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educação física, comunicação e mídia - grupo mel

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1. INTRODUÇÃO<br />

ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO GRUPO DE TRABALHO TEMÁTICO<br />

“EDUCAÇÃO FÍSICA, COMUNICAÇÃO E MÍDIA” DO COLÉGIO BRASILEIRO<br />

DE CIÊNCIAS DO ESPORTE NO PERÍODO 1997-2003 1<br />

Mauro Betti (Coordenação) 2 ; Antonio Galdino da Costa 3<br />

Clarete Erbs 4 ; Eliane Gomes 5<br />

Giancarlo Machado Bruno 6 ; Rita De Cássia Giassi 7<br />

Os avanços tecnológicos do século XX desencadearam uma explosão de códigos e linguagens que<br />

se estabeleceram, prioritariamente, como meios de <strong>comunicação</strong> humana. Tal fato redefine não apenas a<br />

própria dinâmica social, no que tange às suas percepções, representações e interpretações da realidade,<br />

como exige que os âmbitos acadêmicos de produção do conhecimento se lancem na busca da<br />

compreensão dos meios de <strong>comunicação</strong> – as <strong>mídia</strong>s – investigando o modo como se dá a relação entre<br />

elas e a esfera social e individual, visando, nelas e com elas, promover adequadas intervenções sociais.<br />

A Educação Física/ Ciências do Esporte, como um desses campos, não pode omitir-se diante<br />

dessa responsabilidade, como afirma Pires e Bittencourt (1999, p. 51), não pode desconsiderar<br />

“informações e conhecimentos sobre este campo que são produzidos através da <strong>mídia</strong>”. Os projetos de<br />

investigação e intervenção profissional no âmbito da cultura corporal de movimento, ou da cultura<br />

esportiva, não podem, desse modo, prescindir do diálogo com outros campos do conhecimento,<br />

sobretudo, o das Ciências da Comunicação Social, já que, as <strong>mídia</strong>s estão em toda parte e<br />

inevitavelmente permeiam o cotidiano da sociedade contemporânea.<br />

Para Pires (2003), isso se evidenciou quando os estudos isolados que se faziam na área com<br />

relação entre a Mídia e Educação Física foram canalizados no interior do Colégio Brasileiro de Ciências do<br />

Esporte (CBCE), sob a forma de Grupo de Trabalho Temático (GTT). Neste âmbito, o surgimento do GTT<br />

“Educação Física/Esporte e Comunicação/ Mídia” decorreu da reestruturação organizacional do<br />

CONBRACE, quando da realização do evento em Goiânia/1997, oportunidade em que as sessões de<br />

temas-livres foram substituídas pela dinâmica que prevalece hoje, qual seja, a dos GTTs, em uma<br />

tentativa de tratar a produção de conhecimentos na área a partir de temáticas interdisciplinares, e não<br />

dos enfoques isolados de disciplinas científicas (PIRES; BITTENCOURT, 1999). Foi, dessa forma, segundo<br />

1<br />

Relatório de Pesquisa realizada por sub<strong>grupo</strong> do Seminário Avançado de Pesquisa em Educação Física e Mídia,<br />

do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFSC, desenvolvido no primeiro semestre de 2005.<br />

2<br />

Prof. Livre Docente do DEF/FC/UNESP-Bauru; em estágio de pós-doutoramento na UFSC.<br />

3<br />

Professor do CEFETSC-SJ, aluno de Mestrado do PPGEF/UFSC<br />

4<br />

Professora d a UNIASSELVI e FAMEG, aluna de Mestrado do PPGEF/UFSC<br />

5<br />

Aluna de Mestrado do PPGEF/UFSC<br />

6<br />

Aluno de Mestrado do PPGEF/UFSC<br />

7<br />

Licenciada em Educação Física/UFSC e Especialista em Educação Física Escolar (NEPEF/CDS/UFSC)<br />

Contatos com o <strong>grupo</strong>: labomidia@cds.ufsc.br


Pires (2003) que a Educação Física/Esporte e a Comunicação/Mídia estabeceu-se como temática<br />

interdisciplinar de estudos nas Ciências do Esporte.<br />

Para Pires e Bittencourt (1999, p. 60), a necessidade de se investir na construção de uma<br />

identidade própria para o GTT, os levou à proposição da seguinte ementa orientadora:<br />

