strong> Murtala Ramat Mohammed ao po<strong>de</strong>r. No<br />

entanto Mohammed foi morto pouco tempo <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> tomar posse, tendo Olusegun Obasanjo como seu<br />

sucessor. Dois anos <strong>de</strong>pois, foi promulgada uma nova<br />

constituição e, em 1979, Shehu Shagari vence as eleições<br />

pelo Partido Nacional.<br />

O novo governo marca o início da Segunda República<br />

da Nigéria. Regida pela segunda constituição do país,<br />

perdurou até 1983, quando Shagari recebe acusações<br />

por parte do lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma nova rebelião, general Muhmmadu<br />

Muhari. Incriminado por corrupção e incapacida<strong>de</strong><br />

quanto à intervenção militar, o presi<strong>de</strong>nte foi con<strong>de</strong>nado<br />

à prisão domiciliar. Tal golpe causa o retorno<br />

do domínio militar sobre o país, <strong>de</strong>finindo como órgão<br />

regulamentador nigeriano o Supremo Conselho Militar.<br />

Ainda no começo dos anos 80, com a baixa nos preços<br />

dos produtos exportados e alta nos importados,<br />

um gran<strong>de</strong> déficit econômico <strong>de</strong>sacelera o crescimento


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

econômico. Entre 1973 e 1981, a Nigéria viveu o auge<br />

<strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> industrialização, e acumulou 90<br />

bilhões <strong>de</strong> dólares vindos do petróleo, fato que ocultou<br />

a <strong>de</strong>ficiência do câmbio e insuficiência fiscal. O<br />

foco do governo do General Buhari (1984-1985) e <strong>de</strong><br />

seus sucessores era a industrialização e a urbanização<br />

do país, objetivo que persiste até os dias atuais.<br />

Entretanto, os gastos do governo voltados aos diferentes<br />

Planos Nacionais <strong>de</strong> Desenvolvimento quadruplicaram,<br />

tendo o setor público um aumento <strong>de</strong><br />

gastos que representaram cerca <strong>de</strong> 50% do PIB, além<br />

<strong>de</strong> preencherem 70% dos empregos do país. Esta expansão<br />

da contribuição do setor público foi resultado,<br />

principalmente, da prestação <strong>de</strong> serviços e infraestrutura<br />

e do pagamento <strong>de</strong> vencimentos e salários.<br />

Tal crise econômica teve como consequência a<br />

criação do Programa <strong>de</strong> Ajustamento Estrutural Nacional<br />

pelo governo, que, em 1986, se comprometeu a<br />

adaptá-lo às bases do mo<strong>de</strong>lo do Banco Mundial. Este<br />

exigia a <strong>de</strong>svalorização do naira (moeda nigeriana),<br />

liberalização do comércio, reduções dos gastos governamentais,<br />

venda <strong>de</strong> empresas públicas e redução <strong>de</strong><br />

quotas e licenças. Ao se comprometer com tais regras,<br />

teria ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional<br />

(FMI) e do Banco Mundial, tendo os credores o<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> interferir, e até mesmo vetar, as opiniões públicas<br />

do país. O impasse seria resolvido pelo Ministro<br />

das Finanças: aceitar ou não o empréstimo?<br />

As reformas do Programa <strong>de</strong> Ajustamento Estrutural<br />

Nacional do governo do General Babangida (governou<br />

<strong>de</strong> 1985 a 1993), sucessor <strong>de</strong> Buhari, foi motivo<br />

<strong>de</strong> resistência e motins na rua, atrasando-o. A força<br />

intelectual do país queria que fosse mantida a antiga<br />

estratégia, a da Industrialização por Substituição <strong>de</strong><br />

Importações. Nigerianos e seu governo resistiram e<br />

ainda resistem a muitas das prescrições políticas.<br />

Essa experiência na área das políticas comerciais<br />

e industriais mostra a interação <strong>de</strong> vários fatores na<br />

<strong>de</strong>terminação do <strong>de</strong>senho e implementação <strong>de</strong> políticas.<br />

Com o empréstimo do FMI e <strong>de</strong> outros credores, a<br />

Nigéria per<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua autonomia pelo fato <strong>de</strong>stes<br />

exercerem gran<strong>de</strong> influência sobre as opções políticas,<br />

quase a ponto <strong>de</strong> vetá-las. Até 1988 o Programa<br />

<strong>de</strong> Ajustamento Estrutural Nacional não tinha surtido<br />

efeito econômico esperado, já que o PIB caiu 17% nesse<br />

ano.<br />

Entre 1980 e 1990, a produção <strong>de</strong> petróleo local teve<br />

um crescimento aproximado <strong>de</strong> 25%, encontrando, no<br />

entanto, uma divergência entre a <strong>de</strong>spesa e a produção,<br />

fato indicador <strong>de</strong> uma rápida aquisição <strong>de</strong> suplementos<br />

estrangeiros. Como consequência, a Nigéria aumenta sua<br />

dívida externa <strong>de</strong> 9 bilhões para 33 bilhões <strong>de</strong> dólares.<br />

O legado da administração econômica <strong>de</strong> Babangida,<br />

no ano <strong>de</strong> 1986, teve gran<strong>de</strong>s falhas em <strong>de</strong>corrência da<br />

gran<strong>de</strong> dívida externa do país. Porém, após 1987, passou-<br />

-se a aproveitar mais o <strong>de</strong>senvolvimento e a tecnologia<br />

trazida na década <strong>de</strong> 1980, dando à economia nigeriana a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se reerguer.<br />

O <strong>de</strong>sempenho do setor manufatureiro estagnou e a<br />

estratégia <strong>de</strong> Industrilização por Substiuição <strong>de</strong> Importações<br />

não surtia mais efeito. Em 1990, um programa<br />

econômico chamado Lall é criado com o objetivo <strong>de</strong> proporcionar<br />

novas condições <strong>de</strong> infraestrutura e macroeconômicas.<br />

Porém, o Programa <strong>de</strong> Ajustamento Estrutural<br />

Nacional criava uma falta <strong>de</strong> reforma no governo dificultando<br />

a aplicação <strong>de</strong> novos programas econômicos.<br />

A década <strong>de</strong> 1990 foi marcada pela nova política industrial.<br />

Em 1993, os resultados das eleições foram anulados<br />

pelo governo militar, que colocou no po<strong>de</strong>r o General<br />

Sani Abacha. A nova gestão perdurou até 1998, quando<br />

o General morre subitamente, <strong>de</strong>ixando Abdulsalami<br />

Abubakar como lí<strong>de</strong>r do Supremo Conselho Militar. Sob a<br />

nova li<strong>de</strong>rança, o órgão passa a se chamar Conselho Provisório<br />

<strong>de</strong> Regulamentação.<br />

O petróleo, no entanto, continuava em alta e dois<br />

terços da energia consumida no mundo provinham do<br />

petróleo. A saída da gasolina no início do ano era muito<br />

gran<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>manda interna exigiu que a Companhia Nacional<br />

do Petróleo Nigeriano refinasse um pouco <strong>de</strong> gasolina<br />

no exterior.<br />

Com os programas econômicos, como o Lall, a Nigéria<br />

assumia uma posição <strong>de</strong> boas expectativas no setor, com<br />

a previsão <strong>de</strong> se tornar uma gran<strong>de</strong> nação industrializada<br />

no período <strong>de</strong> nove anos. Porém a <strong>de</strong>pendência do petróleo,<br />

até os dias <strong>de</strong> hoje, não faz o país se <strong>de</strong>senvolver em<br />

todos os setores da economia, já que somente 6% do que<br />

a Nigéria exporta é do setor não-petrolífero.<br />

51


Atrelado a essa reestruturação econômica, ocorreu<br />

também uma mudança política. Abubakar volta a pôr<br />

em prática a Constituição <strong>de</strong> 1979, que havia sido suspensa<br />

anos antes, e, em 1999, o governo militar cai e<br />

o país elege como presi<strong>de</strong>nte Olusegun Obasanjo. As<br />

eleições foram um marco na história nigeriana por serem<br />

as primeiras <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 16 anos sob domínio militar.<br />

Em 2003, Obasanjo é reeleito em meio a turbulentas<br />

eleições, mantendo seu partido no governo da Nigéria.<br />

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA<br />

Depois <strong>de</strong> um extenso período <strong>de</strong> alteração entre<br />

militares e nacionalistas no po<strong>de</strong>r, é perceptível a instabilida<strong>de</strong><br />

política da Nigéria, país com uma população<br />

atualmente <strong>de</strong> 150 milhões <strong>de</strong> habitantes, os quais se<br />

divi<strong>de</strong>m em cerca <strong>de</strong> 250 etnias distintas. As disputas<br />

entre essas etnias vêm se acirrando ao longo dos anos,<br />

fazendo sofrer toda uma população inocente.<br />

Localizada no Golfo da Guiné, a Nigéria possui muitas<br />

riquezas em recursos naturais, com <strong>de</strong>staque para o<br />

gás natural e para a enorme reserva petrolífera em seu<br />

subsolo, que constitui a maior do continente africano.<br />

Atualmente na África, 85% da produção <strong>de</strong> petróleo é<br />

dominada por um grupo seleto <strong>de</strong> países: Nigéria, Líbia,<br />

Argélia, Egito e Angola. A Nigéria, juntamente com Angola,<br />

representa 86% do lucro obtido através do petróleo<br />

da África Subsaariana.<br />

Ocupando a nona posição no ranking <strong>de</strong> maiores<br />

produtores <strong>de</strong> petróleo, o país é o maior produtor e exportador<br />

da África, sendo tal ativida<strong>de</strong> responsável por<br />

20% do PIB, 95% da receita exportadora e 65% da receita<br />

orçamentária nigeriana.<br />

Com uma reserva <strong>de</strong> petróleo bruto <strong>de</strong> 37,2 bilhões<br />

<strong>de</strong> barris e uma reserva <strong>de</strong> gás natural <strong>de</strong> 5.292 bilhões<br />

<strong>de</strong> Cu.M 1 ., o país tornou-se alvo <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> muitas<br />

potências. Atualmente, seus níveis <strong>de</strong> exportação alcançam<br />

2.160 barris por dia <strong>de</strong> petróleo bruto e 15,99 bilhões<br />

<strong>de</strong> Cu.M. <strong>de</strong> gás natural, além <strong>de</strong> 12.100 barris por<br />

dia <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleo.<br />

Em 1971, a Nigéria passa a fazer parte da Organização<br />

dos Países Exportadores <strong>de</strong> Petróleo, a OPEP, a qual<br />

objetiva a estabilida<strong>de</strong> do mercado petrolífero <strong>de</strong> seus<br />

países membros. A organização é constituída atualmente<br />

por: Argélia, Angola, Equador, Irã, Iraque, Kuwait, Lí-<br />

52<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

bia, Nigéria, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos<br />

e Venezuela.<br />

Dentre os principais parceiros comerciais da Nigéria<br />

no setor petrolífero, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar a China, a qual<br />

tem 25% <strong>de</strong> sua importação total proveniente da África,<br />

e os Estados Unidos da América, com uma porcentagem<br />

<strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> importação do petróleo nigeriano. Nos<br />

últimos anos, as empresas chinesas têm investido bilhões<br />

<strong>de</strong> dólares na melhoria da infraestrutura nigeriana,<br />

visando o <strong>de</strong>senvolvimento aos setores petrolífero,<br />

<strong>de</strong> gás mineral e <strong>de</strong> recursos naturais em geral.<br />

Apesar <strong>de</strong> ambicionar ampliar sua capacida<strong>de</strong> produtora,<br />

a Nigéria vem per<strong>de</strong>ndo posição para Angola<br />

por motivos internos. Seu governo tem encontrado inúmeros<br />

entraves, como a perda <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> internacional<br />

em <strong>de</strong>corrência, principalmente, dos problemas<br />

<strong>de</strong> corrupção, da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhor transferência<br />

<strong>de</strong> recursos fe<strong>de</strong>rais e da <strong>de</strong>gradação do meio ambiente.<br />

Além disso, o mais preocupante é a saú<strong>de</strong> da população<br />

nigeriana. Não apenas os crescentes casos <strong>de</strong><br />

doenças respiratórias, como o fato <strong>de</strong> o <strong>de</strong>rrame <strong>de</strong> produtos<br />

tóxicos inutilizar um quarto dos terrenos férteis e<br />

a maior parte dos sistemas fluviais do Delta do Rio Níger,<br />

sendo tal região um dos maiores contribuintes para<br />

o efeito estufa.<br />

A <strong>de</strong>gradação ambiental <strong>de</strong>corre das companhias<br />

petrolíferas estrangeiras, a exemplo da Shell, maior do<br />

setor no país, operante em gran<strong>de</strong> parte do território<br />

nigeriano. A empresa reconhece que os vazamentos<br />

po<strong>de</strong>m ocorrer esporadicamente, porém o consultor<br />

Richard Steiner, em seu relatório <strong>de</strong> 2008 sobre os oleodutos<br />

no Delta do Níger, concluiu que as falhas são quase<br />

anuais. Estas afetam a exploração agrícola da região,<br />

prejudicando principalmente a exploração do petróleo.<br />

Nos últimos anos, foram sucessivos os ataques realizados<br />

por grupos opositores, a exemplo principal do<br />

Movimento <strong>de</strong> Emancipação do Delta do Níger (MEND).<br />

O MEND é um grupo militante que expõe a suposta<br />

opressão e exploração alegada pelos nigerianos do Delta<br />

no Níger, assim como os problemas ambientais que a<br />

extração do petróleo traz. As ações do grupo consistem<br />

em ataques a operações petrolíferas, sabotagem, roubo,<br />

<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, guerrilha e sequestro,<br />

e seus objetivos são localizar e controlar o petróleo da<br />

Nigéria e garantir in<strong>de</strong>nizações do governo fe<strong>de</strong>ral para<br />

a poluição causada pela indústria petrolífera.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

O início dos ataques se dá em 2006, sendo outubro<br />

o mês mais conturbado, no qual <strong>de</strong>correram seguidas<br />

ações. Em março <strong>de</strong> 2007, o MEND organizou sequestros,<br />

entrou em conflito com as forças locais e causou<br />

gran<strong>de</strong>s prejuízos, principalmente às companhias<br />

Agip e Chevron. No mês <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008, a Exxon Mobil<br />

sofreu uma gran<strong>de</strong> greve por <strong>de</strong>corrência dos ataques<br />

do MEND a um duto, o qual prejudicou a produção<br />

da companhia, quase forçando a empresa a parar<br />

a produção.<br />

Em julho, o grupo realizou um ataque ao oleoduto<br />

<strong>de</strong> Makaraba, o qual teve por consequência a redução<br />

na produção petrolífera em 20 mil barris ao dia<br />

por parte da Chevron, empresa estrangeira cuja se<strong>de</strong><br />

encontra-se na Califórnia, Estados Unidos, e atuante<br />

em outros 27 países, incluindo a Nigéria. A resposta<br />

da companhia foi a <strong>de</strong> restringir a produção diária <strong>de</strong><br />

petróleo em aproximadamente 100 mil barris por dia<br />

visando amenizar os danos ao meio ambiente.<br />

Os ataques se intensificaram em setembro, mês<br />

em que o MEND <strong>de</strong>clara a “guerra do petróleo”, assim<br />

chamada pelo grupo por ter o petróleo como foco do<br />

conflito. Em 2009, o lí<strong>de</strong>r do MEND, Henry Okah, é preso<br />

em Angola e é constatado que graças aos ataques<br />

<strong>de</strong> seu grupo, a produção <strong>de</strong> petróleo bruto da Nigéria<br />

caiu um terço, estando nos 1,8 milhões <strong>de</strong> barris<br />

por dia.<br />

Em 2010 os ataques diminuíram, mas não cessaram.<br />

O último noticiado ocorreu no dia 1º <strong>de</strong> outubro,<br />

Dia da In<strong>de</strong>pendência da Nigéria, quando uma bomba<br />

explodiu causando gran<strong>de</strong>s estragos e o total <strong>de</strong><br />

8 pessoas mortas. Caso a crise petrolífera não tivesse<br />

afetado a Nigéria, com atrasos na produção causados<br />

por ataques, neste ano, o país po<strong>de</strong>ria atingir a meta<br />

do governo com uma produção <strong>de</strong> 4 milhões <strong>de</strong> barris<br />

por dia.<br />

Outro problema que o país enfrenta são os constantes<br />

vazamentos <strong>de</strong> petróleo no Delta do Níger, um<br />

dos lugares mais maltratados do mundo pela exploração<br />

<strong>de</strong> petróleo. Muitas vezes <strong>de</strong>ixado a vazar por<br />

meses, o petróleo acaba por extinguir toda forma <strong>de</strong><br />

vida presente no lugar, causando manchas negras na<br />

água e gran<strong>de</strong> piora na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população<br />

local. O <strong>de</strong>sastre ecológico <strong>de</strong>sequilibrou a economia<br />

interna, antes autossuficiente e que hoje importa<br />

a maior parte <strong>de</strong> seus alimentos. Causou também um<br />

aumento no <strong>de</strong>semprego, o que fez com que o êxodo<br />

para outros países se tornasse uma forma <strong>de</strong> controlar tal<br />

problema.<br />

A Nigéria, apesar <strong>de</strong> ter uma importante mercadoria<br />

em mãos, cobiçada em todo o mundo e a qual traz gran<strong>de</strong>s<br />

benefícios econômicos, não usufrui dos mesmos em<br />

sua totalida<strong>de</strong>. Assim, a maior parte dos nigerianos está<br />

sofrendo em vários âmbitos pela escolha do governo e<br />

pela fixação <strong>de</strong> uma economia baseada somente no petróleo.<br />

A população culpa a falta <strong>de</strong> manutenção das companhias<br />

exploradoras, e estas culpam os atos <strong>de</strong> sabotagem,<br />

alegando que ocasionalmente ocorrem tais vazamentos,<br />

em <strong>de</strong>corrência da corrosão dos pipelines (oleoduto, tubulações<br />

que levam o petróleo), dutos transportadores<br />

do óleo. A discussão engloba ambientalistas, empresas<br />

petrolíferas e as comunida<strong>de</strong>s regionais, fato que intensifica<br />

os conflitos na Nigéria.<br />

Lamentamos por eles, mas isto é o que está acontecendo conosco<br />

há 50 anos (...). A mídia internacional não nos dá cobertura,<br />

por isso ninguém se importa com o assunto (...). Nossos gritos<br />

não são ouvidos fora daqui.<br />

PANORAMA DE POLíTICAS GLOBAIS<br />

Bósnia-Herzegovina<br />

O país dá suma importância a uma cooperação entre<br />

as Nações Unidas e os Estados Unidos para a prevenção<br />

<strong>de</strong> conflitos e crises, e assim conseguir uma paz duradoura<br />

no continente africano. A Bósnia-Herzegovina manifesta<br />

o seu apoio total aos esforços dos Estados africanos na<br />

resolução <strong>de</strong> conflitos e na <strong>de</strong>fesa da paz e da segurança<br />

na região.<br />

O governo bósnio-herzegovino apoia a <strong>de</strong>cisão da<br />

União Africana <strong>de</strong> implementar importantes reformas<br />

<strong>de</strong>stinadas às áreas <strong>de</strong> orçamento, gestão financeira e<br />

prestação <strong>de</strong> contas. A <strong>de</strong>cisão da União Africana e os<br />

seus Estados para ampliar a base e a mobilização <strong>de</strong> recursos<br />

e em 12% <strong>de</strong> seu orçamento para o financiamento<br />

<strong>de</strong> paz no continente reflete o compromisso político para<br />

assumir a responsabilida<strong>de</strong> por operações <strong>de</strong> paz.<br />

53


Estados Unidos da América<br />

Os Estados Unidos reafirmam ao povo nigeriano e ao<br />

seu governo o compromisso <strong>de</strong> manter a parceria entre<br />

os países, continuando a trabalhar para enfrentar os <strong>de</strong>safios<br />

comuns.<br />

O país investe e trabalha muito na manutenção da<br />

paz no continente africano, como, por exemplo, os EUA<br />

já treinaram mais <strong>de</strong> 28 batalhões <strong>de</strong> 15 países africanos,<br />

conrtibuindo com cerca <strong>de</strong> 40 milhões <strong>de</strong> dólares<br />

em equipamentos e veículos para as tropas africanas e<br />

apoiando a presença dos assessores <strong>de</strong> paz e segurança<br />

nos países africanos.<br />

Esses programas <strong>de</strong>ixam claro que o país <strong>de</strong>monstra<br />

compromisso com as questões africanas em seu <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e na manutenção da paz. Os Estados Unidos<br />

querem que outros países também sejam doadores,<br />

ajudando assim o continente.<br />

Fe<strong>de</strong>ração Russa<br />

A Fe<strong>de</strong>ração Russa quer ter uma interação com Estados<br />

africanos nos níveis bilateral e multilateral, inclusive<br />

por meio <strong>de</strong> diálogo e cooperação <strong>de</strong>ntro do G8 - um<br />

grupo composto por 8 países: França, Estados Unidos,<br />

Reino Unido, Alemanha, Itália, Japão, Canadá e Rússia,<br />

os quais representam as oito nações <strong>de</strong>mocráticas mais<br />

ricas e industrializadas do mundo e se reúnem todos os<br />

anos para discutir gran<strong>de</strong>s questões econômicas e políticas<br />

- para uma resolução <strong>de</strong> conflitos e crises na África.<br />

Os russos também têm interesse <strong>de</strong> implantar projetos<br />

econômicos no continente, por isso têm interesse em<br />

<strong>de</strong>senvolver os países em todas as instâncias.<br />

A Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>seja integrar-se com economias que<br />

estão crescendo, e além <strong>de</strong> levar o <strong>de</strong>senvolvimento, os<br />

russos querem atuar na área <strong>de</strong> pacificação e intermediar<br />

rivalida<strong>de</strong>s políticas e regionais, separatismos, e até<br />

extremismos étnicos e religiosos.<br />

República da África do Sul<br />

A África do Sul acredita nas propostas e princípios da<br />

Carta das Nações Unidas e no multilateralismo visado<br />

na Organização das Nações Unidas. E é baseando-se<br />

nela que o país exerce seu papel <strong>de</strong>ntro do Conselho <strong>de</strong><br />

54<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

Segurança, sendo participante ativo dos membros <strong>de</strong>liberativos<br />

e subsidiários das Nações Unidas.<br />

Integrante do continente africano, a África do Sul<br />

está comprometida em promover a prosperida<strong>de</strong>, a<br />

pacificação e a <strong>de</strong>mocratização, além da extinção dos<br />

preconceitos contra raça e sexo. O país visiona um continente<br />

unido, contribuindo para um mundo justo e equilibrado<br />

com o multilateralismo nas sub-regiões com a<br />

Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento para os Países do Sul<br />

da África (CDAS), regionais com a União Africana (UA) e<br />

mundiais com a Organização das Nações Unidas (ONU).<br />

República da Colômbia<br />

O governo colombiano está na luta para combater<br />

os problemas das drogas no continente africano sendo<br />

o primeiro passo para se alcançar a paz. Com essa<br />

preocupação, a Colômbia sediou um encontro com as<br />

nações africanas para o efetivo apoio das Nações Unidas<br />

para discutir o assunto e assim ocorrer uma troca <strong>de</strong><br />

informações.<br />

A Colômbia enfrenta muitos problemas causados<br />

pelo tráfico e comércio ilegal <strong>de</strong> drogas, ganhando certa<br />

experiência que <strong>de</strong>seja compartilhar com as nações<br />

africanas, disponibilizando o treinamento a<strong>de</strong>quado. O<br />

governo colombiano já se juntou às Forças Internacionais<br />

para combater o problema do tráfico na Costa Oci<strong>de</strong>ntal<br />

da África, iniciando a cooperação e o intercâmbio<br />

<strong>de</strong> informações entre os órgãos <strong>de</strong> segurança, principalmente<br />

ao combate do tráfico <strong>de</strong> cocaína.<br />

Com o combate ao tráfico <strong>de</strong> drogas, as milícias e os<br />

grupos terroristas vão per<strong>de</strong>r seu principal meio <strong>de</strong> financiar<br />

seus atos, assim se enfraquecendo.<br />

República da índia<br />

A Índia sempre teve um bom relacionamento com<br />

o continente africano, empenhando-se em trabalhar<br />

em conjunto, em conformida<strong>de</strong> com as priorida<strong>de</strong>s do<br />

continente. As áreas prioritárias <strong>de</strong> cooperação incluem:<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> infraestrutura, capacitação, agricultura,<br />

saú<strong>de</strong>, segurança alimentar e cooperação tecnológica.<br />

No que diz respeito à infraestrutura, o foco se<br />

dá no âmbito econômico, incluindo ferrovias, tecnologia<br />

<strong>de</strong> informação, telecomunicações e energia.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

O país está fortemente comprometido com a paz,<br />

estabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico<br />

da África. A Índia apoia ainda a distribuição <strong>de</strong> mais<br />

ca<strong>de</strong>iras para os países africanos no Conselho <strong>de</strong> Segurança,<br />

para que assim consigam ter uma melhor<br />

representativida<strong>de</strong>.<br />

República <strong>de</strong> Angola<br />

Sendo o segundo maior produtor <strong>de</strong> petróleo do<br />

continente africano, Angola já participou do Conselho<br />

<strong>de</strong> Segurança como membro rotativo em 2003. Apesar<br />

<strong>de</strong> estar apenas como país observador este ano,<br />

Angola continua a monitorar as ativida<strong>de</strong>s, agendas e<br />

programas da ONU. Em 2005, foi eleita com a maioria<br />

<strong>de</strong> 186 votos, um membro da Comissão <strong>de</strong> Construção<br />

da Paz (Peacebuilding Commission) e, além disso,<br />

o embaixador da Angola foi eleito durante um ano o<br />

presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> mesa do Peacebuilding Comission.<br />

O país está convicto ao se comprometer com a<br />

ONU. Como uma nação africana que enfrentou uma<br />

guerra civil por 30 anos, este país luta por mecanismos<br />

multilaterais <strong>de</strong> cooperação, que contemplem as<br />

relações bilaterais e regionais.<br />

Uma das priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Angola na agenda da ONU<br />

é a questão da paz na África e, particularmente, na<br />

África Subsaariana. Angola apoiou a ONU no Conselho<br />

<strong>de</strong> Segurança para restabelecer a or<strong>de</strong>m e a estabilida<strong>de</strong><br />

pelo mundo.<br />

República do Líbano<br />

O Líbano zela pela paz da comunida<strong>de</strong> internacional,<br />

está disposto a ajudar a ONU e o Conselho <strong>de</strong><br />

Segurança, como, por exemplo, tendo a Força <strong>de</strong> Paz<br />

Interina das Nações Unidas para o Líbano, UNIFIL.<br />

A República do Líbano acredita na importância<br />

dos princípios implícitos no preâmbulo da carta das<br />

Nações Unidas. Cada membro e organismo da ONU<br />

têm a incumbência <strong>de</strong> livrar as gerações futuras <strong>de</strong><br />

guerra como também <strong>de</strong> protegê-las com os direitos<br />

humanos e respeitando o direito internacional. Neste<br />

quesito, o Líbano reitera seu forte apoio à integrida<strong>de</strong><br />

territorial e in<strong>de</strong>pendência política das nações tendo<br />

em vista o exemplo da <strong>de</strong>mocracia estabelecida neste<br />

país e <strong>de</strong> sua importância.<br />

República Fe<strong>de</strong>ral da Alemanha<br />

A Alemanha participa ativamente nos esforços da<br />

ONU, buscando manter a paz e a segurança internacionais<br />

na Assembleia Geral. Como membro do Conselho <strong>de</strong><br />

Segurança, dá ênfase aos conflitos que envolvem a questão<br />

da paz e a sua manutenção.<br />

O país, como representante da União Europeia, apoia<br />

os objetivos e valores <strong>de</strong>fndidos pela ONU como a paz,<br />

os direitos humanos, a justiça, o <strong>de</strong>senvolvimento e a liberda<strong>de</strong>.<br />

No entanto, consi<strong>de</strong>ra como mais importante o<br />

respeito que as nações <strong>de</strong>vem ter perante estes valores,<br />

sendo que em muitas, infelizmente, ainda há escassez do<br />

mesmo.<br />

República Fe<strong>de</strong>ral da Nigéria<br />

A Nigéria tem como objetivos nas Nações Unidas permanecer<br />

em termos amigáveis com todas as nações, não<br />

tendo nenhuma intenção territorial ou expansionista,<br />

sempre se empenhando em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os princípios da<br />

ONU e preten<strong>de</strong> trabalhar com outros Estados africanos<br />

para o progresso do continente. Prima por não usar um<br />

campo <strong>de</strong> batalha como luta i<strong>de</strong>ológica, afirmando que<br />

o simples envio <strong>de</strong> forças armadas não é o suficiente, havendo<br />

a problemática <strong>de</strong> criar uma vida política real no<br />

próprio país. A Nigéria acredita ser necessário níveis mais<br />

baixos, vendo que as autorida<strong>de</strong>s locais e provinciais estão<br />

estabelecidas, mantendo a unida<strong>de</strong> essencial do país.<br />

O país aprecia as vantagens <strong>de</strong> seu tamanho e <strong>de</strong> sua<br />

população, mas não tem absolutamente nenhuma intenção<br />

agressiva, negando viementemente a imposição sobre<br />

qualquer país. Deseja tratar todo o território africano<br />

como igual, acreditando que a paz só possa ser mantida<br />

se o continente se mantiver numa base <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>.<br />

República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil<br />

O Brasil elogia os países que agem para manter a paz<br />

na África. O governo brasileiro mantém o compromisso<br />

contínuo com os esforços do Conselho <strong>de</strong> Segurança para<br />

impedir a ocorrência <strong>de</strong> conflitos. Como sempre, o Conselho<br />

po<strong>de</strong>rá contar com o apoio da <strong>de</strong>legação brasileira.<br />

O Brasil tem como suma importância tratar da questão<br />

socioeconômico no pós-conflito, pois só assim os países<br />

55


ficarão estáveis em todas as instâncias.<br />

O governo brasileiro acha <strong>de</strong> suma importancia a<br />

presença do governo nigeriano nas negociações para<br />

a paz no continente. O exército brasileiro participou e<br />

participa <strong>de</strong> missões <strong>de</strong> paz no continente.<br />

República Francesa<br />

A França está envolvida em diversas ações militares<br />

na África para manter a paz, em longo prazo, com<br />

os treinamentos oferecidos pelos franceses, o que <strong>de</strong>ve<br />

permitir aos africanos realizarem operações <strong>de</strong> paz no<br />

seu próprio continente.<br />

Recentemente, o governo enviou mais 2000 soldados<br />

para o continente africano a fim <strong>de</strong> manter a paz.<br />

Além do aspecto militar, a França se <strong>de</strong>staca na África<br />

pelas mediações nos conflitos para estabelecer a paz.<br />

República Gabonesa<br />

Sendo uma república in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte situada no Oeste<br />

africano, mas que também faz parte da região central<br />

da África, o Gabão se assemelha à Nigéria em diversos<br />

aspectos. Assim como este, sofreu um processo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização<br />

e também tem sua economia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

do petróleo. Rico em recursos naturais, o país necessita<br />

<strong>de</strong> diversas reformas estruturais.<br />

O Gabão, como membro integrante da Organização<br />

da Unida<strong>de</strong> Africana (OUA), <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> e luta pelos direitos<br />

da região africana. É membro rotativo do Conselho<br />

<strong>de</strong> Segurança e luta pela paz.<br />

República Popular da China<br />

A China apoia todo tipo <strong>de</strong> cooperação para o continente<br />

africano. Sem o <strong>de</strong>senvolvimento da África, não<br />

terá <strong>de</strong>senvolvimento no mundo, e sem paz na África,<br />

não haverá paz no mundo. A China inclusive contribui<br />

com recursos financeiros, um exemplo disso é uma doação<br />

<strong>de</strong> 500.000 dólares para o Trust Fund, que luta para<br />

manter a paz em Darfur .<br />

Os chineses esperam que mais países entrem nesse<br />

processo <strong>de</strong> ajuda ao continente africano com assistência<br />

internacional, coor<strong>de</strong>nação e apoio. Enviou 54 lotes<br />

<strong>de</strong> produtos com foco no <strong>de</strong>senvolvimento agrícola,<br />

56<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

infraestrutura, capacitação <strong>de</strong> recursos humanos e da<br />

cooperação médica e sanitária.<br />

Como a China está em <strong>de</strong>senvolvimento, o país tem<br />

alguma experiência que po<strong>de</strong> ser partilhada com países<br />

africanos, que segundo o governo chinês, os mesmos<br />

têm mantido uma economia forte apesar dos problemas<br />

internos. Hoje existe uma parceria da China com<br />

países africanos para o seu <strong>de</strong>senvolvimento, mantendo<br />

os fundos já existentes, po<strong>de</strong>ndo atrair capital estrangeiro<br />

a longo prazo.<br />

O governo chinês tem dado preferências em seu<br />

mercado interno para os produtos africanos, além <strong>de</strong><br />

isentar impostos e taxas <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong><br />

seus países. Em 2005, o investimento direto acumulado<br />

da China na África atingiram 1,18 bilhão <strong>de</strong> dólares, e<br />

em consequência mais <strong>de</strong> 800 fábricas foram construídas<br />

no continente africano.<br />

República Portuguesa<br />

Portugal está <strong>de</strong> acordo com as ações para manter a<br />

paz e a segurança no continente africano. Recentemente<br />

ocorreu o lançamento da Força Tarefa sobre a Paz e<br />

Segurança entre o Secretariado da ONU e da Comissão<br />

da União Africana, sendo um compromisso da maior<br />

importância para o fortalecimento da cooperação estratégica<br />

entre as duas organizações nesta área, apoiado<br />

pelo governo português.<br />

O país também está <strong>de</strong> acordo com todas as intervenções<br />

feitas pela União Europeia, e está fortemente<br />

empenhado em apoiar a continuação <strong>de</strong>sses esforços,<br />

acreditando serem essenciais para promover a paz e a<br />

segurança em todas as partes do mundo.<br />

Portugal acha muito importante a presença da atuação<br />

da Nigéria para, enfim, conseguir a paz no continente<br />

africano.<br />

Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte<br />

O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte<br />

possui o maior programa <strong>de</strong> paz em operação fazendo<br />

muitas negociações políticas no continente africano.<br />

Os principais beneficiários são Sudão, Somália e Congo<br />

que contam com equipes britânicas. O Reino Unido<br />

quer muito ajudar com as questões africanas e assim


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ajudar no seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O Reino Unido já doou £750.000 à Nigéria para o<br />

combate <strong>de</strong> narcóticos, o país também tem aumentado<br />

sua presença na região para ajudar as agências<br />

locais na aplicação <strong>de</strong> leis contra os traficantes, como<br />

também <strong>de</strong>senvolver uma melhor inteligência, por<br />

exemplo, nos aeroportos.<br />

O Reino Unido também está trabalhando em parceria<br />

com a Nigéria e <strong>de</strong>mais governos africanos para<br />

o combate da corrupção.<br />

PONDERAÇÕES<br />

Depois <strong>de</strong> ser apresentada a <strong>de</strong>finição do problema,<br />

alguns pontos po<strong>de</strong>m ser classificados como indispensáveis<br />

para a discussão da questão da Nigéria,<br />

tendo os princípios implícitos no preâmbulo da Carta<br />

das Nações Unidas, assim como a manutenção da paz<br />

e segurança da comunida<strong>de</strong> internacional.<br />

A princípio a questão do conflito aparente <strong>de</strong> religiões<br />

divergentes e etnias múltiplas se mostrou como<br />

motivadora para os problemas no país vistos no <strong>de</strong>correr<br />

<strong>de</strong> sua história, que sempre esteve atrelada à<br />

questão política. Esta apresenta o choque <strong>de</strong> partidos<br />

e grupos militantes como o MEND, grupo que merece<br />

<strong>de</strong>staque em <strong>de</strong>corrência dos tantos problemas ocasionados<br />

por seus ataques, entre eles os milhares <strong>de</strong><br />

civis inocentes mortos e o incalculável prejuízo ao setor<br />

petrolífero.<br />

Nesse mesmo setor não se po<strong>de</strong> esquecer os<br />

inúmeros vazamentos que vêm ocorrendo, como já<br />

dito, quase que semanalmente, extinguindo gran<strong>de</strong><br />

parte da forma <strong>de</strong> vida existente no local e causando<br />

gran<strong>de</strong>s problemas a toda a população nigeriana.<br />

Seria culpa da péssima infraestrutura das bases <strong>de</strong><br />

exploração ou da falta <strong>de</strong> manutenção por parte das<br />

companhias estrangeiras exploradoras?<br />

A Nigéria necessita que um equilíbrio seja estabelecido<br />

entre os interesses divergentes do povo,<br />

do governo e das empresas estrangeiras. Cabe à<br />

comunida<strong>de</strong> internacional averiguar a situação na<br />

região, abrangendo os agentes, os motivos e as con-<br />

sequências, e chegar a uma resolução que seja benéfica<br />

para a população nigeriana e para todos os envolvidos.<br />

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2010.<br />

NOTA ExPLICATIVA<br />

1 Sistema Internacional <strong>de</strong> Medidas (SIM): Cu.M. é a sigla para metro cúbico,<br />

ou seja, metro multiplicado por metro, multiplicado por metro.<br />

59


CONTRONTING DIAMOND TRAFFICkING<br />

AND THE THREAT OF TERRORISM IN THE<br />

AFRICAN CONTINENT


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Dear Delegates,<br />

It is with great satisfaction that the chair of the Counter-Terrorism Committee (CTC) salutes you to the<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil.<br />

We are looking forward to the <strong>de</strong>bates anxiously because, along with you, we also learn a lot from<br />

this process. Fórum FAAP is an event where you not only enhance your argumentation skills and knowledge,<br />

but also learn important life values, such as respect towards others and <strong>de</strong>velop the ability to<br />

comprehend other countries’ cultures.<br />

We truly hope that you make the best of this experience! My name is Gisela Costa Neves Thiele and it<br />

is with great honor that I present myself as one of the co-directors of the Counter-Terrorism Committee.<br />

I am 19 years old and I am currently in the fifth semester of Law school at FAAP.<br />

This is the fifth time I participate in Fórum FAAP. When I was in high school, I participated twice as a<br />

<strong>de</strong>legate, in the third and fourth edition, respectively, in the committees UNEP (United Nations Environment<br />

