14.04.2013 Views

Clique aqui para ver o texto completo - Ceinfo - Embrapa

Clique aqui para ver o texto completo - Ceinfo - Embrapa

Clique aqui para ver o texto completo - Ceinfo - Embrapa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ<br />

DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA<br />

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA/FITOTECNIA<br />

FRANCISCO XAVIER DE SOUZA<br />

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CLONES ENXERTADOS DE<br />

CAJAZEIRA NA CHAPADA DO APODI, CEARÁ<br />

FORTALEZA<br />

2005


FRANCISCO XAVIER DE SOUZA<br />

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CLONES ENXERTADOS DE<br />

CAJAZEIRA NA CHAPADA DO APODI, CEARÁ<br />

Tese submetida à coordenação do Curso de Pós-<br />

Graduação em Agronomia na área de concentração<br />

de Fitotecnia da Uni<strong>ver</strong>sidade Federal do Ceará,<br />

como requisito parcial <strong>para</strong> obtenção do grau de<br />

Doutor em Agronomia.<br />

Orientador: Prof. Dr. José Tarciso Alves Costa<br />

FORTALEZA<br />

2005


S715c Souza, Francisco Xavier de<br />

Crescimento e desenvolvimento de clones enxertados de cajazeira<br />

na chapada do Apodi, Ceará/ Francisco Xavier de Souza. – Fortaleza,<br />

2005.<br />

80 f. il.<br />

Tese (Doutorado em Agronomia/Fitotecnia) – Uni<strong>ver</strong>sidade<br />

Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.<br />

Orientador: Dr. José Tarcíso Alves Costa<br />

1. Taperebá, 2. Spondias mombin 3. Enxertia<br />

4. Fruticultura 5. Cajá. I. Título.<br />

C.D.D. 632<br />

C.D.U. 631.541


DEDICO<br />

Especialmente à Lúcia de Fátima, minha mulher, e aos nossos filhos – Ximênia<br />

Mariama, Luís Fernando e André Lucas – pela companhia e compreensão nas ausências<br />

necessárias à realização do Curso. Aos meus pais, Pergentino e Odete, pelos bons exemplos e<br />

educação, aos meus irmãos e irmãs. Às minhas tias Estela, Mundica, Conceição, Adeil e<br />

Celina pelas acolhidas fraternas em seus lares.<br />

OFEREÇO<br />

Àqueles que consultem esta tese e nela encontrem informações as quais contribuam <strong>para</strong> o<br />

aumento de seus conhecimentos e/ou os ajudem na elaboração de hipóteses científicas que<br />

venham a contribuir <strong>para</strong> geração de soluções tecnológicas <strong>para</strong> os problemas de pesquisa da<br />

cadeia produtiva da cajazeira.<br />

Francisco Xavier de Souza


AGRADECIMENTOS<br />

À <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento<br />

Científico e Tecnológico, ao Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria e<br />

à Coordenação do Curso de Pós-Graduação de Fitotecnia da Uni<strong>ver</strong>sidade Federal do Ceará,<br />

pelo apoio financeiro <strong>para</strong> realização desta pesquisa;<br />

Ao corpo docente dos Departamentos de Fitotecnia e Bioquímica da Uni<strong>ver</strong>sidade<br />

Federal do Ceará, pelos ensinamentos ministrados durante o curso;<br />

Ao Engenheiro Agrônomo Afonso Batista de Aquino, Coordenador do Instituto<br />

Frutal, pela gerência dos recursos financeiros do Padfin e colaboração na execução da<br />

pesquisa;<br />

Ao Engenheiro Agrônomo Francisco Férrer Bezerra, ex-Chefe da <strong>Embrapa</strong><br />

Agroindústria Tropical, pelo apoio <strong>para</strong> realização do curso na Uni<strong>ver</strong>sidade Federal do<br />

Ceará;<br />

Ao Professor José Tarciso Alves Costa, pela amizade, orientação e ensinamentos<br />

transmitidos durante o Curso e a realização deste trabalho;<br />

Aos Professores Renato Inneco, Francisco José Alves Fernandes Távora e ao<br />

Engenheiro Agrônomo Marlos Alves Bezerra, pelas relevantes sugestões como Conselheiros;<br />

Aos Engenheiros Agrônomos, Pesquisadores da <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical,<br />

João Ribeiro Crisóstomo, pelas valiosas sugestões como Co-orientador e Conselheiro<br />

Acadêmico, Raimundo Nonato Lima, pela amizade, valiosas sugestões na coleta e análise<br />

estatística dos dados experimentais, e Francisco de Oliveira Freire, pela revisão do Abstract;<br />

À Bibliotecária, da <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, Ana Fátima Costa Pinto,<br />

pela revisão das Referências Bibliográficas;<br />

Aos colegas do Curso de Agronomia em Fitotecnia, pela convivência fraterna<br />

durante o Curso e nas longas jornadas de estudo e abstração, especialmente a Aécio Bezerra,<br />

Anielson dos Santos, Cláudia Marco, Desireé Esmeraldino, Eliseu Marlônio, Enéas Carvalho,<br />

E<strong>ver</strong>ton Cordeiro, Leonardo da Silva e Murilo Pedrosa;<br />

À Ximênia Mariama de Souza, minha querida filha, pela valiosíssima ajuda na<br />

composição deste trabalho;<br />

Ao Secretário do Curso, Deocleciano Xavier, pelas informações e pelos<br />

atendimentos prestados;<br />

A todos que, de algum modo, também contribuíram <strong>para</strong> a realização deste<br />

trabalho.


“Na investigação científica não basta<br />

examinar; é necessário contemplar: impregnemos<br />

de emoção e simpatia às coisas observadas;<br />

façamo-las nossas, tanto pelo coração como pela<br />

inteligência. Só assim nos entregarão o seu<br />

segredo. Porque o entusiasmo aumenta e afina<br />

nossa capacidade perceptiva”.<br />

Santiago Ramon y Cajal


RESUMO<br />

A enxertia de clones selecionados de cajazeira em diferentes porta-enxertos<br />

proporcionará a formação de combinações de plantas vigorosas que fixem características<br />

desejáveis de cultivo, como porte baixo, precocidade e uniformidade de frutificação, altas<br />

produtividades e frutos de qualidade. Assim sendo, um pomar experimental com clones de<br />

cajazeira foi plantado em fe<strong>ver</strong>eiro de 2000, na chapada do Apodi em Limoeiro do Norte, CE.<br />

Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, em esquema fatorial (cinco<br />

copas x dois porta-enxertos), com quatro repetições e quatro plantas por parcela. As copas<br />

foram obtidas de plantas adultas e produtivas das localidades de Capuan, Caucaia-CE;<br />

Curimatã, Pacajus-CE; Gereau e Ladeira Grande, Maranguape-CE; e Lagoa Redonda,<br />

Messejana-CE, e os porta-enxertos de sementes, de cajazeira e de umbuzeiro. O objetivo do<br />

trabalho foi caracterizar o crescimento vegetativo (altura de planta, perímetro dos caules do<br />

porta-enxerto e do enxerto, formato da copa, épocas de emissão e abscisão foliar) e a<br />

atividade reprodutiva (épocas de floração, frutificação e produção de frutos) dos clones de<br />

cajazeira. Os clones Gereau e Lagoa Redonda foram os mais vigorosos, ti<strong>ver</strong>am as maiores<br />

alturas de planta (390 cm) e espessuras de caule (57 cm). O Ladeira Grande foi o menos<br />

vigoroso, apresentando as menores altura (220 cm) e espessura de caule (49 cm), diferindo<br />

significativamente dos demais. O porta-enxerto de cajazeira formou caule mais grosso que o<br />

de umbuzeiro. A razão entre os perímetros de caule (enxerto e porta-enxerto) foi menor que<br />

1,0 no porta-enxerto de cajazeira e maior no de umbuzeiro. Dos 12 <strong>para</strong> os 30 meses, houve<br />

diminuição na percentagem de plantas de copas monopodiais de 76,4% <strong>para</strong> 5,7% e aumento<br />

das simpodiais de 17% <strong>para</strong> 72,4%, devido às podas de formação. O número de frutos por<br />

cacho variou de 8, 14, 25, 38, 56 e 80, entre os clones. Algumas plantas dos clones Lagoa<br />

Redonda e Gereau sobre umbuzeiro produziram de 100 a 300 cachos de fruto por planta. As<br />

combinações de copas de cajazeira com porta-enxertos de umbuzeiro e de cajazeira: i)<br />

formam clones vigorosos, que fixam os aspectos fenotípicos e morfológicos distintos a cada<br />

combinação, reduzem o porte das plantas e não alteram o padrão de crescimento do caule<br />

principal e o formato de copa; ii) formou plantas com troncos mais vigorosos quando<br />

enxertada sobre porta-enxerto de cajazeira; iii) formou razões de perímetros de caule, enxerto<br />

e porta-enxerto maiores nas combinações com umbuzeiro, mas sem indícios de<br />

incompatibilidade; iv) aumentou o porte, precocidade e produtividade dos clones,<br />

notadamente do Gereau e Lagoa Redonda quando enxertados sobre umbuzeiro; v) é de menor<br />

porte no clone Ladeira Grande.<br />

Palavras-chave: Taperebá, Spondias mombin, enxertia, fruticultura, cajá.


ABSTRACT<br />

Grafting of selected clones of Spondias mombin L. (Anacardiaceae) on different<br />

rootstocks may allow the formation of vigorous combinations with dwarf plants showing<br />

uniform fruition, high productivities and high quality fruits. To check this hypothesis an<br />

experimental orchard was established in February 2000, at the Apodi Plateau, in Limoeiro do<br />

Norte county, State of Ceará (Brazil). A randomized block design was used with a factorial<br />

5x2 (5 scions on 2 rootstocks), with 4 replicates and 4 plants per plot. Scions stem from<br />

superior plants collected in the counties of Caucaia (Capuan locality), Pacajus (Curimatã<br />

locality), Maranguape (Gereau e Ladeira Grande localities) and Messejana (Lagoa Redonda<br />

locality). Rootstocks were prepared from seeds of S. mombin L. and S. tuberosa Arruda. All<br />

scions and rootstocks were collected in Ceará State. The <strong>para</strong>meters assessed were the<br />

vegetative growth (plant hight, girth of graft and rootstock, canopy shape, flushing and leaf<br />

abscision periods) and reproductive features (flowering and fruition periods as well as yield).<br />

Clones Gereau and Lagoa Redonda were the most vigorous, higher (3.9 m) and with bigger<br />

stem girth (57 cm). Ladeira Grande showed the poorest peformance in hight (2.2 m) and stem<br />

girth (49 cm), being statistically different from the others. As far as the rootstocks are<br />

concerned those from S. mombim were superior to S. tuberosa. The stem girth ratio was less<br />

than 1.0 for S. mombin rootstocks and higher than 1.0 for S. tuberosa rootstocks. From 12 to<br />

30 months a decrease occurred in the percentage of plants with monopodial canopy (from<br />

76.4% to 5.70%) in contrast to the increase of plants with sympodial canopy (from 17.0% to<br />

72.4%) due to the pruning. The number of fruits per bunch of studied clones presented values<br />

of 8, 14, 25, 38, 56 and 80. Some plants of Lagoa Redonda and Gereau clones on S. tuberosa<br />

yielded from 100 to 300 bunches. Final results confirmed that scions of S. mombin grafted on<br />

rootstocks of S. mombin and S. tuberosa produced combinations with the following<br />

characterists: vigorous clones with distinct phenotypic and morphological features such as<br />

low hight, uniform canopies and standardized main stem growth; S. mombin rootstocks<br />

allowed the formation of plants with more vigorous stems compared with rootstocks of S.<br />

tuberosa; the stem girth, graft and rootstock ratios were higher for combinations on S.<br />

tuberosa, but without indications of grafting incompatibility; the rootstock of S. tuberosa<br />

increase plant hight, productive and precocious of clones Gereau e Lagoa Redonda; clone<br />

Ladeira Grande showed the lowest hight.<br />

Keywords: Yelow mombin, Spondias mombin, grafting, fruit, hog plum.


LISTA DE FIGURAS<br />

FIGURA 1 – Croqui de campo do experimento instalado no delineamento de blocos<br />

ao acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos).<br />

Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................ 40<br />

FIGURA 2 – Vista parcial do pomar de cajazeira, com detalhe das linhas de plantio.<br />

A) plantas com um ano de idade e B) com cinco anos de idade.<br />

Limoeiro do Norte, CE, 2005. ......................................................................... 42<br />

FIGURA 3 – Árvores de cajazeira dos clones: A) Gereau e B) Ladeira Grande com<br />

cinco anos de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ....................................... 49<br />

FIGURA 4 – Detalhes de troncos de cajazeiras enxertadas sobre porta-enxerto de<br />

cajazeira (A) e de umbuzeiro (B e C) na linha de união. Limoeiro do<br />

Norte, CE, 2005. ............................................................................................. 57<br />

FIGURA 5 – Plantas enxertadas de cajazeira com formatos de copa: A) monopodial,<br />

B) bifurcada, em forma de Y e C) simpodial. Limoeiro do Norte, CE,<br />

2005. ............................................................................................................... 59<br />

FIGURA 6 – Plantas enxertadas de cajazeira, totalmente desfolhadas, em fase de<br />

repouso vegetativo, aos 55 meses de idade. Limoeiro do Norte, CE,<br />

2005. ............................................................................................................... 60<br />

FIGURA 7 – Emissão e desenvolvimento de brotações, folhas e flores de clones<br />

enxertados de cajazeira, no período de novembro a março, em três<br />

ciclos (2002/3; 2003/4 e 2004/5). Limoeiro do Norte, CE, 2005. .................. 61<br />

FIGURA 8 – Representação das fenofases da cajazeira enxertada durante o ano.<br />

Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................ 62<br />

FIGURA 9 – Detalhe de rugosidades característica em casca de caules de cajazeira.<br />

Limoeiro do Norte, CE, , 2005. ...................................................................... 63<br />

FIGURA 10 – Representação de caules de cajazeira em fase de repouso vegetativo<br />

(caducos). Limoeiro do Norte, CE 2005. ........................................................ 64<br />

FIGURA 11 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />

combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no<br />

período de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ................................... 66<br />

FIGURA 12 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />

combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre porta-


enxertos de cajazeira e umbuzeiro no período de 2003/2004. Limoeiro<br />

do Norte, CE, 2005. ........................................................................................ 67<br />

FIGURA 13 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />

combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no<br />

período de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ................................... 68<br />

FIGURA 14 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />

combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre portaenxertos<br />

de cajazeira e umbuzeiro no período de 2004/2005. Limoeiro<br />

do Norte, CE, 2005. ........................................................................................ 69<br />

FIGURA 15 – Detalhe de estruturas reprodutivas de cajazeira: A) panícula; B e C)<br />

cachos com frutos em diferentes estágios de maturação. Limoeiro do<br />

Norte, CE, 2005............................................................................................... 69<br />

FIGURA 16 – Árvores de cajazeira dos clones: A) Lagoa Redonda e B) Capuan, com<br />

62 meses de idade em frutificação. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............... 70


LISTA DE TABELAS<br />

TABELA 1 - Normais meteorológicas do período de 1961 a 1990 obtidas em estação<br />

de 1ª classe de Morada Nova, CE (6°5’ S e 39°23’ W). ................................. 32<br />

TABELA 2 - Resultados de análises químicas, granulométrica e de micronutrientes<br />

de amostras de solo da área experimental, coletadas em janeiro de<br />

20001. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................ 38<br />

TABELA 3 - Representação dos tratamentos formados por combinações de cinco<br />

copas de cajazeira com dois porta-enxertos empregados no<br />

experimento. Limoeiro do Norte, CE, 2005. .................................................. 39<br />

TABELA 4 - Análise de variância do experimento instalado em delineamento de<br />

blocos ao acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois portaenxertos).<br />

Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................ 41<br />

TABELA 5 - Análises de variâncias de variáveis de crescimento vegetativo de<br />

clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e<br />

umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005............................ 47<br />

TABELA 6 - Altura de planta (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre portaenxertos<br />

de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do<br />

Norte, CE, 2005. ............................................................................................. 48<br />

TABELA 7 - Perímetro de caule de porta-enxerto (cm) de clones de cajazeira<br />

enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco<br />

idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................ 51<br />

TABELA 8 - Perímetro de enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre<br />

porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do<br />

Norte, CE, 2005. ............................................................................................. 53<br />

TABELA 9 - Relação entre perímetro de caule de enxerto e de porta-enxerto de<br />

clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e<br />

umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. .......................... 56<br />

TABELA 10- Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos<br />

de cajazeira sobre dois porta-enxertos, em três idades (meses).<br />

Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................ 58<br />

TABELA 11 - Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos<br />

de cajazeira enxertados sobre cajazeira e umbuzeiro, em três idades<br />

(meses). Limoeiro do Norte, CE, 2005. .......................................................... 59


SUMÁRIO<br />

RESUMO............................................................................................................................................ 7<br />

ABSTRACT........................................................................................................................................ 8<br />

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................................... 9<br />

LISTA DE TABELAS....................................................................................................................... 11<br />

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 13<br />

2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................................... 14<br />

2.1 Importância Econômica da Cajazeira ............................................................................................. 14<br />

2.2 Origem e Dispersão Geográfica ...................................................................................................... 15<br />

2.3 Botânica........................................................................................................................................... 17<br />

2.3.1 Taxonomia.................................................................................................................................... 17<br />

2.3.2 Descrição da Planta ..................................................................................................................... 18<br />

2.4 Caracterização das Áreas de Ocorrência......................................................................................... 20<br />

2.5 Propagação ...................................................................................................................................... 22<br />

2.6 Importância do Porta-Enxerto ......................................................................................................... 24<br />

2.7 Ciclo Ontogenético.......................................................................................................................... 26<br />

2.7.1 Crescimento Vegetativo .............................................................................................................. 26<br />

2.7.2 Evocação floral e Atividade Reprodutiva .................................................................................... 29<br />

2.8 Fenologia......................................................................................................................................... 31<br />

2.9 Senescência e Abscisão................................................................................................................... 32<br />

3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................... 35<br />

3.1 Local do Experimento ..................................................................................................................... 35<br />

3.2 Tratamentos e Delineamento Experimental .................................................................................... 38<br />

3.3 Formação das Mudas, Plantio e Condução do Pomar ..................................................................... 40<br />

3.4 Variáveis Avaliadas......................................................................................................................... 42<br />

3.5 Análise e Interpretação dos Dados Experimentais .......................................................................... 43<br />

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................... 44<br />

4.1 Crescimento Vegetativo de Plantas Enxertadas de Cajazeira ......................................................... 44<br />

4.1.1 Altura de Planta............................................................................................................................ 44<br />

4.1.2 Perímetros de Caule da Planta Enxertada..................................................................................... 48<br />

4.2 Formato de Copa ............................................................................................................................. 56<br />

4.3 Senescência, Abscisão, Emissão de Folhas e de Ramos ................................................................. 59<br />

4.4 Floração e Produção de Frutos........................................................................................................ 63<br />

5 CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 69<br />

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 70


1. INTRODUÇÃO<br />

A família Anacardiaceae destaca-se por agrupar di<strong>ver</strong>sas espécies frutíferas<br />

importantes, como as Spondias, o cajueiro (Anacardium occidentale L.), a mangueira<br />

(Mangifera indica L.) e o pistache (Pistacia <strong>ver</strong>a L.), que são exploradas economicamente em<br />

várias áreas tropicais e subtropicais do mundo.<br />

Do gênero Spondias, destacam-se a cajazeira (S. mombin L.), o umbuzeiro (S.<br />

tuberosa Arruda), a cajaraneira (S. dulcis Parkinson), a cirigüeleira (S. purpurea L.) e a umbucajazeira<br />

(Spondias sp.). Essas espécies são exploradas extrativamente ou em pomares<br />

domésticos e não fazem parte das estatísticas oficiais, mas, mesmo assim, têm grande<br />

importância socioeconômica <strong>para</strong> as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Seus frutos são<br />

consumidos na forma in natura ou processados como polpas, sucos, geléias, néctares e<br />

sorvetes de excelente qualidade e alto valor comercial, o que torna viável a exploração<br />

agroindustrial dessas fruteiras. O fruto da cajazeira, devido a seu característico flavor, produz<br />

produtos cuja demanda é crescente e insatisfeita. Em face da falta de pomares comerciais, as<br />

agroindústrias ficam totalmente dependentes da produção obtida do extrativismo, que é<br />

sazonal e insuficiente <strong>para</strong> operacionalização das fábricas.<br />

Os fatores mais limitantes <strong>para</strong> o cultivo da cajazeira são o alto porte, a longa fase<br />

juvenil (Souza, 1998) e as variações de formato de copa, produtividade, tamanho e sabor dos<br />

frutos das plantas (Villachica, 1996), que na sua maioria são obtidas de sementes. O emprego<br />

de plantas clonadas é uma alternativa de superação desses problemas na maior parte das<br />

fruteiras cultivadas.<br />

A propagação da cajazeira a partir de rebentos de raízes e de estações de caule não<br />

se tornou viável <strong>para</strong> a formação de pomares comerciais, devido aos baixos rendimentos de<br />

produção de mudas. A propagação por garfagem notadamente sobre porta-enxertos de outras<br />

Spondias, conforme Souza, Innecco e Araújo (1999) e Souza (2000) tem se destacado como o<br />

método mais apropriado e eficiente, com altos índices de pega e possibilitando a formação de<br />

mudas <strong>para</strong> o plantio 60 dias após a enxertia.<br />

Plantas enxertadas são combinações de genótipos que podem proporcionar<br />

características não previsíveis de crescimento e desenvolvimento diferentes de seus<br />

componentes. Tais características resultam do próprio processo de enxertia, de reações de<br />

incompatibilidade ou de influências mútuas das partes envolvidas (Kester, 1976; Hartmann et<br />

al., 2002) e podem ser desejáveis <strong>para</strong> o cultivo em termos de porte, precocidade de<br />

frutificação, uniformidade produtiva e qualidade de frutificação.<br />

13


O presente trabalho tem como objetivo caracterizar o crescimento vegetativo<br />

(altura de planta, perímetro dos caules do porta-enxerto e do enxerto, formato da copa, épocas<br />

de emissão e abscisão foliar) e a atividade reprodutiva (épocas de floração, frutificação e<br />

produção de frutos) de combinações de copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de<br />

pé franco de umbuzeiro e da própria cajazeira, estabelecidos em cultivo organizado na<br />

chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, CE.<br />

2. REVISÃO DE LITERATURA<br />

2.1. Importância Econômica da Cajazeira<br />

A cajazeira é uma árvore frutífera tropical lenhosa, ainda em domesticação. Tem<br />

porte alto, folhas caducas e tronco revestido por casca grossa e rugosa que esgalha e ramifica<br />

na parte terminal, o que confere um porte alto à planta. A copa é ampla, vistosa e imponente<br />

quando em fase de floração e frutificação (SOUZA; BLEICHER, 2002).<br />

Os frutos da cajazeira são nuculânios perfumados com mesocarpo carnoso,<br />

amarelo de sabor agridoce, contendo carotenóides, açúcares, vitaminas A e C (BARROSO et<br />

al., 1999). Utilizam-se cajás na confecção de polpas, sucos, picolés, sorvetes, néctares e<br />

geléias de excelente qualidade e elevado valor comercial (SOUZA, 2000). Isso, aliado à<br />

descoberta das propriedades medicinais antibacteriana e antiviral (Ajao; Shonukan; Femi-<br />

Onadeko, 1985) dos taninos encontrados no extrato dos ramos e das folhas, poderá aumentar<br />

ainda mais a exploração agroindustrial da espécie.<br />

No Norte e Nordeste do Brasil, a forma de exploração dos frutos da cajazeira é<br />

extrativista (Sampaio, 2002) – os frutos são colhidos de árvores encontradas de forma<br />

espontânea nas matas de terra firme e várzeas e subespontânea em quintais e pomares<br />

domésticos (SOUZA, 1988). Essa forma de exploração e a sazonalidade de produção são<br />

responsáveis pela baixíssima oferta de frutos e pela demanda insatisfeita durante todo o ano,<br />

sendo estes os principais problemas <strong>para</strong> as agroindústrias que são obrigadas a demitir os<br />

empregados, e ficam ociosas durante vários meses do ano.<br />

Como o extrativismo é a principal atividade econômica dos povos da floresta,<br />

Ruíz et al. (1997) entrevistaram moradores das Reservas Extrativistas Chico Mendes e Alto<br />

Juruá, no Acre, e estes mencionaram utilizar 158 espécies de plantas. Dessas, 20 foram<br />

citadas por mais de 40% dos entrevistados, dentre as quais a cajazeira (S. mombin), usada<br />

como alimento, bebida e remédio, portanto com potencial de uso doméstico e comercial. Em<br />

14


estudo sobre a di<strong>ver</strong>sidade florística realizada por Silveira e Daly (1999), também no Acre, os<br />

cajás (Spondias globosa J. D. Mitch. & Daly, Spondias mombin L. var. mombin, Spondias<br />

mombin L. var. globosa J. D. Mitch. & Daly e Spondias testudinis J. D. Mitch. & Daly) foram<br />

considerados recursos genéticos significativos e fruteiras de ampla utilização pelos povos<br />

tradicionais da floresta.<br />

Segundo Sacramento e Souza (2000), o fruto da cajazeira recebe di<strong>ver</strong>sos nomes<br />

nos países em que é encontrado. No Brasil, é chamado de cajá, cajá-mirim, taperebá, cajá<br />

<strong>ver</strong>dadeiro; no Suriname, de mopé, hooboo; nas Antilhas Holandesas, de macaprein, hoba,<br />

yellow plum; na Guiana Francesa, de prunier mombin; em Guadalupe, de mombin fruits<br />

jaunes, prune mombin, prune myrobolan; no Haiti, de mombin franc, myrobolane; na<br />

Colômbia, de jobo colorado, jobo de castilla; na Venezuela, de marapa; na Nicarágua, de<br />

jocote de jobo, ciruela de jobo; nas Honduras, de ciruela de monte, jocote; na Guatemala, de<br />

jocote jobo, jobo jocote; em Cuba, de jobo hembra; na República Dominicana, de ciruela,<br />

joboban, jobo de poerco; no México e no Equador, de ciruela amarilla; em Porto Rico, de<br />

jobillo, jobo vano, jobo de perro. Em alguns países de idioma inglês, de hog plum, yellow<br />

mombin; em outros de língua espanhola, de ciruela marilla e em certas nações onde se fala<br />

francês, de mombin, mombin jaune, prune dór, prunier mombin, prunier myrobolan.<br />

Em um diagnóstico sistemático de prospecção tecnológica realizado pela <strong>Embrapa</strong><br />

Agroindústria Tropical, a cajazeira foi identificada como demanda prioritária de P&D, em<br />

virtude da forte erosão genética e da importância econômica e social de sua cadeia produtiva,<br />

que, <strong>para</strong> ser competitiva, necessita de tecnologias, como clones <strong>para</strong> cultivo e sistemas de<br />

produção e de processamento que a torne competitiva o bastante <strong>para</strong> gerar impactos<br />

relevantes na geração de empregos e renda <strong>para</strong> os mercados nacional e internacional<br />

(EMBRAPA, 1993, 2000).<br />

2.2 Origem e dispersão Geográfica<br />

A cajazeira (Spondias mombin L.) é nativa das terras baixas do México e das<br />

Américas Central e do Sul (Croat, 1974), comum nas florestas úmidas do sul do México até<br />

Peru e Brasil e no oeste da Índia (Morton, 1987), ou seja, nativa da América tropical (AIRY<br />

SHAW; FORMAN, 1967; PURSEGLOVE, 1984; LÉON, 1987). Leon e Shaw (1990)<br />

afirmam que, além da cajazeira, as espécies de cirigüeleira (Spondias purpurea L.) e de<br />

umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) são também originadas da América tropical, enquanto<br />

15


Mitchell e Daly (1998) afirmam que a cajazeira é nativa da região que abrange o sul do<br />

México até o Paraguai e o leste do Brasil, sendo amplamente cultivada nos trópicos úmidos.<br />

Segundo Mitchell e Daly (1995), as espécies de Spondias ocorrem na Ásia, na<br />

Oceania e nos neotrópicos, sendo os centros de di<strong>ver</strong>sidade a Mata Atlântica e a Amazônia<br />

ocidental do Estado do Acre, Brasil, e regiões limítrofes do Peru e da Bolívia.<br />

No Brasil, as cajazeiras são encontradas isoladas ou agrupadas, notadamente em<br />

regiões da Amazônia e da Mata Atlântica e nas zonas mais úmidas dos Estados do Nordeste,<br />

principalmente na faixa litorânea e nas serras, e de forma espontânea ou subespontânea em<br />

matas, campos de pastagens ou pomares domésticos (SOUZA, 2000). Em Porto Rico, a<br />

cajazeira também se encontra associada com outras espécies em bosques secundários e<br />

penetra em bosques primários, provavelmente através de perturbações naturais (FRANCIS,<br />

1992).<br />

Na Amazônia, a cajazeira é encontrada nas florestas de terra firme e de várzea,<br />

sendo comum em lugares habitados, porém em estado subespontâneo (CAVALCANTE,<br />

1976). Segundo Sampaio (2002), a cajazeira é uma fruteira típica de zonas úmidas e subúmidas,<br />

só aparece na caatinga quando plantada, principalmente nas regiões costeiras de<br />

maior precipitação, nos limites mais úmidos do agreste e nas regiões e pés de serra do Ceará e<br />

do Rio Grande do Norte (Portalegre e São João do Sabuji). Na Paraíba, as cajazeiras podem<br />

ser encontradas em várias regiões do Estado, porém mais freqüentemente em povoamentos<br />

naturais na micro-região do Brejo-Paraibano. No Ceará, ocorre com maior freqüência nas<br />

zonas litorâneas próximas à Fortaleza e nas serras de Guaramiranga, Baturité, Meruoca e<br />

Ibiapaba. Na Bahia, a cajazeira encontra-se presente nas áreas de plantio de cacau da região<br />

Sul, principalmente entre os <strong>para</strong>lelos 14ºS e 16ºS, numa faixa de 100 km a partir do litoral,<br />

com maior concentração nos municípios onde há exploração comercial de cacau<br />

(SACRAMENTO; SOUZA, 2000).<br />

No Nordeste brasileiro, as principais espécies de Spondias existentes são a<br />

cajazeira (S. mombin L.), a cirigueleira (S. purpurea L.), a cajaraneira (S. dulcis Parkinson), o<br />

umbuzeiro (S. tuberosa Arruda), a umbu-cajazeira e a umbugueleira (Spondias spp.), todas<br />

largamente exploradas através do extrativismo e com grande potencial de exploração<br />

agroindustrial (SOUZA, 1998).<br />

Ressalta-se que nas viagens de prospecção e de coleta de propágulos encontraramse,<br />

nos municípios de Princesa Isabel, na Paraíba, e Maranguape, Quixadá, Itaitinga e<br />

Pindoretama, no Ceará, árvores do gênero Spondias com fenótipo, porte da planta, aparência<br />

dos ramos, tamanho, formato e coloração dos frutos diferente dos das Spondias já conhecidas<br />

16


e nominadas. Essas plantas provavelmente se originaram por hibridação natural entre as<br />