Estudos em Educação Física/Ciências do esporte relacionados ao interesses, influências e<br />

possibilidades de interação deste campo do conhecimento/intervenção com as diferentes <strong>mídia</strong>s<br />

e tecnologias comunicacionais.<br />

Atualmente, a ementa do GTT apresenta a seguinte redação:<br />

Estudos relacionados à <strong>comunicação</strong> e à <strong>mídia</strong> enquanto fenômenos culturais na sociedade<br />

contemporânea, considerando suas relações com as Ciências do Esporte/Educação Física na<br />

qualidade de áreas de conhecimento e intervenção profissional. Análise e interpretação dos<br />

processos envolvidos na produção, difusão e recepção das mensagens das várias <strong>mídia</strong>s e<br />

tecnologias comunicacionais, bem como do próprio conteúdo das mensagens, atentando para as<br />

implicações ideológicas, econômicas, socioculturais e pedagógicas de tais processos, assim como<br />

para as influências que dirigem às Ciências do Esporte/Educação Física (CBCE, 2005).<br />

Pires e Bittencourt (1999), apresentaram o primeiro esforço de classificação dos trabalhos<br />

apresentados no GTT “Educação Física/Esporte, Comunicação e Mídia” realizado no X Conbrace/1997,<br />

distribuindo-os em quatro grandes <strong>grupo</strong>s: (i) estudos relacionados à área do marketing, envolvendo<br />

tanto o âmbito público quanto privado (ii) a área da <strong>mídia</strong> informativa de massa, referente à veiculação<br />

de temas da Educação Física/Ciências do Esporte, especialmente o esporte; (iii) o campo das chamadas<br />

tecnologias educacionais, que se refere ao uso pedagógico dos recursos da informática e da internet; e<br />

(iv) estudos de reflexão teórica, marcadamente críticos à interação entre esporte e a <strong>mídia</strong> de massa na<br />

cultura contemporânea. Já em 2000, Feres Neto, em trabalho não publicado 8 , sistematizou os trabalhos<br />

apresentados na forma de <strong>comunicação</strong> oral no XI CONBRACE/1999 “identificando tendências que<br />

modificavam pouco o contexto verificado no Congresso anterior” (PIRES, 2003, p. 6).<br />

Em seqüência, Pires (2003) no bojo da caracterização de um possível “estado da arte” na<br />

pesquisa em Educação Física e <strong>mídia</strong> nas Ciências do Esporte, empreendeu tentativa de sistematizar os<br />

estudos nesta temática com base na classificação previamente apresentada por Vieira et al (2003),<br />

atentando em especial para os trabalhos apresentados no XII CONBRACE/2001. Assim, foram<br />

identificados quatro agrupamentos:<br />

i) Estudos de análise sobre Mídia de Massa: Estudos com duas principais ênfases - na mensagem<br />

veículada ou como os receptores percebem e lhes atribuem significados.<br />

ii) Novas linguagens ou estudos instrumentais: trabalhos com caráter mais instrumental – propostas que<br />

preconizam a utilização das novas linguagens midiáticas para o desenvolvimento de ambientes<br />

informatizados de aprendizagem ou como estratégia para material de marketing promocional ou<br />

institucional.<br />

8 Trabalho de circulação restrita aos membros do GTT.<br />

2


iii) Novos campos epistemológicos: estudos que refletem sobre as oportunidades viabilizadas pela <strong>mídia</strong>.<br />

iv) Estudos de Interface: Estudos que promovem relação da Educação Física com outras ciências, como<br />

História, Sociologia, Economia, Medicina etc.<br />

O GTT “Educação Física/Esporte, Comunicação e Mídia” tem apresentado crescimento<br />

progressivo ao longo do tempo, tem passado do patamar de aproximadamente uma dezena de trabalhos<br />

submetidos no CONBRACE/1997, para duas dezenas em 1999 e 2001, e para quase quatro dezenas em<br />

2003 9 .<br />

Assim sendo, entendemos ser oportuna a realização de estudo que contemplasse uma análise da<br />

totalidade destes trabalhos, mesmo que de modo mais panorâmico, construindo indicadores capazes de<br />

apontar em direção a uma caracterização geral da produção acadêmica no âmbito do referido GTT.<br />