Programme) and the WTO (World Tra<strong>de</strong> Organization). Once in university, I was a volunteer at Copenhagen<br />

15 (COP-15), in the fifth edition of Fórum FAAP and in the next year I was the Deputy Director<br />

of the UNSC (United Nations Security Council). I am very thrilled to be the co-director of this committee,<br />

because this is the very first time that the CTC will be simulated in Fórum FAAP.<br />

My other co-director is Guilherme Vieira, he is also 19 years old and is currently in the third semester<br />

of the International Relations un<strong>de</strong>rgraduate course. He has participated in Fórum FAAP as a journalist in<br />

the press committee, in its fifth edition and as volunteer at the United Nations Security Council (UNSC),<br />

in the sixth edition. He has also participated as a director in Fórum FAAP <strong>de</strong> Desenvolvimento in Ribeirão<br />

Preto, in its fourth edition, and as a <strong>de</strong>legate of the UNSC at UFRGSMUN´s eighth edition.<br />

Presentations asi<strong>de</strong>, it’s time to present what brought us here. In this committee you will discuss the<br />

relation between terrorism and the conflict diamond issue in the African Continent. Our objective is to<br />

<strong>de</strong>bate measures towards diminishing these problems, concentrating on the security of the continent<br />

and most importantly, the global security while <strong>de</strong>feating terrorism and achieving peace and stability.<br />

Human Rights will also be subject of the <strong>de</strong>bates but our purpose is to focus on the security aspects<br />

of the question, we must take them into consi<strong>de</strong>ration but it is necessary not to focus on them. Possibly,<br />

you may also come to discuss topics that concern human health, however, once again you will not<br />

focus on it, keeping in mind that the proposal of our committee is that you centre the discussions on<br />

the problems here presented. It is paramount that the <strong>de</strong>legates come to the <strong>de</strong>bates with the wiliness<br />

to comprehend the situation as a whole, take into account the <strong>de</strong>tails involved and have an analytical<br />

capacity to find plausible solutions to <strong>de</strong>feat terrorism related to blood diamonds.<br />

Thank you, and we wish you all good luck!<br />

Gisela Costa Neves Thiele e Guilherme Vieira<br />

Directors of the Counter-Terrorism Committee<br />

61


INTRODUCTION<br />

This year, in the Counter-Terrorism Committee (CTC),<br />

the discussions will be about the terrorism that affects<br />

the African Continent and its relation with the “conflict<br />

diamond” issue. It is known that a large amount of the<br />

profit that comes from such illicit diamonds is invested<br />

in financing various terrorist attacks that consequently<br />

affect the population in a very negative way and also<br />

brings instability to the region.<br />

The term “terrorism” has not a <strong>de</strong>finition of its own as<br />

consensus on such a <strong>de</strong>finition has never been reached<br />

in the international arena; however, it can be associated<br />

with the words “attack”, “violence”, “disor<strong>de</strong>r”, “rebellion”,<br />

“revolution”, and “threat” to the security of the lives of<br />

people all around the world.<br />

In the midst of the 9/11 attacks, the United Nations<br />

Security Council (UNSC) had the intention to create an<br />

organ that would anticipate terrorist attacks, in an attempt<br />

to make the world a more secure place and launch<br />

measures that Member States would put in practice in<br />

or<strong>de</strong>r to prevent any sort of threat and attacks towards<br />

the population. This organ, that now exists, is the CTC<br />

and it was originated by an important UNSC resolution<br />

- 1373 (2001) - and is also gui<strong>de</strong>d by resolution 1624<br />

(2005). Nowadays, the Committee works to prevent terrorism<br />

in general. Its Executive Directorate (CTED) assists<br />

the committee and makes sure that the measures<br />

are being followed and also, the CTED visits Member<br />

States in their territories to evaluate in which level they<br />

are being implemented and whether the country needs<br />

assistance to avert future potential attacks.<br />

Diamonds are known as the symbol of fortune and<br />

represent good things; however, conflict diamonds, also<br />

known as “blood diamonds” are those which are consi<strong>de</strong>red<br />

illicit - illegally tra<strong>de</strong>d to finance attacks against<br />

governments or even population. To end the existence<br />

of these diamonds, their origin has to be well-known<br />

before trading actually takes place and before entering<br />

the market and being distributed world-wi<strong>de</strong>.<br />

Diamond trafficking is one of the main problems in<br />

Africa as it not only affects the population involved in<br />

the operation and with the growth of poverty but it also<br />

diverges a large amount of money that could be invested<br />

in public policies such as in the areas of health, edu-<br />

62<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

cation and security. This situation not only affects the African<br />

continent but all countries involved with diamond<br />

trading. Africa is mostly affected with this problem for<br />

the lack of legislation in its countries and because the<br />

governments do not control its bor<strong>de</strong>rs and diamond<br />

trading in an effective way.<br />

Nowadays, countries all around the world have been<br />

implementing measures to diminish these problems.<br />

The international community has to assist and commit<br />

to follow specific methods to counter terrorism and also<br />

<strong>de</strong>velop solutions for the diamond issue which will beneficiate<br />

the populations of the world.<br />

The African continent needs aid and most countries<br />

around the world have the ability to do something helpful<br />

towards Africa. The problems that occur in the region<br />

are well known and its solutions are not impossible; all<br />

there is to it is having the will to help.<br />

HISTORy OF THE COMMITTEE<br />

While the world had experienced one of the biggest<br />

and most astonishing terrorist attacks, an organism that<br />

worked towards <strong>de</strong>feating such actions was in great<br />

need of being created. There was also a need of some<br />

type of strategy directed specifically to end these attacks<br />

and consequently bring peace, stability and safety<br />

to the population.<br />

Since the 9/11 attacks in the United States of América,<br />

the country has been trying to anticipate terrorism<br />

and this has been an overall strategy of the United Nations<br />

when working towards prevention rather than<br />

simply responding. As an aftermath of these attacks, the<br />

Security Council created the Counter Terrorism Committee,<br />

in an attempt to <strong>de</strong>crease terrorism through the<br />

resolution 1373 (2001).<br />

The Security Council members are also the Counter-Terrorism<br />

Committee (CTC) members, and they are<br />

the ones who drafted the resolution, in or<strong>de</strong>r to try to<br />

prevent terrorist attacks, both insi<strong>de</strong> and outsi<strong>de</strong> their<br />

bor<strong>de</strong>rs, which means that all cooperate in or<strong>de</strong>r to extinguish<br />

the issue.<br />

According to the CTC’s website, these measures<br />

which need to be taken in or<strong>de</strong>r to counter terrorism<br />

are to:


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Criminalize the financing of terrorism; freeze without<br />

<strong>de</strong>lay any funds related to persons involved in acts of<br />

terrorism; <strong>de</strong>ny all forms of financial support for terrorist<br />

groups; suppress the provision of safe haven, sustenance<br />

or support for terrorists; share information with other<br />

governments on any groups practicing or planning terrorist<br />

acts; cooperate with other governments in the investigation,<br />

<strong>de</strong>tection, arrest, extradition and prosecution<br />

of those involved in such acts; and criminalize active and<br />

passive assistance or terrorism in domestic law and bring<br />

violators to justice.<br />

It is also relevant to note that another Security<br />

Council resolution 1624 (2005) guiding this committee<br />

states that countries must:<br />

Prohibit by law incitement to commit a terrorist act<br />

or acts; prevent such conduct and <strong>de</strong>ny safe haven to any<br />

persons with respect to whom there is credible and relevant<br />

information giving serious reasons for consi<strong>de</strong>ring<br />

that they have been guilty of such conduct.<br />

Following the same resolution, the SC also <strong>de</strong>terminates<br />

that countries must respect international law<br />

first and foremost. Any act towards counter terrorism,<br />

even though if it is only to prevent it, must be in conformity<br />

with international law and respecting human<br />

rights. The resolution also indicates that all Member<br />

States must report to the CTC their actions towards<br />

the implementation of resolution 1624 and measures<br />

taken to prevent terrorism. The CTC must also, on a<br />

regular basis, report its activities to the Security Council,<br />

as said in resolution 1535 (2004). In this resolution,<br />

the Council also established the Counter-Terrorism<br />

Committee Executive Directorate (CTED), in or<strong>de</strong>r to<br />

work si<strong>de</strong> by si<strong>de</strong> with the CTC, assisting it and assuring<br />

that the resolution 1373 is being observed and implemented.<br />

In or<strong>de</strong>r to verify its implementation, the<br />

Committee, through the CTED, visits Member States<br />

with the purpose of assuring that each country’s work<br />

and efforts are compatible with the resolution. The<br />

objective of these visits is so that the Committee can<br />

be a close part of the measures taken by the States<br />

to anticipate terrorism and improve the dialogue between<br />

them, as stated in the “Framework document for<br />

CTC visits to States in or<strong>de</strong>r to enhance the monitoring of<br />

the implementation of resolution 1373.”<br />

Terrorism affects the entire world and mostly its<br />

people; when terrorists attack, they jeopardize the<br />

lives of the population of the regions in question, and<br />

therefore, this committee has a duty with the people. The<br />

CTC also works towards protecting human rights. According<br />

to Martin Scheinin, Special Rapporteur of the United<br />

Nations Human Rights Council on the promotion and<br />

protection of human rights while countering terrorism,<br />

“[a]ny sustainable strategy for the effective combat of terrorism<br />

must inclu<strong>de</strong> promotion and protection of human rights<br />

as an essential element.”<br />

The population, however, has to consi<strong>de</strong>r the efforts<br />

to avert terrorism as necessity. This committee has the<br />

objective of achieving global security by restraining any<br />

type of terrorism. However, in or<strong>de</strong>r to do so, the international<br />

community has to engage in the process of minimizing<br />

terrorism, step by step, along with CTC’s working<br />

methods and strategies:<br />

Through the work of this Committee, Member States are<br />

for once really using this Organization in the way its foun<strong>de</strong>rs<br />

inten<strong>de</strong>d –- as an instrument through which to forge a global<br />

<strong>de</strong>fense against a global threat. (…) The Committee’s work<br />

has already highlighted the close connections between terrorism<br />

and various other activities that the United Nations has<br />

been seeking to repress, or at least to bring un<strong>de</strong>r control. I am<br />

thinking particularly of organized crime and the illicit traffic in<br />

weapons, drugs, and other commodities such as diamonds.<br />

HISTORy OF THE PROBLEM<br />

It is known that there are many natural resources<br />

around the world; and most of them are the main causes<br />

of some human’s issues. Natural resources have captured<br />

the attention of the international community and the diamonds<br />

are consi<strong>de</strong>red one of them. They were formed at<br />

least 990 million years ago, originated in a <strong>de</strong>pth of 125-<br />

200 kilometers below the Earth’s surface. It is because of<br />

this <strong>de</strong>pth diamonds are so precious, as only a few survive<br />

the hazardous journey from the <strong>de</strong>pths of the earth<br />

to reach its surface. Due to the rarity of diamonds, it becomes<br />

so valuable.<br />

This committee aims to contribute to a discussion<br />

about conflict diamonds, a topic that is high on the international<br />

agenda. The focus on this <strong>de</strong>bate is the African<br />

continent and which are the influences that conflict<br />

diamonds promote there. Since the end of the Cold War,<br />

these minerals have helped to sustain several conflicts in<br />

the region. According to the UNSC, it is from Angola, Si-<br />

63


erra Leone and the Democratic Republic of the Congo<br />

that conflict diamonds are originated. According to The<br />

United Nations (UN) conflict diamonds are <strong>de</strong>fined as<br />

64<br />

(...) diamonds that originate from areas controlled by<br />

forces or factions opposed to legitimate and internationally<br />

recognized governments, and are used to fund military action<br />

in opposition to those governments, or in contravention<br />

of the <strong>de</strong>cisions of the Security Council.<br />

There is a speech ma<strong>de</strong> by Ambassador J.D. Bin<strong>de</strong>nagel<br />

– Former U.S Special Negotiator for Conflict<br />

Diamonds that well illustrates this theme, it says that<br />

diamonds are classified as an one of a kind resource,<br />

producing a strong feeling of eternal love and beauty.<br />

In the recent past, after rebel groups located in Africa<br />

started to use diamonds as a means of financing their<br />

ineffable inhumanity versus the civilian populations<br />

and wars many pictures of injured children have menace<br />

to oppress these traditionally positive images. The<br />

international community, due to these conflicts, was<br />

mobilized to assure the individuals that live in countries<br />

plentiful of diamonds are able to get <strong>de</strong>posits with their<br />

patrimony’s benefits.<br />

Since the beginning of the 20th century, areas rich<br />

in diamonds have endured unmeasured <strong>de</strong>vastation<br />

on account of their wealth. The term “conflict diamond”<br />

only appeared recently on public’s consciousness, as the<br />

funds used to conduct <strong>de</strong>adly civil wars in Africa were<br />

traced back to diamonds. This issue only captured the<br />

world’s eyes during the brutal conflict in Sierra Leone<br />

in the late 1990s. According to the organization World<br />

Diamond Council, during this time, it is estimated that<br />

conflict diamonds represented approximately 4% of<br />

the world’s diamond production. Illicit rough diamonds<br />

have also been used by rebels to fund conflicts in Angola,<br />

Liberia, Ivory Coast and the Democratic Republic<br />

of Congo. However, the conflict diamond tra<strong>de</strong> has<br />

left permanent scars to people and nations around the<br />

world, fueling bloody civil wars, human rights abuses<br />

and child labor. In addition to that, it has been quite impossible<br />

to verify the origin of diamonds and the conditions<br />

they are produced.<br />

One of the main issues to be tackled is the issue of<br />

rebel groups, who uses these diamonds as financing<br />

towards illicit operations in contravention of the international<br />

community’s objectives of restoring peace in<br />

the continent. These groups are accused to have com-<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

mitted numerous atrocities, including kidnappings,<br />

mur<strong>de</strong>rs, rapes and amputations in or<strong>de</strong>r to control<br />

diamond tra<strong>de</strong>. As an example, based on UN reports,<br />

Al-Qaeda regularly used diamonds to buy weapons<br />

and tra<strong>de</strong>d opium and heroin for gold. These precious<br />

stone has been used also to make money and to hi<strong>de</strong><br />

the group finances.<br />

It is also known that the global diamond industry is<br />

<strong>de</strong>dicated to eradicating tra<strong>de</strong> in conflict diamonds, it<br />

works closely with the UN, governments and non-governmental<br />

organizations (NGOs) such as Global Witness<br />

and Partnership Africa Canada, to create the Kimberley<br />

Process Certification System. This system was formally<br />

adopted in 2003 and verses against conflict diamonds<br />

entering the legitimate diamond supply chain. The<br />

diamond industry also adopted a voluntary System of<br />

Warranties to assure consumers that their diamonds are<br />

from sources free of conflict. Nowadays, 74 governments<br />

have adopted their national law based to the Kimberley<br />

Process, and now more than 99% of the world’s diamonds<br />

are from conflict free sources. Although the fact<br />

remains the same, in other words, conflict diamonds still<br />

exists; because the problem is not the diamonds themselves<br />

but the rebels who exploit these diamonds in or<strong>de</strong>r<br />

to achieve illicit goals.<br />

At this point, it is important that non-governmental<br />

and inter-governmental organizations and Governments,<br />

arms manufacturers, financial institutions, diamond<br />

tra<strong>de</strong>rs, social and education institutions and other<br />

civil society players combine their efforts, <strong>de</strong>manding<br />

a strict enforcement of sanctions and encourage real<br />

peace, as well as UN support.<br />

STATEMENT OF THE PROBLEM<br />

The UN has not yet come to find a <strong>de</strong>finition for the<br />

term “terrorism” as no consensus on such a <strong>de</strong>finition<br />

has been agreed on by the Member States. The Security<br />

Council is against all acts of terrorism, even those that<br />

are consi<strong>de</strong>red non-criminal, therefore, it tries to anticipate<br />

all attacks, consi<strong>de</strong>rs illegal every form of terrorism<br />

and is willing to con<strong>de</strong>mn all its forms of manifestation.<br />

Almost every week there are news on terrorist attacks,<br />

innocent lives are taken and places are <strong>de</strong>stroyed.<br />

The world has great interest in ceasing this situation<br />

and abolishing this constant threat to humanity. People


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have the right to a dignifying life; when this right is<br />

taken away because of the fear and human rights are<br />

in jeopardy. As Martin Scheinin, Human Rights Special<br />

Rapporteur to the United nations, stated, respect to<br />

human rights must be paramount when countering<br />

terrorism according to the Global Counter-Terrorism<br />

Strategy, a wi<strong>de</strong> consensus exists so fighting terrorism<br />

in respect to the human rights is not merely a moral<br />

and legal duty of States but likewise the most efficacious<br />

way to combat terrorism.<br />

Africa is the perfect example of a continent that<br />

has many forms of terrorism and its population is very<br />

much affected with such attacks, suffering the consequences<br />

of living in non secure States. The people<br />

are the ones who are most affected by the attacks, because<br />

in some cases, they lose their home, their relatives<br />

and even their lives, when the violence takes extreme<br />

measures. In this sense, human beings and the<br />

respect for their basic rights must be a priority when<br />

addressing the relation between terrorism and conflict<br />

diamonds.<br />

Diamonds are well known for being the symbol of<br />

beauty, fortune and luxury. Wealthy people all around<br />

the world buy diamonds as gifts for their loved ones<br />

once diamonds are known to represent happiness.<br />

However, there is the other si<strong>de</strong> of the story:<br />

Conflict diamonds are diamonds that originate from<br />

areas controlled by forces or factions opposed to legitimate<br />

and internationally recognized governments, and are used<br />

to fund military action in opposition to those governments,<br />

or in contravention of the <strong>de</strong>cisions of the Security Council<br />

Conflict diamonds, also known as “blood diamonds”,<br />

are those that are not consi<strong>de</strong>red legitimate<br />

- those which are illegally tra<strong>de</strong>d to finance attacks<br />

and other form of fuel to conflicts in specific areas, for<br />

example, some African countries. These conflict diamonds<br />

can be easily confused with trustworthy diamonds;<br />

the moment diamonds are sent to the market,<br />

it is almost impossible to know whether they are licit<br />

or illicit; their origin is hard to discover once brought<br />

to the trading post. Therefore, the diamond’s background<br />

has to be well known before merchandizing<br />

and distributing it worldwi<strong>de</strong>, for the sake of society.<br />

Around a <strong>de</strong>ca<strong>de</strong> ago, some countries <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>d that<br />

there had to be a measure to avoid the endurance of<br />

blood diamonds and consequently their access to the<br />

legitimate diamonds commercial route, certifying that<br />

in fact, diamonds were being used with a licit purpose<br />

and not the financing of conflicts against governments.<br />

The tra<strong>de</strong> of illicit diamonds has been the cause of <strong>de</strong>vastating<br />

attacks in the African continent and has led to<br />

<strong>de</strong>structive aftermaths, such as human rights abuses and<br />

<strong>de</strong>aths of innocent people. The Kimberley Process, “an international<br />

certification program aimed at ending conflict<br />

fueled by diamonds in Africa” , was officially instituted in<br />

2003 and its main objective is to certify that the diamonds<br />

are “conflict free” and that their origin is licit, guaranteeing<br />

that blood diamonds will not be a part of the legitimate<br />

tra<strong>de</strong>. According to it, “Rough diamonds must be shipped<br />

in sealed containers and exported with a Kimberley Process<br />

Certificate which certifies that the diamonds are conflict<br />

free.” The Kimberley Process has been essential for<br />

the strive against illegitimate diamonds; it <strong>de</strong>mands that<br />

every single rough diamond tra<strong>de</strong>d has to have with it a<br />

certificate that indicates it comes from a conflict free area.<br />

As reported by Eli Izhakoff, Chairman of the World Diamond<br />

Council, it is due to the Kimberley Process Certification<br />

Scheme (KPCS) that diamonds are one of the most<br />

controlled natural resource in the world and this measure<br />

has been very effective in the strive against illegitimate<br />

diamonds.<br />

Conflict diamonds have been reduced from approximately<br />

4% to consi<strong>de</strong>rably less than 1% since the implementation of<br />

the Kimberley Process in 2003. More than 99% of diamonds<br />

are now from conflict free sources and tra<strong>de</strong>d un<strong>de</strong>r the UNmandated<br />

Kimberley Process.<br />

Diamond trafficking is one of the main problems in Africa;<br />

it is an activity that finances the opposition towards<br />

governments in the continent and a part of the money<br />

is known to be invested in terrorist attacks; another part<br />

is directed to criminals, which means that the profit from<br />

this activity goes to other illegal activities. African people<br />

work hard, all day long, digging diamonds so they can<br />

earn a minimum amount of money to feed their family,<br />

meanwhile, a large amount of the money originated from<br />

the diamonds, which could be invested in the population,<br />

is hea<strong>de</strong>d to illegal purposes, such as crime and terrorism.<br />

The people do not suffer only from lack of money, but<br />

also with wars that occur because and related to such<br />

traffic. Several Africans have already died and others have<br />

65


een separated from their families, against their will as<br />

consequence. The diamond issue does not have relevance<br />

only in the African continent but all around the<br />

world; if the guerrilla warfare gains proportion, several<br />

countries around the world can suffer with these issues<br />

and the global economy may also be affected. Since<br />

diamonds are small, they can be hid<strong>de</strong>n insi<strong>de</strong> pockets,<br />

clothes, bags, among others to be tra<strong>de</strong>d. Even though<br />

they are small, their price is far from being as so; a single<br />

diamond can be used to finance weapons or even be<br />

invested in military activities.<br />

There is no way that the population can eradicate<br />

these issues, if the government does not act upon it.<br />

The lack of legislation and governmental control facilitates<br />

Africa becoming the source of illegal/conflict diamonds.<br />

Countries have to <strong>de</strong>velop their rule of law so<br />

that it con<strong>de</strong>mns such activity. Africa has weak states;<br />

therefore, its population is left without stability and the<br />

lack of a government is a serious matter that can have<br />

as a consequence, the emergence of terrorist groups.<br />

People, who are left without a purpose, or without any<br />

hope of one day having a job, earning money, or having<br />

dignity, might become violent towards the State that<br />

should be propitiating these things to them. A government<br />

has the duty to protect those who live in its territory<br />

and when it does not, the people are left without<br />

stability; this kind of instability (a State that does not<br />

provi<strong>de</strong> security to its own nationals) places a threat to<br />

the world’s safety and security.<br />

Terrorism is a global phenomenon and also a problem<br />

that Africa suffers from. The diamonds, legitimately<br />

extracted, are a vast source of money and employment,<br />

and are distributed worldwi<strong>de</strong>. However, the illegitimate<br />

portion of the diamonds, those known as “conflict<br />

diamonds”, are frequently used to fund terrorism or are<br />

invested in military activities. Billions of dollars are invested<br />

in wars, while the African people are suffering<br />

with total lack of money, food and health. In this sense,<br />

“Diamonds are forever” it is often said. But lives are<br />

not. We must spare people the or<strong>de</strong>al of war, mutilations<br />

and <strong>de</strong>ath for the sake of conflict diamonds.<br />

The continent suffers from the lack of security and<br />

stability, and consequently, its population suffers with<br />

the attacks which are becoming more frequent. If the<br />

governments were more stable and had the ability to<br />

run the countries, Africa could become a better orga-<br />

66<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

nized continent providing education, health and security<br />

to its people. The companies involved in diamond<br />

tra<strong>de</strong> also need to assist the situation; when buying<br />

diamonds, they have to ensure that they come from a<br />

legitimate source, “conflict free” diamonds.<br />

OVERVIEwS<br />

European Continent<br />

There are many European countries that are rough<br />

diamond sources, importers or exporters that participate<br />

in the Kimberley Process, in or<strong>de</strong>r to <strong>de</strong>crease the<br />

problems related to illegitimate diamonds. The governments<br />

that participate in this process must ensure that<br />

the diamonds being commercialized are from conflict<br />

free areas.<br />

Bosnia and Herzegovina is cooperating with the<br />

United States of América on International counter terrorism<br />

issues.<br />

Bosnia remained a weak, <strong>de</strong>centralized state and ethnically-based<br />

political confrontations continued to un<strong>de</strong>rmine<br />

national government. As a result of weak interagency<br />

communication, competing security structures, and political<br />

interference in law enforcement, Bosnia is vulnerable to exploitation<br />

as a potential staging ground for terrorist operations<br />

in Europe.<br />

Due to that Bosnia and Herzegovina has set all their<br />

efforts towards improving operational capabilities to<br />

combat terrorism and its forms of financing.<br />

The United Kingdom has played an important role in<br />

all aspects of the Kimberly Process. Initially rallying support<br />

for a technical discussion on rough diamond certification<br />

in Kimberly, and then acting as a vocal proponent<br />

of the process at the International Diamond Ministerial<br />

in Pretoria, South Africa, according to the G8 Toronto Reports.<br />

This is relevant because it can be consi<strong>de</strong>red convenient<br />

approaches with the intention of shattering the<br />

connection between the unlawful commerce related to<br />

diamonds and reinforced conflicts, including reviews of<br />

an international agreement about certification for brute<br />

diamonds.<br />

Moreover, the UK consi<strong>de</strong>rs that the UN’s commitment<br />

to set up the counter terrorism ability of member<br />

states, gui<strong>de</strong>d by bodies such as the Counter Terrorism


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Executive Directorate (CTED) and also the UN Office<br />

on Drugs and Crime (UNODC) ought to complement<br />

efforts among member states. The UN a function to<br />

fill up gaps therefore the terrorists can not exploit it.<br />

Furthermore the UK prefers lay emphasis on resources<br />

that provi<strong>de</strong>s assistance to the countries that are consi<strong>de</strong>red<br />

most venerable where possible while terrorism<br />

is able to affect either State.<br />

France is not a major importer, exporter, or producer<br />

of diamonds, however, the country has had<br />

an important participation in global efforts to abolish<br />

the illegal tra<strong>de</strong> of diamonds through its prestige<br />

and advantage of being a Permanent Member of the<br />

UNSC. Even though the country works along with<br />

other nations, supporting their measures to end the<br />

conflict diamond-related issues, it is known that the<br />

French government agrees to bring a less punitive<br />

approach to sanctions against lea<strong>de</strong>rs of “blood diamond”<br />

nations. Overall, France has been an important<br />

participant in the progress lead by the G8 in breaking<br />

the link between the international tra<strong>de</strong> of illegal diamonds<br />

and armed conflicts. Since 1963, three protocols<br />

and thirteen conventions related to the combat<br />

versus terrorism have been assumed. An embracing<br />

project convention on terrorism covenant on terrorism<br />

is being consi<strong>de</strong>red, however, after divers years<br />

of service has not been finished yet because, particularly,<br />

a consent on the meaning of terrorism was not<br />

achieved.<br />

Germany has encouraged and followed the efforts<br />

taken by the UN and the European Union towards<br />

controlling the tra<strong>de</strong> of illicit diamonds. This illicit market<br />

is responsible for financing and extending conflicts<br />

that threaten the stability in many parts of Africa,<br />

mostly Angola and Sierra Leone. However, because<br />

Germany is not a major exporter, importer, or source<br />

of diamonds, its influence on finding a solution to the<br />

illegitimate diamond conflict is limited. Because of its<br />

limited capacity to play a lea<strong>de</strong>rship role on this problem,<br />

the German government is assisting in another<br />

way, for example amongst with other efforts, Germany<br />

fomented the implantation of approximately 7000<br />

soldiers as portion of peace missions or<strong>de</strong>red by the<br />

United Nations. Therefore the country is consi<strong>de</strong>red<br />

the fourth-largest collaborator to the budget related<br />

to the measures of peace-keeping, in other words,<br />

Germany has an essential help concerning the funding<br />

of the “blue helmets”. It has supported internation-<br />

al efforts, and has also participated actively in multilateral<br />

organizations that regard the matter.<br />

Portugal colonized Angola and dominated it for about<br />

500 years, so it had a major influence in this African country.<br />

After the in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce movement, the Angolans<br />

achieved autonomy to <strong>de</strong>al with their country. There<br />

are some African migrants who live in Portugal; many of<br />

which are Angolans. Portugal, as well as Angola, is part<br />

of the Kimberley Process, which means that it is willing<br />

to assist those in need, since the country is not involved<br />

in “blood diamond” issues itself. The countries that participate<br />

in this process believe that it is efficient as long as<br />

collaboration takes place.<br />

Asian Continent<br />

There are many countries in the continent part to the<br />

Kimberley Process, such as China, India, Lebanon and<br />

Russia. The Chinese government is concerned over smuggling<br />

problem related to stones; the level of value ad<strong>de</strong>d<br />

tax (VAT) will be cut to zero for some diamonds, as an attempt<br />

to end the smuggling and to encourage and increase<br />

the number of legal business trading. The Chinese<br />

Government’s Official Web Portal states that:<br />

Those embarking on the unlawful business might be<br />

tempted to import through legal channels given the high risks<br />

they face and potential profits to be ma<strong>de</strong> because of the VAT<br />

reduction(…) It is expected that diamonds imported through<br />

legal transactions will make up a bigger share of the market in<br />

the future.<br />

Being a participating country in the Kimberley Process<br />

means that the government follows the measures instituted<br />

by it and is cooperating with the abolishment of<br />

“blood diamond” conflicts.<br />

It is known that China has been related in most conflicts<br />

in Africa, mainly when the topic is diamond. It participates<br />

in this process supplying weapons and war<br />

techniques to the African population. According to the<br />

Mail Online Web site, working alongsi<strong>de</strong> henchmen from<br />

one of ¬Africa’s most mur<strong>de</strong>rous regimes — hea<strong>de</strong>d by<br />

Robert Mugabe — the Chinese are overseeing Beijing’s<br />

investment in the world’s most controversial commodity:<br />

blood diamonds. It is also stated that there is sophisticated<br />

radar equipment, a fully-operational control tower and<br />

comfortable barracks for the Chinese officials overseeing<br />

the entire operation of search.<br />

67


India has a very strong and important diamond industry<br />

that employs millions of people and earns billions<br />

of dollars. There is a large amount of certified<br />

stones from this industry, which means that the Indian<br />

government follows the measures established by the<br />

Kimberley Process and that the diamonds go through<br />

a certification scheme to verify that they are, in<strong>de</strong>ed,<br />

legitimate and appropriate to enter the worldwi<strong>de</strong> market,<br />

without fueling any conflict. Therefore it can be said<br />

that:<br />

68<br />

India has a well <strong>de</strong>veloped law on mutual assist criminal<br />

matters which enables it to seek from and extend cooperation<br />

to foreign States in respect of mutual legal assistance in<br />

criminal matters. India has conclu<strong>de</strong>d Mutual Legal Assistance<br />

Treaties with 26 countries and 5 more Treaties are un<strong>de</strong>r<br />

negotiation. To ensure a greater sense of security within<br />

the South Asian region, recently at the Fifteenth Summit<br />

of the SAARC, a Convention on Mutual Legal Assistance in<br />

Criminal Matters was adopted which allows Member States<br />

to provi<strong>de</strong> each other the greatest measure of mutual assistance<br />

in criminal matters..<br />

Russia is another country part to the Kimberley Process,<br />

adopting its measures in or<strong>de</strong>r to avoid the tra<strong>de</strong><br />

of diamonds originated in conflict areas. The diamonds<br />

from Russian origin go through a certification scheme<br />

to ensure that they are, in fact, licit and legitimate diamonds.<br />

The country is an important diamond source,<br />

being the world’s second largest, which means that a<br />

large amount of the diamonds being sent to worldwi<strong>de</strong><br />

market have their origin in the Russian country. The G8<br />

Summit Declaration on Counter-Terrorism highlighted<br />

12 priorities of anti-terrorist work jointly with partners<br />

from other countries, each of which are self explaining:<br />

• Implementing and upgrading the global legal<br />

framework on the counter-terrorism;<br />

• Assuring national legislation is adjusted, in<br />

an appropriate way, to lead new terrorist <strong>de</strong>fi<br />

ance’s;<br />

• Attempts by terrorists must be repressed in or<br />

<strong>de</strong>r to receive entrance to weapons and other<br />

wherewithal of mass <strong>de</strong>struction;<br />

• Engaging in assiduous dialogue with civilian so<br />

ciety to assist to prevent terrorism;<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

• Improving efforts to combat that terrorism is fi<br />

nanced based on consented standards;<br />

• Implementing and <strong>de</strong>veloping an successful<br />

strategy to fight against terrorist recruitment<br />

and publicity, including the ones related to the<br />

utilization of suici<strong>de</strong> bombers;<br />

• Successfully countering attempts to abuse cy<br />

berspace for terrorist finalities, including provo<br />

cation to perpetrate terrorist acts, to plan and<br />

communicate about terrorist acts, even as train<br />

ing and recruitment of terrorists;<br />

• Avoiding any misuse of the migration polity for<br />

terrorist reasons while at the equal legitimate<br />

travel is time facilitating;<br />

• Bringing to justice, in accordance with liabili<br />

ties beneath international law, the ones that<br />

are culprit of terrorist acts, likewise their sup<br />

porters and sponsors, those who stimulate ter<br />

rorist acts and those whose plans are the acts;<br />

• Assuring and foment respect for international<br />

law, with international human rights law as<br />

part of it, humanitarian law and refugee law in<br />

our entire counter-terrorism efforts;<br />

• Promoting supplies chain safety, based on pre<br />

vailing international best practices and stan<br />

dards;;<br />

• Promoting international cooperation in road<br />

safety, subway and rail and increase standards<br />

in maritime security and aviations.<br />

Lebanon has been involved in the importation of<br />

rough diamonds, creating concern that the profit coming<br />

from these illicit diamonds could be used to finance<br />

African conflicts and consequently fund the terrorism in<br />

the continent. Lebanon customs data published online<br />

showed that industrial rough diamonds worth US$ 156<br />

million were imported during 2005, investigation has<br />

taken place, but nobody has been charged or has been<br />

un<strong>de</strong>r investigation.