Spondias existentes na região, como a umbu-cajazeira, que, segundo Giacometti (1993),<br />

provavelmente é um híbrido entre S. mombin e S. tuberosa. Essas suposições são fortalecidas<br />

pelas afirmativas de Santos, Nascimento e Araújo (1999) – que mencionam a existência de<br />

plantas, em condições naturais, apresentando caracteres intermediários entre algumas espécies<br />

do gênero, o que indica não apenas a viabilidade de cruzamentos naturais, mas, também, a<br />

presença de fracas barreiras de incompatibilidade dentro do gênero, e pelos problemas<br />

taxonômicos que ocorrem no Acre, envolvendo a S. mombin, uma entidade morfológica que<br />

se estende do leste do Equador <strong>para</strong> o norte da Bolívia, e outra que provavelmente é um novo<br />

táxon chamado de cajá-açu, a qual pode ser um híbrido entre S. testudinis e S. mombin<br />

(MITCHELL; DALY, 1998).<br />

2.3 Botânica<br />

2.3.1 Taxonomia<br />

Em seu tratado botânico Genera Plantarum de 1753, Linnaeus criou o gênero<br />

Spondias, que compreende as bem conhecidas “ameixas dos trópicos”. Naquela época, se<br />

conhecia apenas uma espécie do gênero, a cajazeira (Spondias mombin L.), ficando o gênero<br />

monotípico por cerca de dez anos (AIRY SHAW; FORMAN, 1967).<br />

A família Anacardiaceae possui 79 gêneros, com distribuição predominantemente<br />

nas regiões tropicais e subtropicais do mundo (JOLY, 2002). Dentre os quais, está o gênero<br />

Spondias, que segundo a literatura, tem a seguinte posição taxonômica: Domínio – Eukarya;<br />

Reino – Plantae; Filo – Anthophyta; Divisão – Spermatophyta; Subdivisão – Angiospermae;<br />

Classe – Eudicotiledoneae; Subclasse – Archichlamidae; Ordem – Sapindales; Família –<br />

Anacardiaceae; Tribo – Spondiadeae, e Gênero – Spondias L. (AIRY SHAW; FORMAN,<br />

1967; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001; JOLY, 2002). Muitas espécies de<br />

Anacardiaceae se destacam comercialmente, como a mangueira (Mangifera indica L.), o<br />

pistache (Pistacia <strong>ver</strong>a L.) e o cajueiro (Anacardium occidentale L.). Outras são ainda pouco<br />

exploradas, como as do gênero Spondias – cajazeira (S. mombin L.), cajaraneira (S. dulcis<br />

Parkinson), cirigüeleira (S. purpurea L.), umbuzeiro (S. tuberosa Arruda), umbu-cajazeira e<br />

umbugueleira (Spondias spp) – muito valorizadas devido aos seus saborosos frutos e produtos<br />

processados, como sucos, geléias, néctares, sorvetes e picolés – e as aroeiras (Astronium<br />

17


fraxinifolium Schoot. e Schinus terebentifolius Raddi.), conhecidas como árvores produtoras<br />

de madeira de excelente qualidade.<br />

As quatro espécies, Spondias mombin L., Spondias purpurea L., Spondias dulcis<br />

Parkinson sinonímia Spondias cytherea Sonn. e Spondias pinnata (L.f.) Kurtz, (esta última<br />

nativa da Indomalásia), constituíram essencial núcleo do gênero por muitos anos (AIRY<br />

SHAW; FORMAN, 1967).<br />

O gênero Spondias consiste de 18 táxons, sendo que nove espécies ocorrem na<br />

Ásia e na Oceania e nove táxons nos neotrópicos, incluindo uma espécie vinda da Ásia<br />

(MITCHELL; DALY, 1995), a S. dulcis Parkinson, introduzida da Oceania, e mais uma nova<br />

espécie, a cajá de jabuti (S. testudinis J.D. Mitch. & Daly), originária do sudoeste da<br />

Amazônia, que parece ser restrita às regiões do Acre, no Brasil, do Pando, na Bolívia, e de<br />

Huanuco e Ucayali, no Peru. Grupos de espécies simpátricas ocorrem em regiões distintas: na<br />

América Central, S. mombin L. e S. radlkoferi Donn. Sm. são às vezes encontradas na mesma<br />

localidade; nas florestas brasileiras da costa Atlântica, S. mombin, S. macrocarpa Engl. e S.<br />

venulosa Mart. ex Engl. foram todas coletadas nas mesmas áreas, embora não esteja claro se<br />

esses congêneres ocorrem em grande proximidade um do outro. Os problemas taxonômicos<br />

mais recalcitrantes no gênero são encontrados no oeste e sudoeste da Amazônia, onde há pelo<br />

menos três espécies nativas e uma cultivada. Lá também se encontra uma nova espécie muito<br />

diferente, cujo nome comum no Acre, Brasil, é cajá de jabuti e um complexo envolvendo a<br />

amplamente disseminada S. mombin e uma entidade morfológica que se estende do leste do<br />

Equador <strong>para</strong> o norte da Bolívia, mas as distinções entre essas duas são mascaradas por<br />

numerosos intermediários de origem aparentemente híbrida. Um terceiro membro, que,<br />

provavelmente, representa um novo táxon, é conhecido no Acre pelo nome regional de cajáaçu,<br />

e pode ser um híbrido entre S. testudinis x S. mombin (MITCHELL; DALY, 1998).<br />

Estudos citogenéticos de ápices de raízes constataram que a cajazeira tem número<br />

cromossômico diplóide, 2n=32 e provável nível de ploidia 2x (GUERRA, 1986).<br />

2.3.2 Descrição da Planta<br />

A cajazeira segundo Airy Shaw e Forman (1967) provavelmente, é a mais antiga<br />

espécie de Spondias conhecida no Velho Mundo, faz parte da coleção do Jardim Botânico de<br />

Calcutá desde 1847. Pelas descrições desses autores, as inflorescências da cajazeira surgem<br />

18


antes das folhas, ou acompanhadas apenas por folhas jovens; os frutos são elipsóides a<br />

subglobosos largos, com 4 a 5cm de comprimento.<br />

Airy Shaw e Forman (1967) fizeram uma revisão do gênero <strong>para</strong> a Ásia tropical e<br />

constataram que os caracteres mais variáveis são: divisão das folhas (simples, pinadas ou<br />

bipinadas); margem dos folíolos (inteiros ou crenados); nervura intra-marginal (presente ou<br />

ausente); inflorescência (precoce ou não; terminal e composta ou lateral e quase simples);<br />

número de carpelos (1 ou até 4-5) e forma e estrutura do endocarpo.<br />

A cajazeira é uma árvore ereta, soberba no aspecto, podendo atingir mais de 20 m<br />

de altura e com tronco revestido por casca muito grossa, acinzentada, rugosa, saliente e<br />

fendida (LORENZI, 1992). A copa esgalha e ramifica na parte terminal e confere um porte<br />

alto à planta, tornando-a vistosa e imponente quando em fase de floração e frutificação<br />

(SOUZA; BLEICHER, 2002). Os ramos, por serem longos e eretos, são utilizados em cercas<br />

como postes e estacas; alguns enraízam e se desenvolvem em grandes árvores (BAILEY,<br />

1963).<br />

As folhas são compostas, alternas, imparipinadas, com 5-11 pares de folíolos,<br />

espiraladas ¼ , pecioladas, peciólulo curto de 5 cm de comprimento; folíolos opostos ou<br />

alternos; lâmina oblonga, cartácea, de 5-11 cm de comprimento por 2-5 cm de largura;<br />

margem inteira; ápice agudo, base arredondada, desigual, glabra nas duas faces; nervura<br />

mediana promínula na face superior e no dorso proeminente, com muitos pêlos; nervação do<br />

tipo camptódromo-cladódromo, com 16-18 pares de nervuras secundárias, promínulas na face<br />

ventral, proeminentes na face dorsal; raque de 20-30 cm de comprimento, piloso, sem<br />

glândulas (PRANCE; SILVA, 1975).<br />

A árvore forma caule único, longo e ereto, às vezes bifurcado em forma de Y,<br />

com copa alta e esgalhada. A emissão de flores e ramos ocorre concomitantemente, logo após<br />

a fase de repouso vegetativo, quando surgem ramos vigorosos e compridos, inicialmente com<br />

casca fina e lisa, a qual progressivamente se torna grossa e coberta de protuberâncias lenhosas<br />

e rugosas.<br />

As flores são hermafroditas, masculinas e femininas, apresentam tirsos (cachos<br />

compostos) compostos por centos de flores pedunculadas, com cinco sépalas, cinco pétalas,<br />

dez estames com anteras extrorsas, gineceu com ovário formado por cinco carpelos que<br />

coincidem com o número de lóculos, cinco estilos livres com estigmas lineares e dorsais<br />

(LOZANO, 1986a). As flores são dispostas em inflorescências do tipo panículas terminais<br />

piramidais de 20 cm a 60 cm de comprimento. As inflorescências apresentam flores<br />

unissexuais e hermafroditas na mesma planta, cálice de 0,5 cm de diâmetro; receptáculo<br />

19


arredondado, 1 mm – 4 mm de comprimento. O número de flores por panícula é variável,<br />

podendo atingir mais de 2.000 (SILVA; SILVA, 1995). Já segundo Lozano (1986b), apesar<br />

do elevado número de flores por panícula, formam-se apenas cerca de trinta frutos por<br />

inflorescência. Uma planta de grande porte pode produzir cerca de dez mil frutos em uma<br />

safra (ADLER; KIELPINSKI, 2000).<br />

A cajazeira apresenta em suas flores traços reprodutivos que variam em sua vasta<br />

área de abrangência: no México, elas são dióicas (PENNINGTON; SARUKHAN, 1968); na<br />

Costa Rica, poligamo-dióicas ou monóicas (BAWA, 1974); no Panamá, bissexuais (CROAT,<br />

1978) e algumas, pistiladas (ADLER; KIELPINSKI, 2000); na Flórida, são bissexuais e<br />

autofertilizadas (CAMPBELL; SAULS, 1994); e no Brasil, hermafroditas, com algumas delas<br />

estaminadas (SOUZA; FRANCA, 1999). Investigações realizadas por Mitchell e Daly (1998)<br />

com centenas de amostras, contudo, revelaram que as flores das Spondias são estrutural e<br />

funcionalmente hermafroditas, mas fortemente protandras.<br />

O fruto da cajazeira é uma drupa (CAVALCANTE, 1976; VILLACHICA, 1996)<br />

e classificado por Barroso et al. (1999) como nuculânio com mesocarpo carnoso, amarelo de<br />

sabor agridoce, contendo carotenóides, açúcares, vitaminas A e C, de massa variando entre<br />

9,25 g e 21,9 g (Sacramento; Souza, 2000), de formato ovóide ou oblongo, achatado na base,<br />

cor variando do amarelo ao alaranjado, casca fina, lisa, polpa pouco espessa também variando<br />

do amarelo ao alaranjado, suculenta de sabor ácido-adocicado (SILVA; SILVA, 1995).<br />

O endocarpo, comumente chamado de caroço, é grande, branco, súberolignificado<br />

e enrugado, contendo de dois a cinco lóculos e de zero a cinco sementes<br />

(LOZANO, 1986b; VILLACHICA, 1996; SOUZA; SOUSA; FREITAS, 1999; SILVA, 2003;<br />

AZEVEDO; MENDES; FIGUEIREDO, 2004). A semente é claviforme a reniforme, medindo<br />

1,22 cm de comprimento e 0,22 cm de largura, com os dois tegumentos de consistência<br />

membranácea, coloração creme e superfícies lisas. O endosperma é delgado, amiláceo,<br />

aderindo à superfície interna do tégmen. O embrião é axial, de formato semelhante à semente<br />

e de coloração creme-claro, possuindo cotilédones planos e carnosos (CARDOSO, 1992).<br />

2.4 Caracterização das Áreas de Ocorrência<br />

No Brasil, a cajazeira está distribuída em di<strong>ver</strong>sas regiões, sendo comum em<br />

estado silvestre e subespontâneo nas matas de terra firme ou de várzeas da Amazônia<br />

(SILVA; SILVA, 1995). No Acre, as cajazeiras (Spondias globosa J. D. Mitch. & Daly;<br />

20


Spondias mombin L. var. mombin; Spondias mombin L. var. globosa J. D. Mitch. & Daly; e<br />

Spondias testudinis J. D. Mitch. & Daly) ocorrem preferencialmente em floresta de terra<br />

firme, mas também são encontradas em florestas abertas e em várzeas (SILVEIRA; DALY,<br />

1999). A cajazeira é uma fruteira típica de zonas úmidas e subúmidas, ocorre principalmente<br />

nas regiões costeiras de maior precipitação, nos limites mais úmidos do agreste e nas regiões<br />

de encostas de serra do Ceará e do Rio Grande do Norte; está presente nas caatingas do semiárido<br />

somente quando plantada (SAMPAIO, 2002). As áreas de maior ocorrência da cajazeira<br />

são, segundo Sacramento e Souza (2000), a região do Brejo-Paraibano, no Estado da Paraíba<br />

– onde a altitude oscila entre 130 m e 618 m, a temperatura média do ar situa-se entre 23,0ºC<br />

e 24,5ºC e a precipitação média é cerca de 1.400 mm anuais, concentrada no período de<br />

março a agosto, com estiagem em torno de cinco meses por ano; a zona litorânea próxima à<br />

Fortaleza e as serras de Guaramiranga, Meruoca, Baturité e Ibiapaba, no Ceará (regiões de<br />

precipitação média anual superior a 1.100 mm); e a região Sul da Bahia (em consórcio com<br />

cacaueiros), em áreas de solos férteis, profundos e ricos em matéria orgânica, onde a<br />

precipitação varia de 1.500 a 1.800 mm e é bem distribuída<br />

Pelas descrições de Campbell e Sauls (1994), as espécies de Spondias são melhor<br />

adaptadas às terras baixas do trópico quente. As árvores crescem melhor em solos férteis bem<br />

drenados, mas, se adequadamente nutridas, também podem se desenvol<strong>ver</strong> satisfatoriamente<br />

em vários solos pobres. Segundo Francis (1992), a área de distribuição natural e naturalizada<br />

da cajazeira na América tropical está situada entre os 20° de latitude norte e os 20° de latitude<br />

sul, sendo que na maioria das áreas de distribuição existe uma estação seca de um a cinco<br />

meses de duração.<br />

A cajazeira apresenta elevada plasticidade de adaptação, pois ocorre em regiões<br />

de condições climáticas distintas, como Amazônia, Mata Atlântica, serras e litoral do<br />

Nordeste brasileiro. As plantas possuem adaptações morfológicas e mecanismos fisiológicos<br />

<strong>para</strong> suportar os períodos de enchentes das várzeas da Amazônia e os de estiagem da região<br />