2. OBJETIVO<br />

Efetuar uma classificação dos trabalhos apresentados no âmbito do GTT “Educação Física/Esporte<br />

e Comunicação/ Mídia”, por ocasião dos CONBRACES dos anos de 1997, 1999, 2001 e 2003, com base<br />

em categorias pré-definidas, relativas ao tema, veículo midiático abordado, conceitos teóricos utilizados,<br />

desenho metodológico e fase de desenvolvimento dos trabalhos.<br />

3. METODOLOGIA<br />

As fontes consideradas foram os Anais dos CONBRACES. Cabe lembrar que no X e XI CONBRACE,<br />

respectivamente nos anos de 1997 e 1999, apenas as comunicações orais eram inscritas sob registro dos<br />

GTTs a que se destinavam, e portanto os trabalhos apresentados na forma de pôsteres não foram<br />

incluídos. Assim o corpus desta pesquisa contou com 65 trabalhos, os quais foram analisados e<br />

classificados nas categorias que se seguem.<br />

Quanto ao tema: a) Esporte; b) Corpo; c) Dança; d) Lazer/lúdico; e) Educação Física Escolar; f) Cultura<br />

de Movimento; g) Ginásticas/Atividades Físicas; h) Marketing.<br />

Quanto ao veículo midiático: a) Mídia (em geral) ; b) Jornal; c) Televisão; d) Rádio; e) Cinema; f)<br />

Revista; g) Livro; h)Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs (softwares, sites interativos, jornal<br />

on line etc.)<br />

9 BETTI, Mauro. Comunicação pessoal, em 27/6/2005. O informante ocupa a função de Coordenador do GTT<br />

“Educação Física/Esporte, Comunicação e Mídia” (período 2001-2005). Os números apresentados incluem<br />

comunicações orais e pôsteres.<br />

3


Quanto aos conceitos teóricos utilizados. A amplitude de autores e bases teórico-conceituais<br />

utilizadas implicaria em pulverização dos trabalhos em um grande número de categorias. Assim, optou-se<br />

por identificar conceitos-chaves presentes nos trabalho e agrupá-los nas categorias que se seguem, as<br />

quais devem ser consideradas apenas como indicadores gerais dos referenciais teóricos eleitos nos vários<br />

trabalhos:<br />

a) Espetacularização. Inclui conceitos como: esporte telespetáculo, idolatria, indústria da<br />

informação, esportivização.<br />

b) Cultura. Inclui conceitos como: cultura esportiva, cultura televisiva, cultura midiática, cultura de<br />

consumo, gênero, preconceito, representações sociais, indústria cultural, globalização, esporte<br />

telespetáculo, lazer, indústria corporal.<br />

c) Técnica midiática: mensagem, <strong>comunicação</strong>, tecnologia educacional, redes comunicacionais,<br />

assessoria de imprensa.<br />

d) Relação <strong>mídia</strong>-<strong>educação</strong> <strong>física</strong>: mediação, recepção, esporte telespetáculo, nacionalismo,<br />

juventude, cultura esportiva.<br />

e) Estética/percepção/subjetivação. Inclui conceitos como: virtualidade, tecnologia, experiência<br />

lúdica, emoção.<br />

f) Abordagem economicista: marketing, investimento, lucro, propaganda, mercado, globalização,<br />

cultura de consumo.<br />

Quanto ao desenho metodológico<br />

a) Fontes bibliográficas. Inclui os trabalhos que se valeram exclusivamente de fontes bibliográficas.<br />

Apresentam-se em dois tipos:<br />

- Pesquisa bibliográfica: trabalhos que estabelecem, mesmo que inicialmente, os parâmetros<br />

de sua abordagem teórico-metodológica, e propõe a problematização de um tema (PÁDUA,<br />