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Américan Continent<br />

The Canadian diamond industry is <strong>de</strong>veloping itself<br />

into a prominent one, hence, the country’s vast interest<br />

in the subject, “by 2003, Canada had become the<br />

world’s third largest diamond producer on a value basis<br />

after Botswana and Russia.” Even though Canada is<br />

not a member of this committee, it is a great example<br />

of a country that supports the proposals established<br />

by the Kimberley Process as it has had a leading role<br />

in the implementation of its measures and is a country<br />

that has been important when it comes to the issues.<br />

The Unites States of América (USA) is also part to<br />

the Kimberley Process, helping the African Continent,<br />

and adopting measures to end the issue. The country<br />

is responsible for one third of the global diamond<br />

sales and because of this fact, the USA gained a lea<strong>de</strong>r<br />

position in the search for methods to avoid conflicts<br />

financed by illicit diamonds.<br />

An important and interesting fact about the USA<br />

is that its embassy, managed a training workshop<br />

to enhance the ability of the officers that monitored<br />

the mines in Sierra Leone, towards tackling diamond<br />

smuggling. This was a great contribution from the<br />

country, as an attempt to reach a solution for the<br />

smuggling problem. That can be seen at the statement<br />

by Ambassador Rosemary A. DiCarlo, also U.S. Deputy<br />

Permanent Representative to the United Nations at an<br />

Open Security Council Debate on the United Nation’s<br />

Counter Terrorism Committees on November 15th of<br />

2010, where it says:<br />

The United States welcomes the significant enhancements<br />

to the regime’s listing and <strong>de</strong>listing processes outlined<br />

in Resolutions 1735, 1822, and 1904. We remain<br />

confi<strong>de</strong>nt that the establishment of an in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<br />

Ombudsperson for the regime will help ensure that the<br />

<strong>de</strong>listing procedures are fair and transparent. We welcome<br />

Kimberly Prost’s appointment as the Committee’s first Ombudsperson,<br />

and we look forward to working with her.<br />

Brazil is not a country that has a significant participation<br />

in the trading of conflict diamonds originated<br />

in Africa. In its own territory, however, the country has<br />

to <strong>de</strong>al with issues of the same matter. In Cinta Larga,<br />

Brazil’s indigenous tribe reservation, due to the country’s<br />

rich diamond mines, illicit diamond trading takes<br />

place. Mining these lands is illegal, but a “black mar-<br />

ket” has existed since the late 1900’s.<br />

In Africa, conflict diamonds have financed and exten<strong>de</strong>d<br />

wars in the continent; in Colombia, cocaine has<br />

supported the conflicts in the country. The two major<br />

guerrilla groups, the Revolutionary Armed Forces of Colombia<br />

(FARC) and the National Liberation Army (ELN) are<br />

playing and expanding spot in the cocaine´s productions.<br />

Just like the “blood diamond” smuggling, the drug traffic<br />

is also in the black market and these problems affect very<br />

much the countries they are related to. Therefore Colombia<br />

must have support from its neighbors:<br />

The Colombian experience confirms that only by achieving<br />

a balance between the actions aimed at <strong>de</strong>creasing the supply<br />

and <strong>de</strong>mand of drugs; it is possible to advance in an efficient<br />

and progressive manner in the fight against the world drug<br />

problem. It is indispensable to face with all the links. All the<br />

countries involved, be it producing, transit, or consumer countries,<br />

must face with equal <strong>de</strong>termination and in a joint manner,<br />

the different manifestations of the problem.<br />

African Continent<br />

Because diamonds are one of the natural resources<br />

that Africa has the most in its territory and it brings along<br />

with conflicts, an astonishing amount of money that helps<br />

the continent <strong>de</strong>velop and gain wealth. Miners produce<br />

billions of dollars worth of diamonds, but earn only a few<br />

per month. However, the money that comes from “blood<br />

diamonds” is used to finance conflicts and terrorist attacks,<br />

jeopardizing the lives of people. There are several<br />

conflicts in the African Continent that happen because of<br />

the so called “blood diamonds”. The faction of the population<br />

that works digging the diamonds can be negatively<br />

affected because the money they earn with this job is<br />

minimum, when compared to the amount of money that<br />

this activity launches as it is known that the industry is<br />

worth billions of dollars.<br />

In the 90’s, there were conflicts in Angola and Sierra<br />

Leone taking place because of “blood diamonds” that financed<br />

the acquisition of weapons. As a consequence,<br />

several lives were taken and a significant number of<br />

people were harmed by the rebels. The rebel group, originated<br />

in Sierra Leone, known as the Revolutionary United<br />

Front (RUF), killed and injured several people who worked<br />

at the diamond mines, until they could fully control these<br />

mines. The group attacked people all around the country,<br />

spreading terror and fear throughout the population. As a<br />

69


consequence of the terrorist attacks, people suffered<br />

mutilations of body parts and innocent lives were<br />

taken.<br />

The most important agreement between countries<br />

to attempt to put an end to the diamond issue,<br />

the Kimberley Process, was a South African initiative.<br />

The country had the intention “to <strong>de</strong>velop an international<br />

certification scheme for rough diamonds to<br />

help prevent conflict diamonds from entering legitimate<br />

markets.” An interesting fact is that a big part<br />

of the diamonds being tra<strong>de</strong>d all around the world<br />

comes from South Africa.<br />

Gabon is an example of a country that participates<br />

in the Kimberley process. The country does not count<br />

with a lot, but its professional military is composed by<br />

8000 personnel cloven into air force, military, national<br />

police, army, gendarmerie and navy.<br />

In the other hand, Nigeria is <strong>de</strong>aling with the same<br />

problem as the whole African continent, although<br />

they do not have “blood diamonds” but does have<br />

“blood oil”. In Nigeria there is a place called Delta region<br />

which has been the scene of repeated armed conflicts,<br />

promoted by local resi<strong>de</strong>nts, dissi<strong>de</strong>nt groups<br />

and the militaries. This conflict has killed many lives<br />

and has almost stopped the country´s main export<br />

sector. Nigeria is also a member of the United Nations<br />

Security Council and assists the efforts of the Counter-<br />

Terrorism Committee Executive Directorate (CTED) to<br />

construct the ability of States to fight against terrorism,<br />

as it continuous to go an extensive way towards<br />

resolving the question of non-compliance or partial<br />

by some Member States due to their obligations’ report.<br />

Due to its importance, Angola and Sierra Leone<br />

will be observer members. The first has a rich variation<br />

of natural resources in its territory and it has been<br />

a diamond producing country for a while now; since<br />

the beginning of the 1900s its miners have been digging<br />

diamonds and this natural resource has influenced<br />

the Angolan economy. After its in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce<br />

from Portugal, the country was not able to become a<br />

stable state and consequently, it suffered with several<br />

civil wars that happened because of two groups that<br />

were against one another. Illicit diamonds have been<br />

used by the rebels to finance innumerous. Several<br />

lives were taken during these wars that lasted many<br />

70<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

years. Nowadays, Angola is part to the Kimberley Process<br />

and illegitimate diamonds are no longer tra<strong>de</strong>d in the<br />

country. Despite all the information above, Angola is an<br />

essential element to the cooperation versus terrorism in<br />

the international system. The Angolan presi<strong>de</strong>nt Jose Eduardo<br />

dos Santos has in mind that: “Angola continues to<br />

believe in this path and although in some cases progress<br />

has been ma<strong>de</strong>, we have been following with concern the<br />

various conflicts that remain unresolved in many parts of<br />

the world”.<br />

Sierra Leone is not a rich country and its population<br />

suffers with the lack of economic and social <strong>de</strong>velopment.<br />

The country, as well as Angola, has several natural resources<br />

in its territory, including diamonds that were discovered<br />

around 1930. For approximately ten years, Sierra<br />

Leone was involved in civil wars that occurred because of<br />

the interest in diamonds. The Revolutionary United Front<br />

(RUF) had the intention to control the mines and to do so<br />

terrorize the population. People were injured, had body<br />

parts mutilated and killed. Nowadays, the country has<br />

UN support through the United Nations Mission in Sierra<br />

Leone (UNAMSIL). Sierra Leone is part to the Kimberley<br />

Process.<br />

CONSIDERATIONS<br />

Terrorism is a current subject and many countries all<br />

around the world have suffered with it; to be able to participate,<br />

in an appropriate way in the discussions, each<br />

country has to know about its history with terrorism,<br />

whether it has already suffered any attacks, is un<strong>de</strong>r attack<br />

or has assisted other nations in need.<br />

Since terrorists may attack any country, without relevant<br />

explanation, it is important that countries join<br />

forces and come up with methods to avoid these attacks;<br />

governments have to implement the measures that have<br />

been created by the UN members, in or<strong>de</strong>r to make countering<br />

possible. It is very important that each country<br />

knows exactly which measures are being followed by its<br />

government and how it is assisting to end this threatening<br />

problem. Another important topic to be researched<br />

is whether these measures take in consi<strong>de</strong>ration the respect<br />

towards human rights.<br />

In the CTC the discussions may focus on diamond trafficking<br />

and the conflict diamond issue; it is of extreme<br />

importance that the past events related to these topics in<br />

each country are well un<strong>de</strong>rstood by the respective <strong>de</strong>le


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

gates, in or<strong>de</strong>r to have an appropriate discussion about<br />

the matter.<br />

Similar to the terrorism issue, diamond trafficking is<br />

also another problem that has to come to an end, for<br />

the sake of humankind. Countries all around the world<br />

have created methods to minimize the issue and certify<br />

that the diamonds being sent worldwi<strong>de</strong> are conflict<br />

free. As an example, the Kimberley Process Certification<br />

Scheme (KPCS) was brought into existence to certify<br />

the legitimacy of the diamonds. Several countries have<br />

signed this process, meaning that they are willing to<br />

implement its measures.<br />

Last but not least, the African continent has other<br />

problems in addition to the diamond one; other countries<br />

have gotten involved in conflicts with African<br />

countries and there have been several conflicts among<br />

African countries. The motive of each combat is unique<br />

and each country has its own motivations, however, it<br />

is important to state, once again, that the governments<br />

have been implementing measures to end these sorts<br />

of issues between countries. The United Nations is in<br />

favor of peace and stability and all of the measures created<br />

by them take into consi<strong>de</strong>ration this finality.<br />

CONSULTED wEB SITES<br />

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=bl&ots=Z69b0FZ1SK&sig=14JHXQ2BPAfQjYTnq5YQqBAO2aY&hl=pt-<br />

BR&ei=InUuTZjfO4S8lQf899X1Cw&sa=X&oi=book_result&ct=result&re<br />

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at: http://www.worlddiamondcouncil.org/download/resources/documents/<br />

Fact%20Sheet%20(The%20Diamond%20Industry).pdf. Last visit: 23/02/2011.


TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMAS<br />

LEVES E DE PEQUENO CALIBRE:<br />

O CASO DOS MORROS CARIOCAS


Prezados srs. <strong>de</strong>legados,<br />

74<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

É com gran<strong>de</strong> satisfação que nós, diretores do Comitê <strong>de</strong> Desarmamento e Segurança Internacional,<br />

damos as boas-vindas ao VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil. Preten<strong>de</strong>mos, como em todas as edições<br />

anteriores da simulação, propiciar-lhes experiências enriquecedoras tanto para sua formação acadêmica<br />

quanto para sua visão do mundo.<br />

Sendo assim, comecemos por nossa apresentação. Meu nome é Daniel Felipini Filho, tenho 20 anos e curso<br />

o 5º semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais da FAAP. A experiência que adquiri em mo<strong>de</strong>los é <strong>de</strong>corrência<br />

da minha participação nas últimas três edições do Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil, tanto como parte<br />

do staff acadêmico quanto do administrativo, em três edições do Fórum FAAP <strong>de</strong> Desenvolvimento (Ribeirão<br />

Preto), uma edição do Porto ONU e uma edição do SPMUN, todas como diretor acadêmico.<br />

Eduardo Barion Baaklini tem 22 anos e cursa o 5º semestre <strong>de</strong> Ciências Econômicas na FAAP e é também<br />

graduado no curso <strong>de</strong> Relações Internacionais da mesma instituição. Atuou nas últimas três edições do Fórum<br />

FAAP, em duas edições do Fórum FAAP <strong>de</strong> Desenvolvimento (Ribeirão Preto) e uma edição do SPMUN,<br />

todas como diretor acadêmico.<br />

Agnaldo Moreno Junior tem 23 anos e cursa o 8º semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais, atuou como voluntário<br />

<strong>de</strong> estrutura no V Fórum FAAP, como diretor <strong>de</strong> estrutura na sexta edição da mesma simulação e como<br />

diretor acadêmico da última edição do Fórum FAAP <strong>de</strong> Desenvolvimento (Ribeirão Preto).<br />

Acreditamos que as discussões em torno do Tráfico Internacional <strong>de</strong> Armas Leves e <strong>de</strong> Pequeno Calibre: o<br />

caso dos morros cariocas serão extremamente ricas e polêmicas. Com isso, o VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão<br />

Estudantil e o Comitê <strong>de</strong> Desarmamento e Segurança Internacional convocam todos os Estados-membros<br />

para um novo <strong>de</strong>safio, com o intuito <strong>de</strong> criar uma resolução com as medidas necessárias para a solução <strong>de</strong>ssa<br />

situação que afeta diariamente a população da cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Atenciosamente,<br />

Daniel Felipini Filho, Eduardo Barion Baaklini e Agnaldo Moreno Jr.<br />

Diretores acadêmicos


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

HISTóRICO DO COMITê<br />

Após o fracasso da Liga das Nações, o mundo se encontrava<br />

perante a necessida<strong>de</strong> da criação <strong>de</strong> um organismo<br />

<strong>de</strong> governança global que, ao contrário do primeiro,<br />

não tentaria impedir guerras, mas sim zelar pela<br />

paz e segurança internacionais através da assistência às<br />

vítimas <strong>de</strong>sses conflitos. Com isso, no ano <strong>de</strong> 1945, após<br />

o fim da Segunda Guerra Mundial, na conferência <strong>de</strong><br />

São Francisco, diplomatas <strong>de</strong> 51 países se reuniram para<br />

a criação da Organização das Nações Unidas (ONU).<br />

Entre os órgãos criados <strong>de</strong>ntro das Nações Unidas,<br />

a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) é o que<br />

possui o maior número <strong>de</strong> Estados-membros em um<br />

comitê <strong>de</strong> temática geral, sendo 192 nações com po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> voz e voto igualitário, com o intuito <strong>de</strong> discutir todas<br />

as questões previstas na Carta das Nações Unidas.<br />

A Assembleia Geral das Nações Unidas foi criada<br />

através dos preceitos da Carta da ONU e, <strong>de</strong>vido ao<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> itens previstos, cujo principal objetivo<br />

é a manutenção da paz e segurança internacionais<br />

que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados pela AGNU durante cada<br />

sessão, esta teve seu corpo estrutural dividido entre seis<br />

comitês subsidiários. Cada um aborda as competências<br />

que lhe foram atribuídas e visa harmonizar as diferentes<br />

abordagens das <strong>de</strong>legações antes <strong>de</strong> apresentar um<br />

projeto <strong>de</strong> resolução à plenária da Assembleia.<br />

Conforme dito acima, a AGNU é dividida entre<br />

seis comitês, sendo eles: Primeiro Comitê: Desarmamento<br />

e Segurança Internacional (DSI); Segundo<br />

Comitê: Econômico e Financeiro (ECOFIN); Terceiro Comitê:<br />

Social, Humanitário e Cultural (SOCHUM); Quarto<br />

Comitê: Políticas Especiais e Descolonização (SPECPOL);<br />

Quinto Comitê: Administrativo e Orçamentário; Sexto<br />

Comitê: Jurídico.<br />

O Comitê <strong>de</strong> Desarmamento e Segurança Internacional<br />

possui como competência a promoção e manutenção<br />

da paz e da segurança internacionais, que continuam<br />

a ser uma das principais priorida<strong>de</strong>s no âmbito<br />

do sistema das Nações Unidas. O DSI possui como objetivo<br />

o <strong>de</strong>sarmamento ao redor do mundo, trabalhando<br />

nas resoluções referentes a métodos possíveis para regulamentação<br />

<strong>de</strong> armamentos, tanto na prevenção <strong>de</strong><br />

guerras como na redução <strong>de</strong> conflitos armados ao redor<br />

do globo, assim como na fiscalização do uso do espaço<br />

para fins militares.<br />

Foi <strong>de</strong>finido pelo Instituto das Nações Unidas para a<br />

Pesquisa sobre o Desarmamento (UNIDIR) que existem<br />

seis classes <strong>de</strong> armamentos que se encaixam nas competências<br />

da ONU para redução e não proliferação, sendo<br />

elas: armas leves e <strong>de</strong> pequeno calibre, armas químicas,<br />

biológicas, nucleares, minas terrestres e mísseis.<br />

A questão das armas leves e <strong>de</strong> pequeno calibre, a<br />

qual este comitê classifica como uma ameaça para a segurança<br />

e estabilida<strong>de</strong> regionais e internacionais, pois<br />

constituem a situação mais preocupante pois cerca <strong>de</strong><br />

60% a 90% das mais <strong>de</strong> 100.000 mortes que ocorrem<br />

em conflitos armados por ano são causadas pelas mesmas.<br />

Por trabalhar com uma temática semelhante à do<br />

Conselho <strong>de</strong> Segurança das Nações Unidas (CSNU), os<br />

comitês mantêm uma relação estreita. Da mesma forma,<br />

por não comporem o corpo estrutural da AGNU, o<br />

DSI ainda se relaciona com outros organismos e agências<br />

do sistema das Nações Unidas, formando uma<br />

gama <strong>de</strong> comitês e agências especializadas que visam<br />

promover a paz e a segurança internacionais. Esta relação<br />

com o CSNU é <strong>de</strong>limitada pelo artigo 12 da Carta<br />

das Nações Unidas:<br />

Enquanto o Conselho <strong>de</strong> Segurança estiver exercendo,<br />

em relação a qualquer controvérsia ou situação, as funções<br />

que lhe são atribuídas na presente Carta, a Assembleia Geral<br />

não fará nenhuma recomendação a respeito <strong>de</strong>ssa controvérsia<br />

ou situação, a menos que o Conselho <strong>de</strong> Segurança a<br />

solicite.<br />

Por sua natureza, as reuniões do DSI ocorrem uma<br />

vez por ano durante três semanas. Ao final <strong>de</strong> cada reunião,<br />

é redigida uma resolução que, assim como aquelas<br />

produzidas pela Assembleia Geral e seus comitês subsidiários,<br />

possuem caráter recomendatório, ou seja, não<br />

possuem caráter legal <strong>de</strong> obrigação aos Estados-membros,<br />

sendo que o único comitê das Nações Unidas a<br />

<strong>de</strong>ter tal po<strong>de</strong>r é o CSNU. As resoluções originadas pelo<br />

comitê são apresentadas no plenário da AGNU e postas<br />

para aprovação ou po<strong>de</strong>m ser enviadas ao Conselho<br />

<strong>de</strong> Segurança que, por sua vez, <strong>de</strong>cidirá sobre uma<br />

eventual aplicação <strong>de</strong> mecanismos coercitivos para sua<br />

ratificação. De qualquer forma, as resoluções redigidas<br />

no DSI são recebidas com credibilida<strong>de</strong> pelos atores<br />

75


internacionais, pois o comitê apresenta uma ampla<br />

representação dos Estados-membros da ONU, sendo<br />

que estas nações possuem igualda<strong>de</strong> nas condições<br />

<strong>de</strong> voz e voto.<br />

O Primeiro Comitê da AGNU é a única arena internacional,<br />

on<strong>de</strong> todos os Estados são encorajados<br />

anualmente a expressar suas opiniões sobre questões<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmamento, discutindo questões que forem<br />

objeto <strong>de</strong> contestação entre eles e buscando soluções<br />

comuns por meio da cooperação internacional, para<br />

minimizar os gastos com a indústria bélica e reduzir o<br />

seu tráfico, comércio legal e produção.<br />

DEFINIÇÕES<br />

Este guia possui o intuito <strong>de</strong> analisar o tráfico<br />

internacional <strong>de</strong> armas leves e <strong>de</strong> pequeno calibre,<br />

através do estudo <strong>de</strong> caso dos morros cariocas. Antes<br />

<strong>de</strong> analisarmos o tráfico internacional <strong>de</strong> armas<br />

leves no Rio <strong>de</strong> Janeiro, é necessário <strong>de</strong>finir o que é<br />

esse tipo <strong>de</strong> arma, assim como os agentes, mercados e<br />

termos que fazem parte do tráfico internacional <strong>de</strong>sse<br />

armamento.<br />

• Armas leves e <strong>de</strong> Pequeno Calibre (Small<br />

Arms and Light Weapons – SALW)<br />

A sigla SALW é uma junção dos conceitos <strong>de</strong> Small<br />

Arms (armas <strong>de</strong> pequeno calibre) e Light Weapons (armas<br />

leves), tal nomenclatura é utilizada nos protocolos<br />

<strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas para se referir a tal espécie <strong>de</strong><br />

armamento, uma vez unificadas, essas duas nomenclaturas<br />

são as mais envolvidas em homicídios todos<br />

os anos.<br />

O termo small arms, consiste em armas <strong>de</strong> pequeno<br />

calibre, projetadas para uso pessoal, as armas que<br />

compõem esta espécie <strong>de</strong> armamentos são revólveres,<br />

espingardas, pistolas, escopetas, rifles, carabinas,<br />

submetralhadoras, metralhadoras leves e armas manuais,<br />

semiautomáticas e automáticas - portáveis por<br />

apenas um indivíduo.<br />

O termo light weapons consiste em armas leves<br />

e explosivos - portáveis por um individuo, animal<br />

<strong>de</strong> carga, ou por um veículo, são armas criadas para<br />

76<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

serem utilizadas por um grupo <strong>de</strong> pessoas havendo a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uso individual. As armas que compõem esta<br />

espécie <strong>de</strong> armamentos são mísseis antitanque, foguetes<br />

antiaéreos, mísseis em geral, minas terrestres, canhões<br />

antiaéreos, morteiros, granadas <strong>de</strong> mão e granadas propelidas<br />

por foguetes (Rocket Propelled Grena<strong>de</strong>s – RPG,<br />

armas usadas como antitanques - pequenas o suficiente<br />

para serem transportadas por um indivíduo).<br />

Apesar <strong>de</strong> serem utilizadas em conflitos armados, punhais,<br />

catanas (facas conhecidas popularmente como “facões”),<br />

flechas e arcos não se enquadram na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

SALW e sim como armas brancas, que são basicamente<br />

armas que não são <strong>de</strong> fogo.<br />

• Indústria <strong>de</strong> armas<br />

O termo “indústria <strong>de</strong> armas” engloba um setor da economia<br />

mundial que se refere às indústrias que produzem<br />

e comercializam armamentos, munições, equipamentos<br />

e tecnologias bélicas para os Estados, sendo elas ligadas<br />

ou não aos Estados. Este ramo abrange também o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e pesquisa <strong>de</strong> tecnologia bélica, assim como<br />

o comércio da mesma.<br />

• Munições<br />

Tudo o que for necessário para a recarga <strong>de</strong> armamentos,<br />

como exemplo: cartuchos para armas <strong>de</strong> pequeno<br />

calibre; conchas e mísseis para armas leves; recipientes<br />

móveis com mísseis ou cartuchos para uma única ação<br />

antiaérea e sistemas <strong>de</strong> antitanque, antipessoal e granadas<br />

antitanque, e as minas terrestres. Entre as munições<br />

mais utilizados em conflitos armados estão as <strong>de</strong> 5,56<br />

mm, 7,62 mm e 12,7 mm para fuzis <strong>de</strong> assalto e metralhadoras<br />

leves e pesadas e as <strong>de</strong> 9 mm para submetralhadoras<br />

e pistolas automáticas.<br />

• Transferências ilegais no mercado cinza<br />

Governos e seus agentes ou indivíduos que exploram<br />

intencionalmente falhas no sistema para contornar leis<br />

nacionais e/ou internacionais, ou as políticas existentes<br />

sobre o tema, a fim <strong>de</strong> realizar vendas ilegais.<br />

• Transferências ilegais no mercado negro


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Infringindo as legislações tanto do país <strong>de</strong> origem<br />

como a internacional, sem consentimento e/ou controle<br />

oficial do Estado ocorrer, as transferências no mercado<br />

negro normalmente são efetuadas por funcionários<br />

corruptos do governo ou por traficantes agindo<br />

por conta própria para ganhos pessoais. Denominado<br />

“comércio formiga”, o processo <strong>de</strong> transferências legais<br />

para o mercado negro se passa a partir <strong>de</strong> armamentos<br />

comprados legalmente que se tornam ilícitos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

contraban<strong>de</strong>ados ou furtados.<br />

• Transferências legais<br />

As transferências legais, que são compra e/ou venda<br />

<strong>de</strong> armamentos com consentimento e controle oficial<br />

do Estado, ou pelo mesmo, ocorrem com o envolvimento<br />

direto ou indireto do Estado, ou <strong>de</strong> seus agentes autorizados<br />

conforme as legislações nacionais e internacionais.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Com o passar das décadas a problemática da proliferação<br />

<strong>de</strong> armas leves e <strong>de</strong> pequeno calibre e os inúmeros<br />

casos <strong>de</strong> suicídios, homicídios, terrorismo e crimes vinculados<br />

a estas sempre fizeram parte da realida<strong>de</strong> tanto<br />

internacional quanto nacional e se encontram em contínuo<br />

crescimento até o momento. Porém, somente após<br />

o término da Guerra Fria, em 1991, a questão da proliferação<br />

<strong>de</strong>stes armamentos foi adicionada à agenda<br />

da Organização das Nações Unidas, <strong>de</strong>vido à tamanha<br />

proporção <strong>de</strong> transferências <strong>de</strong> equipamentos bélicos<br />

leves.<br />

A partir <strong>de</strong>sse ponto, medidas que visam o controle<br />

da movimentação e comércio <strong>de</strong> armas leves e <strong>de</strong> pequeno<br />

porte começaram a ser discutidas e aplicadas.<br />

Tais medidas e mais especificamente a questão do tráfico<br />

das SALW nos morros cariocas e a que estas se direcionam<br />

são os pontos que serão abordados neste guia<br />

<strong>de</strong> estudo.<br />

Nas duas últimas décadas, a indústria <strong>de</strong> armas leves<br />

e <strong>de</strong> pequeno calibre alcançou um crescimento consi<strong>de</strong>rável<br />

no cenário internacional. Durante este período,<br />

<strong>de</strong> acordo com o projeto Small Arms Survey, a produção<br />

mundial <strong>de</strong>sses armamentos atingiu aproximadamente<br />

6,3 milhões <strong>de</strong> armas por ano, tendo como principal<br />

produtor os EUA, que, para abastecer a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>man-<br />

da do seu mercado interno, se tornou o maior produtor<br />

do mundo <strong>de</strong> SALW (Small Arms and Light Weapons),<br />

também <strong>de</strong>ve-se levar em consi<strong>de</strong>ração que a produção<br />

ilícita <strong>de</strong>ssas armas possui um número significativo.<br />

O comércio ao redor do globo fatura aproximadamente<br />

quatro bilhões <strong>de</strong> dólares por ano, com o objetivo<br />

<strong>de</strong> suprir a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> armas leves, proporcionadas<br />

por indivíduos que buscam praticar esportes ou como<br />

forma <strong>de</strong> proteção da violência.<br />

Sendo que o trafico ilícito das SALW representa 15%<br />

do comércio <strong>de</strong> armas no mundo, esses armamentos<br />

são o que inicia e/ou o combustível para conflitos civis<br />

na atualida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser a fonte que acentua o terrorismo,<br />

as guerras, o crime organizado, as guerras entre<br />

facções criminosas e a corrupção.<br />

Mesmo em socieda<strong>de</strong>s nas quais conflitos civis não<br />

estão presentes, as armas leves contribuem para o aumento<br />

da criminalida<strong>de</strong> e instabilida<strong>de</strong> política, prejudicando<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento e a segurança <strong>de</strong> civis nessas<br />

socieda<strong>de</strong>s, pois armas leve são a principal matéria-<br />

-prima utilizada por grupos extremistas que almejam<br />

aumentar seus arsenais.<br />

As armas leves e <strong>de</strong> pequeno calibre são responsáveis<br />

por um cenário emergencial, pois, além <strong>de</strong> serem<br />

responsáveis por porcentagens extremas <strong>de</strong> homicídios<br />

em conflitos armados, estas também são culpadas por<br />

milhares <strong>de</strong> mortes fora da zona <strong>de</strong> guerra e meta<strong>de</strong><br />

dos 175 casos <strong>de</strong> ataques terroristas nos últimos anos.<br />

Restringir o fluxo <strong>de</strong> armamentos leves é uma tarefa<br />

extremamente difícil, pois existe um gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> indivíduos com autorização legítima para a circulação<br />

<strong>de</strong>stas, como militares, policiais, esportistas profissionais<br />

e amadores para lazer, porém essa autorização<br />

exclui fabricação, armazenagem e venda, apenas é permitido<br />

o porte <strong>de</strong> armamentos leves, com exceção <strong>de</strong><br />

minas e armas químicas e biológicas. Os Estados tentam<br />

impedir o <strong>de</strong>svio e o uso in<strong>de</strong>vido das SALW sem infringir<br />

o seu uso e o comércio legítimo.<br />

O tráfico ilegal <strong>de</strong> SALW ocorre com facilida<strong>de</strong> por<br />

não serem armamentos <strong>de</strong> difícil acesso, pelo seu baixo<br />

custo e pelo transporte ser simples <strong>de</strong>vido ao seu pequeno<br />

porte. Milhares <strong>de</strong>stes armamentos são vulneráveis<br />

a furto nos arsenais dos Estados. Por não serem<br />

consi<strong>de</strong>radas armas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição são mantidos<br />

77


em bases do exército e em bases ou <strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> policias<br />

comuns. No caso do Brasil as bases do exército<br />

se encontram em estado precário e não possuem vigilância<br />

a<strong>de</strong>quada, assim como as mantidas pela policia,<br />

o que facilita os furtos <strong>de</strong> SALW, como ocorrido<br />

em 2009, quando o 6º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria Leve <strong>de</strong><br />

Caçapava (SP) sofreu o furto <strong>de</strong> sete fuzis e 140 cartuchos<br />

<strong>de</strong> munição. Menos <strong>de</strong> 72 horas <strong>de</strong>pois, 22 fuzis<br />

foram roubados <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> treinamento tático<br />

da polícia civil, em Ribeirão Pires (SP). Uma vez adquiridas<br />

pelo traficante, essas armas são contraban<strong>de</strong>adas<br />

pelas fronteiras <strong>de</strong> diversas formas. Po<strong>de</strong>ndo ser<br />

transportadas escondidas em sacos <strong>de</strong> alimentos em<br />

caminhões, embaladas em aparelhos domésticos que<br />

são carregadas em navios <strong>de</strong> carga e até mesmo jogadas<br />

pelo ar por antigos aviões militares.<br />

Pelo fácil acesso, as SALW acabam nas mãos <strong>de</strong> terroristas<br />

e outros criminosos. Apesar <strong>de</strong> serem consi<strong>de</strong>radas<br />

armas menores, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong>las não <strong>de</strong>ve<br />

ser menosprezado, essas armas possuem capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ocasionar a morte <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> civis inocentes.<br />

Uma granada propelida por foguete - RPG (shoul<strong>de</strong>r-<br />

-fired surface-to-air missile), que po<strong>de</strong> ser encontrado<br />

no mercado negro por apenas alguns milhares dólares,<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar um avião comercial, assim como<br />

rifles que são vendidos por U$100 e po<strong>de</strong>m causar<br />

gran<strong>de</strong>s danos como evi<strong>de</strong>nciamos no Egito em novembro<br />

<strong>de</strong> 1997, on<strong>de</strong> apenas seis terroristas portando<br />

fuzis mataram 58 turistas.<br />

Por esses fatos, o tráfico <strong>de</strong> armas leves e <strong>de</strong> pequeno<br />

calibre <strong>de</strong>ve ser controlado <strong>de</strong> forma severa, <strong>de</strong>cretando<br />

um controle pesado na comercialização interna<br />

tanto quanto em caso <strong>de</strong> exportação, assim como nas<br />

fronteiras. Devem-se criar meios <strong>de</strong> aumentar a segurança<br />

nos arsenais dos Estados ou até mesmo uma<br />

redução, <strong>de</strong>sarmando re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tráfico, combatendo<br />

assim as causas dos conflitos civis e os crescentes índices<br />

na criminalida<strong>de</strong> urbana, os Estados <strong>de</strong>vem reduzir<br />

a oferta e a procura <strong>de</strong>stes armamentos.<br />

Durante décadas, enquanto armas leves e <strong>de</strong> pequeno<br />

porte proliferaram e foram responsáveis por<br />

um número alarmante <strong>de</strong> óbitos, o controle internacional<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmamento mantinha seus esforços apenas<br />

na resolução <strong>de</strong> acordos para a não proliferação<br />

<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa. Apenas em 2001,<br />

em uma conferência das Nações Unidas, foi assinado<br />

um acordo para prevenção e combate ao tráfico ilícito<br />

78<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

<strong>de</strong> SALW. Os Estados-membros signatários <strong>de</strong>sse acordo<br />

estabeleceram que a cada dois anos é necessário realizar<br />

uma nova conferência com o propósito <strong>de</strong> revisar o programa<br />

no qual foi adotado para cumprir esse objetivo,<br />

<strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Programa <strong>de</strong> Ação para Prevenir, Combater<br />

e Erradicar o Comércio Ilícito <strong>de</strong> Armas Leves e <strong>de</strong><br />

Pequeno Porte.<br />

HISTóRICO DO PROBLEMA<br />

Durante a Guerra Fria as gran<strong>de</strong>s potências não davam<br />

a <strong>de</strong>vida atenção a conflitos regionais, como aqueles<br />

mantidos pelo tráfico internacional <strong>de</strong> armas leves em<br />

algumas áreas consi<strong>de</strong>radas vulneráreis, como, por exemplo,<br />

a África. Nela <strong>de</strong>senvolviam-se conflitos sem a atenção<br />

e esforços dos países para impedi-los. A preocupação<br />

com conflitos entre Estados foi uma das motivações para<br />

a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) no<br />

ano <strong>de</strong> 1945, em que o principal objetivo era a busca pela<br />

paz e segurança internacionais.<br />

Segundo Denise Garcia, até o início dos anos 1990 não<br />

havia normas para a produção, uso, transferência e estocagem<br />

<strong>de</strong> armas leves nem a preocupação pelo estabelecimento<br />

<strong>de</strong> legislações a respeito <strong>de</strong>sse tema. No período<br />

em que ocorria a assinatura <strong>de</strong> acordos para a diminuição<br />

<strong>de</strong> ogivas nucleares entre Estados Unidos e a antiga<br />

União Soviética, em que os tratados tinham o objetivo <strong>de</strong><br />

controlar a ativida<strong>de</strong> bélica mundial ou ainda as armas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struição em massa, as pequenas armas circulavam pelo<br />

mundo com facilida<strong>de</strong>. Até então não tinha sido apresentada<br />

uma tentativa efetiva <strong>de</strong> controlar esse problema.<br />

Como já foi citado no início <strong>de</strong>ste guia, em âmbito<br />

mundial existem três diferentes tipos <strong>de</strong> transferências <strong>de</strong><br />

armas: as transferências legalizadas ou legais, as transferências<br />

ilegais e as transferências grey market. As primeiras<br />

são aquelas que envolvem a transferências ou comercialização<br />

<strong>de</strong> armamentos com o envolvimento direto<br />

ou indireto <strong>de</strong> governos ou <strong>de</strong> agentes autorizados que<br />

sigam as exigências legais nacionais e internacionais.<br />

As transferências ilegais dizem respeito ao mercado<br />

que obviamente vai contra as leis nacionais e/ou internacionais<br />

e sem controle e permissão oficial governamental.<br />

Esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> armas normalmente<br />

ocorre com o envolvimento <strong>de</strong> oficiais <strong>de</strong> governo corruptos<br />

que atuam com o objetivo <strong>de</strong> conseguirem ganhos<br />

próprios.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

O terceiro tipo, o grey market, são os negócios<br />

em que os governos ou seus agentes autorizados exploram<br />

brechas ou tentam contornar as legislações<br />

nacionais e/ou internacionais e as políticas existentes<br />

sobre o tema 1 .<br />

Em uma breve tentativa <strong>de</strong> relacionar o caso<br />

brasileiro como uma das três abordagens, po<strong>de</strong>-se incluir<br />

o tráfico <strong>de</strong> armas leves nas comunida<strong>de</strong>s do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro como um caso típico <strong>de</strong> transferências ilegais<br />

(mercado cinza), on<strong>de</strong> sem autorização do Estado<br />

são transferidas armas leves a essa região do país, mais<br />

especificamente para as mãos <strong>de</strong> traficantes <strong>de</strong> drogas<br />

e milícias com o envolvimento <strong>de</strong> agentes governamentais<br />

corruptos.<br />

Novamente, na Guerra Fria o mundo encontrava-se<br />

dividido em dois blocos, capitalistas e socialistas,<br />

dominados por duas esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, as duas<br />

superpotências: Estados Unidos da América (EUA) e<br />

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Estes<br />

eram os maiores <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> armamentos nucleares.<br />

Durante a Guerra Fria, o maior medo presente em<br />

todo o planeta era a ocorrência <strong>de</strong> um conflito nuclear,<br />

o que sem dúvida traria danos irreversíveis à humanida<strong>de</strong>.<br />

Durante a Guerra Fria, a comunida<strong>de</strong> internacional<br />

estava focada na criação <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> regulação e<br />

regimes para controlar armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa.<br />

Um quadro regulatório <strong>de</strong> controle e <strong>de</strong>sarmamento para<br />

armas convencionais em geral, e armas leves em particular,<br />

era praticamente inexistente.<br />

De acordo com Garcia, o fim do comunismo e consequentemente<br />

da União Soviética e da Guerra Fria,<br />

somados à primeira Guerra do Golfo (1990), foram os<br />

principais acontecimentos que motivaram as negociações<br />

sobre o controle <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong>sarmamento, que<br />

está ligado à preocupação a respeito da disponibilida<strong>de</strong>,<br />

uso e transferência <strong>de</strong> armas leves e à construção<br />

<strong>de</strong> normas internacionais a respeito.<br />

Ainda segundo o autor, nesse contexto percebeu-<br />

-se que os armamentos causadores <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> mortes e violência armada pelo mundo são as<br />

armas leves, e não como se pensava, os armamentos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa, que raramente foram usados<br />

pelo homem.<br />

Ainda segundo Garcia, nos países em <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

a área da saú<strong>de</strong> precária e com pouca ajuda<br />

humanitária, as vítimas indiretas que chegam a morrer<br />

nos conflitos são muito maiores dos que as diretas. Os<br />

custos financeiros da proliferação <strong>de</strong>ssas armas são elevados,<br />

mas além <strong>de</strong>sses e da perda <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> vidas<br />

existem os custos sociais e econômicos que afetam diretamente<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento do país.<br />

O fim do comunismo proporcionou aos vários países<br />

como as antigas repúblicas soviéticas, ou ainda os<br />

Estados satélites da esfera capitalista, uma espécie <strong>de</strong><br />

soltura das amarras i<strong>de</strong>ológicas, passando a <strong>de</strong>terminar<br />

suas próprias ações dali em diante, porém se <strong>de</strong>pararam<br />

com o surgimento <strong>de</strong> problemas inerentes aos próprios<br />

países, que antes eram cercados.<br />

Estes Estados tornaram-se combustíveis para conflitos<br />

internos e guerras civis, as quais são abastecidas<br />

principalmente pelo tráfico internacional <strong>de</strong> armas leves.<br />

Segundo Garcia, isto mostra que o térmico <strong>de</strong>ste<br />

período leva os conflitos a uma mudança <strong>de</strong> paradigma,<br />

em que é alterada a natureza dos conflitos, sendo<br />

que hoje a gran<strong>de</strong> maioria passou <strong>de</strong> interestatais para<br />

intraestatais com a utilização <strong>de</strong> armas leves, já que possuem<br />

um baixo custo em relação às <strong>de</strong>mais, o uso e o<br />

transporte também são fáceis e a manutenção é muito<br />

simples e quase inexistente.<br />

O Brasil, mesmo que <strong>de</strong> forma menos intensa, durante<br />

muitos anos foi alinhado aos Estados Unidos, nunca<br />

abriu mão <strong>de</strong> sua soberania, mas seguiu muitas políticas<br />

e diretrizes norte-americanas contrárias ao comunismo.<br />

Na década <strong>de</strong> 1990 o problema do tráfico <strong>de</strong> drogas<br />

presente principalmente nos morros da cida<strong>de</strong> do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro passou a ocupar o lugar <strong>de</strong> outros conflitos e<br />

ganhou repercussão internacional.<br />

Segundo Rogers, a socieda<strong>de</strong> civil organizada atenta<br />

para o tema em função da gran<strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> dos armamentos<br />

leves, apoiando pesquisas e estudos a respeito<br />

durante os anos 1990. O motivo era estabelecer os armamentos<br />

leves como um assunto a ser discutido por<br />

analistas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas convencionais e inserir<br />

esse tema na agenda <strong>de</strong> segurança da comunida<strong>de</strong> internacional.<br />

Logo as organizações internacionais passaram a<br />

conduzir seus próprios estudos a fim <strong>de</strong> convencer, in-<br />

79


formar e coor<strong>de</strong>nar os <strong>de</strong>veres <strong>de</strong> seus membros, e os<br />

Estados sobre o tema das armas leves. Abraçando a<br />

tendência mundial, alguns países adotaram a causa<br />

e começaram a explorar o tema contra certas regiões<br />

do mundo, com certa importância particular nos objetivos<br />

da política externa <strong>de</strong> seus próprios Estados.<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r que através <strong>de</strong> organizações<br />

da socieda<strong>de</strong> civil, governos e organizações intergovernamentais,<br />

centros <strong>de</strong> pesquisa e cientistas,<br />

o tema foi inserido na agenda internacional, e estes<br />

foram os pioneiros a i<strong>de</strong>ntificar esse assunto como um<br />

problema da atualida<strong>de</strong>. Os estudos feitos mostraram<br />

que as armas leves, bem como o tráfico internacional<br />

<strong>de</strong> armamentos pequenos, merecem atenção <strong>de</strong> analistas<br />

<strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas e é um assunto fundamental<br />

na pauta <strong>de</strong> segurança internacional.<br />

Ainda no mesmo contexto pós-Guerra Fria, com o<br />

colapso do bloco oriental, estoques <strong>de</strong> armamentos<br />

do antigo exército soviético não permaneceram fortemente<br />

vigiados pelos países que formavam o bloco<br />

comunista. Esses armamentos passaram a ser comercializados<br />

clan<strong>de</strong>stinamente por agentes russos.<br />

Outro aspecto relevante <strong>de</strong>sse período é que, com<br />

o fim da Guerra Fria, fábricas <strong>de</strong> equipamentos bélicos<br />

per<strong>de</strong>ram gran<strong>de</strong>s clientes e tiveram <strong>de</strong> procurar<br />

novos consumidores para seus produtos, o que, junto<br />

com os antigos estoques soviéticos, foram responsáveis<br />

pela popularização e pela diminuição dos preços<br />

das armas leves pelo mundo.<br />

A partir <strong>de</strong>sse momento o problema ganhou a<br />

atenção da ONU, através do Conselho <strong>de</strong> Segurança,<br />

e a partir dos anos 1990 até hoje o órgão impôs cerca<br />

<strong>de</strong> treze resoluções com sanções que compõem controle<br />

<strong>de</strong> armamentos leves na forma <strong>de</strong> embargo <strong>de</strong><br />

armamentos.<br />

Das mais recentes, a Resolução 1467 do ano <strong>de</strong><br />

2003 é uma das mais importantes, pois diz respeito<br />

à ação <strong>de</strong> mercenários e contrabando <strong>de</strong> armas leves<br />

no continente africano, o que contribui fortemente<br />

para as maciças violações dos direitos humanos nos<br />

conflitos civis e étnicos.<br />

80<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA<br />

No Brasil o histórico do tráfico <strong>de</strong> armas nos leva <strong>de</strong><br />

volta ao período da ditadura militar no país. Des<strong>de</strong> esse<br />

período há registros <strong>de</strong> que a cúpula militar estava nervosa<br />

e insatisfeita com alertas <strong>de</strong> sua inteligência a respeito<br />

do aumento do tráfico <strong>de</strong> armas no país. No ano <strong>de</strong><br />

1982 uma força-tarefa do exército realizou uma operação,<br />

chamada <strong>de</strong> “Bengalão”, em que em poucos meses cerca<br />

<strong>de</strong> 20 <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> armas foram encontrados no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro e uma quadrilha foi presa com munições e armamentos<br />

proibidos. Na base da tropa <strong>de</strong> elite da aeronáutica,<br />

em Niterói, também foi encontrado um galpão<br />

clan<strong>de</strong>stino. O resultado positivo <strong>de</strong>ssa operação tornou-<br />

-se um dos gran<strong>de</strong>s problemas da época para o regime<br />

militar, o fato <strong>de</strong> que os “armeiros”, soldados responsáveis<br />

pela fiscalização <strong>de</strong> arsenais em <strong>de</strong>pósitos, reservavam<br />

certas mercadorias com exclusivida<strong>de</strong> para o alto escalão<br />

do regime militar, o que foi abafado na época.<br />

O <strong>de</strong>scontrole chegou ao um ponto tão gran<strong>de</strong> que no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro uma granada FMK2, <strong>de</strong> fabricação argentina,<br />

foi encontrada, em agosto <strong>de</strong> 2010, com meninos <strong>de</strong><br />

rua no bairro do Leme, zona sul. Somadas as armas contraban<strong>de</strong>adas<br />

e as legais, o Brasil passa por um processo<br />

<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> armamentos para os bandidos. Estima-se<br />

que as armas registradas sejam aproximadamente<br />

cinco milhões, porém muitas <strong>de</strong>ssas armas legais já não<br />

se encontram nas mãos <strong>de</strong> quem as registrou e, além <strong>de</strong>ssas<br />

armas em situação irregular, estima-se a existência <strong>de</strong><br />

três a quatro milhões <strong>de</strong> armas ilegais. A Polícia Fe<strong>de</strong>ral,<br />

responsável pelo controle <strong>de</strong> armas como pistolas e revólveres<br />

<strong>de</strong> calibre até 38 mm, nem possui dados concretos<br />

sobre o arsenal presente na capital do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

O que se po<strong>de</strong> ver no Brasil até agora foi a transferência<br />

dos negócios para a clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> e um aumento nas<br />

apreensões <strong>de</strong> armas ilegais no país <strong>de</strong> 15% ao ano. Entre<br />

as facções do narcotráfico po<strong>de</strong> se dizer que existe uma<br />

espécie <strong>de</strong> corrida armamentista, o que faz aumentar a<br />

prosperida<strong>de</strong> do negócio. O <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> armas apreendidas<br />

pela polícia carioca possui um showroom com mais<br />

<strong>de</strong> 65 mil variações <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los. A cada ano aumenta o<br />

número <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>struídas no monumento dos pracinhas<br />

no centro da cida<strong>de</strong>.<br />

O tráfico <strong>de</strong> armas é um dos crimes organizados mais<br />

lucrativos no mundo, ficando atrás somente do tráfico <strong>de</strong><br />

drogas, que também cresce a cada dia. Estima-se que a


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cada arma aprendida, outras trinta entram ilegalmente<br />

no país, normalmente por vias aéreas e marítimas,<br />

transferências terrestres são feitas em pequena quantida<strong>de</strong><br />

somente como forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>spistar as autorida<strong>de</strong>s.<br />

Os traficantes utilizam rodovias estaduais até chegar às<br />

gran<strong>de</strong>s capitais como São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro. As armas<br />

são “exportadas” principalmente do Paraguai e outros<br />

países como Argentina, Bolívia, Uruguai e Filipinas.<br />

Dentre as principais rotas utilizadas pelo crime organizado<br />

para a entrada <strong>de</strong> armas estão: Foz do Iguaçu,<br />

Mato Grosso do Sul e, a mais frequente <strong>de</strong> todas, Uruguaiana.<br />

Segundo as autorida<strong>de</strong>s, os traficantes que<br />

estão presos contam com o apoio <strong>de</strong> seus advogados,<br />

amigos e familiares, que durantes as visitas transitam<br />

livremente com informações e fora das penitenciárias<br />

são os responsáveis pela manutenção dos negócios. Ao<br />

entrar para a clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> esses colaboradores dos<br />

gran<strong>de</strong>s chefes do tráfico, além <strong>de</strong> beneficiar seus clientes,<br />

passam também a fazer parte do crime organizado,<br />

muitas vezes se tornando sócios em alguns “empreendimentos”.<br />

Outro fator que auxilia a continuida<strong>de</strong> do crime,<br />

mesmo que <strong>de</strong>ntro das ca<strong>de</strong>ias, é a falta <strong>de</strong> infraetrutura<br />

carcerária em muitos estados brasileiros, on<strong>de</strong> presos<br />

<strong>de</strong> mesmas facções permanecem nos mesmos presídios<br />

e muitas vezes nas mesmas celas. O fácil acesso a<br />

aparelhos celulares e outras formas <strong>de</strong> tecnologia, <strong>de</strong>vido<br />

à falta <strong>de</strong> fiscalização e brechas nas leis, facilitam a<br />

vida dos chefes do crime organizado.<br />

Segundo os próprios traficantes a própria polícia<br />

possui um papel importante no esquema do tráfico,<br />

que é o <strong>de</strong> um agente facilitador ao passar informações<br />

secretas e ao participar em troca <strong>de</strong> propina no auxílio<br />

ao trabalho ilegal. Ainda <strong>de</strong> acordo com <strong>de</strong>tentos, policiais<br />

participam do crime organizado ganhando uma<br />

porcentagem do lucro <strong>de</strong> 10% a 20%.<br />

Como forma <strong>de</strong> combate ao tráfico <strong>de</strong> armas e ao<br />

tráfico <strong>de</strong> drogas o governo colocou em votação um referendo<br />

sobre a proibição da comercialização <strong>de</strong> armas<br />

<strong>de</strong> fogo no qual a população <strong>de</strong>cidiu pela manutenção<br />

da não proibição. A partir <strong>de</strong> então entrou em discussão<br />

um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>bate entre aqueles que são a favor da livre<br />

circulação <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo contra aqueles que são a<br />

favor da extinção do comércio <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo.<br />

Os que <strong>de</strong>fendiam a não proibição acharam correta a<br />

<strong>de</strong>cisão dos eleitores. Seriam <strong>de</strong>sarmados os traficantes<br />

e bandidos? Existe hoje aproximadamente uma arma<br />

para cada doze habitantes e o comércio clan<strong>de</strong>stino<br />

trabalha para levar armas para cada onze <strong>de</strong>ssas doze<br />

pessoas.<br />

Aqueles que eram a favor no momento do referendo<br />

e ainda são, mesmo após o pleito, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

que, enquanto o governo discute se as armas são um<br />

mal a ser extirpado ou um mal necessário, muitas vidas<br />

estão sendo jogadas fora através <strong>de</strong> homicídios cometidos<br />

com armas <strong>de</strong> fogo, no caso seis em cada <strong>de</strong>z. Só no<br />

ano <strong>de</strong> 2003 a polícia apren<strong>de</strong>u 171 fuzis das facções do<br />

narcotráfico. Mesmo com a dificulda<strong>de</strong> em se estimar a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armas no Rio <strong>de</strong> Janeiro, os dados apontam<br />

que na cida<strong>de</strong> existem cerca <strong>de</strong> 160 mil contra 1,3<br />

milhão em São Paulo, um número risível mesmo que no<br />

ano <strong>de</strong> 2002 só tenham sido vendidas três armas através<br />

<strong>de</strong> vias legais.<br />

Em 2003 estima-se que existiam no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

aproximadamente 60 mil armas nos morros cariocas.<br />

Muitas são alugadas para assaltantes e outras pertencem<br />

às próprias facções. “Isso produziu um volume <strong>de</strong><br />

compra maior que suas necessida<strong>de</strong>s operacionais”, explica<br />

o então secretário nacional <strong>de</strong> Segurança Pública,<br />

Luis Eduardo Soares.<br />

Para a Polícia Fe<strong>de</strong>ral existe uma espécie <strong>de</strong> MERCO-<br />

SUL do crime, em que as quadrilhas e os traficantes se<br />

ajudam para conseguir armas. De acordo com a Polícia<br />

Civil do Rio <strong>de</strong> Janeiro, 85% das armas que chegam ao<br />

território do estado carioca têm como última escalada<br />

o Paraguai, que não as fabrica e funciona como uma espécie<br />

<strong>de</strong> entreposto bélico, já os 15% restantes são dos<br />

Estados Unidos. O dossiê <strong>de</strong> ação estratégica da polícia<br />

civil do Rio <strong>de</strong> Janeiro aponta que oito em <strong>de</strong>z armas<br />

contraban<strong>de</strong>adas para a cida<strong>de</strong> são oriundas <strong>de</strong> negócios<br />

legais, ou seja, foram adquiridas primeiramente <strong>de</strong><br />

forma legal.<br />

Neste Mercosul do crime a Argentina ganhou <strong>de</strong>staque,<br />

pois as encomendas variam <strong>de</strong> fuzis automáticos<br />

FAL (fuzil automático leve, calibre 7,62 mm), a granadas<br />

FMK2 (granadas <strong>de</strong> mão produzidas na Fábrica Militar<br />

FRA Y LUIS BELTRAN na Argentina, o tipo <strong>de</strong> granada<br />

mais encontrada no Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001). Outro<br />

dossiê obtido pela revista Isto É, realizado a pedido,<br />

mostrou que as armas encontradas com traficantes bra-<br />

81


sileiros pertenciam a órgãos <strong>de</strong> segurança da Argentina.<br />

As submetralhadoras argentinas que foram parar<br />

nas mãos dos brasileiros cariocas tinham como ex-<br />

-proprietários o Serviço Penitenciário Fe<strong>de</strong>ral daquele<br />

país.<br />

PANORAMA DE POLíTICAS GLOBAIS<br />

Estados Unidos<br />

O país é o maior exportador <strong>de</strong> armas leves do<br />

mundo, assim como também é o maior importador<br />

<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> armamento. O porte <strong>de</strong> armas é pouco<br />

regulamentado, porém permitido para os civis e sem<br />

proibições a esses e a instituições privadas. Mostra-se<br />

contra o tráfico <strong>de</strong> armas uma vez que assinou uma<br />

convenção contra a fabricação ilícita e o tráfico <strong>de</strong> armas<br />

<strong>de</strong> fogo, munição e materiais explosivos da Organização<br />

dos Estados Americanos (OEA).<br />

União Europeia<br />

Os países-membros do bloco possuem gran<strong>de</strong> regulamentação<br />

na questão do comércio <strong>de</strong> armas leves,<br />

sendo em seu território alguns dos exportadores<br />

<strong>de</strong>sse produto (Reino Unido e Alemanha) consi<strong>de</strong>rados<br />

os mais transparentes na questão <strong>de</strong> fabricação e<br />

comércio. Além da regulamentação, a União Europeia<br />

possui alguns programas para a melhora <strong>de</strong> situações<br />

internas relacionadas ao tráfico <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> outros<br />

países, como bases no Camboja, Moçambique e outros.<br />

Fe<strong>de</strong>ração Russa<br />

Está entre os gran<strong>de</strong>s produtores e exportadores<br />

<strong>de</strong> armas leves. Dentro <strong>de</strong> suas próprias fronteiras há<br />

claramente um problema com a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

armas, como, por exemplo, na região da Chechênia,<br />

palco <strong>de</strong> várias guerras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a formação da Comunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Estados In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, em 1992. É certo que<br />

existem transferências ilícitas <strong>de</strong> armas para os grupos<br />

separatistas da região, on<strong>de</strong> a fiscalização não é eficiente,<br />

o que tem limitado uma possível cooperação<br />

internacional para enfrentar o problema.<br />

82<br />

Oriente Médio<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

Gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stinatários das armas usadas na Guerra<br />

Fria, o porte a civis (que tem domínio sobre 80% do armamento<br />

leve da região) é permitido, já que muitas vezes<br />

são incentivados pelos próprios governos para que<br />

as usem nos conflitos religiosos. A falta <strong>de</strong> cooperação<br />

regional dificulta o controle do tráfico, sendo o controle<br />

feito apenas em esferas nacionais. Os dados fornecidos à<br />

comunida<strong>de</strong> internacional não são transparentes.<br />

Japão<br />

O Japão consi<strong>de</strong>ra preocupante que a disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stas armas seja um fator crucial no aumento do crime<br />

e violência armada <strong>de</strong> maneira que prejudica a consolidação<br />

da <strong>de</strong>mocracia e segurança, ambos necessários para<br />

ser atingido um <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Assim, na<br />

tentativa <strong>de</strong> transparecer internamente sua crença na <strong>de</strong>mocracia,<br />

segurança e <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, não<br />

existe permissão para o porte <strong>de</strong> armas leves e <strong>de</strong> pequeno<br />

calibre por parte <strong>de</strong> civis.<br />

América Central<br />

Cerca <strong>de</strong> apenas um terço das armas <strong>de</strong> pequeno porte<br />

da região são legalizadas, muitas <strong>de</strong>las são resquícios<br />

dos conflitos que houve na região entre as décadas <strong>de</strong> 70<br />

e 80. Os países <strong>de</strong>sta região acreditam que os mecanismos<br />

da ONU <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas leves e pequenas <strong>de</strong>ve<br />

ser fortalecido a fim <strong>de</strong> elaborar regras internacionais promovendo<br />

a segurança global.<br />

México<br />

As leis para o porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> civis são rigorosas, porém<br />

as armas leves vindas <strong>de</strong> maneira fácil dos Estados<br />

Unidos acarretam o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> civis armados, é<br />

usado como rota para o tráfico internacional.<br />

Bolívia<br />

O país tem registrado aumento na violência e no comércio<br />

ilegal <strong>de</strong> armas, o que também prejudica outros<br />

países da região como o Brasil, que tem parte do armamento<br />

referente ao comércio <strong>de</strong> drogas alimentado por<br />

arsenal boliviano.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Brasil<br />

O país é o segundo mais importante na produção<br />

<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo do hemisfério. Além das que<br />

são produzidas nacionalmente, outras armas leves<br />

chegam ao país por suas fronteiras <strong>de</strong> maneira ilegal<br />

e pela corrupção dos policiais. O porte é permitido se<br />

certos pré-requisitos <strong>de</strong>ntro da lei forem atendidos<br />

pelos civis. Muitas das armas leves ilegais não são oficialmente<br />

<strong>de</strong>claradas, o que dificulta a melhoria da situação<br />

e contribui para a ascensão dos conflitos civis<br />

existentes em diversas partes do país, como na cida<strong>de</strong><br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> a violência e o número óbitos<br />

se encontram em proporções iguais ou próximas <strong>de</strong><br />

uma guerra.<br />

Paraguai<br />

A sua fronteira com o Brasil e a Argentina possui<br />

um papel fundamental na logística do tráfico <strong>de</strong> armas<br />

e drogas na América Latina, é internacionalmente<br />

conhecida como um local <strong>de</strong> contrabando, on<strong>de</strong> uma<br />

quantida<strong>de</strong> significativa <strong>de</strong> armas leves é distribuída<br />

e segue para seu <strong>de</strong>stino final, ou seja, uma porta <strong>de</strong><br />

entrada para o tráfico.<br />

Colômbia<br />

Atualmente é o país do continente que mais<br />

sofre com a ilegalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno calibre,<br />

isso <strong>de</strong>vido aos conflitos civis e <strong>de</strong> guerrilhas contra a<br />

própria <strong>de</strong>fesa nacional, conhecidas como, por exemplo,<br />

FARCs.<br />

PONDERAÇÕES<br />

Tendo em vista o problema apresentado,<br />

existem algumas questões <strong>de</strong> extrema importância<br />

na discussão acerca dos morros cariocas que <strong>de</strong>verão<br />

ser exploradas. Primeiramente as <strong>de</strong> cunho geral do<br />

próprio Comitê <strong>de</strong> Desarmamento e Segurança Internacional,<br />

que <strong>de</strong>mandam uma resolução com tópicos<br />

para promoção da paz e da segurança internacional.<br />

Dentro do problema discutido neste comitê,<br />

<strong>de</strong>vemos levar em consi<strong>de</strong>ração a situação interna social<br />

e econômica do país receptor das armas leves, no<br />

caso o Brasil, e a raiz <strong>de</strong>sse problema que está diretamente<br />

ligado ao tráfico <strong>de</strong> drogas. Assim como tam-<br />

bém se <strong>de</strong>ve atentar para os países <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vêm essas<br />

armas.<br />

Não po<strong>de</strong>mos esquecer também da preservação<br />

da paz, estabilida<strong>de</strong> e segurança regionais, uma vez que<br />

se o problema não for controlado acaba pondo em risco<br />

essas e outras questões nos países vizinhos, que muitas<br />

vezes não possuem ligação direta em relação à emissão e<br />

recepção <strong>de</strong>ssas armas, mas acabam sendo influenciados<br />

pelo tráfico <strong>de</strong> drogas, que só é possível através da manutenção<br />

<strong>de</strong>sse armamento.<br />

Como resultado <strong>de</strong> todas essas transferências ilegais<br />

(mercado cinza), temos a socieda<strong>de</strong> civil, que acaba<br />

sofrendo as consequências dos conflitos internos e da<br />

guerra civil causada pelas armas que chegam ao local.<br />

Não suficiente, <strong>de</strong>ve-se levar em consi<strong>de</strong>ração os custos<br />

sociais e econômicos que atrapalham o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do país.<br />

Outra questão importante é a maneira como as<br />

armas passam pelas fronteiras e são comercializadas internamente,<br />

já que muito do que acontece é feito através<br />

<strong>de</strong> funcionários corruptos do governo que facilitam o<br />

contrabando da mercadoria.<br />

Por último, é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância a maneira<br />

como a comunida<strong>de</strong> internacional irá proce<strong>de</strong>r em relação<br />

à fiscalização da proliferação <strong>de</strong> armas ilegais.<br />

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NOTA ExPLICATIVA<br />

1 Durante a Guerra Fria, a comunicação interna focada na criação <strong>de</strong> mecanismos<br />

<strong>de</strong> regulação e regimes <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em<br />

massa. Um quadro regulamentar <strong>de</strong> controle e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmamento <strong>de</strong> armas<br />

<strong>de</strong> pequeno calibre, em particular, esteve ausente.


REUNIÃO ad hoc SOBRE<br />

COMPROMETIMENTOS FUTUROS DAS<br />

PARTES DO PROTOCOLO DE QUIOTO<br />

(COP16)


Caros <strong>de</strong>legados,<br />

86<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

Sejam bem-vindos ao VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil. Foi acreditando na capacida<strong>de</strong> argumentativa<br />

e crítica <strong>de</strong> estudantes como vocês, juntamente com a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um mundo melhor, que foi<br />

possível que chegássemos a mais uma edição do Fórum FAAP.<br />

Meu nome é Eduardo Luiz Vargas Tiburski, tenho 26 anos, curso o 4° semestre <strong>de</strong> Economia e essa será<br />

minha segunda participação no Fórum FAAP, que, particularmente, foi uma experiência muito enriquecedora<br />

tanto para minha vida acadêmica como para minha vida pessoal e profissional. Vocês terão a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sentir o que é simular a realida<strong>de</strong>, a sua importância tanto para vocês quanto para nós e, por que<br />

não dizer, até para o mundo, pois sem a presença <strong>de</strong> vocês nada disso seria possível. O tema foi escolhido<br />

por Guilherme Camargo, estudante <strong>de</strong> Relações Internacionais do sétimo semestre na FAAP, meu amigo e<br />

também diretor <strong>de</strong>ste comitê.<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer a todos que nos têm dado apoio, assim como a todos os nossos colegas <strong>de</strong><br />

trabalho que estão se esforçando, assim como nós, para que este trabalho seja entregue com excelência<br />

e na data prevista. Assim, ressaltamos um agra<strong>de</strong>cimento especial ao João Luiz Vannuzini Ferrer, que nos<br />

ajudou na correção do guia complementando-o com o necessário. Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer também aos<br />

estudantes que irão ler este guia, esperando que o entendam bem e que este trabalho possa ajudá-los com<br />

informações úteis em sua longa e magnífica jornada no Fórum FAAP 2011.<br />

Nós esperamos que vocês, alunos esperançosos por mudanças, exponham suas i<strong>de</strong>ias, para possivelmente<br />

conscientizar o mundo da importância que tem o nosso planeta. Pois, se nossa socieda<strong>de</strong> seguir neste<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico atual, <strong>de</strong> alto padrão <strong>de</strong> consumo e <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> lixo <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado,<br />

é possível que nossos netos não tenham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contemplar um lindo dia <strong>de</strong> sol, ou mesmo ter<br />

a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tocar em um floco <strong>de</strong> neve com as próprias mãos.<br />

Enquanto a simulação não começa, colocamo-nos à disposição para qualquer eventual dúvida. Estu<strong>de</strong>m,<br />

<strong>de</strong>diquem-se, conheçam e busquem saber como e por que as coisas aconteceram da forma que foi no passado.<br />

Boa sorte para os senhores e senhoras e até breve.<br />

Eduardo Luis Vargas Tiburski e Guilherme Camargo<br />

Diretores acadêmicos do Comitê UNFCCC


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

INTRODUÇÃO<br />

Nos anos 40 do século passado a comunida<strong>de</strong> internacional<br />

já percebia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar uma<br />

organização que servisse como meio <strong>de</strong> estudo e fonte<br />

<strong>de</strong> dados às negociações entre os países e que suprisse<br />

a <strong>de</strong>manda por paz e segurança internacionais,<br />

fato que a Liga das Nações não conseguia realizar até<br />

então. Dentro disso, em 1945, ganhava corpo a Organização<br />

das Nações Unidas, que, por meio <strong>de</strong> sua<br />

carta <strong>de</strong> constituição, criou órgãos e agências especializadas<br />

para a solução <strong>de</strong> questões específicas.<br />

A partir da década <strong>de</strong> 60, populações das nações<br />

mais <strong>de</strong>senvolvidas do mundo <strong>de</strong>ram início a uma série<br />

<strong>de</strong> movimentos para chamar a atenção para temas<br />

não prioritários da agenda internacional, entre eles a<br />

atenção com o meio ambiente. Motivados pela observação<br />

<strong>de</strong> que os problemas ambientais, tais como<br />

poluição, <strong>de</strong>sertificação, chuva ácida e a elevada emissão<br />

<strong>de</strong> CO2 na atmosfera terrestre, passaram a afetar<br />

a vida cotidiana das populações, e <strong>de</strong> que a Terra não<br />

seria capaz <strong>de</strong> repor, in<strong>de</strong>finidamente, os recursos naturais<br />

explorados pelo homem, a comunida<strong>de</strong> internacional<br />

i<strong>de</strong>ntificou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar do tema<br />

ambiental em nível internacional.<br />

Dessa forma, foi realizada a primeira conferência<br />

ambiental internacional, sob o âmbito da ONU, em<br />

Estocolmo, no ano <strong>de</strong> 1972 (Conferência das Nações<br />

Unidas sobre o Meio Ambiente Humano), que teve<br />

como resultados mais importantes a inserção do meio<br />

ambiente na agenda internacional e a criação <strong>de</strong> um<br />

organismo internacional para lidar especificamente<br />

com as questões ambientais, o Programa das Nações<br />

Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).<br />

Em meio a essa inserção internacional do tema<br />

ambiental, especialmente a partir da década <strong>de</strong> 1980,<br />

cientistas apresentaram ao mundo uma nova questão:<br />

a temperatura do planeta estava aumentando;<br />

e se isso não fosse controlado por meio da redução<br />

da emissão <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa, tal aumento po<strong>de</strong>ria<br />

ser irreversível. Dentro disso, a ONU direcionou<br />

seus esforços ao estudo e ações visando a mitigação e<br />

adaptação ao problema.<br />

Para que isso fosse possível, o Programa das Nações<br />

Unidas para o Meio Ambiente e a Organização<br />

Meteorológica Mundial criaram, em 1988, o Painel<br />

Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (da sigla<br />

em inglês, IPCC). A função principal do IPCC seria i<strong>de</strong>ntificar<br />

e avaliar continuamente as mudanças no clima e,<br />

graças às constantes avaliações <strong>de</strong>ste órgão, foi possível<br />

constatar indícios <strong>de</strong> que a ação humana cotidiana po<strong>de</strong>ria<br />

alterar as condições climáticas da Terra e que, em contrapartida,<br />

as mudanças no clima alterariam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

humano. Tais avaliações produzem relatórios que<br />

são publicados, geralmente, a cada cinco anos, nos quais<br />

constam os resultados das pesquisas científicas, prognósticos<br />

sobre as emissões futuras e ações para os tomadores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.<br />

O primeiro relatório do IPCC foi lançado em 1990,<br />

e nele havia a indicação da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma conferência<br />

em que ciência, socieda<strong>de</strong> e Estados estivessem<br />

juntos e discutissem <strong>de</strong>senvolvimento humano e meio<br />

ambiente como parte intrínseca um do outro. Assim, em<br />

1992, a cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro sediou a Conferência das<br />

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento<br />

(CNUMAD), mais conhecida como Rio-92.<br />

A CNUMAD foi consi<strong>de</strong>rada a primeira gran<strong>de</strong> conferência<br />

internacional pós-Guerra Fria, conseguindo reunir<br />

cientistas, socieda<strong>de</strong> civil e cento e setenta e cinco Estados<br />

para discutir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

que incluísse as questões ambientais como<br />

priorida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ia que ficou conhecida através do conceito<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Os principais resultados<br />

da CNUMAD foram a Carta da Terra, duas importantes<br />

convenções (Convenção sobre Mudança do Clima e Convenção<br />

sobre Diversida<strong>de</strong> Biológica), a Declaração do Rio,<br />

a Declaração <strong>de</strong> Florestas e a Agenda 21.<br />

Da Convenção sobre Mudança do Clima nascia, então,<br />

a Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças<br />

Climáticas (UNFCCC, do inglês). A UNFCCC tem por objetivo<br />

principal a estabilida<strong>de</strong> das emissões <strong>de</strong> gases <strong>de</strong><br />

efeito estufa com vistas a evitar danos irreparáveis à natureza<br />

por parte do homem, bem como fazer com que<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento humano seja possível. Outros três<br />

importantes objetivos da Convenção são a assistência<br />

aos países em <strong>de</strong>senvolvimento, a promoção do apoio<br />

tecnológico e financeiro com vistas ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável e ser foro <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates que busquem soluções<br />

para as questões climáticas, bem como <strong>de</strong> incentivo à troca<br />

<strong>de</strong> boas práticas.<br />

87


A UNFCCC se estrutura da seguinte forma:<br />

a) Órgão Subsidiário <strong>de</strong> Implementação:<br />

É o responsável pelas operações administrativas e<br />

financeiras da UNFCCC, além <strong>de</strong> analisar a metodologia<br />

utilizada pelos países para a mitigação das emissões <strong>de</strong><br />

gases <strong>de</strong> efeito estufa. As reuniões são bianuais.<br />

b) Órgão Subsidiário <strong>de</strong> Consulta Científica:<br />

Órgão que provê informações técnicas à Conferência<br />

das Partes e às <strong>de</strong>mais reuniões referentes às mudanças<br />

climáticas, bem como indica novas tecnologias disponíveis.<br />

As reuniões também são bianuais.<br />

c) Conferência das Partes:<br />

A Conferência das Partes, ou COP, é a reunião mais<br />

importante da UNFCCC. Ela acontece anualmente e tem<br />

duração <strong>de</strong> duas semanas. É o momento mais importante<br />

da Convenção-Quadro quando os Estados, a comunida<strong>de</strong><br />

científica e a socieda<strong>de</strong> civil se reúnem para<br />

discutir a evolução do tratamento internacional para as<br />

mudanças climáticas. A Conferência é responsável por<br />

estabelecer as metas e <strong>de</strong>cisões acordadas pelos Estados<br />

que são partes da Convenção-Quadro.<br />

Dessa forma po<strong>de</strong>mos perceber que os Estados, atualmente,<br />

estão diante <strong>de</strong> uma questão que recorrentemente<br />

é <strong>de</strong>batida, mas, mesmo contando com todo o<br />

aparato institucional citado anteriormente, sob os auspícios<br />

da ONU, ainda não atingem um <strong>de</strong>nominador<br />

comum. Mesmo sabendo-se da urgência do tema, e<br />

do pouco tempo disponível para reparar os erros ou se<br />

adaptar às mudanças, existe a busca contínua por novos<br />

instrumentos que aju<strong>de</strong>m a retardar esse processo<br />

<strong>de</strong> rápido aquecimento global, porém tentar mensurar<br />

os impactos que essas gran<strong>de</strong>s emissões fizeram no<br />

meio ambiente ainda não é possível.<br />

HISTóRICO DO COMITê<br />

A Conferência das Partes é realizada anualmente,<br />

tendo como principal objetivo monitorar os progressos<br />

obtidos e revisar as medidas tomadas para reduzir a<br />

emissão global <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa (GEE), buscando<br />

garantir o cumprimento do objetivo da Convenção-<br />

-Quadro, que é limitar e reduzir a emissão <strong>de</strong> gases <strong>de</strong><br />

88<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

efeito estufa para que não ocorra uma interferência antrópica<br />

capaz <strong>de</strong> alterar os padrões climáticos mundiais.<br />

As três primeiras COPs se concentraram na tentativa <strong>de</strong><br />

estabelecer um regime internacional <strong>de</strong> mudanças climáticas,<br />

fato que foi <strong>de</strong>finitivamente alcançado durante<br />

a terceira COPs, ocorrida em 1997, em Quioto (Japão),<br />

por meio da aprovação do Protocolo <strong>de</strong> Quioto. Nas<br />

três COPs subsequentes foram tratados temas <strong>de</strong> caráter<br />

mais técnico que facilitassem a implementação <strong>de</strong><br />

tal Protocolo.<br />

O Protocolo somente entrou em vigor graças à ratificação<br />

da Rússia em 1997, ele exigia que estivessem<br />

presentes no mínimo 55% dos países responsáveis pelo<br />

total <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> gases do efeito estufa, sendo assim<br />

os EUA era crucial para que o Protocolo fosse ratificado<br />

e entrasse em vigência, porém os EUA não o ratificou,<br />

permanecendo somente como signatário significando<br />

que reconhece a importância do tema e do documento.<br />

Mas assim se torna possível o vigor do protocolo em<br />

16 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2005 quando atingindo o mínimo <strong>de</strong><br />

55% requisitado com a inclusão da Rússia, mas sem um<br />

dos maiores poluidores, os EUA. Contudo, os EUA, para<br />

não ficar conhecido como o “antiambientalista”, propôs<br />

diminuir sua emissão <strong>de</strong> gás carbônico, porém na sua<br />

velocida<strong>de</strong>, sem ratificar nada e sem prejudicar sua economia.<br />

Durante a COP 7, em 2001, as negociações sobre o<br />

Protocolo <strong>de</strong> Quioto tornaram-se mais aplicáveis aos<br />

Estados, principalmente por conta <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões como limitar<br />

o uso <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> carbono gerados <strong>de</strong> projetos<br />

florestais do Mecanismo <strong>de</strong> Desenvolvimento Limpo<br />

(MDL), bem como o estabelecimento <strong>de</strong> padrões econômicos<br />

ao financiamento <strong>de</strong> tecnologias que visassem<br />

o auxílio aos países em <strong>de</strong>senvolvimento no que diz respeito<br />

a alterar suas matrizes produtivas. Todavia, ainda<br />

ficaram tópicos sem solução e, assim, na COP 8 assistiu-<br />

-se à a<strong>de</strong>são do setor privado e organizações não governamentais<br />

ao Protocolo <strong>de</strong> Quioto, e seguindo as ativida<strong>de</strong>s<br />

iniciadas na COP anterior houve apresentação <strong>de</strong><br />

projetos para a criação <strong>de</strong> mercados <strong>de</strong> carbono.<br />

Por sua vez, a COP 9 se concentrou no estabelecimento<br />

<strong>de</strong> regras para a condução <strong>de</strong> projetos referentes<br />

a reflorestamento, que, no caso, é uma das condições<br />

para a obtenção <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> carbono, assim como<br />

captura <strong>de</strong> gás em aterro sanitário, troca <strong>de</strong> combustível,<br />

etc. Já a COP 10 se preocupava com o fim do prazo<br />

estipulado para a obtenção dos resultados <strong>de</strong> Quioto.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Conforme será visto adiante, o Protocolo <strong>de</strong><br />

Quioto entraria em vigor em janeiro <strong>de</strong> 2005. Na COP<br />

11, no fim do ano em questão, já se especulava sobre<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um novo prazo para o Protocolo,<br />

visto que as metas estabelecidas para o primeiro ano<br />

não foram atingidas. As COPs 12 e 13 se direcionaram<br />

à confirmação das alterações climáticas e, assim, na<br />

COP 13 chegou-se ao “Bali Road Map” - documento<br />

que mostra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acelerar as ações <strong>de</strong> mitigação,<br />

e se adaptar às mudanças que irão ocorrer<br />

<strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> gás carbônico tempos<br />

atrás.<br />

Na COP 14 teve início uma série <strong>de</strong> negociações<br />

acerca <strong>de</strong> um novo documento a ser implementado<br />

após o mandato <strong>de</strong> Quioto. Tais negociações <strong>de</strong>veriam<br />

ter continuida<strong>de</strong> na COP 15, entretanto, a falta<br />

<strong>de</strong> consenso entre as partes dificultou as negociações.<br />

O PROTOCOLO DE QUIOTO<br />

O Protocolo <strong>de</strong> Quioto é um acordo global <strong>de</strong><br />

cumprimento obrigatório formulado com o objetivo<br />

<strong>de</strong> reduzir as emissões <strong>de</strong> gases do efeito estufa, redução<br />

esta que <strong>de</strong>ve ocorrer por parte dos países <strong>de</strong>senvolvidos<br />

(membros do <strong>de</strong>nominado Anexo I, ou seja,<br />

países industrializados). Esse aumento das emissões<br />

<strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa, consequência da exploração<br />

<strong>de</strong> combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás<br />

natural) para a geração <strong>de</strong> energia e manutenção <strong>de</strong><br />

forma errada da vida, é o que está causando, segundo<br />

o IPCC, o aceleramento do aquecimento global. O<br />

Protocolo foi acordado em 1997 na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Quioto,<br />

no Japão, mas só entrou em vigor no ano <strong>de</strong> 2005,<br />

<strong>de</strong>pois que a Rússia o ratificou. Durante esse tempo,<br />

o protocolo passou por diversas reformulações, além<br />

<strong>de</strong> ter sido mantido aberto para assinaturas e ratificações,<br />

pois precisava do apoio <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> países<br />

que, juntos, respon<strong>de</strong>ssem por ao menos 55% das<br />

emissões dos gases <strong>de</strong> efeito estufa, e somente com<br />

a entrada da Rússia, o segundo maior poluidor, responsável<br />

por 17% <strong>de</strong>las, a cota foi atingida. Até então,<br />

apesar da a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> 127 países, a soma <strong>de</strong> emissões<br />

era <strong>de</strong> apenas 44%.<br />

O acordo consiste em uma redução gradativa da<br />

emissão <strong>de</strong> gases do efeito estufa em torno <strong>de</strong> 5%,<br />

entre os anos <strong>de</strong> 2008 e 2012, em relação aos níveis<br />

<strong>de</strong> poluição registrados em 1990 (consi<strong>de</strong>rado o ano-<br />

-base para as negociações do regime internacional <strong>de</strong><br />

mudanças climáticas), além <strong>de</strong> um plano para manter o<br />

Protocolo ou criar um novo, visando sempre à redução<br />

das emissões do gás carbônico.<br />

Os caminhos do acordo foram divididos em duas partes,<br />

sendo elas: o AWG-KP - Ad Hoc Working Group on Further<br />

Commitments for Annex I Parties un<strong>de</strong>r the Quioto<br />

(Grupo <strong>de</strong> Trabalho Visando Compromissos Adicionais<br />

para as Partes do Anexo 1 do Protocolo <strong>de</strong> Quioto); e o<br />

AWG-LCA - Ad Hoc Working Group on Long-term Cooperative<br />

Action un<strong>de</strong>r the Convention (Grupo <strong>de</strong> Trabalho<br />

visando a Cooperação <strong>de</strong> Longo Prazo no âmbito da Convenção<br />

do Protocolo). O primeiro grupo visa estabelecer<br />

as normas e diretrizes para os países que fazem parte do<br />

Anexo I do Protocolo (Ver Anexo I) além <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir um plano<br />

para a continuação do Protocolo ou a criação <strong>de</strong> um<br />

novo, sempre visando à redução dos gases <strong>de</strong> efeito estufa.<br />