Nordeste – algumas plantas na região do semi-árido, por exemplo, se desenvolvem em áreas<br />

favorecidas por lençol freático raso ou em margens de rios, sendo dotadas de características<br />

morfológicas e mecanismos fisiológicos semelhantes aos das plantas xerófilas lenhosas,<br />

conforme DUQUE (1980).<br />

A resistência à seca também se deve a mecanismos morfológicos e fisiológicos de<br />

tolerância, como presença de lenticelas no caule das plantas e redução drástica da transpiração<br />

e da respiração na época seca, com abscisão das folhas e acúmulo de fotoassimilados e<br />

reservas nutritivas no caule e nas raízes.<br />

21


2.5 Propagação<br />

Desde o início das civilizações até hoje, a propagação de plantas – multiplicação<br />

controlada das plantas pelos métodos sexual (por sementes) e assexual (por estruturas<br />

vegetativas), com a finalidade de aumentar o número de indivíduos e preservar as<br />

características desejáveis, é uma atividade fundamental <strong>para</strong> ocupação da terra e<br />

sobrevivência do homem (HARTMANN et al., 2002).<br />

Pelo Código Internacional de Nomenclatura Para Plantas Cultivadas, clone é uma<br />

das categorias básicas de cultivar, designada como um grupo geneticamente uniforme de<br />

plantas, derivado originalmente de uma única planta através de propagação assexuada – como<br />

est<strong>aqui</strong>a, divisão, enxertia ou apomixia obrigatória – e com muitas aplicações importantes na<br />

horticultura. A clonagem pode ser definida como uma regeneração vegetativa de um único<br />

genótipo, representado por uma única planta, ponto de crescimento, meristema ou explante. A<br />

clonagem é um procedimento eficiente tanto na seleção de plantas <strong>para</strong> melhoramento como<br />

na propagação de plantas <strong>para</strong> reprodução. Fontes de variações intraclones podem ser<br />

divididas em quatro categorias gerais: mutações genéticas (espontâneas ou induzidas),<br />

rearranjos quiméricos de mutantes pré-existentes, mudanças epigenéticas e infecções<br />

sistêmicas por patógenos (KESTER, 1983).<br />

A enxertia é um método de propagação em que ocorre a união de um sistema<br />

radicular de uma planta (porta-enxerto) com um sistema de ramos de outra planta (enxerto) de<br />

tal modo que seja mantido o subseqüente crescimento e desenvolvimento em uma única<br />

planta. A arte da enxertia é antiga: era conhecida pelos chineses já na Antiguidade, pelo<br />

menos desde 1560 a.C., e por Aristóteles (384-322 a.C.) e Theofrasto (371-287 a.C.); no<br />

Império Romano era muito popular – métodos foram precisamente descritos na época –; e<br />

Paulo, o Apóstolo, a discutiu na Epístola dos Romanos (11:17-24). Historicamente, algumas<br />

fruteiras foram selecionadas há centenas e, às vezes, milhares de anos e propagadas<br />

vegetativamente antes disso por seleção de plantas multiplicadas por sementes. Atualmente,<br />

continuam a ser propagadas vegetativamente e cultivadas, como as cultivares de videira<br />

Cabernet Suavignon e Thompson Seedless, a pêra Bartlettt originada de um seedling em 1770,<br />

a banana Gros Michel e a maçã Delicious em 1870. Constata-se, portanto, que desde o início<br />

das civilizações as árvores frutíferas têm sido propagadas vegetativamente por enxertia,<br />

devido à dificuldade da propagação por estacas e à superioridade e alto valor comercial dos<br />

22


clones enxertados, tendo, portanto, inestimável importância <strong>para</strong> a humanidade desde aquela<br />

época (HARTMANN et al., 2002).<br />

Um grande problema da fruticultura moderna é o reduzido número de espécies<br />

cultivadas, agravado pela baixíssima quantidade de cultivares ou clones por espécie, seja de<br />

porta-enxertos ou de copa. Isso torna as culturas vulneráveis as epidemias, que podem<br />

intensificar a erosão genética e manter os clones cultivados com base cada vez mais estreita<br />

(SILVA; ELOY, 1992). Esse problema somente será superado ou minimizado através de<br />

programas de melhoramento de fruteiras que visem à di<strong>ver</strong>sificação – introdução de novas<br />

espécies ou criação de clones superiores de porta-enxertos e de enxertos copas. Para tanto, os<br />

métodos tradicionais de enxertia e est<strong>aqui</strong>a serão técnicas de fundamental importância na<br />

criação dos clones, na propagação das mudas e na manutenção de uma fruticultura<br />

di<strong>ver</strong>sificada e sustentável.<br />

A literatura sobre os métodos de propagação da cajazeira é escassa, e a maioria<br />

dos poucos trabalhos existentes faz apenas breves citações acerca da propagação da espécie –<br />

por métodos sexuais, via sementes, e assexuais, por est<strong>aqui</strong>a e enxertia (LEON; SHAW, 1990;<br />

CAMPBELL; SAULS, 1994; LORENZI, 1992; VILLACHICA, 1996) –, sem descre<strong>ver</strong> as<br />

metodologias e condições <strong>para</strong> realização da propagação.<br />

Na propagação sexual, os endocarpos são usados como sementes e têm problemas<br />

de dormência, com baixa, lenta e desuniforme germinação (CARVALHO; NASCIMENTO;<br />

MÜLLER, 1998; FIRMINO; ALMEIDA; TORRES, 1977, SOUZA; SOUSA; FREITAS,<br />

1999; AZEVEDO; MENDES; FIGUEIREDO, 2004). Na propagação por estacas, sejam de<br />

raízes ou de caule, as percentagens de enraizamento e de mudas aptas <strong>para</strong> plantio foram<br />

baixíssimas (FAÇANHA, 1997; SOARES, 1998; SOUZA; LIMA, 2005). Na propagação por<br />

garfagem em fenda cheia e lateral, por sua vez, as percentagens de pega dos enxertos e de<br />

mudas aptas <strong>para</strong> plantio foram altas, aos 50 dias após realização das enxertias sobre portaenxertos<br />

interespecíficos de umbuzeiro, cajaraneira e da própria cajazeira (SOUZA, 1998,<br />

SOUZA; ARAÚJO, 1999; SOUZA, 2000), sendo essa técnica recomendada <strong>para</strong> a produção<br />

de mudas clonadas em escala comercial (SOUZA; INNECCO; ARAÚJO, 1999).<br />

Na tentativa de modernizar a produção de mudas enxertadas de cajazeira e obter<br />

maior precocidade e uniformidade das plantas clonadas, Marco et al. (2002) realizaram<br />

enxertia de mesa sobre porta-enxertos clonados de umbu-cajá em tubetes e obti<strong>ver</strong>am 31% de<br />

pega dos enxertos, com 11% das mudas aptas <strong>para</strong> plantio 81 dias após a realização das<br />

enxertias.<br />

23


2.6 Importância do Porta-Enxerto<br />

A enxertia, além de ser usada <strong>para</strong> a preservação de genótipos superiores, tem<br />

grande utilidade prática, resultante da influência que o porta-enxerto pode exercer sobre o<br />

crescimento do enxerto, a precocidade de floração e frutificação, a qualidade do fruto,<br />

resistência a pragas e doenças e várias outras características. O fenótipo de uma planta<br />

enxertada não resulta apenas do efeito unilateral de uma parte sobre a outra, mas, sim, da<br />

interação genótipo da copa com o do porta-enxerto e com as partes envolvidas se<br />

influenciando mutuamente (HARTMANN et al., 2002).<br />

A planta obtida por enxertia possui um sistema radicular do porta-enxerto e um<br />

sistema de ramos do enxerto e apresenta padrão de crescimento distinto daqueles observados<br />

se cada uma das partes, porta-enxerto e enxerto, tivesse se desenvolvido se<strong>para</strong>damente.<br />

Alguns efeitos de porta-enxertos são de importância fundamental em horticultura e florestais,<br />

enquanto outros são prejudiciais e devem ser evitados. Os efeitos benéficos decorrem da<br />

resistência a certas doenças, insetos ou nematóides, ou tolerância a certas condições<br />

ambientais ou pedológicas ad<strong>ver</strong>sas. Interações entre porta-enxerto e enxerto podem também<br />

alterar tamanho, crescimento, produtividade, qualidade do fruto, reações de incompatibilidade<br />

ou outros atributos horticulturais – esses são, portanto, possíveis efeitos positivos. Na prática,<br />

pode ser difícil se<strong>para</strong>r o fator de influência dominante de uma dada combinação de enxertia<br />

em um ambiente particular. Resultados só são obtidos a longo prazo e dependem da<br />

combinação porta-enxerto e enxerto, do ambiente, de fatores edafoclimáticos e técnicas de<br />

manejo, que também afetam a produção, a qualidade e a forma da planta e características<br />

ornamentais (HARTMANN et al., 2002).<br />

Os porta-enxertos podem ser divididos em dois grupos: os oriundos de sementes<br />

(seedling) e os clonados, obtidos por propagação vegetativa (estacas, sementes apomitícas,<br />

micropropagação). Os porta-enxertos oriundos de sementes são facilmente produzidos em<br />

massa de modo relativamente simples e econômico; já a produção dos clonados é mais<br />

complexa e onerosa (HARTMANN et al., 2002). No Brasil, a obtenção de mudas de plantas<br />

frutíferas de caroço é feita, basicamente, pelo uso de porta-enxertos oriundos de sementes, o<br />

que traz como conseqüências desuniformidade do pomar, morte de plantas, falta de adaptação<br />

e poucas alternativas aos produtores (FACHINELLO; LORETI, 2000).<br />

Di<strong>ver</strong>sos autores citam porta-enxertos resistentes ou tolerantes a patógenos, os<br />

quais são utilizados com sucesso na enxertia de várias espécies de fruteiras cultivadas em todo<br />

o mundo, como na videira, devido à filoxera (NOGUEIRA, 1983; KUNH et al., 1986), em<br />

24


Citrus, por causa da “tristeza” (COELHO, 1993; COELHO, 1996; TERRA et al., 1988;<br />

SANTOS FILHO; BARBOSA; SILVA, 2000), na macieira, em virtude do pulgão lanígero<br />

(DENARDI, 1986, BERNARDI; DENARDI; HOFFMAN, 2004), em pessegueiro, ameixeira<br />

e damasco, devido ao ataque de nematóides (FINARDI, 1998; FACHINELLO et al. 2000). Os<br />

porta-enxertos também são empregados <strong>para</strong> reduzir porte e vigor de planta e aumentar<br />

produtividade, como em mangueira, videira, abacateiro, cajueiro e macieira (CHAUDHRI,<br />

1976; NOGUEIRA, 1983; KOLLER, 1992; CUNHA et al., 1994; DONADIO, 1995;<br />

CRISÓSTOMO et al., 2000; BERNARDI; DENARDI; HOFFMAN, 2004), ou <strong>para</strong> promo<strong>ver</strong><br />

tolerância a estresses em solos sódicos, salinos, secos, encharcados, alcalinos ou ácidos.<br />

Em maçã, os romanos utilizavam porta-enxertos desde 1597, e observaram pela<br />

primeira vez os efeitos dos porta-enxertos clonais “Paradise” no aumento da frutificação,<br />

diminuição de porte, rebrotamento e formação de nódulos radiculares nos troncos de clones<br />

de macieira (DENARDI, 1986).<br />

Na mangueira, o porta-enxerto têm grande influência no crescimento e na<br />

longevidade da planta enxertada, na sua produção, qualidade de fruto, no tempo de maturação,<br />

na resistência a pragas e doenças e na adaptabilidade às condições de umidade de solo<br />

(CHAUDHRI, 1976).<br />

Na fruticultura a seleção de porta-enxertos é tão importante quanto a seleção das<br />

cultivares copa, sendo a enxertia interespecífica usada com sucesso nos gêneros Citrus,<br />

Prunus, Vitis, Malus, Annona e Spondias (BOURKE, 1976; NOGUEIRA, 1983; POMPEU<br />

Jr., 1991; COSTA; MÜLLER, 1995; BEZERRA; LEDERMAN, 1997; PINTO; SILVA,<br />

1994; SIMÃO, 1998; REGINA et al., 1998; DENARDI, 1986; FINARDI, 1998;<br />

BONAVENTURE, 1999; SANTOS; NASCIMENTO; ARAÚJO, 1999; SOUZA; ARAÚJO,<br />

1999; SOUZA, 2000) e entre cultivares de uma mesma espécie, com boa cicatrização e<br />

compatibilidade entre as partes enxertadas e obtenção de plantas vigorosas e produtivas. Essas<br />

possibilidades do uso de porta-enxertos interespecíficos aumentam a probabilidade de seleção<br />

de genótipos que formem uma melhor combinação, além de ampliarem a variabilidade e a<br />

base genética da fruticultura.<br />

A viabilidade da enxertia interespecífica entre Spondias foi confirmada por<br />

Vasconcelos (1949), com umbuzeiro enxertado sobre porta-enxertos de pé franco de cajazeira<br />

resultando em clones que cresceram normalmente e produziram por mais de quinze anos, em<br />

Piracicaba, SP. Na Florida, o umbuzeiro foi introduzido enxertado sobre cajarana (Spondias<br />

dulcis), mas não progrediu como fruteira, talvez devido às condições edafoclimáticas (Duque,<br />

1980). Em condições de viveiro, Santos, Nascimento e Araújo (1999) obti<strong>ver</strong>am sucesso na<br />

25


enxertia de umbuzeiro sobre outras espécies de Spondias, e também Souza e Araújo (1999);<br />

Souza, Innecco e Araújo (1999); Souza (2000); Souza, Innecco e Rossetti (2002) na enxertia<br />

de cajazeira sobre porta-enxertos da própria cajazeira, umbuzeiro e de cajaraneira, com boa<br />

cicatrização das partes enxertadas e altas percentagens de pega de enxertos e de mudas aptas<br />

<strong>para</strong> plantio.<br />

Clones de cajazeira enxertados sobre umbuzeiro foram avaliados em cultivo até os<br />

46 meses de idade, quando constataram-se plantas em crescimento normal, vigorosas, com<br />

boa cicatrização, compatibilidade e afinidade entre as partes enxertadas (SOUZA;<br />

BLEICHER, 2002).<br />

Existem limites <strong>para</strong> o sucesso da enxertia entre as espécies, e quanto mais<br />

distantes taxonomicamente, maiores são as possibilidades de incompatiblidade entre as partes<br />

enxertadas. Segundo Hartmann et al. (2002), existem quatro tipos de incompatibilidade:<br />

falhas anatômicas, não translocada (localizada), translocada e induzidas por patógenos.<br />

A fruticultura moderna, especialmente com fruteiras lenhosas, baseia-se na<br />

utilização de porta-enxertos de sementes ou clonados. Contudo, os avanços da informação<br />

têm estimulado interesses científicos e comerciais em elucidar tecnologias que permitam, no<br />

futuro, o desenvolvimento de porta-enxertos assexuados <strong>para</strong> obtenção de clones enxertados<br />

menores, que permitam adensamento, manejo mais fácil e maiores produtividades.<br />

2.7 Ciclo Ontogenético<br />

2.7.1 Crescimento Vegetativo<br />

O ciclo de vida das plantas difere fundamentalmente entre as obtidas por sementes<br />

(seedlings), que exibem todas as quatro fases de desenvolvimento ontogenético –embriônica,<br />

juvenil, transição e adulta –, e aquelas clonadas, que exibem apenas as fases vegetativa e<br />

reprodutiva (HARTMANN et al., 2002). A transição da fase juvenil <strong>para</strong> a madura foi<br />

denominada fase de mudança por Brink (1962), envelhecimento ontogenético por Fortanier;<br />

Jonkeres (1976) e envelhecimento meristemático por Seelinger (1924) e Oleson (1978) – apud<br />

(HACKETT, 1988). Associadas à transição da fase juvenil <strong>para</strong> a madura há mudanças em<br />

várias características morfológicas, desenvolvimentais e fisiológicas da planta (HACKETT,<br />

1985). Durante o desenvolvimento, as mudanças em tais características não são reguladas de<br />

espécie <strong>para</strong> espécie; a maioria muda gradualmente durante o período que precede a fase de<br />

maturação e normalmente as mudanças não são percebidas em nenhuma das características no<br />