1996; SEVERINO, 1996).<br />

- Ensaio teórico: trabalhos dedicados a “formular quadros de referência, a estudar teorias,<br />

burilar conceitos” (DEMO, 1989, 13); caracterizam-se por interpretar os autores/textos,<br />

dialogar com eles, tomar posição própria a respeito das idéias enunciadas, explorar a<br />

fecundidade dessas idéias, formular um juízo crítico levando em conta a coerência interna<br />

dos textos, sua originalidade, alcance, validade e contribuição que dá à discussão do<br />

tema/problema (SEVERINO, 1996).<br />

b) Estudos de campo. Inclui os trabalhos que, de forma não-experimental, envolveram coleta de<br />

dados de <strong>grupo</strong>s humanos, seja sob a forma de questionário, entrevistas, observação participante<br />

ou intervenção em contextos sociais/pedagógicos. Apresentam-se em três tipos:<br />

- Pesquisa Descritiva. Inclui os trabalhos que coletam dados de toda ou parte de uma<br />

população, a fim de avaliar a incidência relativa, distribuição e inter-relações de fenômenos<br />

4


que ocorrem “naturalmente”, quer dizer, nos processos de vida tais como ocorrem (SELLTIZ;<br />

WRIGHTSMAN; COOK, 1987); dedicam-se ao estudo das relações entre variáveis ‘sociais’ ou<br />

‘psicológicas’ (sexo, camada social, atitudes, comportamentos, hábitos etc.), entendidas<br />

estas como atributos de indivíduos (ou <strong>grupo</strong>s) que têm a característica comum de serem<br />

membros de <strong>grupo</strong>s sociais grandes e pequenos (KERLINGER, 1980).<br />

- Pesquisa de tipo etnográfico: Trabalhos que fazem uso das técnicas tradicionalmente<br />

associadas à etnografia - trabalho de campo, observação participante, entrevista intensiva e<br />

análise de documentos, e caracterizam-se pela: interação constante entre pesquisador e<br />

pesquisado; ênfase no processo e não no produto; preocupação com o significado, com a<br />

maneira própria com que as pessoas vêem a si mesmas, suas experiências e os mundo que<br />

as cerca; contato direto e prolongado com pessoas, situações, locais e eventos; uso de<br />

grande quantidade de dados descritivos, que são reconstruídos em forma de palavras ou<br />

transcrições literais (ANDRÉ,1995).<br />

- Pesquisa-ação. Trabalhos que se caracterizam como “um tipo de pesquisa social com base<br />

empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a<br />

resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes<br />

representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou<br />

participativo” (THIOLLENT, 1986, p. 14); envolve um plano de ação, baseado em objetivos,<br />

em um processo de acompanhamento e controle da ação planejada e no relato concomitante<br />

desse processo (ANDRÉ, 1995).<br />

c) Análise de produtos da <strong>mídia</strong>. Inclui os trabalhos que se dedicaram a analisar, sob diversos<br />

enfoques teóricos e modos de análise/interpretação, produtos provenientes de diversas <strong>mídia</strong>s<br />

(matérias televisivas em seus diversos gêneros, matérias provenientes de jornais e revistas,<br />

filmes etc.)<br />

d) Pesquisa histórica. Trabalhos que examinam a importância da <strong>mídia</strong> no contexto de fatos<br />

históricos.<br />

e) Outros. Inclui resenhas, relatos de experiência, pontos de vista etc., ou desenhos metodológicos<br />

não passíveis de inclusão nas categorias anteriores.<br />

Quanto a fase de desenvolvimento dos trabalhos:<br />

a) Projeto; b) Trabalho em andamento com resultados preliminares; c) Concluído<br />

4. RESULTADOS<br />

A tabela 1 permite observar aumento expressivo no número de trabalhos apresentados a partir<br />

do ano de 2001, com destaque para o CONBRACE/2003, no qual dobrou o número de trabalho em<br />

relação ao evento anterior. Cabe, contudo, esclarecer que não estão incluídos, nos anosde 1997 e 1999<br />

os trabalhos apresentados na forma de pôsteres.<br />

5


Tabela 1<br />

Número de trabalhos por ano e total<br />

ANO n %<br />

1997 11 16,9%<br />

1999 11 16,9%<br />

2001 14 21,5%<br />

2003 29 44,6%<br />

TOTAL 65 100%<br />

A explicação mais completa das causas desse aumento mereceria uma investigação mais<br />

aprofundada, mas podemos considerar que, além de um aumento do interesse por parte da comunidade<br />

acadêmica pelo tema da Mídia, um importante fator seria um maior interesse dos pesquisadores na<br />

publicação dos resultados de seus trabalhos. A reestruturação no CONBRACE, com o surgimento dos<br />