Já o AWG-LCA atua como uma ferramenta, dando aos<br />

países algumas opções e caminhos <strong>de</strong> como se po<strong>de</strong> reduzir<br />

a emissão dos gases, por meios <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong><br />

mercado, visando gerar algum lucro para as economias<br />

dos países <strong>de</strong> uma forma sustentável.<br />

O Protocolo tem como base o ano <strong>de</strong> 1990, porque<br />

foi o ano <strong>de</strong> lançamento do primeiro relatório do IPCC,<br />

no qual alguns cientistas, preocupados com o elevado<br />

nível <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono na atmosfera, advertiram o<br />

mundo a respeito dos problemas que os gases <strong>de</strong> efeito<br />

estufa po<strong>de</strong>m causar (como as elevações da temperatura<br />

da Terra, além <strong>de</strong> graves danos à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os seres<br />

viventes) 1 .<br />

A partir <strong>de</strong>sta data, foram realizadas muitas pesquisas<br />

para <strong>de</strong>scobrir o real problema da elevação da temperatura<br />

do planeta, e, em 1992, mais <strong>de</strong> 160 governos assinaram<br />

a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas na<br />

Eco–92 (acontecida no Rio <strong>de</strong> Janeiro), com o objetivo <strong>de</strong><br />

conter o níveis <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> GEE (Gases <strong>de</strong> Efeito Estufa)<br />

<strong>de</strong> uma forma rápida e sustentável, para proteger o mundo<br />

e toda a vida que nele habita. Foi estipulado também<br />

o “princípio das responsabilida<strong>de</strong>s comuns, porém diferenciadas”,<br />

<strong>de</strong>terminando que todos os países tivessem a<br />

obrigação <strong>de</strong> cuidar do meio ambiente, porém os países<br />

do hemisfério Norte <strong>de</strong>veriam ser os primeiros a tomar as<br />

ações mais objetivas e eficazes, por serem consi<strong>de</strong>rados<br />

os principais agentes do problema.<br />

Em 1995 foi lançado o segundo relatório do IPCC,<br />

mostrando o verda<strong>de</strong>iro impacto da <strong>de</strong>gradação do meio<br />

ambiente causado pelo homem, e, em 1997, foi realizada<br />

89


a conferência em Quioto, quando surgiu o primeiro<br />

acordo com objetivos e metas estipuladas para corrigir<br />

a emissão dos gases <strong>de</strong> efeito estufa, além da<br />

criação <strong>de</strong> um fundo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento limpo, <strong>de</strong>stinado<br />

a ajudar os países a se adaptar com as novas<br />

exigências.<br />

90<br />

Um fundo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento limpo que receberia<br />

recursos provenientes <strong>de</strong> multas aplicadas aos países que<br />

não cumprissem com suas metas estabelecidas no Protocolo,<br />

recursos estes que por sua vez seriam aplicados em<br />

projetos que visassem a redução <strong>de</strong> emissões nos países<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento, permitindo o crescimento <strong>de</strong>stes<br />

países <strong>de</strong> uma forma cada vez mais limpa em termos <strong>de</strong><br />

aquecimento global e contribuindo para a <strong>de</strong>saceleração<br />

do problema.<br />

HISTóRICO DO PROBLEMA<br />

Levantamentos realizados pelo Painel Intergovernamental<br />

<strong>de</strong> Mudanças Climáticas, o IPCC, apontam<br />

que o século XX foi o mais quente dos últimos cinco<br />

séculos, tendo um aumento médio na temperatura<br />

entre 0,3º C e 0,6º C. Tal aumento é <strong>de</strong> possível suficiência<br />

para <strong>de</strong>sregular todo o clima e a biodiversida<strong>de</strong><br />

do planeta, levando a possíveis <strong>de</strong>sastres ambientais.<br />

O aumento <strong>de</strong> temperatura po<strong>de</strong> ser explicado<br />

através do aquecimento global, que é um fenômeno<br />

consequente das ações humanas emitindo cada vez<br />

maiores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gases nocivos à camada <strong>de</strong><br />

ozônio. É importante ressaltar que, <strong>de</strong> acordo com<br />

o IPCC, as alterações na temperatura po<strong>de</strong>m atingir<br />

5 graus Celsius, entre os anos 1900 e 2100, possivelmente<br />

fazendo com que o nível do mar suba até oitenta<br />

e oito centímetros no período.<br />

Apesar <strong>de</strong> o aquecimento global ganhar <strong>de</strong>staque<br />

apenas na década <strong>de</strong> 1980, a concentração <strong>de</strong> gases<br />

na atmosfera é um evento que aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Revolução Industrial no século XVIII,<br />

incrementando a concentração atmosférica <strong>de</strong> CO2<br />

em 35,3%. No final do século XVIII, a concentração <strong>de</strong><br />

CO2 no ar era <strong>de</strong> 280 partes por milhão (ppm), ou seja,<br />

0,028% da atmosfera. Em 2005, ela havia chegado a<br />

379 partes por milhão (chegando a 26,4 bilhões <strong>de</strong> toneladas<br />

<strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono). Até 2005, as nações<br />

<strong>de</strong>senvolvidas eram responsáveis pela maior parte <strong>de</strong><br />

emissões <strong>de</strong> gás carbônico, cenário que está mudan-<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

do atualmente, pois os países em <strong>de</strong>senvolvimento já são<br />

responsáveis por 53% das emissões <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa.<br />

Dentre os países em <strong>de</strong>senvolvimento, a China, os<br />

EUA e a Índia são os que mais vêm contribuindo para a<br />

aceleração das emissões <strong>de</strong> GEE, graças às centrais térmicas<br />

<strong>de</strong> carvão construídas nos três Estados.<br />

Dos 10 bilhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> gás carbônico emitidos<br />

no mundo em 2007, <strong>de</strong>ntre os quais 8,5 bilhões, ou<br />

seja, 85% das emissões <strong>de</strong>sse gás são provocadas pela<br />

queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis, como petróleo, gás natural<br />

e carvão mineral, para movimentar principalmente<br />

setores como os <strong>de</strong> energia, transportes e indústria. Essa<br />

forma <strong>de</strong> poluição quadruplicou nos últimos sete anos, se<br />

comparada com a década passada. As emissões restantes<br />

(15% ou 1,5 bilhões) são <strong>de</strong>correntes da <strong>de</strong>vastação das<br />

florestas tropicais na América Latina, Ásia e África.<br />

De acordo com os dados da Convenção do Clima, o<br />

ranking dos <strong>de</strong>z maiores emissores do mundo, em termos<br />

<strong>de</strong> emissão per capita, é li<strong>de</strong>rado pelos EUA, em seguida<br />

temos o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), que são consi<strong>de</strong>rados<br />

os países emergentes com maior influência<br />

no mundo, bem como os que possuem maior território<br />

e populações. Dados da Energy Information Administration<br />

(EIA) relativos a 2006 consagram a China como maior<br />

emissor mundial <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono, em termos absolutos.<br />

Com a emissão <strong>de</strong> 6,01 milhões <strong>de</strong> toneladas anuais<br />

<strong>de</strong> CO2 e um aumento <strong>de</strong> 11% em relação a 2005, este<br />

país superou os Estados Unidos como maior emissor.<br />

A Índia logo mais irá ocupar a terceira posição. Em<br />

termos históricos, <strong>de</strong> acordo com o EIA, os EUA emitiram,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1850, aproximadamente 1088 toneladas <strong>de</strong> gás<br />

carbônico por habitante, enquanto a China emitiu apenas<br />

68 toneladas por habitante. Em escala <strong>de</strong> proporção,<br />

a China emitiu mais <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitantes<br />

em seu país, mas se fosse levada em questão a<br />

poluição por indivíduo (ou seja, per capita), os EUA ainda<br />

estariam na frente.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Figura 1 – Emissão <strong>de</strong> gás carbônico por milhões <strong>de</strong><br />

toneladas.<br />

Na COP 3, em 1997, <strong>de</strong>finiu-se que, entre os anos <strong>de</strong><br />

2008 e 2012, os países mais industrializados estavam<br />

obrigados a diminuir seu volume na emissão <strong>de</strong> gases<br />

em 5,2% com relação aos níveis <strong>de</strong> 1990. Todavia, tais<br />

metas <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser cumpridas por muitos países, lista<br />

essa li<strong>de</strong>rada pelos EUA - que ocupavam o lugar <strong>de</strong><br />

maior emissor na época por não querer comprometer<br />

assim sua economia.<br />

O Protocolo foi elaborado para que uma redução na<br />

emissão <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono na Terra acontecesse <strong>de</strong><br />

uma forma igualitária e proporcional, seguindo o princípio<br />

das responsabilida<strong>de</strong>s comuns, porém diferenciadas.<br />

Assim, caso um país seja <strong>de</strong>smasiado gran<strong>de</strong>, ou<br />

seja, uma gran<strong>de</strong> potência, ele <strong>de</strong>ve reduzir mais as suas<br />

emissões (<strong>de</strong> acordo com o discutido entre os países ao<br />

fazer o Protocolo). Porém, o Protocolo não tem po<strong>de</strong>r<br />

legítimo para intervir na soberania <strong>de</strong> um Estado, e não<br />

é capaz <strong>de</strong> obrigar o Estado diretamente a cumprir com<br />

o seu <strong>de</strong>ver.<br />

Se o Estado assinar o Protocolo e se dispor a cumprir<br />

o acordo e não cumpri-lo, então os países signatarios<br />

po<strong>de</strong>rão cobrar <strong>de</strong>sse Estado falho, porém estes não<br />

po<strong>de</strong>m obrigar o país a cumprir interferindo na sua soberania,<br />

pois, se isso acontecer, haverá possivelmente<br />

uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> guerra. Sendo assim, aqueles países<br />

que apenas assinaram o documento, mas não o ratificaram,<br />

como foi o caso dos Estados Unidos, não seriam<br />

obrigados a seguir as <strong>de</strong>cisões estipuladas pelas <strong>de</strong>mais<br />

partes e, portanto, não po<strong>de</strong>riam ser cobrados pelos<br />

<strong>de</strong>mais Estados. Em se tratando <strong>de</strong> um documento que<br />

tenta estipular ações <strong>de</strong> gestão coletiva <strong>de</strong> um bem<br />

comum (nesse caso, a atmosfera terrestre), parte-se da<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que os Estados <strong>de</strong>veriam assumir esse arranjo<br />

cooperativo porque ele é a melhor maneira para lidar<br />

com situações que têm implicações no mundo como<br />

um todo. O Protocolo entrou em vigor há seis anos, em<br />

16 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2005. Com o Protocolo vigorando,<br />

além <strong>de</strong> se criar um fundo anual para as nações em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

se adaptarem, o carbono também passou<br />

a ser visto como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda <strong>de</strong> troca.<br />

O Protocolo estipula a criação <strong>de</strong> um fundo anual <strong>de</strong><br />

quase US$ 500 milhões, (...) para facilitar a adaptação das<br />

nações pobres às exigências do Protocolo; também <strong>de</strong>termina<br />

regras para a compra e venda <strong>de</strong> créditos obtidos por<br />

cortes nas emissões <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono (...).<br />

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA<br />

As mudanças no clima <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong> fatores internos<br />

e externos, sendo os primeiros os que dizem respeito<br />

à organicida<strong>de</strong> da natureza, enquanto os outros <strong>de</strong>rivam<br />

<strong>de</strong> resultados naturais ou foram produzidos pela<br />

ação do homem. Um exemplo da organicida<strong>de</strong> da natureza<br />

é a temperatura interna do Sol: nos últimos anos<br />

constatou-se um aumento constante da temperatura e<br />

nada po<strong>de</strong> ser feito quanto a isso. Nos últimos 150 anos<br />

observou-se que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa<br />

concentrados na atmosfera aumentou. Entretanto, é importante<br />

<strong>de</strong>smistificar algumas questões referentes ao<br />

próprio efeito estufa.<br />

O efeito estufa é um fenômeno natural, sem o qual<br />

seria impossível a vida no planeta. É ele o responsável<br />

por manter o dióxido <strong>de</strong> carbono e outros gases na atmosfera<br />

<strong>de</strong> forma a manter a temperatura constante. A<br />

gran<strong>de</strong> questão envolvendo o efeito estufa diz respeito<br />

ao espessamento da camada <strong>de</strong> ozônio por conta do<br />

acúmulo <strong>de</strong> gases na atmosfera: o acúmulo <strong>de</strong> gases<br />

impe<strong>de</strong> que parte da radiação solar volte ao espaço<br />

após atingir a superfície do planeta. Assim, com a maior<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> radiação solar na superfície, a temperatura<br />

aumenta.<br />

Por conta do aquecimento oriundo do efeito estufa,<br />

já é possível observar variações nas reservas energéticas<br />

dos países, alterações nos índices financeiros, novas<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comércio, <strong>de</strong>ntre outros fatores. O<br />

meio ambiente reflete as alterações no clima: o número<br />

<strong>de</strong> secas e áreas <strong>de</strong>sérticas aumentou, bem como as<br />

91


áreas outrora congeladas diminuíram.<br />

PANORAMA DE POLíTICAS GLOBAIS<br />

África<br />

A África é um dos países que menos emite gases <strong>de</strong><br />

efeito estufa. A África po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada a região<br />

mais limpa e pura do planeta, entretanto não é o que<br />

acontece, pois toda a região africana recebe uma elevada<br />

quantia <strong>de</strong> poluição oriunda principalmente da<br />

Europa e da América do Sul. As emissões na Europa,<br />

por ser o continente vizinho, acabam afetando o ar da<br />

África, e a América do Sul manda seus poluentes através<br />

do fenômeno conhecido como “El Niño”. O continente<br />

africano é responsável por, aproximadamente,<br />

3,5% das emissões globais <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa.<br />

Para conter o avanço da poluição, muitos países<br />

prepararam planos individuais <strong>de</strong> ação ambiental<br />

ou estratégias para um <strong>de</strong>senvolvimento sustentável,<br />

além <strong>de</strong> muitos terem ratificado o Protocolo <strong>de</strong><br />

Quioto. A África po<strong>de</strong>rá ser o maior beneficiador dos<br />

mecanismos <strong>de</strong> cooperação internacional propostos<br />

pelo protocolo, pois tem gran<strong>de</strong>s áreas florestais, que<br />

po<strong>de</strong>rão servir <strong>de</strong> base <strong>de</strong> troca para sumidouros <strong>de</strong><br />

carbono.<br />

Ásia e Pacifico<br />

A Ásia e o Pacifico sofrem com a rápida <strong>de</strong>gradação<br />

do ar, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>gradação da camada <strong>de</strong> ozônio e às<br />

mudanças climáticas. As cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> há <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mográfica elevada estão entre as mais poluidoras<br />

do mundo, levando os países a criar padrões próprios<br />

para monitoramento da qualida<strong>de</strong> do ar e emissão <strong>de</strong><br />

gases do efeito estufa 2 .<br />

A preocupação em preservar o meio ambiente<br />

nessa região vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980 e se intensificou na<br />

década <strong>de</strong> 1990, com a criação <strong>de</strong> diversos instrumentos<br />

<strong>de</strong> redução da poluição, o que veio unir forças para<br />

combater os problemas ambientais mais urgentes,<br />

como a emissão <strong>de</strong> gás carbônico. Contudo, toda essa<br />

iniciativa não foi muito eficaz para conter o avanço da<br />

<strong>de</strong>gradação do ar, uma vez que o crescimento do consumo<br />

<strong>de</strong> energia e a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> combustíveis<br />

com alta concentração <strong>de</strong> carbono foi muito maior<br />

<strong>de</strong>vido a suas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver.<br />

92<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

Tal crescimento acelerado culminou em um aumento<br />

<strong>de</strong> doenças respiratórias em diversas regiões, principalmente<br />

nas áreas rurais ou montanhosas.<br />

Outro gran<strong>de</strong> agravante da Ásia é a constante<br />

presença <strong>de</strong> chuvas ácidas. A China e a Índia têm uma<br />

enorme necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar a queima <strong>de</strong> carvão, que é<br />

consi<strong>de</strong>rado o principal fator para a formação da chuva<br />

ácida. De acordo com alguns levantamentos florestas foram<br />

<strong>de</strong>vastados pelas chuvas na China, além <strong>de</strong> uma estimativa<br />

<strong>de</strong> aumento significativo <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> dióxido<br />

<strong>de</strong> enxofre (SO2).<br />

Muitos órgãos <strong>de</strong> proteção ambiental da ONU estão<br />

promovendo projetos para ajudar os países da região a<br />

avaliar seus níveis <strong>de</strong> emissão e elaborar estratégias para<br />

reduzi-los.<br />

Europa<br />

A Europa influencia bastante no combate à poluição<br />

e à <strong>de</strong>gradação do meio ambiente. No ano <strong>de</strong> 1979 foi<br />

realizada uma conferência entre os países europeus com<br />

o objetivo <strong>de</strong> conter as emissões <strong>de</strong> substâncias nocivas<br />

ao meio ambiente. Os principais responsáveis pela poluição<br />

atmosférica na Europa Oci<strong>de</strong>ntal têm sido os setores<br />

<strong>de</strong> energia, transporte, indústria, agricultura, bem como o<br />

uso <strong>de</strong> solventes e armazenagem e distribuição <strong>de</strong> combustíveis<br />

fósseis. A maioria dos países da Europa Central e<br />

Leste Europeu têm como principais poluidores os setores<br />

<strong>de</strong> energia elétrica e indústrias pesadas e, nos centros urbanos,<br />

consi<strong>de</strong>ra-se o setor <strong>de</strong> transportes.<br />

América Latina e Caribe<br />

Aproximadamente três quartos da população da<br />

América Latina e Caribe vivem em gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, como<br />

São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro, no Brasil; Buenos Aires, na Argentina;<br />

e Cida<strong>de</strong> do México, no México. Cada uma <strong>de</strong>las<br />

com mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z milhões <strong>de</strong> habitantes. O crescimento<br />

econômico <strong>de</strong>sses centros urbanos tem causado o aumento<br />

da poluição atmosférica com gran<strong>de</strong>s impactos<br />

à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a vida animal. Outro gran<strong>de</strong> problema<br />

vivido nesta região é o <strong>de</strong>smatamento em gran<strong>de</strong>s áreas<br />

florestais, a Bacia Amazônica é um dos gran<strong>de</strong>s exemplos.<br />

O <strong>de</strong>smatamento, o aumento das áreas industriais e a pecuária<br />

(ativida<strong>de</strong> significativa na Argentina, no Chile e no<br />

Uruguai) também resulta em uma enorme emissão regional<br />

<strong>de</strong> metano (cerca <strong>de</strong> 9,3 % do total mundial).


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Nas últimas décadas, inúmeros esforços individuais<br />

e locais têm sido realizados para lidar com a poluição<br />

atmosférica, principalmente em áreas urbanas por meio<br />

<strong>de</strong> estratégias que incluem o controle das emissões e<br />

mudança nos padrões <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> combustível.<br />

América do Norte<br />

Devido à não a<strong>de</strong>rência dos Estados Unidos da<br />

América, as emissões na América do Norte continuam<br />

sendo uma das maiores do mundo. O Canadá a<strong>de</strong>riu<br />

ao acordo, porém em 2006 o país se <strong>de</strong>svencilhou dos<br />

compromissos assumidos perante a comunida<strong>de</strong> internacional<br />

sob a alegação <strong>de</strong> que as reduções eram impossíveis<br />

<strong>de</strong> serem viabilizadas.<br />

Mesmo não a<strong>de</strong>rindo ao protocolo, os EUA se<br />

comprometerem a criar planos para lidar com as mudanças<br />

<strong>de</strong> clima. Já o Canadá permitiu que as suas florestas<br />

<strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> carbono fossem utilizadas como<br />

compensação das emissões.<br />

PONDERAÇÕES<br />

Com a proximida<strong>de</strong> do prazo final para apresentar os<br />

resultados dos países do Anexo I do Protocolo, é necessário<br />

tomar medidas radicais <strong>de</strong> caráter urgente, além<br />

<strong>de</strong> uma postura muito mais voltada para a conscientização<br />

e uma maior participação <strong>de</strong> cada país. Os atuais<br />

avanços obtidos não são suficientes, pois não se trata<br />

<strong>de</strong> um mero problema ambiental, mas <strong>de</strong> um problema<br />

político. Diversos países terão que exercer acordos multilaterais<br />

e até chegar a abrir mão <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolverem<br />

por um período ou se <strong>de</strong>senvolverem, mas <strong>de</strong> uma forma<br />

muito lenta, afetando assim o crescimento da sua<br />

economia.<br />

Outro ponto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> incerteza é acerca do<br />

próprio Protocolo. Mesmo com muitas pesquisas e estudos<br />

científicos, não existe uma real certeza <strong>de</strong> que as<br />

mudanças climáticas estão sendo realmente causadas<br />

pela ação do homem. Ainda há estudos que afirmam<br />

que a Terra sempre passou por oscilações climáticas e<br />

que todo esse aumento da temperatura não passa <strong>de</strong><br />

um processo natural e cíclico da Terra.<br />

Será necessário chegar a um acordo visando um futuro<br />

ambiental no período pós-2012.<br />

ANExO I<br />

Partes do Anexo I incluem os países industrializados<br />

que eram membros da OCDE (Organização para a Cooperação<br />

Econômica e Desenvolvimento) em 1992, além<br />

<strong>de</strong> países com economias em transição (Partes IET), incluindo<br />

a Fe<strong>de</strong>ração Russa, os Estados Bálticos e vários<br />

Centrais e da Europa Oriental.<br />

Partes do Anexo II, composto pelos membros da<br />

OCDE, do Anexo I, mas não as partes EIT. Eles são obrigados<br />

a fornecer recursos financeiros para os países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento para <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> redução<br />

<strong>de</strong> emissões e para ajudar os países emissores que<br />

ainda estão em <strong>de</strong>senvolvimento a se adaptarem aos<br />

efeitos adversos das alterações climáticas. Além disso,<br />

eles têm que “tomar todas as medidas possíveis” para<br />

promover o <strong>de</strong>senvolvimento e a transferência <strong>de</strong> tecnologias<br />

ambientalmente sustentáveis para as Partes<br />

IET e países em <strong>de</strong>senvolvimento. Financiamentos concedidos<br />

pelas Partes do Anexo II são canalizados principalmente<br />

através <strong>de</strong> mecanismo financeiro.<br />

Partes do Anexo I são principalmente os países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Certos grupos <strong>de</strong> países em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

são reconhecidos pela Convenção como<br />

sendo especialmente vulneráveis aos impactos adversos<br />

das alterações climáticas, incluindo os países com<br />

baixas das zonas costeiras e aqueles propensos à <strong>de</strong>sertificação<br />

e à seca. Outros (como os países que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

fortemente <strong>de</strong> renda da produção <strong>de</strong> combustíveis<br />

fósseis e comércio) se sentem mais vulneráveis aos possíveis<br />

impactos econômicos resultantes das mudanças<br />

climáticas. Sendo assim, necessida<strong>de</strong>s especiais e as<br />

preocupações <strong>de</strong>sses países vulneráveis, tais como seguros,<br />

investimentos e transferência <strong>de</strong> tecnologia serão<br />

garantidas pela Convenção.<br />

Às 49 Partes classificados como países menos avançados<br />

(PMA) das Nações Unidas é dada atenção especial<br />

no âmbito da Convenção em virtu<strong>de</strong> da sua limitada capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> resposta às alterações climáticas e adaptação<br />

aos seus efeitos adversos.<br />

93


SITES CONSULTADOS<br />

AMBIENTE BRASIL. http://ambientebrasil.com.br Último Acesso em<br />

15/03/2011 às 18h00min.<br />

ANDI. Mudanças Climáticas. Disponível em: www.mudancasclimaticas.<br />

andi.org.br/no<strong>de</strong>/653. Último acesso em 21/03/2011 ás 11h55min.<br />

CERQUEIRA, Wagner. ECO-92, Disponível em: http://www.brasilescola.<br />

com/geografia/eco-92.htm. Último acesso em 19/02/2011 às 13h00min.<br />

FAO. Disponível em: http://www.fao.org. Último Acesso em 12/03/2011<br />

ás 15h00min<br />

GREENPEACE. O Protocolo <strong>de</strong> Quioto. Campanha Energia. Disponível em:<br />

http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_Quioto.pdf. Último<br />

acesso em 19/03/2011 ás 14h00min.<br />

GREENPEACE. O Protocolo <strong>de</strong> Quioto. In Quioto Protocol. Disponível em:<br />

www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_Quioto.pdf. Último Acesso<br />

em 21/02/2011 ás 12h00min.<br />

GUEDES, Barbara; BORTHOLIN, Erica. Efeito-Estufa. Disponível em: http://<br />

educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/ee/Efeito_Estufa.html. Último acesso<br />

em 20/02/2011 ás 13h00min.<br />

Histórico das Cops, Disponível em: http://cop.ambientebrasil.com.br/<br />

sobre/historico-das-cops/. Último Acesso em 20/02/2011 ás 13h40min.<br />

IED. Disponível em: http://www.ied-pt.org. Último Acesso em 18/03/2011<br />

ás 15h00min<br />

IG Educa. Países em Desenvolvimento também contribuem com emissão<br />

<strong>de</strong> gás poluente. Disponível em: www.igeduca.com.br/.../paises-em-<br />

-<strong>de</strong>senvolvimento-tambem-contribuem-com-emissao-<strong>de</strong>-gas-poluente.html.<br />

Ultimo Acesso em 21/03/2011 ás 12h00min.<br />

IPAM. Disponível em: http://www.ipam.org.br. Último Acesso em<br />

10/02/2011 às 10h00min<br />

IPCC. Disponível em: http://www.ipcc.ch. Último Acesso em 20/03/2011<br />

ás 18h00min<br />

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Conpet, 2011. Disponível em: http://<br />

www.conpet.gov.br/Quioto. Último acesso em 20/03/2011 ás 13h00min.<br />

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Conpet. Disponível em: http://www.<br />

conpet.gov.br/Quioto. Último Acesso em 15/03/2011 ás 18h45min<br />

MUSEU DA ELETRICIDADE. China Ultrapassa EUA como maior emissor<br />

<strong>de</strong> CO2. Disponível em: http://wikienergia.com/~edp/in<strong>de</strong>x.<br />

php?title=China_ultrapassa_EUA_como_maior_emissor_<strong>de</strong>_CO2. Último<br />

acesso em 21/03/2011 ás 13h40min.<br />

Portal Eco Debate. http://www.eco<strong>de</strong>bate.com.br. Último Acesso em<br />

15/03/2011 ás 12h30min<br />

Portal São Francisco. Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.<br />

br. Último Acesso em 1/03/2011 ás 10h00min<br />

STUMP, Daniela; PINHEIRO, Antonio. 12a Conferência das Partes da Convenção<br />

Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas e 2a Reunião das<br />

Partes do Protocolo <strong>de</strong> Quioto.Nairóbi, Quênia, nos dias 06 a 17 <strong>de</strong> novembro<br />

<strong>de</strong> 2006. Disponível em: www.pinheiropedro.com.br/biblioteca/<br />

anais.../relatorio-COP12-MOP-2.pdf. Último Acesso em 19/03/2011 ás<br />

18h50min.<br />

Tratados Internacionais Sobre Meio Ambiente Disponível em: http://<br />

www.mundoeducacao.com.br/geografia/tratados-internacionais-sobre-meioambiente.htm.<br />

último acesso em 21/03/2011 ás 12h00min.<br />

94<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

UNEP. Disponível em: http://unep.org. Último Acesso em 12/03/2011 às<br />

18h25min<br />

UNFCCC. Ad Hoc Working Group on Further Commitments for Annex I Parties<br />

un<strong>de</strong>r the Quioto Protocol (AWG-KP). Disponível em: http://unfccc.int/Quioto_protocol/items/4577.php.<br />

Último acesso em 20/03/2011 ás 13h30min.<br />

UNFCCC. Ad Hoc Working Group on Long-term Cooperative Action un<strong>de</strong>r<br />

the Convention (AWG-LCA). Disponível em: http://unfccc.int/meetings/ad_<br />

hoc_working_groups/lca/items/4381.php. Último acesso em 20/03/2011 ás<br />

16h00min.<br />

UNFCCC. Disponível em: http://www.unfccc.com. Último Acesso em<br />

15/02/2011 às 12h00min<br />

UNFCCC. Grupo Ad Hoc sobre Cooperação <strong>de</strong> Longo Prazo no âmbito da<br />

Convenção (AWG-LCA): In Ad Hoc Working Group on Long-term Cooperative<br />

Action un<strong>de</strong>r the Convention (AWG-LCA), Disponível em: http://unfccc.int/<br />

meetings/ad_hoc_working_groups/lca/items/4381.php. Último acesso em<br />

30/01/2011 ás 13h00min.<br />

UNFCCC. National Reports. Disponível em: http://unfccc.int/national_reports/items/1408.php.<br />

Último Acesso em 20/02/2011 ás 16h00min<br />

UNFCCC. Partes e Observadores: In Parties & Observers, Disponível em:<br />

http://unfccc.int/parties_and_observers/items/2704.php. Último acesso em<br />

8/03/2011 ás 13h00min.<br />

UNFCCC. Status of ratification. Disponível em: http://unfccc.int/Quioto_protocol/status_of_ratification/items/2613.php.<br />

Último acesso em 20/03/2011<br />

às 15h40min.<br />

USP. Educar. Disponível em: http://www.educar.sc.usp.br. Último Acesso em<br />

15/02/2011 ás 20h00min<br />

USP. Efeito Estufa. Disponível em: http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/<br />

ee/Efeito_Estufa.html. Ultimo acesso em 19/03/2011 ás 12h30min.<br />

Vestibular UOL. Disponível em: http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/ult2762u17.jhtm.<br />

Último acesso em 18/02/2011 ás 19h00min.<br />

WILD, Bianca. ECO 92, um histórico. Disponível em: http://recantodasletras.<br />

uol.com.br/trabalhosescolares/910430. Último acesso em 20/03/2011 as<br />

10h00min.


COMBATENDO A DISCRIMINAÇÃO<br />

CONTRA OS IMIGRANTES NOS<br />

PAíSES DO GOLFO PéRSICO


Prezados <strong>de</strong>legados,<br />

96<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

É com muita satisfação e orgulho que enfim iniciamos estes dizeres <strong>de</strong> boas-vindas aos senhores<br />

<strong>de</strong>legados do Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (CDH).<br />

Primeiramente gostaria <strong>de</strong> nos apresentar. Meu nome é Amanda Pina Ferreira e será um prazer assisti-los<br />

como diretora junto com Laura Felicíssimo e Larissa Temple durante os trabalhos do VII Fórum FAAP<br />

<strong>de</strong> Discussão Estudantil. Atualmente curso o 6° semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais na FAAP. Meu histórico<br />

<strong>de</strong>ntro do Fórum FAAP iniciou-se em 2008, quando tive o privilégio <strong>de</strong> participar pela primeira vez como<br />

voluntária <strong>de</strong> administração, ajudando a coor<strong>de</strong>nar todos os comitês <strong>de</strong> perto. Sendo assim, no mesmo ano,<br />

exerci o cargo <strong>de</strong> diretora administrativa no II Fórum FAAP <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Ribeirão Preto, o qual<br />

lida com as 8 Metas do Milênio.<br />

Desta maneira, o Fórum me <strong>de</strong>spertou a paixão para participar <strong>de</strong> outros mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> arbitragem. A minha<br />

primeira experiência foi como <strong>de</strong>legada da Índia no Banco Mundial no UFRGSMUN 2010 e minha última<br />

participação foi como <strong>de</strong>legada da Bulgária na Organização Mundial do Comércio no Harvard National<br />

Mo<strong>de</strong>l United Nations 2011.<br />

Laura Felicíssimo tem 20 anos, cursa o 5° semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais e atuou na última edição<br />

do Fórum FAAP como voluntária acadêmica do Banco Mundial.<br />

Larissa Temple tem 20 anos e está no 7° semestre <strong>de</strong> Relações Internacionais. Já participou do Fórum<br />

FAAP duas vezes, primeiramente com diretora adjunta do Conselho <strong>de</strong> Segurança no V Fórum FAAP e como<br />

diretora do Banco Mundial no VI Fórum. Como <strong>de</strong>legada, Larissa participou do Mo<strong>de</strong>lo SOI em Natal- RN.<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer, e mais que isso, parabenizar a secretária-geral Bruna Strufaldi por toda a <strong>de</strong>terminação<br />

e empenho na preparação <strong>de</strong>sta edição do Fórum FAAP, e por toda a ajuda e confiança em nós.<br />

Agra<strong>de</strong>cemos também à professora Camila Asano pela ajuda em toda a preparação <strong>de</strong>ste trabalho e a todo<br />

o staff acadêmico e administrativo pelo ótimo trabalho <strong>de</strong>senvolvido ao longo <strong>de</strong>ste tempo. Aos nossos pais<br />

e exemplos, registramos aqui o obrigado por todo apoio e força concedidos.<br />

O tema Combatendo a discriminação contra os imigrantes nos países do Golfo Pérsico foi escolhido não<br />

somente pela imensa e sempre presente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção dos direitos humanos, mas também pela<br />

especial atenção às consequências da imigração. O <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> foi elaborado com o intuito <strong>de</strong> servir<br />

como base para melhor enten<strong>de</strong>r a questão apresentada e elaborar a preparação do <strong>de</strong>bate.<br />

Finalmente, <strong>de</strong>sejamos a todos ótimas discussões. Recomendamos ainda que este <strong>Guia</strong> seja usado<br />

como material <strong>de</strong> orientação, sendo que, outras fontes <strong>de</strong>vem ser exploradas para um maior aprofundamento<br />

do tema.<br />

Esperamos encontrá-los em breve.<br />

Atenciosamente,<br />

Amanda Pina Ferreira, Laura Felicíssimo e Larissa Temple<br />

Diretoras acadêmicas


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

INTRODUÇÃO<br />

Devido aos massacrantes acontecimentos ocasionados<br />

pelas duas Gran<strong>de</strong>s Guerras e o final da Liga das<br />

Nações, fez-se necessária a criação <strong>de</strong> um órgão capaz<br />

<strong>de</strong> preservar a paz e a segurança internacional <strong>de</strong> toda<br />

a humanida<strong>de</strong>. Com este objetivo maior, em 24 <strong>de</strong> outubro<br />

<strong>de</strong> 1945, nascia a Organização das Nações Unidas<br />

(ONU), sendo seu documento <strong>de</strong> criação assinado por<br />

51 países.<br />

Foi a partir dos eventos mencionados acima que a<br />

humanida<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>u a importância da dignida<strong>de</strong><br />

humana como fator <strong>de</strong> reconhecimento e relevância<br />

para a proteção dos seres humanos e a relação entre<br />

eles. Buscando assim assegurar e proteger <strong>de</strong> forma<br />

permanente os direitos do homem, foi estabelecida a<br />

Comissão <strong>de</strong> Direitos Humanos, órgão subsidiário ao<br />

Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECO-<br />

SOC), ligado à Assembleia Geral da ONU.<br />

Durante sua atuação, a Comissão conseguiu gran<strong>de</strong>s<br />

progressos como a crescente expansão da proteção aos<br />

direitos humanos, principalmente em casos específicos,<br />

como o da investigação da violação dos direitos na África<br />

do Sul em 1967 e do golpe militar no Chile em 1973.<br />

Além <strong>de</strong>ste avanço, vale ressaltar o estabelecimento<br />

<strong>de</strong> normas internacionais, <strong>de</strong>staque aqui para os dois<br />