26


momento em que a capacidade de florescimento é atingida. Por essa razão, não está claro se<br />

essas características estão diretamente relacionadas com a maturação reprodutiva ou são por<br />

ela causadas (HACKETT, 1985).<br />

Plantas propagadas vegetativamente apresentam características ontogenéticas<br />

semelhantes às da planta matriz. O seu ciclo de crescimento, portanto, é fundamentalmente<br />

diferente do ciclo de uma planta de pé franco. Na fase vegetativa, os ápices caulinares,<br />

embora possam se parecer com aqueles da fase juvenil (pelo menos superficialmente), têm a<br />

capacidade de responder fisiologicamente a estímulos de indutores do florescimento;<br />

entretanto, uma certa quantidade de tempo e de crescimento pode ser necessária antes do<br />

início da floração. Muitas das práticas de horticultura, como reguladores de crescimento,<br />

enxertia, porta-enxertos ananizantes, anelamento e redução de crescimento, são efetivos na<br />

indução do florescimento. A enxertia produz resultados conflitantes em diferentes espécies de<br />

plantas, sendo impossível estabelecer princípios definidos. É possível que a enxertia estimule<br />

a indução da floração, mas os enxertos podem ter alcançado um estágio particular de<br />

maturação antes que essa indução ocorra (KESTER, 1976).<br />

A maior parte do desenvolvimento vegetal é pós-embrionário e ocorre a partir de<br />

meristemas, os quais podem ser considerados fábricas celulares onde os processos em<br />

andamento – divisão celular, expansão e diferenciação – geram o corpo do vegetal. As células<br />

derivadas de meristemas tornam-se tecidos e órgãos que determinam o tamanho, a forma e<br />

estrutura definitiva da planta. Os meristemas vegetativos se autoperpetuam e produzem<br />

tecidos que formam e regeneram o corpo da planta. Em árvores, um meristema pode reter<br />

características embrionárias indefinidamente, e o meristema apical vegetativo do caule, que é<br />

indeterminado em seu desenvolvimento, tem a capacidade de formar repetidamente tantos<br />

fitômeros quanto as condições ambientais favoreçam o crescimento. Fitômero é uma unidade<br />

de desenvolvimento que consiste em uma ou mais folhas, o nó ao qual as folhas estão ligadas,<br />

o entrenó e uma ou mais gemas axilares (RAVEN, EVERT; EICHHORN, 2001; TAIZ;<br />

ZEIGER, 2004).<br />

Em uma planta que produz flores, o meristema apical caulinar normalmente faz<br />

crescer em volume a porção do corpo da planta acima do solo, enquanto o meristema apical<br />

radicular promove o aumento em volume da porção subterrânea do corpo da planta. Os<br />

meristemas apicais do caule são formados em vários locais no vegetal, desempenham<br />

diferentes graus de atividade e adquirem uma variedade de destinos durante o<br />

desenvolvimento. Em alguns meristemas axilares, o padrão de desenvolvimento é alterado<br />

27


<strong>para</strong> produzir uma estrutura distinta, como uma flor, uma gavinha ou um espinho, e o<br />

crescimento do caule se torna determinado (KERSTETTER; HAKE, 1997).<br />

Sem dúvida, plantas geneticamente idênticas crescendo em diferentes condições<br />

ambientais podem assumir uma ampla variedade de formas durante seu desenvolvimento,<br />

devido à plasticidade no desenvolvimento vegetativo (STEEVES; SUSSEX, 1989 apud<br />

TAYLOR, 1997). Essa plasticidade desenvolvimental provavelmente representa uma<br />

adaptação das plantas ao seu estacionário hábito de vida autotrófico, no qual elas sintetizam<br />

nutrientes ricos em energia a partir do dióxido de carbono e da luz solar e adquirem água e<br />

elementos inorgânicos do solo. Para manter o suprimento dessas matérias-primas, as plantas<br />

precisam crescer continuamente, expandindo as superfícies envolvidas na absorção e captura<br />

de nutrientes e de luz solar através da elongação e ramificação de caules, da expansão das<br />

folhas e da formação de um sistema radicular ramificado com pêlos radiculares (TAYLOR,<br />

1997).<br />

O crescimento de plantas lenhosas tem sido caracterizado sob pontos de vista<br />

quantitativos, anatômicos, morfogenéticos e fisiológicos. As plantas crescem em altura e<br />

diâmetro através da atividade dos tecidos meristemáticos, os quais representam uma fração<br />

muito pequena da massa total da planta. As di<strong>ver</strong>sas partes do vegetal crescem em diferentes<br />

taxas e normalmente em diferentes épocas do ano (KRAMER; KOZLOWSKI, 1979).<br />

Na maioria das plantas superiores, o crescimento da gema apical inibe o<br />

crescimento das gemas laterais – fenômeno denominado dominância apical –, determinante na<br />

forma do vegetal. As plantas com forte dominância apical apresentam um único eixo de<br />

crescimento com poucas ramificações laterais. A remoção do ápice caulinar em geral resulta<br />

no crescimento de uma ou mais gemas laterais. Segundo Janick (1968), o crescimento das<br />

plantas pode ser modificado por meio da poda. A gema apical promove o crescimento tanto<br />

através da biossíntese direta da auxina quanto da biossíntese de giberelina, induzida por<br />

auxina. As citocininas também modificam a dominância apical e promovem o crescimento de<br />

gemas laterais. A baixa razão auxina/citocinina estimula a formação de parte aérea;<br />

conseqüentemente, as plantas superprodutoras de citocininas tendem a ter mais ramificações<br />

(TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />

Todos os organismos multicelulares passam por estádios de desenvolvimento<br />

mais ou menos definidos, cada um com suas características próprias. Nos animais, essas<br />

mudanças ocorrem no organismo inteiro; nas plantas superiores, porém, elas ocorrem em uma<br />

única região, o meristema apical caulinar, que passa por três fases de desenvolvimento: a fase<br />

juvenil, a fase adulta vegetativa e a fase adulta reprodutiva (TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />

28


Caules geralmente são classificados com base na localização, no desenvolvimento<br />

ou no tipo de gema dos quais são derivados. O aumento do caule das plantas lenhosas<br />

tropicais é muito di<strong>ver</strong>so; em geral, é intermitente, com expansão de um <strong>para</strong> vários fluxos de<br />

crescimento durante o ano. Os intervalos entre os fluxos de crescimento variam entre regimes<br />

climáticos, espécies, cultivares, e dentro de ramos de uma mesma árvore (KRAMER;<br />

KOZLOWSKI, 1979).<br />

O caule da cajazeira apresenta características externas semelhantes às de algumas<br />

plantas lenhosas decíduas. Há uma série de características importantes relativas à estrutura e<br />

ao desenvolvimento do caule. As mais conspícuas dos galhos são as gemas apicais e as gemas<br />

axilares ou laterais; já as gemas acessórios geralmente ocorrem aos pares e localizam-se uma<br />

de cada lado de uma gema axilar – em algumas espécies, essas gemas não se desenvolvem se<br />

as axilares associadas a elas apresentarem um desenvolvimento normal; em outras, as gemas<br />

acessórios dão origem às flores e as gemas axilares, às folhas (RAVEN, EVERT;<br />

EICHHORN, 2001).<br />

A transição da fase juvenil <strong>para</strong> a adulta é gradual (homoblástica) e acompanhada<br />

por mudanças nas características vegetativas como morfologia, filotaxia, quantidade de<br />

espinhos, capacidade de enraizamento e retenção de folhas em espécies decíduas. Porém, a<br />

transição da fase adulta vegetativa <strong>para</strong> a adulta reprodutiva é abrupta (heteroblástica), pois o<br />

florescimento envolve grandes alterações no padrão de morfogênese e diferenciação celular<br />

do meristema apical do caule (HARTMANN et al., 2002; TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />

Algumas espécies lenhosas possuem fase juvenil longa, que dura de 20 a 40 anos,<br />

como a Pinus aristata, a Qercus robur (carvalho inglês) e a Fagus sylvatica (faia européia)<br />

(CLARK, 1983); outras, como algumas espécies de bambu e de agave, ficam juvenis por<br />

cerca de 50 a 100 anos, quando repentinamente tornam-se reprodutivas, florescem, frutificam<br />

e morrem (KESTER, 1976), sendo, portanto, plantas monocárpicas.<br />

2.7.2 Evocação Floral e Atividade Reprodutiva<br />

O conjunto de eventos que ocorrem no ápice do caule e forçam o meristema apical<br />

a produzir flores é denominado de evocação floral. Os sinais de desenvolvimento que<br />

resultam na evocação floral incluem fatores endógenos, como ritmo circadiano, mudanças de<br />

fase e hormônios, e fatores exógenos, como fotoperíodo e temperatura. A interação desses<br />

fatores capacita a planta a sincronizar seu desenvolvimento reprodutivo com o ambiente. A<br />

29


evocação floral exige que a gema apical passe por dois estádios de desenvolvimento: a<br />

<strong>aqui</strong>sição de competência (a gema é competente quando é capaz de florescer após receber o<br />

sinal de desenvolvimento apropriado), e a determinação (a gema é determinada se for capaz<br />

de seguir o florescimento mesmo após ser removida de seu con<strong>texto</strong> normal). O estimulo<br />

floral possui vários componentes, que podem diferir entre grupos distintos de plantas, e a<br />

transição <strong>para</strong> o florescimento envolve um sistema complexo de fatores que interagem entre<br />

si, incluindo carboidratos, giberelinas, citocininas e etileno. Sinais transmissíveis gerados nas<br />

folhas são necessários <strong>para</strong> a determinação do ápice caulinar (TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />

Como já postulado <strong>para</strong> plantas lenhosas perenes, a floração em todas as plantas<br />

parece estar sob controle dos di<strong>ver</strong>sos sistemas bioquímicos e fisiológicos, os quais devem ser<br />

permissivos se as estruturas reprodutivas estão <strong>para</strong> ser formadas (BERNIER et al., 1993).<br />

O tempo de transição entre o crescimento vegetativo e a floração é de suma<br />

importância na agricultura, na horticultura e no melhoramento de plantas, porque a floração é<br />

o primeiro passo da reprodução sexual. Estudos <strong>para</strong> entender como essa transição é<br />

controlada têm ocupado inúmeros fisiologistas, que, nos últimos anos, produziram uma<br />

grande quantidade de informações. A maioria das plantas utiliza especificidades ambientais<br />

<strong>para</strong> regular a transição <strong>para</strong> a floração, seja porque todos os indivíduos de uma espécie<br />

devem florescer sincronicamente <strong>para</strong> que a fecundação cruzada ocorra com sucesso, ou<br />

porque todas as espécies devem completar sua reprodução sexual sob condições externas<br />

favoráveis. Quaisquer variáveis ambientais que exibam mudanças sazonais regulares são<br />

fatores potenciais de controle da transição <strong>para</strong> a floração. Os principais fatores são<br />

fotoperíodo, temperatura e disponibilidade de água. Plantas que não requerem fotoperíodo ou<br />

temperatura específica <strong>para</strong> florescer, como as chamadas plantas de “floração autônoma”, são<br />

normalmente sensíveis à radiação. Os fatores ambientais são percebidos por diferentes partes<br />

da planta: fotoperíodo e radiação, principalmente por folhas maduras em plantas intactas, e<br />

temperatura, por todas as partes da planta, embora temperaturas baixas (<strong>ver</strong>nalização) sejam<br />

geralmente percebidas principalmente pelo ápice caulinar; a disponibilidade de água é notada<br />

pelo sistema radicular. Há fortes interações entre esses diferentes fatores, de forma que cada<br />

um deles pode mudar o valor limite <strong>para</strong> a efetivação dos outros. O fato de os diferentes<br />

fatores promotores da floração serem percebidos por diferentes partes da planta implica que<br />

essas partes interajam e que o destino do meristema apical – permanecer vegetativo ou se<br />

tornar reprodutivo – seja controlado por um arranjo de sinais de longa distância em toda a<br />

planta (BERNIER et al., 1993).<br />

30


A escassa literatura sobre a biologia floral das Spondias relata que o gênero é<br />

polígamo-dióico ou monóico e fortemente auto-incompatível (BAWA, 1974). Para Lozano<br />

(1986a), as flores são hermafroditas, masculinas e femininas; já Francis (1992) relata que as<br />

árvores são monóicas, sendo as flores bissexuais ou ocorrendo em panículas de flores<br />

masculinas e femininas. Contudo, Mitchell e Daly (1998) investigaram centenas de amostras,<br />

com exceção da S. purpurea L., e constataram que as flores das espécies de Spondias<br />

neotropicais são estrutural e funcionalmente hermafroditas, mas fortemente protandras. A<br />

evidência pode geralmente ser encontrada em única inflorescência. No momento em que o<br />

pólen se desprende, o ovário não se desenvolve e o pistilo é aparentemente representado<br />

apenas por quatro ou cinco estilos basais fundidos. No momento em que o desenvolvimento<br />

do ovário é aparente, as anteras deiscentes estão quase vazias e notadamente murchas. O<br />

ponto no qual os estigmas estão receptivos não se torna evidente a partir da observação de<br />

material de herbário.<br />

Na Zona da Mata de Ilhéus, BA, a cajazeira propagada por sementes começa a<br />

produzir seis ou sete anos após o plantio, enquanto plantas clonadas por enxertia produzem<br />

após o terceiro ano de cultivo, apresentando altas taxas de crescimento e porte elevado, com<br />

altura média de 4,46 m (LEITE; MARTINS; RAMOS, 2003). Em Pacajus, CE, clones de<br />

cajazeira enxertados sobre umbuzeiro também apresentaram altas taxas de crescimento, com<br />

troncos monopodias (haste única) e tendência a formar copas altas, sendo que algumas plantas<br />

produziram apenas no primeiro ano de cultivo (SOUZA; BLEICHER, 2002).<br />

Costa (1998) <strong>ver</strong>ificou em Areia, PB, que o período de desenvolvimento dos<br />

frutos de cajá é de 120 dias, tendo início com a fecundação das flores e indo até a maturação<br />

dos frutos. No Ceará, a colheita concentra-se no período de janeiro a maio, variando com as<br />

condições climáticas.<br />

2.8 Fenologia<br />

De acordo com Wielgolaski (1974 apud FALCÃO; CLEMENT; GOMES, 2003),<br />

fenologia é o efeito da periodicidade das condições climáticas, influenciada pelas condições<br />

edáficas e ecológicas sobre o ciclo biológico das plantas, especialmente sobre os órgãos de<br />

crescimento vegetativo e reprodutivo. O conhecimento do ciclo fenológico de qualquer planta<br />

é de importância fundamental <strong>para</strong> a obtenção de novos conhecimentos e inovações<br />

tecnológicas <strong>para</strong> os diferentes sistemas de produção regional e exploração comercial.<br />

31


Segundo Frota (1988), o conhecimento da fenologia da planta permite avaliar as exigências<br />

ecológicas da espécie, determinar as fenofases mais apropriadas <strong>para</strong> escolha do método de<br />

propagação e planejar o controle fitossanitário e a previsão de safras.<br />

A cajazeira apresenta atividades vegetativas e reprodutivas sazonais distintas; no<br />

Panamá, a planta fica desfolhada por um pequeno período durante a estação seca antes da<br />

floração, a qual geralmente ocorre em abril e maio (CROAT, 1974). No Peru, a espécie perde<br />

todas as folhas de julho a setembro e flora e frutifica entre outubro e maio, dependendo das<br />

condições climáticas (VILACHICCA, 1996).<br />

Na Bahia e no Espírito Santo, a cajazeira floresce e inicia a frutificação a partir de<br />

outubro a novembro, e os frutos amadurecem de fe<strong>ver</strong>eiro a abril (VINHA; MATTOS, 1982).<br />

Segundo Prance e Silva (1975), em Manaus a cajazeira floresce geralmente de agosto a<br />

setembro, com o pico da produção de dezembro a fe<strong>ver</strong>eiro. Na microrregião do brejo<br />

<strong>para</strong>ibano, as plantas ficam completamente desfolhadas; essa perda de folhas, no entanto, não<br />

é simultânea em todos os exemplares de uma mesma região (SILVA; SILVA, 1995).<br />

2.9 Senescência e Abscisão<br />

A senescência é a fase final dos desenvolvimentos vegetativo e reprodutivo da<br />

planta, precedendo a morte generalizada das células e dos órgãos. Ela envolve a translocação<br />

ativa dos materiais celulares <strong>para</strong> serem usados em outros órgãos (NOODÉN; LEOPOLD,<br />