Grupos de Trabalho Temáticos em 1997, e a criação do GTT “Educação Física/Esporte, Comunicação e<br />

Mídia”, no mesmo ano, possibilitou a existência de um espaço específico para a apresentação e<br />

publicação de trabalhos relacionados à <strong>mídia</strong>.<br />

Já em uma perspectiva mais ampla, Bruno, Rech e Silva (2004) destacaram o aumento<br />

considerável no número de eventos na área nos últimos anos e, no interior desses, o número de<br />

trabalhos apresentados; entretanto, apontaram também a pouca amplitude dos temas abordados,<br />

normalmente ligados ao Esporte ou aos aspectos biológicos – o que não é, evidentemente, o caso do<br />

CONBRACE. O aumento no número de trabalhos pode ainda ser debitado a um outro importante fator,<br />

que é a qualificação de pesquisadores, que obtiveram o título de doutor a partir da segunda metade da<br />

década de 1990l, e passaram a orientar trabalhos na temática em questão. Pires (2003) confirma esse<br />

entendimento, ao detectar o surgimento de linhas de pesquisa nos Programas de Pós-Graduação em<br />

Educação Física que contemplam direta ou indiretamente as relações entre Educação Física, Esporte e<br />

Mídia. Foi também Pires (2003) a detectar uma <strong>mel</strong>horia de qualidade nas bases conceituais e<br />

metodológicas dos trabalhos apresentados no GTT no período 1997-2001.<br />

A Tabela 2 apresenta os temas abordados, destacando-se com maior frequência “Esporte”,<br />

“Educação Física Escolar” e “Corpo”, os quais somam 78,4 % do total de trabalhos.<br />

6


Tabela 2<br />

Temas dos Trabalhos<br />

TEMA TOTAL 1997 1999 2001 2003<br />

n/% n % n % n % n % n %<br />

Esporte 27 41,4 4 36,3 6 54,5 4 28,6 13 44,8<br />

Educação Física Escolar 12 18,5 3 27,3 - - 3 21,4 6 20,7<br />

Corpo 12 18,5 - - 3 27,3 4 28,6 5 17,2<br />

Outros 5 7,7 1 9,1 - - 2 14,3 2 6,9<br />

Marketing 2 3,1 2 18,2 - - - - - -<br />

Dança 2 3,1 - - 1 9,1 - - 1 3,4<br />

Ginástica/ Ativ. Física 2 3,1 - - 1 9,1 - - 1 3,4<br />

Cultura de Movimento 2 3,1 1 9,1 - - 1 7,1 - -<br />

Não se aplica 1 1,5 - - - - - - 1 3,4<br />

TOTAL 65 100 11 100 11 100 14 100 29 100<br />

É importante destacar a supremacia do tema “Esporte” em todos os eventos, o que poderia ser<br />

explicado pela hegemonia do esporte no âmbito da cultura de movimento (BRACHT, 1992) e pela<br />

presença reiterada do esporte nos meios de <strong>comunicação</strong> de massa, no formato do “esporte<br />

telespetáculo” (BETTI, 1998),<br />

Fato que não deixa de ser considerado surpreendente é a Educação Física Escolar ter ocupado o<br />

segundo lugar, com 18,5% dos trabalhos apresentados, contemplando parcialmente os reclamos de Pires<br />

(2003), em favor de estudos que formulassem e experimentassem propostas metodológicas de trato<br />

pedagógico com a <strong>mídia</strong> no âmbito da Educação Física escolar.<br />

Já a presença constante do tema “corpo” prende-se, em nosso entendimento, ao fato de tratar-<br />

se de categoria cada vez mais presente no estudos da área de Educação Física que se valem de<br />

teorias/metodologias próprias às ciências humanas/sociais, no interior das quais também a temática do<br />

corpo é cada vez mais freqüente.<br />

Os dados também confirmam o desaparecimento do tema “Marketing”, presente apenas no<br />