Pactos Internacionais <strong>de</strong> Direitos Civis e Políticos e ao<br />

Pacto Internacional <strong>de</strong> Direitos Econômicos, Sociais e<br />

Culturais, que, juntamente com a Declaração Universal<br />

<strong>de</strong> Direitos Humanos (1948) 1 , formam o que hoje é conhecido<br />

como a Carta Internacional <strong>de</strong> Direitos Humanos,<br />

que constitui um marco na criação dos princípios e<br />

diretrizes, utilizados até os dias atuais como padrão ao<br />

respeito dos direitos humanos no âmbito nacional e internacional<br />

2 .<br />

Devido à seletivida<strong>de</strong> e polarização da Comissão, os<br />

Estados-membros, exortados pelo então secretário-geral<br />

Kofi Annan, substituíram-na em 2006 pelo Conselho<br />

<strong>de</strong> Direitos Humanos (CDH). Assim, os métodos foram<br />

alterados e intensificados. Um novo mecanismo periódico<br />

<strong>de</strong> análise possibilitou aos países membros da<br />

Organização examinarem e esten<strong>de</strong>rem a investigação<br />

dos direitos humanos para todos os participantes.<br />

A atual preocupação referente aos direitos humanos<br />

<strong>de</strong>monstra um gran<strong>de</strong> avanço histórico na questão do<br />

reconhecimento universal dos seres humanos como<br />

iguais, que, apesar <strong>de</strong> suas diferenças, possuem o mes-<br />

mo direito <strong>de</strong> se relacionarem com o mundo a sua volta<br />

sem discriminação, ou seja, sem o espectro etnocêntrico.<br />

Boa parte do tempo e recursos do Conselho tem<br />

sido monopolizada pelo conflito entre Israel e Palestina<br />

e, como resultado, temas <strong>de</strong> direitos dos trabalhadores<br />

imigrantes, presente há mais tempo na agenda internacional,<br />

não têm recebido a atenção necessária para a<br />

implementação <strong>de</strong> soluções sustentáveis 3 .<br />

Para <strong>de</strong>sapontamento dos <strong>de</strong>fensores dos direitos<br />

humanos, nações ao redor do mundo têm diluído os<br />

direitos dos estrangeiros a um nível extremamente inferior<br />

em relação aos direitos <strong>de</strong> seus próprios cidadãos.<br />

Como uma preocupação moral, as nações <strong>de</strong>vem consi<strong>de</strong>rar<br />

esten<strong>de</strong>r o padrão <strong>de</strong> tratamento para os trabalhadores<br />

imigrantes que contribuem substancialmente<br />

para o crescimento econômico da nação. Muitos países<br />

se tornaram signatários <strong>de</strong> convenções internacionais<br />

e fizeram reformas legais dignas <strong>de</strong> confiança para garantir<br />

um justo e <strong>de</strong>cente tratamento aos trabalhadores<br />

imigrantes. Em contraste a isso, países ricos em petróleo<br />

e integrantes do Conselho <strong>de</strong> Cooperação do Golfo<br />

(GCC) 4 têm um registro contínuo <strong>de</strong> abusos sistêmicos<br />

e exploração <strong>de</strong> trabalhadores migrantes. Por isso, este<br />

guia irá discutir estas condições, e também como é importante<br />

para a comunida<strong>de</strong> internacional saber sobre<br />

o tratamento <strong>de</strong>sumano que muitos trabalhadores estrangeiros<br />

sofrem na região do Golfo. Um olhar sobre a<br />

questão apresenta uma maior dimensão das violações<br />

dos direitos humanos, com a aprovação implícita dos<br />

governos. A pressão internacional e a ação <strong>de</strong> órgãos<br />

multilaterais <strong>de</strong> direitos humanos po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem agir<br />

em prol das mudanças nas condições ali existentes.<br />

HISTóRICO DO COMITê<br />

A ONU foi criada a partir da extinta Liga das Nações,<br />

que foi i<strong>de</strong>alizada após a I Guerra Mundial, pelo presi<strong>de</strong>nte<br />

americano Woodrow Wilson, o qual <strong>de</strong>fendia a<br />

i<strong>de</strong>ia da concepção <strong>de</strong> um organismo internacional que<br />

se <strong>de</strong>stinasse à preservação da paz e à cooperação entre<br />

as nações. Destaca-se, entretanto, que a Liga não teve<br />

êxito, haja vista o advento da catastrófica II Guerra Mundial.<br />

Neste contexto, a ONU foi i<strong>de</strong>alizada sob a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> existência <strong>de</strong> uma organização que pu<strong>de</strong>sse<br />

exercer certa governança global sob o prisma da ma-<br />

97


nutenção da paz, assim como no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

todos os países existentes na comunida<strong>de</strong> internacional.<br />

Dessa forma, em 24 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1945, data da<br />

promulgação da Carta das Nações Unidas, assinada por<br />

51 países, nasce oficialmente a Organização das Nações<br />

Unidas (ONU).<br />

Uma das principais diretrizes da Organização é proteção<br />

dos direitos humanos, e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste contexto, a<br />

garantia da dignida<strong>de</strong> e das liberda<strong>de</strong>s fundamentais<br />

do homem, sempre foi um dos seus principais objetivos.<br />

O preâmbulo da Carta estabelece o propósito na<br />

fundação <strong>de</strong>ssa instituição:<br />

98<br />

Nós, povos das Nações Unidas, resolutos... a reafirmar<br />

a fé nos direitos humanos fundamentais, na dignida<strong>de</strong> e<br />

valor da pessoa humana, nos direitos iguais entre homens e<br />

mulheres e nações gran<strong>de</strong>s e pequenas...” A Carta em si mesma<br />

inclui os seguintes objetivos: “... Propiciar a cooperação<br />

internacional na resolução <strong>de</strong> problemas internacionais <strong>de</strong><br />

caráter econômico, social, cultural ou humanitário e promover<br />

e encorajar o respeito aos direitos humanos e liberda<strong>de</strong>s<br />

fundamentais para todos sem distinção <strong>de</strong> raça, sexo, língua<br />

ou religião.<br />

Para que o propósito expresso na Carta constituinte<br />

fosse colocado em prática, criou-se um órgão específico<br />

para garanti-los, <strong>de</strong> maneira que, em 1945, cria-se, subsidiário<br />

ao Conselho Econômico e Social (ECOSOC), a<br />

Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos<br />

(United Nations Commission on Human Rights - UN-<br />

CHR).<br />

Durante a sua atuação, a Comissão <strong>de</strong>senvolveu um<br />

fórum <strong>de</strong> discussão sobre as políticas que as Nações<br />

Unidas <strong>de</strong>veriam adotar no que tange às questões <strong>de</strong><br />

direitos humanos. Não obstante, <strong>de</strong>senvolvia procedimentos<br />

especiais <strong>de</strong> observação e análise da situação<br />

<strong>de</strong>stes direitos nos países e trabalhava intimamente<br />

com organizações da socieda<strong>de</strong> civil. A Comissão dos<br />

Direitos Humanos conseguiu estabelecer as normas internacionais<br />

na área dos Direitos Humanos, entretanto,<br />

como assinalou o então secretário-geral Kofi Annan em<br />

seu relatório <strong>de</strong> 2005, “In Larger Freedom: towards <strong>de</strong>velopment,<br />

security and human rights for all” , a Comissão<br />

começou a ser alvo <strong>de</strong> muitas críticas, o que fez com<br />

que a sua credibilida<strong>de</strong> fosse questionada.<br />

Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste déficit <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>, Kofi Annan<br />

propõe, neste mesmo relatório, a criação <strong>de</strong> um novo organismo<br />

que substituísse esta comissão, sendo ele subsidiário<br />

à Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU)<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

(BAILEY, 1963, pp.31-37). Assim, em março <strong>de</strong> 2006, por<br />

meio da resolução 60/251, <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2006, da AGNU,<br />

cria-se o Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos (CDH).<br />

O CDH tem como principal objetivo promover e proteger<br />

os direitos humanos ao redor do mundo, localizando<br />

violações a estes e fazendo recomendações para<br />

cessá-las. Dentre as atribuições previstas na sua resolução<br />

<strong>de</strong> criação, estão:<br />

• promover a educação e o aprendizado em direitos<br />

humanos bem como serviços <strong>de</strong> assessoria, assistência<br />

técnica e capacitação a ser provida em consulta ou com<br />

o consentimento dos Estados-membros interessados;<br />

• servir como um fórum <strong>de</strong> diálogo sobre questões<br />

temáticas sobre todos os direitos humanos;<br />

• fazer recomendações à Assembleia Geral para um<br />

maior <strong>de</strong>senvolvimento do direito internacional no<br />

campo dos direitos humanos;<br />

• realizar uma revisão periódica universal, baseada<br />

em informações objetivas e confiáveis, sobre o cumprimento<br />

por parte <strong>de</strong> cada Estado das suas obrigações e<br />

compromissos em direitos humanos com vista a assegurar<br />

a universalida<strong>de</strong> do exame e o igual tratamento a<br />

todos os Estados;<br />

• contribuir, por meio <strong>de</strong> diálogo e cooperação, para a<br />

prevenção das violações <strong>de</strong> direitos humanos e respon<strong>de</strong>r<br />

prontamente às emergências relacionadas com os<br />

direitos humanos;<br />

• cooperar estreitamente em direitos humanos com<br />

os governos, as organizações regionais, as instituições<br />

nacionais <strong>de</strong> direitos humanos e a socieda<strong>de</strong> civil;<br />

• formular recomendações com relação à promoção e<br />

proteção dos direitos humanos.<br />

Para que a imparcialida<strong>de</strong> seja mantida no Conselho,<br />

as ca<strong>de</strong>iras são distribuídas entre grupos regionais:<br />

treze para a África, treze para a Ásia, seis para a Europa<br />

Oci<strong>de</strong>ntal, oito para a América Latina e o Caribe e<br />

sete para a Europa Oci<strong>de</strong>ntal e outros. O mandato <strong>de</strong><br />

cada um <strong>de</strong>stes Estados é <strong>de</strong> no máximo duas eleições<br />

consecutivas, que ocorrem a cada três anos. Em caso<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento por um Estado-membro <strong>de</strong> suas


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

obrigações em direitos humanos, seu mandato po<strong>de</strong><br />

ser suspenso com dois terços dos votos dos Estados-<br />

-membros da Assembleia Geral.<br />

O Conselho atua junto a outros organismos que<br />

trabalham em prol da preservação dos direitos humanos<br />

no mundo. Como exemplo, po<strong>de</strong>mos citar o Alto<br />

Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos,<br />

Alto Comissariado das Nações Unidas para os<br />

Refugiados (ACNUR), Organização das Nações Unidas<br />

para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Programa<br />

das Nações Unidas para o Desenvolvimento e<br />

a Corte Internacional <strong>de</strong> Justiça (CIJ).<br />

HISTóRICO DO TEMA<br />

Os países do Conselho <strong>de</strong> Cooperação do Golfo<br />

(GCC) possuem características comuns em suas leis<br />

trabalhistas, entretanto, elas variam entre os membros<br />

em termos <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> aplicação e <strong>de</strong> severida<strong>de</strong>.<br />

“Leis nos países membros do GCC são baseadas<br />

fundamentalmente nos princípios da sharia e as<br />

leis trabalhistas não diferem disso.” Migrantes trabalhadores<br />

po<strong>de</strong>m ser empregados somente <strong>de</strong>ntro das<br />

leis trabalhistas, que não consi<strong>de</strong>ram trabalhadores<br />

domésticos e rurais.<br />

Uma análise <strong>de</strong>talhada das leis e regras dos países<br />

membros do GCC po<strong>de</strong> expor os princípios <strong>de</strong> sua<br />

abordagem em relação aos trabalhadores imigrantes.<br />

Algumas leis aparentam ser simples e diretas, mas<br />

po<strong>de</strong>m ser ferramentas abusivas nas mãos do contratante<br />

que as executa. Combinação <strong>de</strong> leis repressivas,<br />

e oficiais ten<strong>de</strong>nciosos que as aplicam, faz a vida dos<br />

imigrantes trabalhadores similares àquela <strong>de</strong> “trabalho<br />

forçado”. O contrato dos imigrantes trabalhadores<br />

os impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> procurar outro emprego no país ou nos<br />

<strong>de</strong>mais países membros, para isso, é necessária uma<br />

permissão específica ou liberação por parte do “patrocinador”<br />

(ou contratante). Transferência <strong>de</strong> patrocínio<br />

é geralmente restrita a categorias específicas <strong>de</strong> profissionais,<br />

e a maioria da força <strong>de</strong> trabalho imigrante<br />

nos países membros do GCC não entra em nenhuma<br />

das categorias isentas.<br />

Um exemplo <strong>de</strong> abertura para se conseguir mudar<br />

<strong>de</strong> emprego se encontra nas leis trabalhistas dos<br />

Emirados Árabes. Lá, um empregador, empregado ou<br />

beneficiário <strong>de</strong>scontentes, po<strong>de</strong> enviar uma aplicação<br />

escrita para o <strong>de</strong>partamento trabalhista competen-<br />

Fonte: http://www.gccsg.org/eng/in<strong>de</strong>x.php<br />

te, a fim <strong>de</strong> resolver a questão proveniente do emprego.<br />

Logo, o Ministério do Trabalho chamará ambos os lados<br />

da disputa e tomará a <strong>de</strong>cisão que julgar necessária para<br />

resolvê-la <strong>de</strong> maneira amigável, caso contrário, a disputa<br />

será encaminhada para o tribunal competente conforme<br />

indicação <strong>de</strong> um memorando contendo um sumário da<br />

disputa, o argumento <strong>de</strong> ambos os lados e os comentários<br />

do Ministério. Po<strong>de</strong> <strong>de</strong>morar alguns meses para que o<br />

assunto seja resolvido pelo tribunal <strong>de</strong> primeira instância,<br />

e este atraso po<strong>de</strong> ser crucial para os empregados, uma<br />

vez que estes estarão permanecendo no país sem salário<br />

e acumulando <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> subsistência diárias. Empregados<br />

são isentos <strong>de</strong> uma taxa paga ao tribunal, entretanto,<br />

esse privilégio é negado se o tribunal or<strong>de</strong>nar que<br />

o empregado <strong>de</strong>va pagar tudo ou parte das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>vido<br />

à não admissão ou <strong>de</strong>stituição do caso.<br />

Os trabalhadores imigrantes também enfrentam um<br />

número <strong>de</strong> restrições sistemáticas quando entram com<br />

uma queixa contra seu contratante. Primeiro, o empregado<br />

arrisca seu emprego, porque o contratante po<strong>de</strong> não<br />

reter um empregado que questiona suas ações, segundo,<br />

é extremamente difícil conseguir uma “permissão temporária”<br />

para que seja possível procurar um novo emprego.<br />

Não há garantia <strong>de</strong> que os fóruns providos para o acordo<br />

da disputa sejam livres <strong>de</strong> arbitrarieda<strong>de</strong> e preconceito.<br />

99


Desse modo, conclui-se ser difícil existir reparações<br />

judiciais satisfatórias referentes aos <strong>de</strong>scontentamentos<br />

trabalhistas nos países do Golfo Pérsico, pois o sistema<br />

judiciário na região não é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e funciona<br />

subordinado à ala executiva dos sistemas políticos <strong>de</strong>sses<br />

países. Assim, um indivíduo necessita <strong>de</strong> permissão<br />

especial do gabinete do governante para registrar<br />

casos contra o governo ou suas agências. Nesse caso,<br />

quando a disputa alcança o tribunal <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mediação<br />

no Ministério do Trabalho, empregados po<strong>de</strong>m<br />

buscar representação, mas em sua maioria não terão<br />

dinheiro para arcar com essas <strong>de</strong>spesas, pois seu empregador<br />

já não lhe paga mais um salário. Seguindo-se<br />

o processo, uma vez que a <strong>de</strong>cisão final seja a favor do<br />

trabalhador imigrante, este po<strong>de</strong> estar <strong>de</strong>vendo mais<br />

que a soma recebida pelo julgamento, além <strong>de</strong> ainda<br />

assim po<strong>de</strong>r sofrer duras penalida<strong>de</strong>s do empregador,<br />

que po<strong>de</strong> fazer com que o visto <strong>de</strong> residência do trabalhador<br />

no país expire.<br />

É preciso enten<strong>de</strong>r que as questões que afetam trabalhadores<br />

expatriados na região do Golfo são diferentes<br />

daquelas da população imigrante <strong>de</strong> outras regiões<br />

do mundo. A diferença mais importante é o “status temporário”<br />

do trabalhador expatriado nos países do Golfo.<br />

Enquanto estes países emitem permissões <strong>de</strong> trabalho<br />

em curto prazo aos trabalhadores estrangeiros, países<br />

da Europa e da América do Norte atribuem status <strong>de</strong><br />

imigrantes aos trabalhadores estrangeiros, o que po<strong>de</strong><br />

permitir a naturalização <strong>de</strong> sua cidadania <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

período <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> anos. Esses países se orgulham<br />

<strong>de</strong> sua força <strong>de</strong> trabalho diversificada e às vezes<br />

lhes fornecem status <strong>de</strong> residência permanente e até<br />

lhes permite optar por uma cidadania. Por exemplo, o<br />

Canadá celebra sua diversida<strong>de</strong> e encoraja seus cidadãos<br />

a misturar-se e interagir com estrangeiros vindos<br />

<strong>de</strong> outros países. Nos Estados Unidos, há uma apreciação<br />

e reconhecimento pelos imigrantes trabalhadores<br />

e sua cultura diversificada.<br />

No Oci<strong>de</strong>nte, os imigrantes, juntamente com a<br />

população nativa, têm garantida a proteção da vida<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da origem, sexo ou cor. Proteção essa<br />

difundida na Organização para Cooperação e Desenvolvimento<br />

Econômico (OCDE), da ONU e na Organização<br />

Internacional do Trabalho (OIT).<br />

Já os países do Golfo Pérsico não garantem essa<br />

proteção para seus imigrantes, ao contrário, no sistema<br />

legal <strong>de</strong>sses países perdura a constante violação dos<br />

direitos humanos e dos direitos dos trabalhadores que<br />

100<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

vigoram nas leis internacionais. Um trabalhador imigrante<br />

nesses países per<strong>de</strong> seu direito legítimo e fundamental<br />

<strong>de</strong> ter uma vida digna.<br />

Se as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos imigrantes no país<br />

são praticamente nulas na região, estas são um reflexo<br />

das próprias leis penais dos países, que seguem em sua<br />

maioria a Lei Islâmica (ou Lei Sharia), que se sobrepõe<br />

às leis civis, propondo punições como: a <strong>de</strong>capitação, o<br />

apedrejamento até a morte, a solitária, entre outros métodos<br />

cruéis, sendo qualquer um sujeito a elas, incluindo<br />

os trabalhadores imigrantes não islâmicos.<br />

É uma prática comum aos contratantes arquivar <strong>de</strong>núncias<br />

<strong>de</strong> imigrantes quando estes entram em disputas,<br />

assim, a parte <strong>de</strong>nunciada ganha vantagem. Comumente<br />

também, esses imigrantes são <strong>de</strong>portados, para<br />

que se evitem gastos com salários e outros benefícios<br />

finais <strong>de</strong> um contrato cancelado, não há meios para<br />

conseguir fiança, já que o juiz normalmente po<strong>de</strong> sair<br />

prejudicado, tendo em vista que os interesses do Estado<br />

ten<strong>de</strong>m para o lado contratante. Caso o imigrante consiga<br />

alguma coisa, é acusado falsamente e acaba indo<br />

para a ca<strong>de</strong>ia sem receber qualquer tipo <strong>de</strong> ajuda.<br />

Alguns contratantes mais cruéis colocam esses imigrantes<br />

na lista negra da imigração, assim, não conseguirão<br />

trabalho em outro país membro. Um imigrante<br />

na lista negra <strong>de</strong> um país do Golfo Pérsico é consi<strong>de</strong>rado<br />

um criminoso em todos os outros países da região.<br />

Mesmo invocando leis para proteger seus direitos, os<br />

imigrantes quase sempre não contam com dinheiro ou<br />

conhecidos suficientes para resolver esse tipo <strong>de</strong> problema.<br />

Segundo as leis da maioria dos países do Golfo Pérsico,<br />

os imigrantes não têm direitos <strong>de</strong> praticar sua própria<br />

religião e costumes, sendo punidos caso a infrinjam.<br />

Desse modo, na Arábia Saudita, por exemplo, todas as<br />

mulheres <strong>de</strong>vem se vestir com um vestido preto chamado<br />

<strong>de</strong> abaya e em nenhum país da região é permitido a<br />

alguém comer ou beber em público durante o período<br />

<strong>de</strong> jejum (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento do Sol, até quando ele<br />

se põe).<br />

A liberda<strong>de</strong> da mulher é bastante cerceada na região,<br />

já que elas não po<strong>de</strong>m trabalhar em vários setores, não<br />

po<strong>de</strong>m tomar <strong>de</strong>cisões sobre seu casamento e sobre a<br />

maioria dos aspectos da sua vida.<br />

Um fator discrepante da cultura local é que, apesar<br />

da extrema intolerância observada, em geral um gran-


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

<strong>de</strong> número <strong>de</strong> mulheres profissionais do sexo são<br />

trazidas para as cida<strong>de</strong>s do Golfo por patrocinadores<br />

locais. O crescimento da indústria <strong>de</strong> turismo e entretenimento<br />

tem facilitado a obtenção <strong>de</strong> vistos para<br />

muitas mulheres do Leste Europeu, Rússia e países vizinhos<br />

ao Golfo. Todo imigrante, na maioria dos países<br />

do GCC, são obrigados a fazer uma série <strong>de</strong> exames<br />

médicos a cada três anos. Caso ele ou ela for diagnosticado<br />

com alguma DST, este será <strong>de</strong>portado para o<br />

seu país <strong>de</strong> origem. Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>tectar então mais um<br />

fator discriminatório.<br />

Além <strong>de</strong> mulheres, autorida<strong>de</strong>s dos Emirados Árabes<br />

constantemente recebem alegações <strong>de</strong> crianças<br />

estrangeiras trazidas ilegalmente para servirem como<br />

jóqueis <strong>de</strong> camelos, sendo expostas a vários perigos.<br />

Recentemente, várias centenas <strong>de</strong> crianças foram resgatadas<br />

e mandadas <strong>de</strong> volta para seus países <strong>de</strong> origem.<br />

O que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um gran<strong>de</strong> avanço<br />

por parte das autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse país.<br />

Entretanto, tal avanço não se observa nas questões<br />

relacionadas a abusos sexuais cometidos nos locais <strong>de</strong><br />

trabalho, bastante comuns no Golfo Pérsico, pois as vítimas<br />

raramente conseguem expor os fatos. Aqueles<br />

que ganham coragem para reclamar sobre os avanços<br />

in<strong>de</strong>centes <strong>de</strong> seus supervisores muitas vezes per<strong>de</strong>m<br />

o trabalho e são reprimidos pela alta diretoria. Houve<br />

um caso <strong>de</strong> alegação <strong>de</strong> abuso por altos dirigentes <strong>de</strong><br />

uma companhia aérea, mas como resultado, a vítima<br />

foi transferida para outro posto, enquanto o supervisor<br />

foi promovido para que não tivesse que lidar com<br />

a vítima, além do mais, um aviso foi dado à vítima para<br />

que ela não sujasse a imagem da companhia. Não há<br />

nenhum tipo <strong>de</strong> lei que proteja as pessoas afetadas no<br />

local <strong>de</strong> trabalho, as negligências e omissões das autorida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>sses países po<strong>de</strong>m ser evi<strong>de</strong>nciadas pela<br />

hesitação dos mesmos em discutir questões relacionadas<br />

aos imigrantes com o resto do mundo. Como<br />

prova disso, as autorida<strong>de</strong>s dos Emirados Árabes se<br />

recusaram a se encontrar com pesquisadores e ativistas<br />

dos direitos humanos que investigavam a situação<br />

dos estrangeiros nesse país.<br />

Em outros países do mundo, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />

conferida aos imigrantes é <strong>de</strong>fendida pelo<br />

Direito Privado Internacional, sendo <strong>de</strong>sse modo possível<br />

para o imigrante optar por suas leis <strong>de</strong> origem<br />

quando adquire questões jurídicas em outro país. Entretanto,<br />

na Região do Golfo esses princípios não são<br />

respeitados, sendo imposta aos estrangeiros a Lei Islâ-<br />

mica mesmo em julgamentos restritos a sua vida pessoal.<br />

Quando este tenta seguir a lei local para resolver seus problemas,<br />

chega à conclusão <strong>de</strong> que as <strong>de</strong>cisões finais não<br />

serão válidas em seu país <strong>de</strong> origem ou em outros países.<br />

Ocorre que muitos juízes e advogados locais <strong>de</strong>sconhecem<br />

a aplicação <strong>de</strong> leis estrangeiras, então eles submetem<br />

essas pessoas às leis locais para um julgamento mais<br />

rápido e fácil.<br />

Além dos problemas com a lei local, a maioria dos países<br />

do Golfo Pérsico também falha ao oferecer condições<br />

mínimas <strong>de</strong> segurança e saú<strong>de</strong> pública para imigrantes,<br />

além do que, não há disposições legais para aposentadoria<br />

ou qualquer outro tipo <strong>de</strong> contribuição para empregados<br />

da região. O custo com saú<strong>de</strong> é totalmente dos<br />

empregados, e na maioria dos casos, o imigrante não<br />

consegue arcar com os custos dos medicamentos, o que<br />

po<strong>de</strong> levar a uma péssima condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou até mesmo<br />

à morte do imigrante. Como medida preventiva, os<br />

países do Golfo Pérsico evitam conce<strong>de</strong>r a extensão do<br />

visto <strong>de</strong> residência ou <strong>de</strong> trabalho para pessoas com 60<br />

anos ou mais.<br />

A comunida<strong>de</strong> internacional criticou severamente os<br />

países do CCG por suas violações flagrantes dos direitos<br />

humanos e dos direitos trabalhistas.<br />

Diferente <strong>de</strong> qualquer parte no mundo, trabalhadores<br />

imigrantes se <strong>de</strong>param com <strong>de</strong>safios únicos nos países<br />

do Golfo. Eles comprometem seus direitos básicos e sua<br />

legítima liberda<strong>de</strong> para trabalhar e sobreviver na região.<br />

O emprego adquirido é sujeito a regras e a leis que não<br />

são promulgadas para proteger estes milhões <strong>de</strong> trabalhadores,<br />

mas para mantê-los sob o controle <strong>de</strong> seus empregadores.<br />

Alguns críticos comparam o tratamento dos<br />

trabalhadores imigrantes na região à escravidão.<br />

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA<br />

Antes <strong>de</strong> ampliarmos a discussão, precisamos distinguir<br />

formas <strong>de</strong> comportamento que são tratadas <strong>de</strong>ntro<br />

da questão dos Direitos Humanos (DH). O comportamento<br />

mais adotado pela maioria das organizações internacionais,<br />

ONGs e outros órgãos preocupados com a proteção<br />

dos DH é o <strong>de</strong> tratar os direitos dos imigrantes como<br />

um direito humano. Os princípios dos direitos humanos<br />

incluem: universalida<strong>de</strong>: são aplicados a todos (incluindo<br />

imigrantes); indivisibilida<strong>de</strong>: não há hierarquia <strong>de</strong> direitos,<br />

e certos tipos <strong>de</strong> direitos não po<strong>de</strong>m ser separados <strong>de</strong> outros;<br />

inalienabilida<strong>de</strong>: os direitos humanos não po<strong>de</strong>m ser<br />

101


negados a nenhum ser humano, e não po<strong>de</strong> ser “<strong>de</strong>sistido”<br />

voluntariamente; e igualda<strong>de</strong> e não <strong>de</strong>scriminação:<br />

todos os indivíduos são iguais como seres humanos. Os<br />

direitos humanos são <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> uma “humanida<strong>de</strong><br />

comum” e a dignida<strong>de</strong> inerente <strong>de</strong> cada ser humano, ao<br />

invés da cidadania <strong>de</strong> um país em particular.<br />

Os principais instrumentos legais que especificam e<br />

fazem referência ao direito dos imigrantes estão sendo<br />

citados na Convenção Internacional <strong>de</strong> Proteção aos Direitos<br />

dos Trabalhadores Imigrantes e <strong>de</strong> Membros <strong>de</strong><br />

suas Famílias (Migrant Worker`s Convention). Este entrou<br />

em ação no dia primeiro <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2003. O mesmo<br />

reconhece explicitamente os direitos humanos <strong>de</strong><br />

todos os trabalhadores imigrantes e <strong>de</strong> seus familiares<br />

e leva em conta outros mo<strong>de</strong>los que refletem os outros<br />

seis tratados. Juntos com outros tratados internacionais<br />

<strong>de</strong> direitos humanos, esses instrumentos estabeleceram<br />

um compreensivo conjunto <strong>de</strong> direitos para os<br />

imigrantes, incluindo a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção em leis<br />

relacionadas ao trabalho, leis antidiscriminação e sobre<br />

o direito das famílias. A Convenção Internacional<br />

<strong>de</strong> Proteção aos Direitos dos Trabalhadores Imigrantes<br />

e <strong>de</strong> Membros <strong>de</strong> suas Famílias, em particular, vem se<br />

tornado uma base <strong>de</strong> comportamento preconizada por<br />

várias organizações internacionais e ONGs preocupadas<br />

com a proteção dos trabalhadores imigrantes. Ela foca<br />

bastante nos direitos dos imigrantes, incluindo aqueles<br />

que vivem e trabalham fora <strong>de</strong> seus países ilegalmente.<br />

A revisão dos direitos dos imigrantes mais apreciada<br />

mundialmente confirma que a maioria dos imigrantes,<br />

especialmente aqueles que trabalham em setores que<br />

necessitam <strong>de</strong> muita mão <strong>de</strong> obra não qualificada, <strong>de</strong>sfrutam<br />

<strong>de</strong> poucos direitos estipulados em convenções<br />

internacionais. Por exemplo, entre os programas temporários<br />

<strong>de</strong> migração nos Estados Unidos e Europa, imigrantes<br />

não têm o direito <strong>de</strong> livre escolha <strong>de</strong> emprego<br />

nem acesso a benefícios <strong>de</strong> bem-estar que cidadãos e<br />

imigrantes <strong>de</strong> longo prazo recebem. Em Cingapura, imigrantes<br />

<strong>de</strong> baixa mão <strong>de</strong> obra são oficialmente proibidos<br />

<strong>de</strong> morarem ou casarem com qualquer cidadão daquele<br />

país. Imigrantes resi<strong>de</strong>ntes ilegais são os que têm<br />

menos direitos. Em vários países do Golfo, as proteções<br />

<strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> trabalhos locais não se aplicam a certos<br />

tipos <strong>de</strong> trabalhadores imigrantes ( ROPER, 2008, p: 2).<br />

A imigração <strong>de</strong> trabalhadores para os países do GCC<br />

é primeiramente regulada a partir do Sistema do Kafala<br />

(patrocínio), que é praticamente um programa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

escala para convidar imigrantes para irem trabalhar<br />

102<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

em <strong>de</strong>terminados países. Dentro <strong>de</strong>ste sistema, imigrantes<br />

<strong>de</strong>vem fazer o requerimento <strong>de</strong> um Kafeel para<br />

terem permissão para entrar no país e trabalharem. Para<br />

se tornar um Kafeel, os cidadãos do GCC e instituições<br />

têm que fazer um cadastro e entregar-lo às autorida<strong>de</strong>s<br />

públicas. Se este documento for aceito, o imigrante<br />

recebe a permissão para trabalhar temporariamente, e<br />

em alguns casos, por um tempo in<strong>de</strong>terminado. Uniões<br />

<strong>de</strong> famílias são possíveis, mas bastante restritas, já que<br />

imigrantes são consi<strong>de</strong>rados trabalhadores temporários,<br />

sendo assim, políticas <strong>de</strong> integração e projetos migratórios<br />

não são comuns nestes países.<br />

Por mais que a diferença entre a condição dos imigrantes<br />

e a <strong>de</strong> cidadãos naturais em vários países seja<br />

gran<strong>de</strong>, não <strong>de</strong>vemos pensar que a ação dos direitos<br />

humanos não é efetiva. Por mais que não sejam ratificados,<br />

tratados internacionais são importantes politicamente<br />

e estrategicamente, já que po<strong>de</strong>m influenciar<br />

e contribuir para a disseminação <strong>de</strong> melhores práticas,<br />

e ajudar a produzir o discurso nos direitos humanos.<br />

Há um pequeno número <strong>de</strong> ratificações e uma discrepância<br />

entre os direitos dos imigrantes nos tratados <strong>de</strong><br />

direitos humanos, e a atenção nos interesses dos Estados<br />

nacionais. Muitos países migratórios dizem aceitar<br />

a i<strong>de</strong>ia dos direitos humanos, porém muitos <strong>de</strong>les não<br />

aceitam que estes direitos <strong>de</strong>vem se aplicar a todos os<br />

imigrantes que vivem em seus territórios.<br />

Os exemplos mais extremos <strong>de</strong> países que operam<br />

com gran<strong>de</strong>s números imigratórios, e poucos direitos<br />

nesta política, são os países ricos em petróleo do Conselho<br />

<strong>de</strong> Cooperação do Golfo – GCC (Bahrein, Kuwait,<br />

Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos).<br />

Atualmente, a maioria dos imigrantes que vão para<br />

os países do GCC saem da Índia, Paquistão e Bangla<strong>de</strong>sh.<br />

Também há números significativos <strong>de</strong> pessoas<br />

do Sri Lanka e das Filipinas. Uma gran<strong>de</strong> porcentagem<br />

<strong>de</strong>stes imigrantes trabalham na indústria <strong>de</strong> petróleo, e<br />

muitos <strong>de</strong>les por um curto prazo.<br />

O número <strong>de</strong> imigrantes nos seis países do GCC cresceu<br />

para 12,8 milhões em 2005, comparado a 9,6 milhões<br />

em 2000. A Arábia Saudita é o que possui o maior<br />

número, no total são 6,3 milhões <strong>de</strong> imigrantes (mais ou<br />

menos 3,3% da imigração mundial), sendo classificada<br />

em quarto lugar, no ano <strong>de</strong> 2010, atrás dos Estados Unidos<br />

(42.813 milhões), Rússia (12.270 milhões) e Alemanha<br />

(10.758 milhões).


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Fonte: http://crealis.es/2009/02/gcc-oil-earnings-may-<br />

-exceed-us47.html<br />

Por mais que haja todos os tipos <strong>de</strong> imigrantes (<strong>de</strong><br />

baixa, média e alta qualificação) nos países do GCC,<br />

a maioria <strong>de</strong>les é empregada em trabalhos <strong>de</strong> média<br />

e baixa qualificação, principalmente no setor privado,<br />

on<strong>de</strong>, em alguns países, poucos nacionais são colocados.<br />

No Qatar, a população <strong>de</strong> imigrantes representa<br />

(78,3%) da população do país, <strong>de</strong>pois, vêm os Emirados<br />

Árabes com (71,4%) e o Kuwait (62,1%). Os Emirados<br />

Árabes, com uma população <strong>de</strong> 4 milhões, dos<br />

quais 3,2 milhões são <strong>de</strong> imigrantes, é inteiramente<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> pessoas vindas <strong>de</strong> fora, o que representa<br />

98% dos trabalhos na área privada.<br />

Sendo a mão <strong>de</strong> obra imigrante a mais contratada<br />

nestes países, o maior problema emerge do fato <strong>de</strong>stes<br />

trabalhadores não terem “um sistema <strong>de</strong> segurança<br />

<strong>de</strong> trabalho”, aci<strong>de</strong>ntes em que trabalhadores têm<br />

sido seriamente feridos por maquinários são conhecidos<br />

por ocorrer em bases regulares.<br />

Além dos problemas <strong>de</strong> segurança dos trabalhadores<br />

há uma gran<strong>de</strong> preocupação por parte da comunida<strong>de</strong><br />

internacional sobre o nível <strong>de</strong> salário que<br />

estes imigrantes recebem comparado ao salário dos<br />

nacionais. Este tem se tornado um alvo <strong>de</strong> controvérsias<br />

entre organizações não governamentais e outras<br />

instituições internacionais.<br />

Fonte: /tmp/PreviewPasteboardItems/gráficos_170407<br />

(arrastado) 2.pdf<br />

Em uma linha similar para o <strong>de</strong>bate internacional ro<strong>de</strong>ando<br />

o ambiente <strong>de</strong> proteção, sempre haverá presente<br />

grupos políticos interferindo no assunto em favor <strong>de</strong><br />

interesses privados. Para muitos <strong>de</strong>stes, os trabalhadores<br />

<strong>de</strong>vem ser estimulados a progredir economicamente.<br />

Muitos admitem que este argumento não po<strong>de</strong> ser usado<br />

como <strong>de</strong>fesa diante do terrível abuso <strong>de</strong> direitos humanos<br />

em países que utilizam mão <strong>de</strong> obra muito barata.<br />

Fonte: http://www.coolloud.org.tw/no<strong>de</strong>/28962<br />

Protesto em frente ao Fórum Global <strong>de</strong> Imigração e Desenvolvimento<br />

em Manila para simbolizar o protesto contra a violência aos direitos<br />

dos trabalhadores imigrantes no Oriente Médio e especialmente nos<br />

países do GCC.<br />

Um tópico muito importante envolvido na resolução<br />

do problema é a questão <strong>de</strong> como o tratamento <strong>de</strong>stes<br />

trabalhadores será policiado sem infringir a soberania <strong>de</strong><br />

vários países. Organizações não governamentais, como<br />

103


a Anistia Internacional, têm coletado muitas informações<br />

sobre o caso, mas eles não têm po<strong>de</strong>res como os<br />

Estados ou organizações internacionais <strong>de</strong> punir, fazer<br />

resoluções e sancionar <strong>de</strong>terminados países. É necessário<br />

consi<strong>de</strong>rar o papel dos países remetentes <strong>de</strong> trabalhadores<br />

imigrantes e como as suas embaixadas po<strong>de</strong>m<br />

ser convencidas a ajudar cidadãos que se consi<strong>de</strong>ram<br />

vítimas <strong>de</strong> abuso e mal tratados. Porém esses corpos diplomáticos<br />

estão quase sempre mais preocupados com<br />

relações comerciais <strong>de</strong> seus países dificultando o acesso<br />

dos cidadãos às embaixadas.<br />

O termo “trabalhador imigrante” não se refere à força<br />

<strong>de</strong> trabalho que é exclusivamente masculina. Muitos<br />

resi<strong>de</strong>ntes nos países do GCC empregam mulheres imigrantes,<br />

a maioria <strong>de</strong>las é <strong>de</strong> trabalhadoras domésticas.<br />

Ainda que algumas leis existam para protegê-las, muitas<br />

são tratadas como trabalhadoras <strong>de</strong> segunda classe.<br />

Como resultado <strong>de</strong> maus-tratos <strong>de</strong>stas mulheres, o número<br />

<strong>de</strong> suicídio entre elas é gran<strong>de</strong>. Há também problemas<br />

<strong>de</strong> segurança pública a consi<strong>de</strong>rar, como inci<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> abuso sexual por patrões e outros indivíduos.<br />

Por mais que a lei <strong>de</strong> vários países consi<strong>de</strong>re a folga <strong>de</strong><br />

um dia por mês e horas limites <strong>de</strong> trabalho, várias <strong>de</strong>stas<br />

mulheres são admitidas em hospitais com exaustão ou<br />

até em condições fatais.<br />

O direito dos trabalhadores imigrantes tem uma posição<br />

importante na hora <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar os efeitos da imigração<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento humano dos imigrantes e<br />

<strong>de</strong> suas famílias. Uma posição recomendável sobre este<br />

tópico seria perceber que o futuro dos trabalhadores<br />

imigrantes po<strong>de</strong> ser melhorado <strong>de</strong>duas formas: soluções<br />

imediatas em curto prazo, que po<strong>de</strong>m ter sucesso<br />

para diminuir e acabar com o abuso e atrocida<strong>de</strong>s que<br />

estão acontecendo, e resoluções <strong>de</strong> longo prazo, para<br />

soluções sustentáveis na melhora do padrão <strong>de</strong> vida<br />

<strong>de</strong>stes trabalhadores.<br />

Dentro do Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos, há a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> intensificar a cooperação internacional<br />

em relação à situação dos imigrantes e <strong>de</strong> suas famílias.<br />

Governos que recebem imigrantes <strong>de</strong>vem ser pressionados<br />

a esten<strong>de</strong>r documentação a estes e a tratá-los<br />

com igualda<strong>de</strong>, garantindo o pleno <strong>de</strong>sfrute dos direitos<br />

básicos. Não <strong>de</strong>vem apenas consi<strong>de</strong>rar condições<br />

melhores <strong>de</strong> trabalho, mas incluir a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

e tratamento a estes imigrantes, respeitando<br />

práticas religiosas, segurança social, participação em<br />

sindicatos e acesso a educação, saú<strong>de</strong>, cultura e outros<br />

serviços sociais.<br />

104<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

Cabe aos representantes <strong>de</strong> Estado discutir como<br />

assegurar aos imigrantes regularizados recebimento <strong>de</strong><br />

um tratamento justo e igual ao dos nacionais, incluindo<br />

o direito pleno aos direitos humanos, tendo a proteção<br />

<strong>de</strong> leis na socieda<strong>de</strong> que os recebem e proteção contra<br />

o racismo, exploração e violência. Os representantes <strong>de</strong><br />

países que recebem imigrantes <strong>de</strong>vem além <strong>de</strong> tudo,<br />