1988 apud PENNELL; LAMB, 1997). Trata-se de um processo de desenvolvimento normal,<br />

dependente de energia, controlado pelo próprio programa genético da planta e dependente de<br />

uma série de eventos citológicos e bioquímicos. Durante a senescência, enzimas hidrolitícas<br />

decompõem muitas proteínas, carboidratos e ácidos nucléicos. Os açúcares, aminoácidos,<br />

nucleosídeos e muitos minerais são transportados de volta <strong>para</strong> outras partes da planta via<br />

floema, onde serão reutilizados nos processos de síntese. Existem vários tipos de senescência:<br />

monocárpica; de caules aéreos em perenes herbáceas; foliar sazonal; foliar seqüencial; de<br />

frutos secos e carnosos; de cotilédones e órgãos florais e de tipos celulares especializados. Os<br />

desencadeadores desses processos são diferentes e podem ser internos, como uma senescência<br />

monocárpica (senescência da planta inteira após um ciclo reprodutivo único), ou externos,<br />

como o comprimento do dia e a temperatura outonal nas árvores decíduas (TAIZ; ZAIGER,<br />

2004).<br />

32


O desenvolvimento vegetativo nas plantas lenhosas é indeterminado e modular. A<br />

contínua geração de sistemas de órgãos pelos meristemas das plantas é modulada pela<br />

senescência programada e/ou pela abscisão – queda de órgãos existentes durante toda a vida<br />

da planta. O potencial de desenvolvimento é também influenciado pela supressão de<br />

atividades do meristema, como a dominância apical, e pela perda dos meristemas que são<br />

usados no desenvolvimento determinado das flores. Embora todos esses processos sejam<br />

geneticamente determinados, os caminhos envolvidos estão também sob influência do<br />

ambiente. Durante seu curso de desenvolvimento, as plantas perdem sistemas inteiros de<br />

órgãos através do processo denominado abscisão. Tal processo fornece um mecanismo <strong>para</strong><br />

remoção de órgãos senescentes ou defeituosos e <strong>para</strong> liberação de frutos amadurecidos. Em<br />

alguns casos, sistemas de órgãos intactos e saudáveis podem ser removidos numa etapa do<br />

desenvolvimento. Abscisão de pétalas, sépalas e estames em frutos no início do<br />

desenvolvimento são exemplos desse processo (BLEECKER; PATTERSON, 1997).<br />

Senescência, abscisão e cessamento da atividade meristemática em tecidos somáticos são<br />

exemplos de decisões de vida ou morte feitas pelas plantas durante seus ciclos de vida. Essas<br />

decisões podem afetar sistemas de órgãos específicos ou, quando agindo em combinação,<br />

levar à morte da planta inteira. Dentro dos tecidos afetados, os processos fisiológicos<br />

envolvidos são apenas parcialmente entendidos e, no caso da senescência, podem envol<strong>ver</strong><br />

mudanças globais na expressão gênica. Como essas características da história de vida são<br />

coordenadas em nível da planta inteira é um mistério (BLEECKER; PATTERSON, 1997).<br />

A morte celular programada (MCP) é um processo de suicídio celular envolvendo<br />

condensação, encolhimento e se<strong>para</strong>ção celular ordenada. A MCP exclui células que exercem<br />

uma função temporária e que são desnecessárias ou indesejadas, ou promovem o crescimento<br />

de tecidos especializados. Isso inclui células da aleurona, células da coifa e elementos<br />

traqueídeos. Durante interações com o ambiente, a MCP destrói células durante a hipoxia e<br />

após trocas com patógenos avirulentos, em ambos os casos sistematicamente localizadas.<br />

Espécies oxigenadas reativas, como peróxido de hidrogênio, e fitohormônios, como ácido<br />

giberélico e etileno, podem induzir MCP em plantas, enquanto outros hormônios, incluindo<br />

citocinina e ácido abscísico, e sinais de outras células podem suprimi-la (PENNELL; LAMB,<br />

1997).<br />

Folhas e várias estruturas reprodutivas caem por abscisão, por fatores mecânicos<br />

ou pela combinação dos dois. Na abscisão <strong>ver</strong>dadeira, ocorrem mudanças fisiológicas que<br />

levam à formação de uma discreta zona de abscisão (composta por células pequenas,<br />

compactas e sem espaço intercelular) na qual a se<strong>para</strong>ção ocorre. Em árvores adultas, uma<br />

33


mudança na forma da copa está associada à inibição progressiva do crescimento caulinar e à<br />

perda da dominância apical. A condição de senescência ramifica gradualmente a árvore, até<br />

que finalmente o ramo guia terminal perca sua dominância e a planta forme uma copa de topo<br />

achatada. Além disso, à medida que os ramos envelhecem, diminuem seu ângulo de<br />

crescimento, tendendo a tornar-se horizontais, pendentes. A forma da copa das árvores<br />

normalmente sofre grandes mudanças com a queda dos ramos laterais. Essa queda também<br />

influencia o tamanho e o tipo de nós (a queda precoce de ramos é desejável porque reduz o<br />

número e o tamanho dos nós). A queda de ramos laterais pode ocorrer a partir de dois<br />

mecanismos distintos: abscisão <strong>ver</strong>dadeira de ramos – através de processos fisiológicos<br />

similares aos da abscisão foliar – e poda natural – através da morte de ramos, mas sem a<br />

formação de uma zona de abscisão. O primeiro passo da poda natural envolve a senescência<br />

fisiológica seqüencial e a morte de ramos da base do caule (KRAMER; KOZLOWSKI, 1979).<br />

O etileno é o principal regulador do processo de abscisão, com a auxina agindo<br />

como supressora do efeito daquele hormônio. O gradiente de auxina nas folhas controla a<br />

sensibilidade das células da zona de abscisão ao etileno. Um hormônio pode influenciar a<br />

biossíntese de outro, de modo que os efeitos produzidos por um podem ser mediados por<br />

outros. Por exemplo, sabe-se que a auxina induz a biossíntese de etileno e que a giberelina<br />

pode induzir a síntese de auxina e vice-<strong>ver</strong>sa. As citocininas promovem a mobilização de<br />

nutrientes e retardam a senescência foliar. O etileno é produzido em quase todas as partes dos<br />

vegetais superiores e aumenta de quantidade durante abscisão foliar, senescência das folhas e<br />

amadurecimento de frutos. O etileno e as citocininas controlam a senescência foliar. O ácido<br />

abscísico está envolvido na senescência foliar pelo aumento da síntese de etileno.<br />

Internamente, a abscisão e a senescência foliar estão sob forte controle do balanço hormonal<br />

das auxinas, que as impedem, das citocininas, que as retardam, do ácido abscísico, que as<br />

promovem, e do etileno, principal ocasionador dos processos (TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />

A abscisão das folhas deixa cicatrizes, que podem ser observadas abaixo das<br />

gemas laterais, juntamente com as cicatrizes de seus feixes vasculares. A camada protetora da<br />

zona de abscisão produz a cicatriz foliar. As cicatrizes dos feixes correspondem aos feixes<br />

vasculares terminais secionados, que se estendem dos traços foliares até o pecíolo da folha<br />

antes de ocorrer a abscisão. Grupos de cicatrizes das escamas de gemas apicais mostram a<br />

localização prévia das mesmas, até que se tornem menos aparentes; devido ao crescimento<br />

secundário, estes grupos de cicatrizes podem ser utilizados <strong>para</strong> determinação da idade de<br />

certas regiões do caule. A região do caule localizada entre dois grupos de cicatrizes<br />

34


corresponde a um ano de crescimento. As lenticelas surgem como discretas elevações do<br />

caule (RAVEN, EVERT; EICHHORN, 2001).<br />

Pelos modelos de retenção e queda de folhas das árvores de florestas tropicais<br />

proposto por Longman e Jenik (1974 apud KRAMER; KOZLOWSKI, 1979), a cajazeira<br />

enquadra-se na classe de plantas do tipo decíduas de crescimento periódico, com o tempo de<br />

vida das folhas em torno de quatro a onze meses e a queda ocorrendo antes da abertura das<br />

gemas, ficando a planta inteira ou os ramos totalmente desfolhados durante várias semanas ou<br />

meses.<br />

3 MATERIAL E MÉTODOS<br />

3.1 Local do Experimento<br />

O pomar experimental foi plantado em fe<strong>ver</strong>eiro de 2000, em área do Instituto<br />

Frutal, localizada a 5°12’9,8” S e 37°59’29,2” W e altitude de 158 m (medições feitas com<br />

aparelho GPS 12), no lote 1.3 da 2ª etapa do DIJA – Distrito de Irrigação Jaguaribe-Apodi –<br />

no município de Limoeiro do Norte, CE. O pomar foi avaliado no período de fe<strong>ver</strong>eiro de<br />

2001 a junho de 2005. Essa área está inserida na zona semi-árida do nordeste do Brasil, a<br />

qual, pela divisão do Zoneamento Agroecológico do Nordeste, segundo Silva et al. (1993),<br />

localiza-se dentro da grande unidade de paisagem J, chamada de Superfícies Cársticas, e na<br />

unidade geoambiental J10 da chapada do Apodi. Tem relevo plano, solo classificado como<br />

Cambissolo profundo e vegetação natural de área de caatinga hiperxerófila.<br />

Pela classificação de Köpen, o clima da chapada é do tipo BSw’h’, quente e semiárido.<br />

As médias anuais dos fatores climáticos são pluviosidade de 1.012 mm, umidade<br />

relativa do ar de 72% e temperatura de 26,7°C, com máximas de 33,5°C e mínimas de 25°C<br />

(CENTEC, 2005). O regime pluvial caracteriza-se por um período de chuvas de janeiro a<br />

junho e uma estação seca, com ocorrência de chuvas esparsas no restante do ano.<br />

Normais meteorológicas do período de 1961 a 1990, obtidas em estação de 1ª<br />

classe da microregião, no município de Morada Nova, CE, são encontrados na Tabela 1.<br />

A área do pomar experimental tem solo classificado, especificamente, como<br />

Cambissolo Háplico, com argila de atividade alta a fraca (EMBRAPA, 1999). É profundo,<br />

bem drenado, com minerais primários de fácil intemperização e boa fertilidade natural<br />

(Tabela 2).<br />

35


TABELA 1 – Normais meteorológicas do período de 1961 a 1990 obtidas em estação de 1ª classe de Morada Nova, CE (6°5’ S e 39°23’ W).<br />

Variáveis<br />

Metereológicas<br />

Pressão<br />

atmosférica (hPa)<br />

Temperatura<br />

média ( o C)<br />

Temperatura<br />

máxima ( o C)<br />

Temperatura<br />

mínima ( o C)<br />

Precipitação total<br />

(mm)<br />

Evaporação total<br />

(mm)<br />

Umidade relativa<br />

(%)<br />

Insolação total<br />

horas<br />

jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. ano<br />

1006,0 1006,1 1006,2 1006,5 1007,3 1008,9 1009,5 1009,0 1008,3 1006,8 943,2 1006,1 1002,0<br />

26,9 27,3 26,7 26,6 26,7 26,0 26,0 26,6 27,6 27,9 28,4 28,3 27,1<br />

35,1 33,8 32,3 31,9 31,9 31,8 32,6 34,2 35,3 36,1 34,5 35,7 33,8<br />

22,3 23,5 23,0 21,8 22,6 21,4 20,8 20,6 21,4 22,1 20,8 22,9 21,9<br />

78,7 112,8 214,5 186,7 115,7 70,6 33,8 11,6 9,5 4,4 5,0 29,0 872,2<br />

207,7 149,8 87,7 90,1 112,4 128,7 179,6 243,8 246,7 279,3 259,9 249,5 2235,3<br />

65,8 72,0 80,3 79,5 75,0 73,7 67,6 61,4 57,5 58,0 58,3 61,4 67,5<br />

232,6 203,1 206,3 197,9 233,5 248,9 259,0 279,9 282,7 297,2 279,2 262,7 2982,6<br />

Nebulosidade 0-10 5,5 5,8 6,7 6,1 5,5 4,8 4,4 3,0 3,1 3,3 3,9 4,5 4,7<br />

Fonte: INMET- Instituto Nacional de Meteorologia.<br />

36


TABELA 2 – Resultados de análises químicas, granulométrica e de micronutrientes de amostras de solo da área experimental coletadas em<br />

janeiro de 2000 1 . Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

pH g/dcm 3 mg/dcm 3 mmol/dcm 3 TFSA % Relação<br />

Profundidade<br />

Amostras CaCl2 H2O SMP MO P K Ca Mg Al H H+Al SB CTC V Ca/Mg Mg/K<br />

0-20 cm 5,8 7,2 6,6 32 13 3,4 53 10 1 21 22 66,4 88,4 75,1 5,30 2,94<br />

20-40 cm 4,8 5,6 6,1 10 3 1,4 29 9 1 37 38 39,4 77,4 50,9 3,22 6,42<br />

Profundidade<br />

Amostras<br />

Composição granulométrica (%) Densidades<br />

Areia Grossa Areia Fina Argila Limo Cascalho Aparente Real<br />

classe Sub-classe<br />

0-20 cm 50,8 18,4 25,2 5,5 0,0 1,31 2,63 Barrentos Areno argiloso<br />

20-40 cm 33,7 11,8 54,4 0,0 0,0 1,36 2,70 Argilosos Argiloso<br />

mg/dcm 3 Profundidade<br />

Micronutrientes<br />

Amostras S Na Fe Mn Cu Zn Bo<br />

0-20 cm 16 10 43 437 3,1 3,10 0,21<br />

20-40 cm 24 11 83 195 3,6 1,2 0,23<br />

1 Análises realizadas no laboratório do Instituto Campineiro de Análise de Solo e Adubo S/C Ltda. Campinas, SP.<br />

37


3.2 Tratamentos e Delineamento Experimental<br />

Os tratamentos consistiram de combinações possíveis de cinco copas de cajazeira<br />

enxertadas sobre dois porta-enxertos – cajazeira e umbuzeiro – seguindo o delineamento de<br />

blocos ao acaso, arranjadas no campo em esquema fatorial (5x2) com quatro repetições e<br />

quatro plantas por parcela. Utilizou-se uma bordadura externa de uma planta em todo<br />

perímetro da área foi empregada. Os clones copa foram obtidos de árvores adultas, sadias e<br />

produtivas nas localidades de Capuan, Caucaia-CE; Curimatã, Pacajus-CE; Gereau e Ladeira<br />

Grande, Maranguape-CE; e Lagoa Redonda, Messejana-CE. Uma única planta de cada local<br />

foi selecionada <strong>para</strong> dar origem ao clone. Os porta-enxertos foram obtidos de sementes de<br />

di<strong>ver</strong>sas plantas de umbuzeiro e de cajazeira. Os tratamentos resultantes das combinações<br />

enxerto/porta-enxerto são representados na Tabela 3.<br />

TABELA 3 – Representação dos tratamentos formados por combinações de cinco copas de<br />

cajazeira com dois porta-enxertos empregados no experimento. Limoeiro do<br />

Norte, CE, 2005.<br />

Porta-enxerto Copa Tratamento<br />

Cajazeira Capuan 1= Capuan/Cajazeira<br />

Curimatã 2= Curimatã/Cajazeira<br />

Gereau 3= Gereau/Cajazeira<br />

Ladeira Grande 4= Ladeira Grande/Cajazeira<br />

Lagoa Redonda 5= Lagoa Redonda/Cajazeira<br />

Umbuzeiro Capuan 6= Capuan/Umbu<br />

Curimatã 7= Curimatã/Umbu<br />

Gereau 8= Gereau/Umbu<br />

Ladeira Grande 9= Ladeira Grande/Umbu<br />

Lagoa Redonda 10= Lagoa Redonda/Umbu<br />

38


O experimento teve um total de 160 plantas na área útil e 56 na bordadura externa, conforme<br />

croqui de campo (Figura 1).<br />

Bloco IV Bloco I Bloco III Bloco II<br />

5 6 10 2 1 7 3 6<br />

10 3 5 4 9 10 1 2<br />

4 8 9 7 6 4 5 9<br />

9 2 8 1 8 5 7 8<br />

1 7 3 6 2 3 10 4<br />

FIGURA 1 – Croqui de campo do experimento instalado no delineamento de blocos ao acaso em<br />

esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos). Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