CONBRACE/1997, o que, conforme Pires (2003) representa uma defasagem temporal entre os fatos<br />

sociais e sua tomada como objeto de estudo do campo acadêmico- científico, já que o chamado “negócio<br />

do esporte” ampliou-se muito no Brasil a partir da década de 1990, inclusive – destacamos – com<br />

mudanças no plano da legislação.<br />

7


Tabela 3<br />

Veiculos da Mídia<br />

VEÍCULO TOTAL 1997 1999 2001 2003<br />

n/% n % n % n % n % n %<br />

Mídia 17 26,1 5 45,5 4 36,4 3 21,4 5 17,2<br />

Televisão 17 26,1 - - 3 27,2 3 21,4 11 37,9<br />

TIC’S 10 15,4 3 27,3 1 9,1 3 21,4 3 10,3<br />

Jornal 10 15,4 1 9,1 1 9,1 1 7,1 7 24,1<br />

Revista 5 7,7 2 18,2 1 9,1 - - 2 6,9<br />

Livro 2 3,1 - - - - 1 7,1 1 3,4<br />

Publicidade 2 3,1 - - - - 2 14,3 - -<br />

Não se aplica 2 3,1 - - 1 9,1 1 7,1 - -<br />

TOTAL 65 100 11 100 11 100 14 100 29 100<br />

Quanto ao veículo de <strong>mídia</strong> abordado nos estudos, destaca-se o equilíbrio e a variabilidade dos<br />

mesmos, com destaque para<br />

a televisão e para a categoria mais genérica de “<strong>mídia</strong>”, na qual foram classificados os trabalhos que não<br />

tratavam de uma <strong>mídia</strong> específica.<br />

Cabe destacar a presença constante do veículo “televisão”, que experimentou aumento<br />

significativo no CONBRACE/2003, ao lado do veículo “jornal”, ao mesmo tempo em que decaiu a<br />

freqüência da categoria “<strong>mídia</strong>” desde 2001, indicando a tendência dos pesquisadores em enfocar<br />

veículos específicos.<br />

Já as “TICs” estiveram presentes no evento de 1997 com três trabalhos, e esteve presente em<br />

todos os demais (embora com pequeno número de trabalhos), o que demonstra a sintonia dos<br />

pesquisadores da área como o surgimento dessas novas tecnologias de informação e <strong>comunicação</strong>.<br />

Com relação aos conceitos utilizados, os agrupados sob o título “Cultura” foram os mais utilizados<br />

nos trabalhos, o qual sofreu um importante aumento em termos absolutos e relativos na última edição do<br />

CONBRACE, no ano de 2003, conforme demonstra a Tabela 4. Os demais conceitos distribuíram-se de<br />

maneira equilibrada pelos demais <strong>grupo</strong>s, com variações para cima ou para baixo a cada evento.<br />

8


Tabela 4<br />

Grupos Conceituais<br />

TOTAL 1997 1999 2001 2003<br />

GRUPOS CONCEITUAIS n % n % n % n % n %<br />

Cultura 18 27,7 2 18,2 2 18,2 2 14,2 12 41,4<br />

Relação Mídia - Educação Física 11 16,9 2 18,2 1 9,1 5 35,7 3 10,3<br />

Técnica midiática 10 15,4 2 18,2 - - 2 14,3 6 20,7<br />

Estética /Percepção / Subjetivação 9 13,8 1 9,1 4 36,4 3 21,4 1 3,4<br />

Espetacularização 8 12,3 1 9,1 3 27,2 1 7,1 3 10,3<br />

Abordagem economicista: 7 10,8 3 27,2 1 9,1 - - 3 10,3<br />

Outros 1 1,5 - - - - 1 7,1 - -<br />

Não se aplica 1 1,5 - - - - - - 1 3,4<br />

TOTAL 65 100 11 100 11 100 14 100 29 100<br />

Pode-se perceber, na Tabela 5, que o desenho metodológico mais presente nos trabalhos foram<br />

os “Estudos de Campo”, seguidos de “Análise de Produtos da Mídia” (desenho este que poderia ser<br />

considerada específico para esta área temática) e os trabalhos baseados em “Fontes Bibliográficas”. Estas<br />

três categorias apresentaram percentuais consideravelmente próximos e demonstram a variedade de<br />

possibilidades metodológicas existentes na pesquisa em <strong>comunicação</strong> e <strong>mídia</strong>.<br />