<strong>de</strong>bater a implantação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong><br />

combate a intolerância religiosa, racismo, etnocentrismo,<br />

xenofobia e discriminação <strong>de</strong> gêneros. Da mesma<br />

forma, os <strong>de</strong> países remetentes <strong>de</strong>vem estar cientes em<br />

reportar os maus-tratos que seus cidadãos recebem em<br />

outros países.<br />

PANORAMA DE POLíTICAS GLOBAIS<br />

Arábia Saudita<br />

Trabalhadores imigrantes começaram a imigrar para<br />

a Arábia Saudita <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a inserção do país na indústria<br />

do petróleo nos anos 1930, porém, foi apenas <strong>de</strong>pois do<br />

boom do preço do petróleo em 1973 que o país começou<br />

a receber um número gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> imigrantes. Novos<br />

projetos para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> infraestrutura<br />

física como estradas e prédios fizeram crescer<br />

dramaticamente a <strong>de</strong>manda por mão <strong>de</strong> obra.<br />

Mesmo tendo vários casos <strong>de</strong> exploração reportados<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a inserção <strong>de</strong>stes imigrantes no mercado <strong>de</strong><br />

trabalho, as reformas para uma melhor condição dos<br />

trabalhadores estrangeiros no reino começaram apenas<br />

no ano <strong>de</strong> 1992. Foi neste ano que a Lei Básica ao<br />

direito dos estrangeiros criou uma cláusula permitindo<br />

a estrangeiros o direito a litígios (o direito <strong>de</strong> entrar<br />

em um processo <strong>de</strong> arbitragem ou disputa). No ano <strong>de</strong><br />

2003 houve a criação da Comissão Arábica <strong>de</strong> Direitos<br />

Humanos que se juntou com a Associação Nacional <strong>de</strong><br />

Direitos Humanos, uma entida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte que<br />

monitora os direitos humanos na região.<br />

Mesmo havendo a aproximação do país com os órgãos<br />

<strong>de</strong> direitos humanos, os trabalhadores estrangeiros,<br />

especialmente os <strong>de</strong> baixa qualificação, ainda são<br />

vulneráveis a abusos, em parte <strong>de</strong>vido a barreiras linguísticas<br />

e culturais.<br />

Bahrein<br />

O Bahrein junto com os outros Países do Golfo tem<br />

uma história <strong>de</strong> comércio intrarregional relacionada a<br />

trabalhadores contratados no exterior. Para os gover


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

nos, esta dinâmica entre o trabalho <strong>de</strong> envio e os Estados<br />

do GCC recebendo estes imigrantes continua<br />

produzindo importantes benefícios econômicos para<br />

as nações envolvidas, incluindo um benefício para<br />

aqueles trabalhadores contratados no exterior.<br />

Segundo estimativas do governo, os trabalhadores<br />

estrangeiros representam 63% da força <strong>de</strong> trabalhadores<br />

do país. A promessa <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> econômica,<br />

social e <strong>de</strong> emprego é frequentemente usada<br />

como “isca” para trazer trabalhadores da Índia, Filipinas,<br />

Bangla<strong>de</strong>sh, Paquistão e Sri Lanka por traficantes.<br />

Muitos <strong>de</strong>stes trabalhadores se encontram em situações<br />

<strong>de</strong> abuso e exploração.<br />

O governo do Bahrein está consciente da complexida<strong>de</strong><br />

do problema e está enviando esforços intensos<br />

para enfrentá-lo em diferentes níveis incluindo<br />

o lançamento <strong>de</strong> um Plano <strong>de</strong> Ação Nacional <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2002 para combater o tráfico e evitar o abuso <strong>de</strong> trabalhadores<br />

no estrangeiro, bem como a abertura <strong>de</strong><br />

abrigos para os trabalhadores estrangeiros abusados<br />

e vítimas do tráfico.<br />

Emirados Árabes Unidos<br />

Estima-se que nos Emirados Árabes Unidos (EAU)<br />

mais <strong>de</strong> 80% da população não seja árabe e sim formada<br />

por trabalhadores migrantes vindos principalmente<br />

da Ásia. Estes trabalhadores buscam novas<br />

oportunida<strong>de</strong>s e nos EAU representam a maior porcentagem<br />

em relação à população árabe.<br />

O petróleo encontrado na região só fez aumentar<br />

mais o problema da <strong>de</strong>pendência na região que vive<br />

sérios problemas <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra. Fato<br />

que atrai moradores <strong>de</strong> outras regiões, o que explica a<br />

alta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imigrantes presentes no país.<br />

kuait<br />

O Kuait é anfitrião <strong>de</strong> um vasto número <strong>de</strong> trabalhadores<br />

contratados no exterior <strong>de</strong> países do Sul e do<br />

Su<strong>de</strong>ste da Ásia, incluindo a Índia, Sri Lanka, Bangla<strong>de</strong>sh<br />

e Filipinas, que são predominantemente empregados<br />

no setor <strong>de</strong> construção, indústria e serviços. A<br />

maior comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imigrantes no Kuait é composta<br />

por indianos, <strong>de</strong> acordo com o Relatório do Comitê<br />

<strong>de</strong> Alto Nível <strong>de</strong> Diáspora Indiana que representa<br />

quase 20% da população total resi<strong>de</strong>nte no país. Nos últimos<br />

anos, mulheres têm representado uma porcentagem<br />

gradativamente maior <strong>de</strong> trabalhadores contratados no<br />

exterior no GCC. Segundo a imprensa local, elas po<strong>de</strong>m<br />

constituir um terço da população imigrante no Kuait.<br />

O governo do Kuait tem progredido na gestão da mobilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trabalho, melhorando a proteção dos direitos<br />

humanos dos imigrantes e trabalhando ativamente para<br />

combater o tráfico <strong>de</strong> pessoas.<br />

Oman<br />

A situação no Oman não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser similar à dos<br />

outros países que integram o GCC. Porém, Oman vem<br />

enfrentando sérios problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego e seu governo<br />

preten<strong>de</strong> solucioná-los com medidas <strong>de</strong> substituição<br />

da mão <strong>de</strong> obra estrangeira por cidadãos <strong>de</strong> seu país,<br />

essas medidas são conhecidas por “omãnização”.<br />

Qatar<br />

O Qatar é um país que frequentemente recebe um<br />

tipo <strong>de</strong> imigração voluntária <strong>de</strong> homens e mulheres do<br />

Sul e do Su<strong>de</strong>ste da Ásia, quando posteriormente são traficados<br />

para trabalharem como trabalhadores domésticos<br />

e escravos, e em menor ocorrência, para a exploração<br />

sexual comercial.<br />

A infração mais comum se observa quando os trabalhadores<br />

são obrigados a aceitar um contrato pior do que<br />

o esperado quando recrutados. Também acontecem casos<br />

<strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> pagamento, restrições <strong>de</strong> circulação<br />

no país e abusos físicos, mentais e sexuais.<br />

O governo do país não cumpre com os requisitos mínimos<br />

para eliminar as irregularida<strong>de</strong>s, mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2009<br />

tenta reverter a situação com a promulgação <strong>de</strong> uma lei<br />

que criminaliza algumas práticas comuns aos responsáveis<br />

pelo tráfico <strong>de</strong> pessoas. Entretanto, não há investigação<br />

formal <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação das vítimas, que continuam<br />

sendo punidas por atos cometidos justamente por sofrerem<br />

abusos nas mãos <strong>de</strong> seus empregadores.<br />

Anistia Internacional<br />

Fundada em 1961 por Peter Benenson, a Anistia Internacional<br />

(AI) é caracterizada por ser um movimento mun-<br />

105


dial <strong>de</strong> pessoas que lutam pelo respeito aos direitos<br />

humanos. São reconhecidos internacionalmente pela<br />

sua proteção e possuem colaboradores em mais <strong>de</strong><br />

150 países e regiões preocupados com o abuso dos<br />

direitos humanos e os consi<strong>de</strong>ram <strong>de</strong> importância<br />

mundial. A partir <strong>de</strong>ste objetivo maior, o movimento<br />

se utiliza da divulgação <strong>de</strong> ultrajes ocorrido contra os<br />

seres humanos como mecanismo <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> informação<br />

e para possíveis ações futuras para eventual<br />

repressão aos abusos.<br />

Visando acabar com as violações aos DHs, campanhas<br />

e manifestações são realizadas para mobilizar a<br />

opinião pública e acen<strong>de</strong>r a solidarieda<strong>de</strong> internacional.<br />

Dentre os temas nos quais a Anistia possui gran<strong>de</strong><br />

atuação temos: violência contra a mulher, tortura<br />

e terrorismo, <strong>de</strong>fensa dos direitos e a dignida<strong>de</strong> dos<br />

que estão presos, a pobreza e a proteção aos direitos<br />

dos refugiados e imigrantes.<br />

A AI já realizou importantes conquistas no que diz<br />

respeito aos direitos humanos, como, em 2007, quando<br />

esteve vinculada a outras organizações, teve gran<strong>de</strong><br />

sucesso na obtenção <strong>de</strong> 153 votos <strong>de</strong> países que se<br />

<strong>de</strong>clararam a favor do estabelecimento <strong>de</strong> um Tratado<br />

Internacional sobre Comércio <strong>de</strong> Armas.<br />

A AI está preocupada com o Direito dos Imigrantes<br />

nos países do GCC. Várias variáveis estão relacionadas<br />

aos problemas <strong>de</strong> imigração: a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

sair do país <strong>de</strong> origem; a jornada migratória, incluindo<br />

o tempo gasto em outros países em trânsito; chegada<br />

e estada no país receptor; possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retorno ao<br />

país <strong>de</strong> origem. Todo este ciclo foca nas situações nas<br />

quais os imigrantes estão bastante vulneráveis a sofrer<br />

abusos, principalmente aqueles indivíduos e grupos<br />

em maiores riscos como imigrantes irregulares,<br />

crianças <strong>de</strong> imigrantes e mulheres imigrantes.<br />

Tal preocupação com os direitos dos imigrantes<br />

consi<strong>de</strong>ra a responsabilida<strong>de</strong> e obrigações dos governos<br />

e <strong>de</strong> outros atores no que diz respeito à imigração.<br />

A Anistia está focada em observar como políticas<br />

governamentais e práticas po<strong>de</strong>m proteger o direito<br />

dos imigrantes. Olhando para a situação dos imigrantes<br />

nos países do GCC, está claro que muitos governos<br />

falham em suas obrigações com os imigrantes. O fato<br />

é que todo ano, milhares <strong>de</strong> pessoas morrem ao tentar<br />

ter acesso a estes países. Muitos daqueles que sobrevivem<br />

encaram muitos tipos <strong>de</strong> abuso e exploração<br />

nas mãos <strong>de</strong> traficantes, <strong>de</strong> trabalhadores aproveita-<br />

106<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

dores ou nas mãos <strong>de</strong> oficiais <strong>de</strong> Estado. Aqueles que não<br />

possuem cidadania muitas vezes não recebem o direito à<br />

educação, saú<strong>de</strong>, habitação, muitos <strong>de</strong>stes são obrigados<br />

a trabalhar em condições <strong>de</strong>sumanas e <strong>de</strong>gradantes.<br />

Os abusos aos direitos humanos aos trabalhadores<br />

imigrantes no Conselho <strong>de</strong> Cooperação do Golfo<br />

(GCC) estão relacionados a vários fatos. Imigrantes têm<br />

seus passaportes e outros documentos apreendidos, muitos<br />

têm seus salários retidos nas mãos dos empregadores,<br />

outros trabalham excessivamente por longas horas, muitos<br />

estão sendo vítimas <strong>de</strong> abusos verbais e físicos nas<br />

mãos dos empregadores, possuem restrições à liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ir e vir e sofrem violações nas mãos dos Estados quando<br />

encontram o sistema judiciário, incluindo <strong>de</strong>tenções<br />

arbitrárias e expulsão.<br />

Uma campanha como esta (pelo Direito dos Imigrantes)<br />

precisa focar em colocar os imigrantes e seus direitos<br />

no centro das mesas <strong>de</strong> discussões sobre imigração,<br />

e garantir que legislações nacionais e regionais estão alinhadas<br />

com normas dos direitos humanos.<br />

Human Rights watch<br />

Fundada em 1978, a Human Rights Watch é hoje uma<br />

das principais organizações não governamentais do globo,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e sem fins lucrativos, que visa primordialmente<br />

à <strong>de</strong>fesa e proteção dos direitos humanos. Seus<br />

trabalhos são focados em áreas <strong>de</strong> atenção internacional<br />

on<strong>de</strong> estes direitos, assim como as bases legais e morais,<br />

são violadas.<br />

Por meio <strong>de</strong> incessantes notícias e <strong>de</strong> relatórios, a organização<br />

tem <strong>de</strong>stacado constantemente as graves consequências<br />

da exploração e abuso aos imigrantes nos países<br />

do GCC. Relatórios foram feitos apontando a situação<br />

crítica em países como o Kuait e Arábia Saudita.<br />

O relatório “Sonhos ruins: exploração e abuso aos<br />

trabalhadores imigrantes na Arábia Saudita” mostra testemunhos<br />

<strong>de</strong> trabalhadores imigrantes que entraram na<br />

Arábia Saudita em plena conformida<strong>de</strong> com as regulamentações<br />

do governo saudita. Muitos <strong>de</strong>les pagaram<br />

vultosas somas <strong>de</strong> dinheiro para agências <strong>de</strong> recrutamento<br />

<strong>de</strong> recursos humanos em seus países <strong>de</strong> origem para<br />

obter vistos <strong>de</strong> trabalho legal, muitas vezes assumindo<br />

dívidas substanciais ou vendas <strong>de</strong> imóveis para financiar<br />

o custo. Uma vez <strong>de</strong>ntro da Arábia Saudita se viram nas<br />

mãos dos patrocinadores legais e <strong>de</strong> empregadores que


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

tinham o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> impor condições <strong>de</strong> trabalho opressivo.<br />

Uma vez sem os seus direitos, por medo <strong>de</strong> queixar<br />

e per<strong>de</strong>r os seus empregos, a maioria <strong>de</strong>stes trabalhadores<br />

suportaram a exploração <strong>de</strong> trabalho.<br />

Para citar alguns exemplos, foram entrevistados alguns<br />

trabalhadores <strong>de</strong> Bangla<strong>de</strong>sh que eram forçados a<br />

trabalhar <strong>de</strong> <strong>de</strong>z a doze horas por dia e, às vezes, durante<br />

toda a noite. Eles faziam reparações nas canalizações<br />

<strong>de</strong> água subterrânea para o município <strong>de</strong> Tabuk, a maioria<br />

não recebia pagamento por horas extras trabalhadas.<br />

Os trabalhadores não tiveram seus salários pagos<br />

durante dois meses e tiveram que pedir dinheiro emprestado<br />

para comprar comida. Um imigrante das Filipinas<br />

disse que trabalhou <strong>de</strong>zesseis horas por dia em um<br />

restaurante em Hofuf. O empregador <strong>de</strong> um imigrante<br />

<strong>de</strong> Bangla<strong>de</strong>sh, que trabalhava como açougueiro em<br />

Damman, forçou-o a <strong>de</strong>ixar o reino com seis meses <strong>de</strong><br />

seu salário não pago.<br />

O Human Rights Watch cita em seus relatórios que<br />

espera que oficiais dos países do GCC abram as portas<br />

para mais pesquisas feitas tanto pela organização quanto<br />

por outros grupos que lidam com os direitos humanos.<br />

PONDERAÇÕES<br />

Depois <strong>de</strong> apresentarmos o contexto histórico<br />

e a <strong>de</strong>finição do problema, <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>stacar alguns<br />

pontos indispensáveis para o painel <strong>de</strong> discussão sobre<br />

o Direito dos Trabalhadores Imigrantes no Conselho <strong>de</strong><br />

Cooperação do Golfo.<br />

• Um diálogo entre os países remetentes e os receptores<br />

<strong>de</strong>ve ser realizado <strong>de</strong> forma clara e sensata;<br />

• a resolução final não <strong>de</strong>ve necessariamente cri<br />

ticar os países do GCC. Está longe <strong>de</strong> ser o único acusado<br />

<strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> trabalhadores imigrantes. Porém é<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o problema <strong>de</strong>ve começar a ser atacado, para<br />

que as medidas que o comitê venha a colocar em pauta<br />

possam se espalhar para outras regiões on<strong>de</strong> violações<br />

similares aos direitos humanos ocorrem;<br />

• a resolução <strong>de</strong>ve tratar da violação dos direitos à<br />

vida que é constantemente verificado por meio dos embates<br />

pela soberania da região, ocasionando mortes e<br />

sofrimentos para os imigrantes que habitam a região;<br />

• os <strong>de</strong>legados <strong>de</strong>vem consi<strong>de</strong>rar a situação nos países<br />

on<strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> proteção tenham sido colocadas<br />

em práticas com sucesso;<br />

• como um representante da comunida<strong>de</strong> internacional<br />

você <strong>de</strong>ve estar preocupado em criar maneiras <strong>de</strong><br />

prover a estas pessoas segurança contra a exploração;<br />

• as nações que estão diretamente envolvidas no caso<br />

são as nações da região do GCC, por isso <strong>de</strong>vem ter papel<br />

ativo nas discussões.<br />

• para as nações que não estão diretamente envolvidas:<br />

pesquise sobre suas políticas <strong>de</strong> imigração e tenha<br />

algumas soluções em mente (ou em seus documentos<br />

<strong>de</strong> posição) para que seu país possa contribuir na discussão.<br />

Você será um dos seguintes grupos <strong>de</strong> países:<br />

1) um receptor <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhadores<br />

imigrantes protegendo os interesses econômicos<br />

<strong>de</strong> seus países;<br />

2) um “gran<strong>de</strong>” remetente <strong>de</strong> trabalhadores imigrantes;<br />

3) nenhuma das opções anteriores: neste caso você<br />

<strong>de</strong>ve pensar por que seu país não tem este problema, e<br />

em maneiras para influenciar os países envolvidos pelo<br />

seu mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> emprego.<br />

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05/05/2006<br />

http://www2.ohchr.org/english/about/publications/docs/factsheet27.pdf,<br />

04/2001<br />

http://www2.ohchr.org/english/about/publications/docs/factsheet27.pdf,<br />

04/2001<br />

http://www2.ohchr.org/english/bodies/hrcouncil/docs/gaA. 520.Rev.15_<br />

En.pdf<br />

https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/<br />

qa.html, 27/01/2011<br />

Human Rights Violations and Criminal Law, http://0301.netclime.<br />

net/1_5/15c/02e/35a/GCC%20Countries%20-%20Online%20Edition.pdf<br />

Human Rights Watch: http://www.hrw.org/en/about, 2010<br />

Human Rights Watch: http://www.hrw.org/en/no<strong>de</strong>/75136, 2010. Para saber<br />

mais: panorama das operações do CICV em 2009 - http://www.icrc.org/<br />

web/por/sitepor0.nsf/html/appeals-overview-18/11/08<br />

International Labor Conference 92nd Session 2004, “Towards a Fair Deal for<br />

Labor Disputes and Victimizatio, Disponível em: http://0301.netclime.<br />

net/1_5/15c/02e/35a/GCC%20Countries%20-%20Online%20Edition.pdf<br />

Labor Disputes: UAE Mo<strong>de</strong>l, disponível em http://0301.netclime.<br />

net/1_5/15c/02e/35a/GCC%20Countries%20-%20Online%20Edition.pdf<br />

Migrant Workers in the Global Economy”.. Disponível em: http://www.ilo.<br />

org/public/english/standards/relm/ilc/ilc92/pdf/rep-vi.pdfhttp://www.ilo.<br />

org/public/english/standards/relm/ilc/ilc92/pdf/rep-vi.pdf. 2004<br />

Migrant Workers in the Global Economy”.Unique Issues in the GCC coun-


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

tries, http://0301.netclime.net/1_5/15c/02e/35a/GCC%20Countries%20-<br />

-%20Online%20Edition.pdf<br />

Ministry Failed to Meet Us, GULFNEWS.COM, Nov. 13, 2006.<br />

org/page.cfm?id=63.<br />

Religious Freedom, http://0301.netclime.net/1_5/15c/02e/35a/GCC%20<br />

Countries%20-%20Online%20Edition.pdf<br />

ONU: http://www.onu-brasil.org.br/<br />

Sharia: Islamic Supremacist Justice, http://www.omdurman.org/sharia.<br />

html.<br />

Social and Religious Freedom, Disponível em: http://0301.netclime.<br />

net/1_5/15c/02e/35a/GCC%20Countries%20-%20Online%20Edition.pdf<br />

Social Freedom, http://0301.netclime.net/1_5/15c/02e/35a/GCC%20Countries%20-%20Online%20Edition.pdf<br />

UAE-US Relations: reliable partners, common interests, Disponível em:<br />

http:// www.uaeus.<br />

Unique Issues in the CGG countries.<br />

United Nations. The International Convention of Migrant Workers and its<br />

Committee. Fact Sheet No. 24 (Rev. 1). Office of the United Nations High<br />

Commissioner for Human Rights.United Nations Department of Economic<br />

and Social Affairs, Population Division, Trends in International Migrant Stock:<br />

Revisão <strong>de</strong> 2008. UN Database, (New York: United Nations Department<br />

of Economic and Social Affairs, Population Division, 2009). Disponível em:<br />

http://esa.un.org/migration/in<strong>de</strong>x.asp?panel=1<br />

NOTAS ExPLICATIVAS<br />

1 Cf. COMPARATO, Fábio Kon<strong>de</strong>r. A afirmação histórica dos direitos humanos.<br />

6. ed., rev. e atual. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. Após a criação da<br />

Comissão <strong>de</strong> Direitos Humanos em 1946, ficou estipulado que esta <strong>de</strong>veria<br />

<strong>de</strong>senvolver trabalhos na busca por tratados ou convenções internacionais<br />

sobre a regulamentação dos direitos humanos. Em 1948 <strong>de</strong>senvolve-se<br />

a Declaração Universal <strong>de</strong> Direitos Humanos, aprovada pela Assembleia<br />

Geral em <strong>de</strong>zembro do mesmo ano referido. Depois, em 1966 dois pactos<br />

foram aprovados, um sobre direitos civil e políticos e outro sobre direitos<br />

econômicos, sociais e culturais.<br />

2 Questões referentes às Nações Unidas<br />

3 Cf. <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> do CDH- Oxford International Mo<strong>de</strong>l United Nations.<br />

4 Em inglês: Gulf Cooperation Council.<br />

109


DISCUSSING THE 8TH MILLENNIUM<br />

DEVELOPMENT GOAL:<br />

DEVELOP A GLOBAL PARTNERSHIP<br />

FOR DEVELOPMENT


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Dear <strong>de</strong>legates,<br />

Because we believe on your capacity and ability of arguing we welcome you to VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão<br />

Estudantil, expecting resilience and good achievement at the United Nations Development Program<br />

Committee (UNDP).<br />

The chair of this year’s UNDP is composed of Uolli Longo Briotto, 21, Ana Carolina Violante, 20 and Maria<br />

Carolina Lacombe, 20. We are all stu<strong>de</strong>nts of International Relations at FAAP, un<strong>de</strong>rtaking the 7th semester<br />

of the course. We are also responsible for choosing this committee and its theme, such as researches,<br />

stu<strong>de</strong>nt gui<strong>de</strong> production and mo<strong>de</strong>ration towards concise and plausible resolutions during the <strong>de</strong>bates.<br />

We would like to thank first of all our parents, people who we look up as our role mo<strong>de</strong>ls, for all their<br />

trust and investment on each one of us. All our close friends who have always encouraged facing challenges<br />

in or<strong>de</strong>r to improve ourselves as good human beings. And a “Thank you very much!” for all Forum FAAP<br />

staff, stu<strong>de</strong>nts or teachers, from aca<strong>de</strong>mic or administrative area, that most believed that this one annual<br />

dream would come true once more.<br />

Looking forward to meet you and have a good time, feel free to surprise us with knowledge, preparation<br />

and enthusiasm. We hope you all enjoy reading this study gui<strong>de</strong> and please contact us in case of any doubt.<br />

See you soon!<br />

Sincerely,<br />

Ana Carolina Violante, Maria Carolina Lacombe e Uolli Briotto<br />

111


INTRODUCTION<br />

We would like to introduce to you <strong>de</strong>legates, one<br />

of the most important issues in consi<strong>de</strong>ration nowadays:<br />

Development. Besi<strong>de</strong>s the fact that it is a very<br />

broad word and it can be divi<strong>de</strong>d in many different<br />

fields (economic, social, political etc.), we would first<br />

like to make you un<strong>de</strong>rstand how <strong>de</strong>velopment became<br />

such an important issue to every actor in the<br />

international system, even for the countries that are<br />

already <strong>de</strong>veloped, after, we will discuss the most important<br />

issues within <strong>de</strong>velopment. All this learning<br />

will be done with a goal: to un<strong>de</strong>rstand the role of the<br />

actors of the international system when <strong>de</strong>aling with<br />

this subject. We will work and <strong>de</strong>pict through discussions<br />

the role of international organisms in the track<br />

towards <strong>de</strong>velopment.<br />

After the Second World War countries joined up together<br />

the i<strong>de</strong>a of rebuilding a better world, over this<br />

i<strong>de</strong>al the United Nation was created. The mean purpose<br />

of the United Nation’s creation was to keep the<br />

world a peaceful place. One of the United Nation’s task,<br />

right after its creation was to gather aid from member<br />

countries to rebuild the ones damaged by the war. By<br />

rebuilding places, they had a consensus towards recovering<br />

places and bringing them equality.<br />

Equality was a key word; “equality” is a word that<br />

comes close to the word “peace”, according to a few<br />

scholars, as a safer world would be a more equal one.<br />

This was un<strong>de</strong>rstood by the end of the Second World<br />

War, and since it was un<strong>de</strong>rstood, “<strong>de</strong>velopment” became<br />

a common i<strong>de</strong>al to the world. And in November<br />

of 1965 the United Nations Program for Development<br />

was foun<strong>de</strong>d making states join forces thus strengthening<br />

the links that already existed among them in<br />

the international environment.<br />

The United Nations Development Program (UNDP)<br />

is a committee within the United Nations, and here we<br />

will get to know better its current role in the world.<br />

The committee has as a main goal of “[b]ringing <strong>de</strong>velopment<br />

everywhere and thus eliminating poverty”.<br />

It was created with the i<strong>de</strong>a of gathering information<br />

to be analyzed and studied by the UNDP, and it uses it<br />

as a tool to <strong>de</strong>velop resolutions to countries, as technical<br />

assistance, so the countries can have some ownership<br />

over their domestic problems. It acts meanly as a<br />

112<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

space where actors can share information about the challenges<br />

they have got in common, and also work together<br />

over effective solutions. It is now composed by 166 countries<br />

and it acts as a bound among world lea<strong>de</strong>rs.<br />

But what are the problems that countries have in common?<br />

And, how to measure the influence of this problems<br />

in each country? By answering these questions and looking<br />

forward to <strong>de</strong>velopment reaching everywhere in the<br />

world, the former secretary general of the UN, Kofi Annan,<br />

together with the UNDP, un<strong>de</strong>rstood the world’s common<br />

problems as: hunger, financial crises, health, global warming,<br />

and such. And by qualifying them as responsible to<br />

avert <strong>de</strong>velopment, a plan was created to be followed as<br />

a track towards <strong>de</strong>velopment, and also as a thermometer<br />

from which one can evaluate how far from the track a<br />

country is, this plan is named Millennium Development<br />

Goals (MDGs).<br />

Accor<strong>de</strong>d in the year of 2000 the MDGs consists in<br />

eight goals created in the second millennium with the<br />

maximum purpose of bringing <strong>de</strong>velopment to the<br />

world. However, we may consi<strong>de</strong>r that the MDGs have to<br />

work within its <strong>de</strong>adline that goes until 2015.<br />

It is important to stress that the UNDP does not execute<br />

its programs, it opens a <strong>de</strong>bate on key <strong>de</strong>velopment<br />

issues, providing new measurement tools, innovative<br />

analyses and often controversial policy proposals.<br />

It aids, coordinates and evaluates projects which will be<br />

executed by others. UNPD does not only work alongsi<strong>de</strong><br />

governments, but also together with private companies<br />

and the civil society. All these actors, but the UNDP, will be<br />

in charge of the execution of the programs.<br />

By now, the working process of UNDP concerns all of<br />

you, so the task now is based in not only on the knowledge<br />

we are providing, but on your own in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt research,<br />

for you to act as a member of the UNDP. You must<br />

bring to every other actor information about our common<br />

problems and information about how the actors of your<br />

country (civil society, private sector, government, NGO’s)<br />

are acting towards the pursuit of the MDG´s. By sharing<br />

this information first, we after will be capable of tracing<br />

good resolutions for all of us against our common problems,<br />

and by winning this fight together we will achieve<br />

strong international cooperation 1 , which is listed as the<br />

eighth goal and it is nee<strong>de</strong>d first and foremost towards<br />

achieving the other seven goals.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

During your reading, you will notice the frequent use<br />

of the word cooperation, and its etymology means to<br />

act together in or<strong>de</strong>r to reach a goal. UNDP is inviting all<br />

of you for this fight!<br />

HISTORy OF THE COMMITTEE<br />

Since ancient times, people have been suffering consequences<br />

from poverty in many ways. After two world<br />

wars, countries have joined the i<strong>de</strong>a of building together<br />

a world in peace, which would attend to human beings<br />

and to their needs. Over this i<strong>de</strong>a, the United Nations<br />

was created.<br />

The UN is composed by many programs which intend<br />

to achieve different goals, but all of them take<br />

regard to an important issue: the promotion of human<br />

rights. Twenty years after its creation, 1965, it started<br />

to pass through some institutional updates in or<strong>de</strong>r to<br />

face better prepared the new challenges presented by<br />

the un<strong>de</strong>r<strong>de</strong>velopment of the majority of the Member<br />

States. In November of 1965, the United Nations Program<br />

for Development was foun<strong>de</strong>d. In the beginning,<br />

its goal was to coordinate the United Nations Program<br />

for Technical assistance, foun<strong>de</strong>d in 1949. Later, by 1971,<br />

it merged completely un<strong>de</strong>r the UNDP. Its main goal is<br />

“bringing <strong>de</strong>velopment everywhere and thus eliminating<br />

poverty”. It was created to bring together all the<br />

already effective existed <strong>de</strong>cisions and actions toward<br />

<strong>de</strong>velopment.<br />

It works as the technical assistance program which<br />

seeks to support countries to do the right investments<br />

seeking <strong>de</strong>velopment. There is a branch office in each<br />

member country and a UNDP Resi<strong>de</strong>nt Representative<br />

works as a coordinator of <strong>de</strong>velopment activities as well.<br />

Through this coordination, which represents the whole<br />

UN system in each country, UNPD seeks to ensure the<br />

most effective use of the UN, its principals and resources<br />

and international aid resources.<br />

It needs to be stressed that UNPD does not execute<br />

the programs it supports; it is responsible for opening<br />

a <strong>de</strong>bate on key <strong>de</strong>velopment issues, providing new<br />

measurement tools, innovative analyses and often<br />

controversial policy proposals. It attracts and distributes<br />

aid, coordinates and evaluates projects which will<br />

be executed by others. UNDP can be explained as the<br />

physical space where all the issues concerning <strong>de</strong>velopment<br />

find a place to merge and work over common<br />

problems towards reaching effective resolutions. In addition<br />

to that, having governments as members, UNDP<br />

also works alongsi<strong>de</strong> private companies and the global<br />

society.<br />

The United Nations Development Program was i<strong>de</strong>alized<br />

on 1965 during a UN General Assembly meeting<br />

where Member States <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>d to merge the United Nations<br />

Special Fund and the Expan<strong>de</strong>d Program of Technical<br />

Assistance. Therefore, its creation resolution was<br />

approved on 1966. Annually, the Program produces reports<br />

on life conditions all over the world. Trough these<br />

reports, the concept of Human Development and its In<strong>de</strong>x<br />

was created. Among the UNDP duties, we can find<br />

the UN Volunteer Program, Human Development Fund<br />

for Women and also activities related to habitations,<br />

constructions, health, transportation and more. Lately,<br />

the organ has risen the Millennium Development Goals<br />

flag, believing that all member states would be committed<br />

to meet the following goals:<br />

113


World lea<strong>de</strong>rs have pledged to achieve the Millennium<br />

Development Goals, including the overarching<br />

goal of cutting poverty in half by 2015. UNDP’s network<br />

links and coordinates global and national efforts<br />

to reach these Goals. Their focus is helping countries<br />

build and share solutions to the challenges of:<br />

• Democratic Governance<br />

• Poverty Reduction<br />

• Crisis Prevention and Recovery<br />

• Environment and Energy<br />

• HIV/AIDS<br />

According to Ayllon, the organ advocates towards<br />

the concept of integral <strong>de</strong>velopment, balanced in a<br />

economic <strong>de</strong>velopment path of some multilateral financial<br />

institutions, they focus here on human <strong>de</strong>velopment<br />

which offers the opportunity to every single<br />

person to enjoy worthy living conditions.<br />

STATEMENT OF THE PROBLEM<br />

The role of international cooperation is growing in<br />

importance during the last years as it has been showing<br />

itself essential to solve the world problems, such<br />

as hunger, financial crises, health, global warming,<br />

etc. These problems are the reason why it is so difficult<br />

to reach <strong>de</strong>velopment anywhere in the world, based<br />

on this thought, the former secretary general of the<br />

UN, Kofi Annan, together with, <strong>de</strong>clared in the year of<br />

2000 the Millennium Development Goals, which consists<br />

in eight goals created in the second millennium<br />

with the maximum purpose of making <strong>de</strong>velopment<br />

real to the whole world. However, we may consi<strong>de</strong>r<br />

that MDGs has a <strong>de</strong>adline, 2015.<br />

To reach the eight goal, cooperation from all the actors<br />

in the international system is nee<strong>de</strong>d. They must<br />

coordinate their struggles simultaneously, matching<br />

their actions toward mutual help which will result<br />

in the conclusion of the goals. Among the actors we<br />

114<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

find international organism, civil society, private sector<br />

and the government. The eighth goal seeks to <strong>de</strong>velop a<br />

global partnership among the actors, thus, by doing this<br />

they test global governance.<br />

According to the United Nations, global governance<br />

can be un<strong>de</strong>rstood as a supranational ethic which gui<strong>de</strong>s<br />

the international actors by selecting right apart from<br />

wrong based on the conduct of rules it settles in the<br />

world to be followed. Or we can go further with Rittberger’s<br />

<strong>de</strong>finition that says [i]t is the output of nom-hierarchical<br />

network of interlocking international (mostly, but<br />

not exclusively, governmental) institutions which regulate<br />

the behavior of states and other international actors<br />

in different issue areas of world politics. Nowadays, this<br />

governance is expressed within most of the agreements<br />

and <strong>de</strong>cisions taken in the multilateral field. Staring at<br />

this fact, we can say that when international cooperation<br />

works in a cohesive way, it is possible to find a commitment<br />

among all the actors to make the goals achieved.<br />

This justifies why it is so important to have gathered the<br />

civil society, governments, private sector and international<br />

organisms acting simultaneously and in a uniform<br />

manner in or<strong>de</strong>r to reach the 8th goal.<br />

Members’ commitment is necessary in or<strong>de</strong>r to work<br />

hard on <strong>de</strong>bates, formulation of policies and programs<br />

seeking <strong>de</strong>velopment. As the time passes with the world<br />

acting in this path of cooperation, the domestic sectors<br />

begins to show them more prepared to have executed in<br />

their space and structure the policies created according<br />

to the MDGs. These policies are often initiated by projects<br />

of NGOs, or by civil society’s initiatives. It begins in very<br />

small spots of the domestic sectors but it ends up spreading<br />

and reaching all the structures insi<strong>de</strong> a country, public<br />

or private.<br />

According to Robert Keohane international cooperation<br />

is when actors adjust their behaviour to the actual or<br />

anticipated preferences of others, through a process of policy<br />

coordination. These are a few methods of international<br />

cooperation for <strong>de</strong>velopment:<br />

Economic Cooperation: Strengthening of the productive<br />

sector, infrastructure and services <strong>de</strong>velopment.<br />

Tra<strong>de</strong> Preferences: Total and/or partial eliminations<br />

of tra<strong>de</strong> barriers for exportation to southern countries.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Financial Aid: Facilitate capital access, productive<br />

inversions, preferential credit lines draw to imports, exchange,<br />

buyback or remission of <strong>de</strong>bts, microcredit.<br />

Technical Assistance: Strengthening of technical<br />

skills and capabilities on the southern countries,<br />

exchange of experiences and knowledge among any<br />

countries.<br />

Humanitarian Action: Food aid, relief, human rights<br />

protection, accompaniment of victims, political pressure,<br />

<strong>de</strong>nunciation, preparation, prevention and mitigation<br />

of natural disasters, epi<strong>de</strong>mics, armed conflicts and<br />

wars.<br />

Scientific and Technological Cooperation: transference<br />

and exchange of technologies applied to basic<br />

services on education, health and sanitation, scholarships<br />

and joint research.<br />

Every State looking forward to reaching the MDGs,<br />

before changing its policies towards this conclusion,<br />

needs to find what are the other actors involved in this<br />

scenery, what are their needs and how can the state<br />

make them stronger. Assisting other actors towards the<br />

same goal means that voice is being provi<strong>de</strong>d to every<br />

actor which is capable, most of the time, to <strong>de</strong>pict some<br />

specific problems better than the government can by<br />

itself, thus, and by working together with other actors<br />

more effective policies can be <strong>de</strong>veloped.<br />

The civil society is one of the actors that has an important<br />

role working alongsi<strong>de</strong> the government once it<br />

is capable of making pressure over the government in<br />

or<strong>de</strong>r to make them aware of the society’s needs, and<br />

in or<strong>de</strong>r to get what is nee<strong>de</strong>d. The civil society can also<br />

count on the NGO’s help or the community’s to i<strong>de</strong>ntify<br />

problems, to provi<strong>de</strong> solutions and policies which can<br />

be pursued by the government. The private sector also<br />

follows this path of cooperation however it has got one<br />

more thing it can count on. The private sector can improve<br />

lives’ standards by supporting <strong>de</strong>velopment projects<br />

in the region. These projects, most of the times, are<br />

more effective as we can find a tighter control over the<br />

resources provi<strong>de</strong>d for these projects from the private<br />

sector. Having bigger responsibility and efficiency to<br />

distribute resources and assistance available, the path<br />

to <strong>de</strong>velopment becomes shorter.<br />

The international organisms are essential to the<br />

world in or<strong>de</strong>r to make it reach a better standard of living.<br />