Legenda:<br />

= Plantas da bordadura externa<br />

= Plantas da área útil do experimento<br />

Tratamentos:<br />

1= Capuan/Cajazeira; 2= Curimatã/C; 3= Gereau/Cajazeira; 4= Ladeira Grande/Cajazeira; 5= Lagoa Redonda/Cajazeira;<br />

6= Capuan/Umbu; 7= Curimatã/Umbu; 8= Gereau/Umbu; 9= Ladeira Grande/Umbu e 10= Lagoa Redonda/Umbu.<br />

39


O experimento foi planejado <strong>para</strong> que os dados fossem analisados conforme o<br />

seguinte modelo matemático:<br />

Yijk = µ + Bj + Ci + PEk + (CxPE)ik + Єijk onde:<br />

Yij = valor observado,<br />

µ = média geral,<br />

Bj = efeito do j-ésimo bloco,<br />

Ci = efeito da i-ésima copa de cajazeira,<br />

PEk = efeito do k-ésimo porta-enxerto,<br />

(CxPE)ik = efeito da interação entre o i-ésima copa de cajazeira e o k-ésimo porta-enxerto,<br />

Єijk = efeito do erro experimental, sendo k = 1,2; i = 1,2,3, 4, 5 e j= 1,2,3, 4, com o seguinte<br />

quadro de análise de variância, apresentado na Tabela 4.<br />

TABELA 4 – Análise de variância do experimento instalado em delineamento de blocos ao<br />

acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos). Limoeiro do<br />

Norte, CE, 2005.<br />

Causa de variação GL<br />

Tratamento (clones) i-1+k-1+(i-1) (k-1) (9)<br />

Copa (C) i-1 4<br />

Porta-enxerto (PE) k-1 1<br />

Interação (CxPE) (i-1) (k-1) 4<br />

Blocos j-1 3<br />

Resíduo [i-1+k-1+(i-1) (k-1) (j-1)] 27<br />

Total ijk-1 39<br />

3.3 Formação das Mudas, Plantio e Condução do Pomar<br />

Na formação do pomar foram usadas mudas de cajazeira enxertadas por garfagem<br />

em fenda cheia, com aproximadamente 140 dias de idade, vigorosas e com média de cinco<br />

folhas desenvolvidas. As mudas foram formadas no viveiro do Campo Experimental da<br />

<strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, em Pacajus, CE, conforme o método proposto por Souza,<br />

Innecco e Araújo (1999).<br />

40


Os garfos foram obtidos de porções apicais de ramos sem folhas e com gemas<br />

intumecidas, de plantas adultas no período de repouso vegetativo. Os porta-enxertos foram<br />

mudas de pé franco de umbuzeiro e cajazeira, formadas em sacos plásticos, com<br />

aproximadamente 80 dias de idade e diâmetro médio do caule de 1,0 cm no ponto de enxertia.<br />

O plantio das mudas foi realizado em sistema retangular, no espaçamento de 8 m x<br />

7 m em área de relevo plano, medindo 126 m x 96 m (12.096 m 2 ). Detalhe das linhas de<br />

plantio do pomar pode ser observado na Figura 2. Cada cova de plantio, com dimensão de 40<br />

cm x 40 cm x 40 cm, foi previamente tratada com carbofuran a 0,05% e adubada em fundação<br />

com 10 L de esterco bovino curtido, 100 g de calcário dolomítico (PRNT 80%), 400 g de<br />

superfosfato simples (72 g de P2O5) e 40 g do micronutriente FTE BR.<br />

A B<br />

FIGURA 2 – Vista parcial do pomar de cajazeira, com detalhe das linhas de plantio. A)<br />

plantas com um ano de idade e B) com cinco anos de idade. Limoeiro do<br />

Norte, CE, 2005.<br />

Os tratos culturais consistiram de irrigação por microaspersão (apenas durante os<br />

períodos secos dos primeiro, segundo e terceiro anos de cultivo), replantio, tutoramento,<br />

coroamento e capinas manuais com enxada, adubações em cobertura, fertiirigações e controle<br />

preventivo contra formigas saúvas, com uso de repelente químico. Também foi feita poda de<br />

formação, que consistiu do corte da gema apical, em março de 2001, ou do terço superior do<br />

caule das plantas que continuavam com crescimento monopodial, em agosto de 2001, seguida<br />

da aplicação de uma pasta de oxicloreto de cobre nas superfícies cortadas.<br />

De novembro a dezembro de 2000, foram feitas quatro fertirrigações, aplicando-se<br />

no total, 4,0 kg de uréia (2,16 kg de N) e 2,86 kg de cloreto de potássio (1,72 kg de K2O) em<br />

todo o pomar. Durante o ano de 2001, foram aplicados, nas fertirrigações, 1,74 kg de uréia<br />

(940 g de N) e 1,36 kg de cloreto de potássio (816 g de K2O). Também em março foi feita<br />

uma adubação em cobertura com 10 L de <strong>ver</strong>micomposto + 45 dcm 3 de bagana de carnaúba<br />

41


por planta e outra em maio, com 50 g de uréia (27 g de N), 36 g de cloreto de potássio (21,6 g<br />

de K2O) e 22 g de FTE BR-12.<br />

Em 2002, terceiro ano de cultivo, foram aplicados no pomar, em fertirrigações,<br />

78,0 kg de sulfato de amônio (15,6 kg de N), 36,6 kg de fosfato monoamônico (4,0 kg de N e<br />

19 kg de P2O5), 24,4 kg de cloreto de potássio (14,6 kg de K2O) e 15,0 kg de sulfato de zinco.<br />

As irrigações <strong>para</strong> estabelecimento do pomar foram realizadas nos períodos secos<br />

dos três primeiros anos de cultivo. Utilizaram-se microaspersores autocompensantes com<br />

vazão de 25 litros por hora, que molhavam um círculo de 1,0 m de diâmetro em turnos de rega<br />

de três dias e tempo de irrigação de três horas, no primeiro ano de cultivo, e de cinco dias e<br />

cinco horas, no segundo e terceiro ano de cultivo.<br />

Nas épocas de repouso vegetativo, quando as plantas encontravam-se desfolhadas,<br />

foram removidos seus ramos secos e caiados os caules principais <strong>para</strong> evitar queima por<br />

radiação solar.<br />

3.4 Variáveis Avaliadas<br />

Os dados foram coletados <strong>para</strong> variáveis quantitativas contínuas: altura de<br />

planta, perímetro de caule do porta-enxerto e do enxerto, relação entre os perímetros de caule<br />

do enxerto e do porta-enxerto, quantitativas discreta: número de cachos (através de níveis:<br />

0, 1, 2, e 3) e qualitativas nominais: formato da copa (monopodial, bifurcada e simpodial) e<br />

épocas de emissão e de abscisão foliares, de floração e de frutificação.<br />

a) Altura de planta: medição feita da superfície do solo até o ápice do ramo mais<br />

desenvolvido;<br />

b) Perímetro do caule do porta-enxerto: medição realizada com trena flexível<br />

circundando o caule do porta-enxerto, logo abaixo do ponto de enxertia;<br />

c) Perímetro do caule do enxerto: medição realizada com trena flexível circundando o<br />

caule do enxerto, logo acima do ponto de enxertia;<br />

d) Razão entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto: obtida pela<br />

divisão dos perímetros dos caules dos enxertos pelos perímetros dos caules dos portaenxertos;<br />

42


e) Níveis do número de cachos de frutos por planta: contagem do número de cachos<br />

de frutos por planta, sendo os níveis 0 = produção de nenhum cacho por planta; 1 =<br />

produção de um a dez; 2 = produção de 11 a 50; e 3 = produção maior que 50 cachos<br />

por planta;<br />

f) Formato da copa: a cajazeira, nos primeiros anos de vida, tem forte dominância<br />

apical e desenvolvimento acrópeto, resultando em caule longo e <strong>ver</strong>tical, copa alta e<br />

assimétrica. Classificaram-se, então, as ramificações do ramo principal (ramos de<br />

primeira ordem) em copas: monopodial = plantas com um único caule, forte<br />

dominância apical e desenvolvimento acrópeto; bifurcada = plantas que emitiram<br />

dois caules principais, em “Y” (forma de gancho); e simpodial = plantas que<br />

esgalharam, ou seja, emitiram mais de dois caules principais;<br />

g) Épocas de emissão e de abscisão de folhas, flores e frutos: anotaram-se os períodos<br />

de ocorrência dessas fenofases durante a avaliação do experimento.<br />

3.5 Análise e Interpretação dos Dados Experimentais<br />

As variáveis altura de planta, perímetro de caule do porta-enxerto e do enxerto e<br />

relação entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto foram submetidas à análise<br />

de variância, estabelecendo-se significância ao nível de 5% pelo teste F, conforme Pimentel-<br />

Gomes (1987). Os contrastes entre as médias dos tratamentos definidos “a priori” foram<br />

testados pelo teste de Duncan (BANZATTO; KRONKA, 1995). O processamento dos dados<br />

foi feito utilizando os procedimentos disponíveis no software de análise estatística SAS<br />

<strong>ver</strong>são 8.0.<br />

Para os dados das variáveis formato de copa e níveis do número de cachos de<br />

frutos por planta, os quais não se ajustaram ao emprego da técnica de análise de variância e de<br />

testes não-<strong>para</strong>métricos, foi feita uma análise descritiva por tabela cruzada, utilizando-se os<br />

procedimentos de estatística descritiva disponíveis no software SPSS, <strong>ver</strong>são 13.<br />

43


4 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

4.1 Crescimento Vegetativo de Plantas Enxertadas de Cajazeira<br />

O crescimento vegetativo das plantas foi estimado através de avaliações de altura<br />

de planta, perímetros de caule do porta-enxerto e do enxerto e a relação entre estes.<br />

As avaliações foram feitas a partir do primeiro ano de plantio das mudas, em<br />

fe<strong>ver</strong>eiro e setembro de 2001, agosto de 2002, dezembro de 2003 e setembro de 2004, quando<br />

as plantas tinham 12, 18, 30, 46 e 55 meses de idade, respectivamente.<br />

4.1.1 Altura de Planta<br />

A altura de planta é uma indicação válida das alterações de crescimento primário<br />

produzidas pelos meristemas apicais, resultando no desenvolvimento <strong>ver</strong>tical da planta.<br />

Pela análise de variância, observa-se, <strong>para</strong> a variável altura de planta, que houve<br />

significância estatística pelo teste F entre os tratamentos, em todas as idades estudadas, como<br />

também se nota uma redução nos valores dos coeficientes de variação ao longo dos anos<br />

(Tabela 5).<br />

Diferenças consideráveis de altura de planta são observadas entre os clones desde<br />

os 12 meses de idade. O clone Gereau enxertado sobre umbuzeiro teve a maior altura (108,44<br />

cm), seguido pelos clones Gereau enxertado sobre cajazeira e Lagoa Redonda enxertados<br />

sobre cajazeira e umbuzeiro, respectivamente, os quais não diferiram estatisticamente entre si.<br />

O Ladeira Grande enxertado sobre umbuzeiro teve a menor altura (35,87 cm). Aos 18 meses,<br />

as alturas foram inferiores às da idade anterior. Esse fato é explicado pelas podas de formação<br />

de copa realizadas em março de 2001, quando foram retirados os ápices dos ramos principais,<br />

e, principalmente, pela poda drástica feita em agosto de 2001, quando foram removidos cerca<br />

de um terço dos ramos principais das plantas que continuavam com crescimento monopodial<br />

acrópeto. Aos 30 meses de idade, nota-se que o clone Gereau enxertado sobre umbuzeiro<br />

continuava com a maior altura (221,94 cm), seguido pelos Lagoa Redonda enxertado sobre<br />

umbuzeiro e cajazeira, que não diferiram significativamente entre si. Os clones Ladeira<br />

Grande ti<strong>ver</strong>am as menores alturas de planta, o enxertado sobre cajazeira (93 cm) e o sobre<br />

umbuzeiro (98,47 cm), mas não diferiram estatisticamente dos Curimatã. Os clones Capuan<br />

ti<strong>ver</strong>am alturas intermediárias. Aos 46 meses, observou-se a mesma tendência de altura dos<br />

clones observada nas épocas anteriores. Todas as médias de altura diferiram<br />

44


significativamente entre si na seguinte seqüência em ordem decrescente dos clones: Gereau,<br />

Lagoa Redonda, Capuan, Curimatã e Ladeira Grande. Até os 55 meses, última época de<br />

observação, notou-se que os clones manti<strong>ver</strong>am a mesma ordem de altura das épocas<br />

anteriores. O clone de Gereau enxertado sobre umbuzeiro teve 418 cm e foi estatisticamente<br />

igual aos Lagoa Redonda, com 411,87 e 384,4 cm, respectivamente, tendo as maiores alturas<br />

de planta. Os Capuan e Curimatã manti<strong>ver</strong>am-se com valores intermediários e o Ladeira<br />

Grande enxertado sobre cajazeira continuou com o menor porte (209,8 cm). O teste F<br />

detectou diferenças significativas entre os dois porta-enxertos apenas na idade de 55 meses,<br />

onde observam-se as maiores alturas dos clones enxertados sobre umbuzeiro em com<strong>para</strong>ção<br />

com os sobre cajazeira (Tabela 6). As maiores alturas dos clones enxertados sobre portaenxertos<br />

de umbuzeiro deve-se, provavelmente, à formação de túberas nas raízes desta<br />

espécie.<br />

As diferenças de altura entre árvores dos clones Gereau (maior porte) e Ladeira<br />

Grande (menor porte) podem ser visualizadas na Figura 2, que mostra plantas aos cinco anos<br />

de idade. A altura média dos clones enxertados de cajazeira, aos 55 meses de idade, obtida no<br />

presente trabalho, foi de 323,19 cm, bastante inferior à de 446,00 cm observada por Leite,<br />

Martins e Ramos (2003) em árvores mais jovens, de 36 meses de idade, cultivadas no Sul da<br />

Bahia. Esta diferença pode ter sido resultado da não realização de poda de formação e de<br />

variações mesológicas e genéticas dos clones usados.<br />

Uma com<strong>para</strong>ção mais crítica das diferenças de altura entre os clones é dificultada<br />

em virtude das podas realizadas aos 12 e 18 meses. Contudo, dos 30 aos 55 meses de idade<br />

essas diferenças se manti<strong>ver</strong>am praticamente inalteradas. Ao final deste período, a maioria das<br />

plantas do pomar havia atingido a maturidade com a floração e frutificação. É de se esperar<br />

que após esse período ocorra uma diminuição mais acentuada das taxas de crescimento e que<br />

as diferenças entre os clones permaneçam inalteradas.<br />

45


TABELA 5 – Análises de variâncias de variáveis de crescimento vegetativo de clones de<br />

cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco<br />

idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

Altura de planta (cm)<br />

Idade (meses) 12 18 30 46 55<br />

C. de variação Gl Quadradros médios<br />

Clones 9 9.088,46** 10.600,05** 31.976,38** 42.494,74** 72.779,48**<br />

Blocos 3 5.545,68 3.420,75 3.871,55 20.976,54 33.982,89<br />

Resíduo 27 1.423,21 1.223,99 2.472,19 3.400,15 5.992,12<br />

CV 52,77 50,88 31,90 24,17 23,95<br />

Perímetro de caule de porta-enxerto (cm)<br />

Clones 9 36,51** 52,84* 274,95** 551,24** 596,01**<br />

Blocos 3 98,54 43,41 100,47 356,94 471,57<br />

Resíduo 27 13,58 24,51 41,39 90,52 162,20<br />

CV 40,78 38,82 23,65 23,63 23,73<br />

Perímetro de caule de enxerto (cm)<br />

Clones 9 38,46** 56,38** 159,76** 359,96** 716,99**<br />

Blocos 3 88,55 44,31 153,22 419,87 840,65<br />

Resíduo 27 10,64 19,51 41,31 78,84 166,46<br />

CV 43,43 41,12 24,61 23,47 25,03<br />

Relação entre perímetro de caule de enxerto e de porta-enxerto<br />

Clones 9 0,0296** 0,0659** 0,2130** 0,0711** 0,0690**<br />

Blocos 3 0,0198 0,0143 0,0247 0,0107 0,0045<br />

Resíduo 27 0,0093 0,0093 0,0073 0,0056 0,0061<br />

CV 11,75 11,54 8,82 7,93 8,13<br />

* houve diferenças estatisticamente significativas pelo teste F (p>0,05).<br />

** houve diferenças estatisticamente significativas pelo teste F (p>0,01).<br />

46


47<br />

TABELA 6 – Altura de planta (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro<br />

do Norte, CE, 2005.<br />

Idade 12 meses 18 1 meses 30 meses 46 meses 55 meses<br />

Porta-enxerto<br />

Copa<br />

Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro<br />

Capuan 58,13deA 76,75bcdA 57,31cdA 76,94bcA 143,69deA 159,63cdeA 236,25cdA 254,62bcdA 295,75cB 314,77cA<br />