Tabela 5<br />

Desenho metodológico<br />

DESENHO METODOLÓGICO TOTAL 1997 1999 2001 2003<br />

n/% n % n % n % n % n %<br />

Estudo de Campo 23 35,4 3 27,3 6 54,5 5 35,7 9 31,0<br />

Análise de Produtos da Mídia 19 29,2 4 36,4 3 27,3 2 14,3 10 34,5<br />

Fontes Bibliográficas 16 24,6 2 18,2 2 18,2 6 42,9 6 20,7<br />

Outros 5 7,7 1 9,1 - - 1 7,1 3 10,3<br />

Pesquisa Histórica 2 3,1 1 9,1 - - - - 1 3,4<br />

No interior da categoria “Estudos de Campo”, predominaram os estudos descritivos (60,8%, com<br />

14 trabalhos) seguido pela pesquisa-ação (30,4%, com 7 trabalhos) e trabalho de tipo etnográfico (8,8%,<br />

com 2 trabalhos). É importante assinalar que os trabalhos de pesquisa-ação apareceram apenas a partir<br />

do CONBRACE/2001, revelando a preocupação dos pesquisadores com a intervenção nos contextos, e<br />

não apenas na sua descrição ou interpretação.<br />

Chama atenção o alto percentual de trabalhos que se valeram exclusivamente de fontes<br />

bibliográficas, os quais predominaram no CONBRACE/2001, sendo que destes a maior parte (75%) foram<br />

9


classificados como “pesquisa bibliográfica”, consistindo muitas vezes em revisões de literatura, como<br />

parte de dissertações, teses ou problematização inicial do tema eleito. Foram identificados poucos<br />

“ensaios teóricos” (25%) dentre os trabalhos de pesquisa de fontes bibliográficas, o que deixa em aberto<br />

a necessidade de estudos teóricos mais aprofundados.<br />

Tabela 6<br />

Fase dos trabalhos<br />

TOTAL 1997 1999 2001 2003<br />

n/% n % n % n % n % n %<br />

Concluído 45 69,2 8 72,7 9 81,8 10 71,4 18 62,1<br />

Projeto 10 15,4 3 27,3 2 18,2 3 21,4 7 24,1<br />

Trabalho em andamento 10 15,4 - - - - 1 7,1 4 13,8<br />

A Tabela 6 evidencia que, em todos os eventos, predominaram os trabalhos concluídos. O exame<br />

do conteúdo dos trabalhos revela que uma parte deles consistia em Trabalhos de Conclusão,<br />

Dissertações ou Teses.<br />

5. CONCLUSÕES<br />

Parece ainda prevalecer a interpretação de Pires (2003) quanto aos trabalhos do GTT<br />

“Comunicação e Mídia”, no sentido de que as bases conceituais e metodológicas têm se diversificado e<br />

aprofundado, sem “tendências claramente identificáveis” mas com “boas perspectivas de consolidação da<br />

área”.<br />

De fato, a análise dos trabalhos desenvolvidos durante toda a existência do GTT “Comunicação e<br />

Mídia” no CONBRACE permite afirmar que o que parecia promissor está consolidado como área de<br />

pesquisa no interior da Educação Física / Ciências do Esporte.<br />

Por fim, entendemos, como Pires (2003, p. 4), que o fato de que nossa tentativa de análise, por<br />

se utilizar de categorias que possa vir a ser julgada inadequadas, não elimina o mérito nem deste<br />

trabalho nem das possível críticas, na medida em que contribuírem para o aperfeiçoamento e surgimento<br />

de novas propostas, com o objetivo principal de “facilitar a percepção dos pesquisadores interessados a<br />

este possível ‘estado atual da arte’ na área, visando o seu desenvolvimento e consolidação”. De certa<br />

forma, os dados aqui levantados podem também ser tomados como indicadores dos rumos tomados pela<br />

própria Educação Física/Ciências do Esporte nesse período que contemplou a virada do século XX para o<br />

XXI.<br />

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REFERÊNCIAS<br />

ANDRÉ, M. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 1995.<br />

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