They appear in this scenery as a “multilateral forum”,<br />

it means they are the provi<strong>de</strong>rs of a space where countries<br />

meet to expose their problems and share their experiences,<br />

after becoming members of an international<br />

organism, a country can share with the others the advices,<br />

solutions and programs offered in the organism.<br />

Each organism has a special task; it means it <strong>de</strong>velops<br />

knowledge over one target within certain issues. For<br />

example, if the country needs know-how and best practices<br />

lessons to <strong>de</strong>velop its industries, it goes to United<br />

Nations Industrial Development Organization (UNIDO),<br />

which can provi<strong>de</strong> assistance. If the country is looking<br />

for financial assistance it goes to the World Bank for example.<br />

Or if the intention is to learn and share best practices<br />

on <strong>de</strong>velopment, it goes to the UNDP.<br />

To join the UNDP, however, a State must be <strong>de</strong>mocratic,<br />

with strong and functional public institutions in or<strong>de</strong>r<br />

to avoid corruption towards the management of assistance<br />

which gets in the country, and in or<strong>de</strong>r to make<br />

the process of cooperation among all the actors present<br />

easier and avoiding “structural problems”. Besi<strong>de</strong>s<br />

a strong governmental structure, cooperation among<br />

the actors present in the country, that has already been<br />

cited, is fundamental to follow the path to the MDGs<br />

and finally until <strong>de</strong>velopment. The eighth goal has six<br />

targets to be reached by 2015 as follows bellow:<br />

1. Develop further an open, rule-based, predictable,<br />

non-discriminatory trading and financial system,<br />

including a commitment to good governance, <strong>de</strong>velopment,<br />

and poverty reduction, nationally and internationally.<br />

2. Address the special needs of least <strong>de</strong>veloped<br />

countries, (including tariff- and quota-free access for<br />

exports of the least-<strong>de</strong>velopment countries; enhanced<br />

<strong>de</strong>bt relief for heavily in<strong>de</strong>bted poor countries committed<br />

and cancellation of official bilateral <strong>de</strong>bt; and more<br />

generous official assistance for countries committed to<br />

reducing poverty)<br />

3. Address the special needs of landlocked countries<br />

and small island <strong>de</strong>veloping states (though the<br />

Program of Action for the Sustainable Development<br />

of Small Island Developing States and the 22nd special<br />

session of the General Assembly)<br />

115


4. Deal comprehensively with the <strong>de</strong>bt problems<br />

of the <strong>de</strong>veloping countries though national<br />

and international measures to make <strong>de</strong>bt sustainable<br />

in the long term.<br />

5. In cooperation with pharmaceutical companies,<br />

provi<strong>de</strong> access to affordable, essential drugs in<br />

<strong>de</strong>veloping countries.<br />

6. In cooperation with the private sector, make<br />

available benefits of new technologies, especially information<br />

and communication (ICTs).<br />

All this targets show the urgency to strengthen<br />

global partnership among actors of international relations<br />

to achieve the other goals, and this it is only possible<br />

when all the countries are willing to improve the<br />

current public polices and the most difficult, regulating<br />

and <strong>de</strong>fining responsibilities of each country according<br />

to their financial and <strong>de</strong>velopment capacity.<br />

Always good to keep in mind that, according to<br />

Weiss and Gor<strong>de</strong>nker, the role of non-state actors –<br />

firms, business associations, NGOs, social movements<br />

– in the international scene is certainly the consequence<br />

of the impetus of NGO networks for <strong>de</strong>mocratizing<br />

global policy-making.<br />

HISTORy OF THE PROBLEM<br />

International cooperation has always been present<br />

among international relations issues. Meanly after<br />

1944 when the Bretton Woods Conference was held,<br />

after the end of the second world, with the purpose<br />

of bringing up efforts to rebuild the <strong>de</strong>stroyed countries.<br />

The raise of aid, which came from many different<br />

countries as an expected result for Bretton Woods<br />

conference, was the first evi<strong>de</strong>nce of the birth of international<br />

cooperation in the 21st century.<br />

The <strong>de</strong>mand for settling international financial institutions,<br />

a task that would be to control and maintain<br />

of the international market and commerce, came<br />

from the necessity and call for help in the reconstruction<br />

of the damaged countries in the Second World<br />

War. Through these institutions, as the International<br />

Bank for Reconstruction and Development (IBRD),<br />

for example, and its programs, their manner of assis-<br />

116<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

tance would be given and the aids would be distributed<br />

throughout the countries could be <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>d in common<br />

sense among members. In this scenery, the United Nations<br />

(UN) was created in 1948 to organize the efforts and<br />

to gather the international community around the issue of<br />

international security, pursing peace in the world. Chasing<br />

the goal of consolidating global governance in the world,<br />

during General Assembly meetings and as there was the<br />

need for big efforts towards reconstruction and <strong>de</strong>velopment,<br />

international cooperation was the best tool for this<br />

task and so Member States came up with the following<br />

concept: technical assistance and cooperation.<br />

Along the following years after the end of the Second<br />

World War, less <strong>de</strong>veloped countries felt like being left a<br />

part of international commerce relations that existed between<br />

most of the <strong>de</strong>veloped countries. The lack of economic<br />

<strong>de</strong>velopment in some countries ma<strong>de</strong> them unable<br />

to join the international network of commerce and<br />

unable to compete with others, so as long as they were<br />

kept outsi<strong>de</strong> of the commerce they become even weaker<br />

while the ones that were taking part on this network were<br />

becoming stronger.<br />

Trying to become stronger, the weak countries joined<br />

together in a group formed by 77 countries, G77, where<br />

countries would claim for a different treatment in the<br />

commercial field, so they would have some advantage<br />

upon the <strong>de</strong>veloped countries, something they could use<br />

to their benefit towards <strong>de</strong>velopment. Thus, the necessity<br />

of aid to the less privileged economically countries as to<br />

the low-income countries were simply essential 2 .<br />

This movement occurred in 1960 during a meeting of<br />

the United Nations Conference on Tra<strong>de</strong> and Development<br />

(UNCTAD), which was run by Raúl Prebisch at the<br />

time and had a goal to shrink the gap between <strong>de</strong>veloped<br />

and un<strong>de</strong>veloped through a special treatment. A mechanism<br />

used for this was tariff preferences in the commercial<br />

relations of the least <strong>de</strong>veloped States, thus giving<br />

them a chance to strengthen their inner sectors 3 . The goal<br />

of the Conference was: “[t]o keep and go <strong>de</strong>eper into the<br />

common interest existed in the <strong>de</strong>veloping world, and to<br />

strengthen up the ability of trading within and among<br />

the states of UN, all done by working with all UN’s agencies<br />

and so through these agencies technical cooperation<br />

would be promoted among them.”<br />

UNCTAD gui<strong>de</strong>d the countries to improve and stress<br />

their economic links, thus strengthening up their eco-


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

nomic integration which was done through the use of<br />

macroeconomics politics, and also gui<strong>de</strong>d them to improve<br />

the reciprocal relations among States through<br />

unilateral concessions, in other words, it means that <strong>de</strong>veloped<br />

countries should make more openings, commercial<br />

concessions, to the least <strong>de</strong>veloped countries.<br />

One of the results of this was the action of settling a<br />

minimum price for commodities which was a strategy<br />

to reach international stability when competing and in<br />

comparison with the price of industrialized goods. An<br />

easier access to more active markets was got trough the<br />

extinction of protectionists policies once practiced by<br />

the <strong>de</strong>veloped countries, besi<strong>de</strong>s the preferential tariff<br />

concessions for importing manufactured goods and the<br />

exportations of the least <strong>de</strong>veloped countries, technical<br />

assistance to the countries that nee<strong>de</strong>d was provi<strong>de</strong>d.<br />

This last one became a key to open a <strong>de</strong>bate over financial<br />

subjects, a weaker field which gained importance<br />

on these <strong>de</strong>bates and so, giving importance to the invisible<br />

products as well.<br />

The highest point of concern of Prebisch and the<br />

other intellectuals was how to <strong>de</strong>velop the least <strong>de</strong>veloped<br />

countries through a strategy that used mechanisms<br />

which would not create <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce with the<br />

<strong>de</strong>veloped countries. Having this as an important issue,<br />

the organism brought up a new discussion to the international<br />

society. The North-South <strong>de</strong>bate carried on the<br />

discussion about the more <strong>de</strong>veloped countries, North<br />

hemisphere, helping the countries located in the south,<br />

the less <strong>de</strong>veloped. In conclusion, it is assumed that<br />

North-south cooperation, takes financial, commercial<br />

and economic help to the southern countries, which<br />

got benefits from this special treatment.<br />

This treatment was reflected in other organizations<br />

as the International Monetary Fund (IMF), Inter Américan<br />

Development Bank (IADB), the World Tra<strong>de</strong> Organization<br />

(WTO) and in the organisms which belong to<br />

the World Bank Group. The strongest influence over IMF<br />

was the raise of compensatory financial facilities as a<br />

consequence from the reduction of the commodities<br />

exportations, which occurred due the fact that policies<br />

over the stability of commodities prices were <strong>de</strong>bated<br />

together with the industrialized goods prices. Other evi<strong>de</strong>nce<br />

that impact was suffered by IMF was the raise of<br />

<strong>de</strong>veloping and financing programs being <strong>de</strong>veloped,<br />

and most focused on the low income countries.<br />

In comparison, The Pearson Commission (1969),<br />

while reviewing World Bank assistance since World<br />

War II, found that “technical assistance often <strong>de</strong>velops<br />

a life of its own, little related in either donor or recipient<br />

countries, to national or global <strong>de</strong>velopment objectives”.<br />

Later evaluations have not found solid evi<strong>de</strong>nce<br />

of the broa<strong>de</strong>r effect of technical assistance on sustainable<br />

capacity <strong>de</strong>velopment. The main contribution<br />

of the report “ (…) is undoubtedly the comprehensive<br />

view it takes of <strong>de</strong>velopment as a complex of domestic<br />

and external factors (tra<strong>de</strong>, aid, private investment), as<br />

well as the reasons it adduces in favor of enlarging present<br />

aid programs.” This shows the importance and efficiency<br />

from allying with international organizations in<br />

a country’s domestic framework towards <strong>de</strong>velopment.<br />

The WTO is responsible for the regulamentation of<br />

world tra<strong>de</strong>; it created mechanisms to protect the countries<br />

that were damaged by having no benefits and for<br />

being low-income countries. Based on this, negotiation<br />

rounds began to happen, for example the Uruguay<br />

Round and the Doha Round, where countries could seek<br />

to regulate the minimums and maximums of tariffs in<br />

products of certain sectors. Textile, service, and agricultural<br />

sectors were the ones that most suffered changes.<br />

In the other hand, the World Bank has many “branches”<br />

and each one of its branches is specialized in financing<br />

certain types of projects. This expansion shows the<br />

high <strong>de</strong>mand for financing which comes from the lowincome<br />

as much as from the <strong>de</strong>veloping and the <strong>de</strong>veloped<br />

countries.<br />

The 1960´s can be seen as an important moment<br />

for <strong>de</strong>velopment, once by this time <strong>de</strong>veloping countries<br />

were well succee<strong>de</strong>d achieving benefits, and also<br />

by the beginning of the North-South <strong>de</strong>bate. In 1970´s,<br />

the new international or<strong>de</strong>r was discussed and also having<br />

in its course the North-South negotiation, its system<br />

structure and the <strong>de</strong>mand of common interests among<br />

the countries. The North- South cooperation was settled<br />

with the principle of assisting, in other words, with the<br />

principle that more <strong>de</strong>veloped countries should aid less<br />

<strong>de</strong>veloped ones.<br />

In this environment, in 1974 was created the Charter<br />

of Economic Rights and Duties of States , which established<br />

the right of nationalizing sources, the submission<br />

of multinationals companies to the country’s laws, the<br />

control over capital flux, the right of <strong>de</strong>velopment and<br />

117


the obligation of international cooperation:<br />

[a]ll States should co-operate to strengthen and<br />

continuously improve the efficiency of international<br />

organizations in implementing measures to stimulate<br />

the general economic progress of all countries,<br />

particularly of <strong>de</strong>veloping countries, and therefore<br />

should co- operate to adapt them, when appropriate,<br />

to the changing needs of international economic cooperation<br />

This charter was a clear example of the expectations<br />

of the countries on financial, economic and tra<strong>de</strong><br />

coordination subjects, and where they recognized the<br />

need for a special treatment offered to low-income<br />

countries. As international organisms were created<br />

to attend the <strong>de</strong>veloping countries, UNDP appeared<br />

as an important actor to correspond to these needs,<br />

doing this through specialized techniques, know-how<br />

transfers, best practices exchanges ma<strong>de</strong> throughout<br />

many countries and international cooperation over<br />

projects of technical assistance to highlight socio economics<br />

issues.<br />

Based on this scenery, many other conferences<br />

occurred focusing on these issues, from 1990 until<br />

2000 the MDGs were created, which are targets that<br />

the countries need to pursuit to be met by the year of<br />

2015. When these targets are reached the world will<br />

show itself with a great result in the progress of <strong>de</strong>velopment,<br />

thus raising the quality of life of the world’s<br />

population. And so, cooperation came as a tool to coordinate<br />

financing policies and also to assist setting<br />

policies and programs through international organisms,<br />

which are responsible for offering mechanisms<br />

towards reaching <strong>de</strong>velopment in the least <strong>de</strong>velopment<br />

countries. To get international governance established,<br />

a common i<strong>de</strong>al is nee<strong>de</strong>d, this i<strong>de</strong>al will be<br />

responsible for the union between countries, organizations,<br />

governments, banks, private sector and civil<br />

society; these are nee<strong>de</strong>d to support the global partnership.<br />

When a global partnership is formed, it makes it<br />

easier to regulate the financial market, to offer special<br />

treatment to low-income countries by offering them<br />

lower tariffs and taxes, to offer access to big markets<br />

and privilege to the less <strong>de</strong>veloped countries products,<br />

to facilitate the access to technology and know-how,<br />

etc. An example of great help is found in the health<br />

118<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

subject once the pharmaceutical industries require large<br />

investment in low-income countries. The rules surrounding<br />

this issue are in agreement among countries, is what<br />

guarantees that the poorest countries will be ai<strong>de</strong>d in this<br />

field.<br />

The eighth target <strong>de</strong>als with the necessity of integration<br />

and regulamentation of markets, giving access to less<br />

<strong>de</strong>veloped countries to provi<strong>de</strong> them the same structures<br />

that <strong>de</strong>veloped countries have, making them able to<br />

reach better levels of economic and social <strong>de</strong>velopment.<br />

All in or<strong>de</strong>r to achieve the other MDGs, the eight target<br />

being the path towards them.<br />

This situation led the international community to<br />

come up with new rules towards the financial system,<br />

where now, banks would go un<strong>de</strong>r regulamentation, and<br />

so would have its freedom shrunk. These rules were settled<br />

in the Basel Accord III in 2010, with the purpose of<br />

avoiding a future crisis in the same proportion of the one<br />

that happened in 2008.<br />

Based on the paragraphs above, we hope to have<br />

ma<strong>de</strong> it clear the importance of global governance. And<br />

to make so, it is nee<strong>de</strong>d regulamentation of markets and<br />

of the system as a whole to avoid even the slightest differences<br />

among countries. By the way the special treatment<br />

to low-income countries has always to be consi<strong>de</strong>red.<br />

OVERVIEwS<br />

Latin America and the Caribbean<br />

The region has had large financial crisis in its history.<br />

Inflation has always been present in the countries of the<br />

region. Brazil and Chile today have safe systems and recovered<br />

well from previous crisis and periods of market<br />

closure. However, the great problems are the income<br />

disparities, both regional and national. The difficulty for<br />

regional integration continues as MERCOSUL still has difficulties<br />

to endure and establish itself <strong>de</strong> facto.<br />

The objective of the 8th MDG in the region is to consolidate<br />

markets, regulate fees and taxes, expand commercial<br />

capacity of countries, and to reduce the <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncy<br />

on rural products and commodities. Brazil appears as the<br />

lea<strong>de</strong>r in the region, leading South-South cooperation,<br />

through projects and technical cooperation programs<br />

and with its experience to universalize AIDS medications<br />

access.


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

Eastern Europe and CSI<br />

As there exists cultural and historical relations with<br />

central Europe, the countries from eastern Europe and<br />

CSI, have a strong relation with the European countries<br />

from Organization for Economic Cooperation and Development<br />

(OECD). Some of these countries belong to<br />

the European Union (EU) and bring benefits to the region.<br />

The issues that must be worked on in the region, according<br />

to the UNDP are:<br />

• Defining <strong>de</strong>velopment cooperation policies and<br />

strategies;<br />

• Setting-up aid <strong>de</strong>livery mechanisms including institutions,<br />

procedures, and training staff;<br />

• Facilitating cooperation between established donors,<br />

with new donors and partner country and<br />

• Carrying out awareness raising campaigns.<br />

The objectives revolve around the necessity to solidify<br />

the present structures, to improve the financial<br />

mechanism and the bank system. The region has good<br />

levels of education, however, it is necessary that they<br />

are used in an efficient way, so that they can transfer it<br />

to the poor areas. Solidify the financial market, find ways<br />

to integrate the region allowing the transfer of technology<br />

and knowledge is essential for the <strong>de</strong>velopment of<br />

the region.<br />

Asia and Pacific<br />

The Asian and Pacific region suffers from economic<br />

disparity, where there are both countries in a great level<br />

of <strong>de</strong>velopment and others in extreme levels of poverty.<br />

A clear example of this dichotomy is Bangla<strong>de</strong>sh<br />

and Japan. With this economical disparity, problems<br />

such as economical <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncy, different levels of <strong>de</strong>velopment<br />

and problems with regional integration rise<br />

in the region. Integration is necessary to reach a global<br />

partnership, both between different governments, and<br />

between NGO’s and the private sector.<br />

The region has several islands that cannot support<br />

themselves economically, and the environmental issue<br />

in the region becomes more and more significant, due<br />

to the fact that the region can suffer from natural disasters.<br />

Two other problems are the environmental <strong>de</strong>gradation,<br />

resulting in few natural supplies, and also new<br />

<strong>de</strong>mocracies, which are still weak in their actions and<br />

control.<br />

China is a regional potency, with a big role on financial<br />

and technical cooperation regarding the transfer of<br />

technology and know-how to poor countries such as<br />

Bangla<strong>de</strong>sh [b]y a the end of 2007, China had provi<strong>de</strong>d<br />

assistance to more than 120 countries with almost 2,000<br />

projects of various types.<br />

Another mobilization for the cooperation in the region<br />

is the Pacific Financial Technical Assistance Center<br />

(PFTAC), a program gui<strong>de</strong>d by the IMF that tries to help<br />

the efficiency of the taxes system, better efficiency and<br />

quality in the formulation of budget for education, compliance<br />

with international standards and best practices<br />

in regulation.<br />

Arab States<br />

The Arab States’ issue regarding <strong>de</strong>velopment is great<br />

in the dictatorships with religious influence in politics<br />

and the historical conflicts in the region are still one of<br />

the biggest problems for <strong>de</strong>velopment. Another important<br />

point is the lack of security and low life expectancy<br />

of the youth, due to the forms of government and the<br />

great influence of religion in politics and day to day life.<br />

Thus, many of them coexist with terrorist groups, making<br />

security even more instable in the country.<br />

An IMF project called Middle East Regional Technical<br />

Assistance Center (METAC), seeks to provi<strong>de</strong> capacitybuilding,<br />

facilitate the reform process and support the<br />

region’s integration in the world economy through experts<br />

from IMF and a team of resi<strong>de</strong>nt advisors. METAC<br />

works in 5 areas: banking supervision, macroeconomics<br />

statistics, public financial management, revenue administration<br />

and Central Bank accounting <strong>de</strong>bt management<br />

and money market.<br />

119


120<br />

Performance on <strong>de</strong>velopment partnerships is very<br />

mixed. Since 1990, <strong>de</strong>velopment finance to Arab countries<br />

has been, to a large extent, driven by the vested interests of<br />

donor countries rather than by the evi<strong>de</strong>nce-based <strong>de</strong>velopment<br />

challenges and priorities on the ground. On essential<br />

drugs, the impact of the global financial crisis has left<br />

many people in LDCs without access to affordable medicines.<br />

There have been major advance in the Arab region<br />

in the ICT sector, in particular in the internet and mobile<br />

areas, but the Arab LDCs still lag well behind other Arab<br />

countries in these two fields.<br />

Africa Sub-Saharan<br />

Sub-Saharan Africa is the region that is furthest<br />

away from reaching the 8 MDGs. It has a precarious<br />

infra-structure and poverty, low education and AIDS<br />

are the biggest stoppers of <strong>de</strong>velopment. With many<br />

countries below the poverty line, and most being low<br />

income countries, the capacity for internal structuring<br />

is not likely.<br />

Another big issue is frail <strong>de</strong>mocracies, with poor<br />

structures within its governments and the presence of<br />

dictatorships that generate high levels of corruption<br />

and low legitimacy. These create huge difficulties to<br />

create partnerships with NGO´s, international organizations<br />

and the private sector.<br />

The international Organizations present in the region,<br />

when implementing their programs, try to guarantee<br />

the commitment and the application of their<br />

programs and of their funding. The IMF created a program<br />

called Africa regional Technical Assistance Center<br />

east (AFRICA east) with the following objectives for<br />

the region: establish efficient and mo<strong>de</strong>rn revenue<br />

administrations, benchmarked against international<br />

best practice. Always with support in the implementation<br />

and encouraging their capacity-building programs.<br />

The necessity of financial resources are enormous<br />

“Yet, domestic resources and private- sector contributions<br />

will not be sufficient to achieve sustained economic<br />

growth and the MDGs. Overall, external public<br />

financing for <strong>de</strong>velopment in Africa needs to rise to<br />

US$72 billion per year to support the achievement of<br />

the MDGs.”<br />

OCDE<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

OECD’s work is essentially linked to supporting the<br />

MDG effort, in particular through associated work to<br />

building a global partnership for <strong>de</strong>velopment, financing<br />

the MDGs and supporting strategic areas contributing to<br />

progress in the MDGs. Building a global partnership for<br />

<strong>de</strong>velopment, has the necessity to work together in partnership<br />

to achieve the MDGs (a priority outlined in MDG<br />

8) by the <strong>de</strong>velopment community.<br />

Smarter partnerships, that are broa<strong>de</strong>r and more inclusive<br />

to drive the international agenda across a range of<br />

<strong>de</strong>velopment issues, it being building by OECD. The <strong>de</strong>velopment<br />

issues are: Working Party on Aid Effectiveness,<br />

Informal Task Force on Tax and Development, International<br />

Dialogue on Peace building and State building and The<br />

PARIS 21 Consortium. Financing the MDGs, ODA (Official<br />

Development Assistance) is an essential and complementary<br />

source of finance for <strong>de</strong>velopment. Philanthropic<br />

organizations, emerging donors, innovative financing<br />

instruments and sovereign wealth funds, special purpose<br />

funding initiatives has formed new sources of <strong>de</strong>velopment<br />

finance and new challenges to un<strong>de</strong>rstanding the<br />

systems of aid flows. The OECD works to Track aid commitments<br />

and to un<strong>de</strong>rstand the architecture of global<br />

<strong>de</strong>velopment.<br />

According to the Swiss Agency for Development and<br />

Cooperation (SDC) what remains to be done by 2015 of<br />

the 8 MDG in world tra<strong>de</strong> is: General conditions to encourage<br />

tra<strong>de</strong>; International competitiveness of <strong>de</strong>veloping<br />

countries; improved market access; improved patent<br />

protection for <strong>de</strong>veloping countries; Closer partnerships<br />

with the Swiss private sector to achieve the MDGs.<br />

CONSIDERATIONS<br />

International cooperation has been going through<br />

changes in the flux of funding and assistance. Previously,<br />

it was North-South cooperation, and now this flux became<br />

South-South cooperation, where countries with the same<br />

level of <strong>de</strong>velopment, societies with similar objectives,<br />

help each other. Also countries that can assist with the<br />

best practices in the use of available resources so there<br />

is experience, knowledge and techniques exchange that<br />

can be used by both countries.


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The advantage of South-South cooperation, when<br />

comparing it to North-South cooperation is a greater<br />

capacity of the receiving country to generate an appropriation<br />

sense; it promotes initiatives that are closer to<br />

the conditions and needs of the receiving country, and it<br />

allows a greater sensibility to some contexts, due to the<br />

familiarity with the reality and the problems of <strong>de</strong>velopment;<br />

it creates a ”win win” scenario, since it improves<br />

technical and institutional abilities to both parties. It allows<br />

a larger flexibility and adaptation of changing conditions<br />

of the benefited country; for not being connected<br />

to conditions or obligations of assisted purchases, it<br />

is conclu<strong>de</strong>d faster, and it is cheaper. Frequently it is given<br />

to countries that are “abandoned” by the traditional<br />

donators and tends to preserve the cultural diversity<br />

and i<strong>de</strong>ntity of the benefited countries. These are some<br />

reasons, along with contributing to the innovations of<br />

some sectors, the increase of the diversity of actors,<br />

along with the opening of new channels of communication<br />

and ways of learning, ma<strong>de</strong> the countries and the<br />

OCDE give more space to South –South cooperation.<br />

The transformation itself is the result of the increasing<br />

weight of emerging countries, the opportunities created by<br />

the international crisis, the search for solutions among <strong>de</strong>veloping<br />

countries and the ten<strong>de</strong>ncy to ‘retreat from traditional<br />

donors’ which has open space for the offer of cooperative CSS,<br />

reducing monopolies in the provision of aid.<br />

As said before, the financial crisis shook the financial<br />

system damaging the flux of resources <strong>de</strong>stined to international<br />

cooperation. However, some of these countries,<br />

<strong>de</strong>veloping countries, did well in comparison with<br />

others during the crisis. This happened due to their internal<br />

structure, like in the case of Brazil, that has very<br />

strict bank and financial systems. According to the report,<br />

MDG after the crisis,<br />

a key lesson from the financial crisis is that the economic<br />

and social impact of the downturn would have been<br />

far worse if not for the effective – and often extraordinary<br />

– policy response adopted by many advanced, emerging,<br />

and <strong>de</strong>veloping countries, as well as the swift and sizable assistance<br />

provi<strong>de</strong>d by international financial institutions and<br />

multilateral <strong>de</strong>velopment bank. Policy responses and international<br />

cooperation have been better than previous crises.<br />

According to the same report, the crisis hit two critical<br />

drivers of the progress toward the MDGs, faster growth<br />

and better service <strong>de</strong>livery. The impact was negative be-<br />

cause of the gravity of the recession and the indicators<br />

of human <strong>de</strong>velopment started to <strong>de</strong>cline much in bad<br />

times then growing in good times. But comparing to<br />

the other crises many countries have maintained social<br />

safety net in the face of income <strong>de</strong>cline, and this is why<br />

the impact on the MDGs are not so hard.<br />

The international community respon<strong>de</strong>d strongly to<br />

the crises, trough the use of the multilateral <strong>de</strong>velopment<br />

banks that protect core <strong>de</strong>velopment programs,<br />

strengthen the privet sector, and support poor households.<br />

However even with a good crises recover, the<br />

MDG´s are still in a bad situation, and to get recovered<br />

from this situation it is necessary that the <strong>de</strong>veloping<br />

countries maintain good polices and effective service<br />

<strong>de</strong>livery with the global community support.<br />

The fact that countries like Brazil, lower income and<br />

upper middle income that had suffered with economic<br />

crisis throughout their histories to receive financial aid<br />

of the IMF, had to follow some strict rules, <strong>de</strong>manding<br />

structural changes, allowed the country to mold a structure<br />

capable of creating a system relatively immune to<br />

future crisis.<br />

Another point that must be mentioned is that with<br />

a bigger presence of International Organizations, focusing<br />

financial <strong>de</strong>velopment, such as the IMF, the World<br />

Bank Group and the UNDP, low income countries and<br />

lower middle income, to continue receiving aid from<br />

the financial, technical and know how cooperation, had<br />

to adjust themselves and follow a mold to <strong>de</strong>velop correctly,<br />

thus going from low income to lower middle income<br />

for example. The fact that the MDGs have 15 years<br />

to be achieved, and even if it is not, ma<strong>de</strong> poor countries<br />

start creating solid structures so that they could reach<br />

an a<strong>de</strong>quate <strong>de</strong>velopment pattern in the future.<br />

This allows these countries to form a structure capable<br />

of receiving investments, financial resources and to<br />

go from receptors to donors in the international cooperation.<br />

This process makes global partnership solidify<br />

itself, ever expanding the possibility to reach the MDGs<br />

(the report says that “the financial conditions are improving,<br />

but financial flows remains below the needs”.<br />

Proving that the structures are being built correctly,<br />

through financial cooperation and programs of <strong>de</strong>velopment<br />

banks, showing that to overcome the crisis it<br />

is necessary that there is trust in the markets and the<br />

strengthening of the international cooperation policy.<br />

121


This policy needs to <strong>de</strong>velop two areas: 1)avoiding<br />

protectionism where the restrictions on international<br />

tra<strong>de</strong> and service, government subsidies for domestic<br />

industries, distortions to foreign direct investment,<br />

informal pressures on banks to give preference to<br />

domestic barrowers. 2) Increasing aid levels and aid<br />

effectiveness, where its necessary to increase the aid<br />

budges. Is essential to allow <strong>de</strong>veloping countries to<br />

generate resources for higher growth, improve social<br />

protection for most vulnerable, and enhance food security.<br />

For these solutions proposed by international organisms<br />

to be conclu<strong>de</strong>d, it is necessary that the international<br />

cooperation happens in a coordinated<br />

way, so that countries can trust the market, recovering<br />

the economy. The governments and the private<br />

institutions need to solidify the global partnership,<br />

in or<strong>de</strong>r to expand their experiences and successfully<br />

implement policies in the countries that find barriers<br />

to <strong>de</strong>velop.<br />

So that these policies are formulated correctly, it<br />

is necessary to gather data and information, in which<br />

the cooperation between the government, the private<br />

sector, the IOs, and the NGOs is possible. An International<br />

Organ of great help is the Organization for Economic<br />

Co-operation and Development (OECD) established<br />

in 1961 with the objective to spread economic<br />

<strong>de</strong>velopment along with cooperation. Only a few<br />

countries are part of the OECD, most of them are <strong>de</strong>veloped<br />

and <strong>de</strong>veloping countries, where they share<br />

experiences and seek solutions for <strong>de</strong>velopment.<br />

The OECD has the Development Assistance Committee<br />

(DAC), where the Official Development Assistance<br />

(ODA) 12, acts in a crucial way for the <strong>de</strong>velopment<br />

of public policies that must be followed by<br />

OECD countries. The ODA has a huge role in the data<br />

gathering along with the NGOs, private sector and<br />

multilateral organization to form policies, assist the<br />

other countries in the cooperation, report the world<br />

<strong>de</strong>mand and show the weaknesses and needs for <strong>de</strong>velopment.<br />

The gathered information are used both by the<br />

ones who helped collecting the data and the UN<br />

agencies and the government to form new strategies<br />

for <strong>de</strong>velopment. The UNDP works with the ODA constantly,<br />

monitoring the MDGs.<br />

122<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

The 8 MDG, looks for better quality in international cooperation<br />

seeking <strong>de</strong>velopment. As it was discussed, it is<br />

necessary that the countries have a consolidated financial<br />

system and a good economical situation to finance and<br />

provi<strong>de</strong> for the <strong>de</strong>velopment programs. Thus, reaching<br />

this objective, the other MDGs will have more means and<br />

support to be achieved.<br />

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Acesso em 19<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010.<br />

NOTES<br />

1 International cooperation is a process of coordinated politics where international<br />

actors adjusts their own behavior to real expectations and preferences<br />

expected by others<br />

2 WORLD BANK: 2004 Income group: Economies are divi<strong>de</strong>d according to<br />

2009 GNI per capita, calculated using the World Bank Atlas method. The<br />

groups are: low income, $995 or less; lower middle income, $996 - $3,945;<br />

upper middle income, $3,946 - $12,195; and high income, $12,196 or<br />

more.<br />

3 was the <strong>de</strong>nomination of <strong>de</strong>velopment, in most cases by geographical<br />

reasons, they face the risk of not coming out of poverty. So these less <strong>de</strong>velopment<br />

countries need special attention by the international community.<br />

In 2003, UN <strong>de</strong>termined three criteria for classifying these countries: low<br />

income, weak human capital and economic vulnerability.)<br />

123


124<br />

AGRADECIMENTOS<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011<br />

Aos voluntários <strong>de</strong>ixamos aqui o nosso mais sincero agra<strong>de</strong>cimento, a ajuda <strong>de</strong> vocês nos últimos meses foi im-<br />

prescindível para que o evento acontecesse. Esperamos que <strong>de</strong>em continuida<strong>de</strong> ao projeto com o mesmo ânimo e<br />

<strong>de</strong>dicação que nos motivou nas últimas edições.<br />

Ana Cristina Viegas<br />

Andre Cornetta<br />

Artur Assunpção<br />

Bruna Cavole Lauro<br />

Bruno Jereissati<br />

Caroline Bizerra<br />

Danillo Martins<br />

Felipe Porto<br />

Fellipe Trinda<strong>de</strong><br />

Fernanda Proença<br />

Fernanda Sarmazo<br />

Flavio Nobrega<br />

Giovanna Tripoli<br />

Jõao Luiz Vannuzini Ferrer<br />

Marcela Bedin<br />

Maria Fernada Costa<br />

Mariana Villafranca<br />

Marilia Carretero Acedo<br />

Marina <strong>de</strong> Araujo Lima e Silva<br />

Natalia <strong>de</strong> Oliveira Delaquila<br />

Nelson Nunes Filho<br />

Paula Gabriel<br />

Paulo Alcestre Teixeira da Cunha Junior<br />

Rafael Serbaro<br />

Raphael Gheneim <strong>de</strong> Camargo<br />

Renan Fava<br />

Ricardo Ludgren<br />

Thirsa Yelkke<br />

Vanessa Bougiotakis


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

AGRADECIMENTOS<br />

O VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil <strong>de</strong>ixa registrado seu sincero reconhecimento a todos que auxiliaram na<br />

realização <strong>de</strong> todas as nossas ativida<strong>de</strong>s durante os meses <strong>de</strong> preparação e os dias do evento. Sem a colaboração <strong>de</strong><br />

cada uma <strong>de</strong>ssas pessoas, nosso projeto jamais seria concretizado.<br />

DIRETORIA MANTENEDORA<br />

Sra. Celita Procopio <strong>de</strong> Carvalho<br />

Dr. Antonio Bias Bueno Guillon<br />

Dr. Américo Fialdini Jr.<br />

Prof. Victor Mirshawka<br />

ASSESSORES DA DIRETORIA DA FAAP<br />

Área Administrativa e Financeira<br />

Dr. Sérgio Roberto <strong>de</strong> Figueiredo Santos e Marchese<br />

Área Acadêmica<br />

Prof. Raul Edson Martinez<br />

ADMINISTRAÇÃO ACADêMICA<br />

Paulo Roberto La Selva<br />

AGêNCIA FAAP<br />

Cláudia Levental<br />

Andreia Sendulsky<br />

Lilian Camacho<br />

Fernanda Crisafulli<br />

Fabio Vallim<br />

Theodoro Araujo<br />

José Manuel S. Cabral<br />

CENTRAL DE ESTÁGIOS<br />

Simone Tavit<br />

COMPRAS<br />

André Luiz da Silva<br />

André Sampaio<br />

Basílio José Rodrigues<br />

Fábio Gomes Camanho<br />

CONTROLADORIA<br />

Jean dos Santos<br />

Luiz Antonio Nunes da Silva<br />

Racheid Said Assef<br />

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO<br />

Prof. Tharcisio Bierrenbach Souza Santos<br />

FACULDADE DE ARTES PLÁSTICAS<br />

Prof. Silvio Passarelli<br />

FACULDADE DE COMPUTAÇÃO E INFORMÁTICA E DE<br />

ENGENHARIA<br />

Prof. Francisco Carlos Palleta<br />

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO<br />

Prof. Luiz Felipe Pondé<br />

Prof. Rubens Fernan<strong>de</strong>s Junior<br />

Prof. Vagner Anselmo Matroni<br />

FACULDADE DE DIREITO<br />

Prof. Álvaro ViIlaça Azevedo<br />

Prof. José Roberto Neves Amorim<br />

FACULDADE DE ECONOMIA<br />

Diretoria e Coor<strong>de</strong>nação<br />

Embaixador Rubens Ricupero<br />

Prof. Luiz Alberto <strong>de</strong> Souza Aranha Machado<br />

Prof. Gunther Rudzit<br />

Prof. Manuel José Nunes Pinto<br />

Profa. Renata Correia Nieto<br />

Profa. Raquel Maria <strong>de</strong> Almeida Rocha<br />

Prof. Guilherme Stolle Paixão e Casarões<br />

Prof. Áquilas Nogueira Men<strong>de</strong>s<br />

125


<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

GESTÃO DA INFORMAÇÃO<br />

Merce<strong>de</strong>s dos Santos Monteiro<br />

Rafael Possik<br />

GRÁFICA FAAP<br />

Emílio Carlos Pizzo<br />

INFORMÁTICA<br />

Aleksandro Lio Leal da Rocha<br />

Paulo César Klein<br />

MUSEU DE ARTE BRASILEIRA<br />

Equipe do MAB<br />

Profa. Maria Izabel Branco Ribeiro<br />

MANUTENÇÃO GERAL<br />

Sebastião Gomes <strong>de</strong> Paula<br />

PóS-GRADUAÇÃO<br />

Prof. Victor Mirshawka Jr.<br />

COLABORADORES<br />

Alex Guido<br />

Camila Marconi<br />

Silvana Marconi<br />

127


128<br />

ANOTAÇÕES<br />

VII Fórum FAAP <strong>de</strong> Discussão Estudantil - 2011

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