Curimatã 63,81cdeA 48,40deA 53,44cdA 40,88dA 130,44efA 126,94efA 213,33dA 214,29dA 286,60cB 316,71cA<br />

Gereau 99,57abA 108,44aA 91,56abA 113,00aA 178,13bcdA 221,94aA 273,13abcA 313,75aA 343,19bcB 418,00aA<br />

Ld. Grande 48,56deA 35,87eA 41,19dA 40,13dA 93,00fA 98,47fA 151,33eA 158,33eA 209,80dB 223,58dA<br />

Lg. Redonda 90,50abcA 87,77abcA 94,63abA 76,75bcA 212,63abA 190,06abcA 295,07abA 279,33abcA 411,87aB 384,40abA<br />

Médias 72,11 71,44 67,62 70,14 151,57 159,40 233,82 244,06 309,44 331,49<br />

1<br />

As plantas foram podadas em março e julho de 2001.<br />

Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p


A B<br />

FIGURA 3 – Árvores de cajazeira dos clones: A) Gereau e B) Ladeira Grande com cinco anos<br />

de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

4.1.2 Perímetros de Caule da Planta Enxertada<br />

O perímetro de caule é representativo das variações de crescimento secundário<br />

produzido pelo câmbio vascular, determinante do aumento em diâmetro de eudicotiledôneas<br />

lenhosas (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001).<br />

As diferenças de espessura entre hipóbio e epíbio são freqüentemente utilizadas<br />

<strong>para</strong> caracterizar o tipo de crescimento e possíveis reações de incompatibilidade nas plantas<br />

enxertadas.<br />

Pela análise de variância, observa-se <strong>para</strong> a variável perímetro de caule do portaenxerto<br />

que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos, em todas as<br />

idades estudadas, também se nota uma redução nos valores dos coeficientes de variação, ao<br />

longo dos anos, com uma estabilização nos três últimos anos (Tabela 5).<br />

Na idade de 12 meses, o porta-enxerto de cajazeira enxertado sob o clone Gereau<br />

teve o maior perímetro de caule (11,93 cm), mas sem diferir estatisticamente do Capuan<br />

enxertado sobre cajazeira e umbuzeiro e do Lagoa Redonda sobre umbuzeiro, sendo os dois<br />

últimos estatisticamente semelhantes. O porta-enxerto de umbuzeiro enxertado com o clone<br />

Ladeira Grande teve o menor perímetro de caule (7,0 cm). Os dois porta-enxertos enxertados<br />

48


com o clone Curimatã ti<strong>ver</strong>am perímetros de caule intermediários, juntamente com o<br />

umbuzeiro enxertado com o Lagoa Redonda. Aos 18 meses, os porta-enxertos de umbuzeiro e<br />

cajazeira enxertados com Gereau ti<strong>ver</strong>am os maiores perímetros de caule (15,06 cm e 15,19<br />

cm, respectivamente), mas não diferiram estatisticamente dos enxertados com Capuan, Lagoa<br />

Redonda e Curimatã sobre cajazeira. Os porta-enxertos de umbuzeiro e cajazeira enxertados<br />

com Ladeira Grande ti<strong>ver</strong>am os menores perímetros de caule, 10,47 cm e 10,50 cm,<br />

respectivamente. Na idade de 30 meses, os porta-enxertos de cajazeira enxertados com os<br />

clones de Gereau (32,68 cm), Lagoa Redonda (32,63 cm), Curimatã (29,81 cm) e Capuan<br />

(30,56 cm) ti<strong>ver</strong>am os maiores perímetros e não diferiram estatisticamente entre si. Os portaenxertos<br />

de umbuzeiro enxertados com os clones Capuan, Curimatã e Lagoa Redonda ti<strong>ver</strong>am<br />

perímetros de caule intermediários e foram estatisticamente semelhantes. O porta-enxerto de<br />

umbuzeiro enxertado com o Ladeira Grande teve o menor perímetro de caule (20,40 cm). Aos<br />

46 e 55 meses, os porta-enxertos de cajazeira ti<strong>ver</strong>am os maiores perímetros de caule quando<br />

enxertados com Gereau (48,0 e 58,54 cm) e Lagoa Redonda (48,66 e 66,66 cm),<br />

respectivamente, mas ambos não diferiram estatisticamente. Enquanto isso, os porta-enxertos<br />

de umbuzeiro ti<strong>ver</strong>am os menores perímetros quando enxertados com os clones Ladeira<br />

Grande (31,08 e 44,63 cm) e Curimatã (32,71 e 44,28 cm), respectivamente, que também não<br />

diferiram estatisticamente entre si (Tabela 7).<br />

Ainda na Tabela 7, <strong>ver</strong>ifica-se que o teste F detectou diferenças significativas<br />

entre os dois porta-enxertos, nas idades de 46 e 55 meses, sendo evidentes os maiores<br />

perímetros de caule dos porta-enxertos de cajazeira, quando com<strong>para</strong>dos com os de<br />

umbuzeiro em todos os clones.<br />

No período avaliado, observa-se que os perímetros de caule dos porta-enxertos de<br />

cajazeira variaram de 7,31 cm no Ladeira Grande a 66,66 cm no Lagoa Redonda e os de<br />

umbuzeiro, de 7,0 cm no Ladeira Grande a 52,53 cm no Gereau. A ocorrência de maiores<br />

valores de perímetro de caule nos porta-enxertos de cajazeira deve-se à presença característica<br />

de casca grossa e rugosa nos troncos dessa espécie, diferentemente dos do umbuzeiro, que<br />

possuem casca fina e lisa. (Figura 3).<br />

49


TABELA 7 – Perímetro de caule de porta-enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em<br />

cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

Idade 12 meses 18 1 meses 30 meses 46 meses 55 meses<br />

Porta-enxerto<br />

Copa<br />

Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro<br />

Capuan 9,00abcdA 10,31abcA 13,13abcA 13,50abcA 30,56abA 24,56cdA 45,06abA 36,31cdB 66,26abA 45,00cB<br />

Curimatã 8,56bcdA 7,53cdA 12,00abcA 11,06bcA 29,81abA 23,12cdA 42,53abcA 32,71dB 54,33abcA 44,28cB<br />

Gereau 11,93aA 10,69abA 15,19aA 15,06aA 32,68aA 26,87bcA 48,00aA 41,87abcB 58,54abA 52,53bcB<br />

Ld. Grande 7,31cdA 7,00dA 10,50cA 10,47cA 26,87bcA 20,40dA 37,60bcdA 31,08dB 51,14bcA 44,43cB<br />

Lg. Redonda 9,31abcdA 8,85bcdA 14,62abA 11,87abcA 32,63aA 24,12cdA 48,66aA 35,00cdB 66,66aA 47,87bcB<br />

Médias 9,22 8,87 13,08 12,39 30,51 23,81 44,37 35,39 59,38 46,82<br />

1<br />

As plantas foram podadas em março e agosto de 2001.<br />

Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p


Pela análise de variância, observa-se, <strong>para</strong> a variável perímetro de caule do<br />

enxerto, que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos em todas as<br />

idades estudadas, e também uma redução nos valores dos coeficientes de variação, ao longo<br />

dos anos, com uma estabilização nos três últimos anos (Tabela 5).<br />

Pela Tabela 8, observa-se, aos 12 meses de idade, que o clone Gereau teve o<br />

maior perímetro de caule do enxerto, quando enxertado sobre cajazeira (10,64 cm) e sobre<br />

umbuzeiro (9,25 cm), mas sem diferir estatisticamente deste e do Capuan sobre umbuzeiro,<br />

que, por sua vez, também não diferiu do Gereau e Lagoa Redonda enxertados sobre<br />

umbuzeiro e Capuan e Lagoa Redonda enxertado sobre cajazeira.<br />

Em todas as idades, observa-se que o clone Gereau teve os maiores perímetros de<br />

caule do enxerto sobre ambos os porta-enxertos, enquanto o Ladeira Grande teve os menores.<br />

Os clones de Capuan, Curimatã e Lagoa Redonda, notadamente quando enxertados sobre<br />

umbuzeiro, manti<strong>ver</strong>am-se com perímetros intermediários. Claramente o genótipo de Gereau<br />

teve um potencial de crescimento secundário superior ao do clone de Ladeira Grande.<br />

Ainda na Tabela 8, <strong>ver</strong>ifica-se que o teste F detectou diferenças significativas<br />

entre perímetros de caule do enxerto sobre os dois porta-enxertos, nas idades de 46 e 55<br />

meses, sendo evidentes os maiores perímetros de caule dos enxertos quando enxertados sobre<br />

cajazeira do que quando sobre umbuzeiro, em todos os clones.<br />

51


52<br />

TABELA 8 – Perímetro de enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades.<br />

Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

Idade 12 meses 18 1 meses 30 meses 46 meses 55 meses<br />

Porta-enxerto<br />

Copa<br />

Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro<br />

Capuan 6,81bcA 9,00abA 10,18bcdA 12,31abcA 25,12cdA 26,31bcdA 40,00abcA 37,23bcdB 54,43abcdA 49,15bcdefB<br />

Curimatã 7,12bcA 5,73cA 10,20bcdA 9,25cdA 28,25abcA 23,93cdA 40,46abA 32,43dB 52,56abcdeA 42,75efB<br />

Gereau 10,64aA 9,25abA 13,25abA 14,00aA 31,50aA 30,18abA 44,68aA 43,06abB 61,87aA 58,40abcB<br />

Ld. Grande 6,00cA 5,86cA 8,25dA 9,06cdA 22,43dA 22,00dA 32,46dA 30,75dB 46,06edfA 41,58fB<br />

Lg. Redonda 7,56bcA 7,23bcA 10,81abcdA 9,94bcdA 26,93abcdA 24,18cdA 41,13abA 33,26cdB 59,53abA 48,00cdefB<br />

Médias 70,62 7,41 10,53 10,91 26,84 25,32 39,74 35,34 54,89 47,97<br />

1 As plantas foram podadas em março e agosto de 2001.<br />

Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p


Confrontando-se os valores de altura de planta e perímetros de caule de portaenxerto<br />

e enxerto, vê-se que estas variáveis parecem estar positivamente associadas. Os<br />

clones Gereau e Lagoa Redonda ti<strong>ver</strong>am as maiores alturas e também os maiores perímetros<br />

de caule de porta-enxerto e enxerto. Por sua vez, o clone Ladeira Grande teve a menor altura<br />

de planta e os menores perímetros de caule de porta-enxerto e enxerto. Referida<br />

correspondência é um indicativo da adequabilidade dessas variáveis <strong>para</strong> estimar o<br />

crescimento vegetativo da planta. Nessas variáveis também observou-se uma redução nos<br />

valores dos coeficientes de variação ao longo dos anos (Tabela 5). Tal fato é explicado,<br />

provavelmente, pela diminuição da variância entre os tratamentos.<br />

A razão entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto foi<br />

determinada com o objetivo de se estabelecer o grau de diferenças de diâmetros das partes<br />

enxertadas.<br />

Pela análise de variância, observa-se, <strong>para</strong> a relação perímetro de caule do enxerto<br />

e do porta-enxerto, que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos em<br />

todas as idades estudadas (Tabela 5).<br />

Na Tabela 9, aos 12 meses de idade, observa-se que todas as relações foram<br />

inferior à unidade, sendo a maior relação a do clone Gereau (0,90) e a menor a do Capuan<br />

(0,76), ambos enxertados sobre cajazeira. Nota-se também que o clone Gereau, enxertado<br />

sobre os dois porta-enxertos, teve as maiores razões que todos os demais clones até os 18<br />

meses de idade das plantas. Já dos 30 aos 55 meses, as maiores razões se manti<strong>ver</strong>am apenas<br />

no clone Gereau enxertado sobre umbuzeiro. Nos porta-enxertos de cajazeira, os clones Lagoa<br />

Redonda e Ladeira grande ti<strong>ver</strong>am as menores razões de perímetros (enxerto e porta-enxerto)<br />

nas idades estudadas.<br />

Ainda na Tabela 9, <strong>ver</strong>ifica-se que o teste F detectou diferenças significativas<br />

entre as relações de perímetros de caule:de enxerto e porta-enxerto sobre os dois portaenxertos<br />

em todas as idades avaliadas, com exceção dos 12 meses. As razões de perímetro de<br />

caule de enxerto e porta-enxerto foram mais elevadas <strong>para</strong> o porta-enxerto de umbuzeiro do<br />

que <strong>para</strong> o de cajazeira em todas as idades a partir dos 18 meses. Aos 30 meses, essas razões<br />

<strong>para</strong> o umbuzeiro foram iguais ou maiores do que 1,0 em todos os clones. Aos 46 e 55 meses,<br />

apenas os clones Gereau e Capuan e Lagoa Redonda manti<strong>ver</strong>am-se com razões um pouco<br />

maiores do que a unidade, ou seja, os caules dos enxertos de cajazeira foram mais grossos do<br />

que os do porta-enxerto de umbuzeiro, formando troncos em formato de “taça”.<br />

Contrariamente, essas razões foram sempre menores que 1,0 <strong>para</strong> os porta-enxertos de<br />

cajazeira, formando troncos com aparência de “garrafa”.<br />

53


Referidas diferenças de diâmetro, assim descritas, podem ser observadas na<br />

Figura 4, onde nota-se que também houve uma boa cicatrização entre as partes enxertadas.<br />

As diferenças encontradas na razão entre perímetros de caule de enxerto e portaenxerto<br />

foram pequenas em valores e magnitude, mas significativas. Até a idade observada,<br />

não pareceram exercer influências negativas no crescimento vegetativo das plantas e não<br />

caracterizaram uma incompatibilidade entre as partes enxertadas. Além do mais, a união das<br />

partes enxertadas foi aparentemente perfeita em ambos os porta-enxertos (Figura 4). A leve<br />

hipertrofia no porta-enxerto de umbuzeiro também foi constatada por Souza e Bleicher (2002)<br />

em clones de cajazeira com 46 meses de idade, os quais, até a presente data, continuam em<br />

pleno desenvolvimento na Estação Experimental da <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, em<br />

Pacajus, CE.<br />

A hipertrofia, quando muito acentuada, pode reduzir a vida útil da planta, por<br />

afetar o movimento de água, nutrientes, íons, sais minerais e fotoassimilados pelo sistema<br />

vascular, constituindo, em di<strong>ver</strong>sos casos, causas de incompatibilidade (HARTMANN et al.,<br />

2002). No <strong>texto</strong> desses mesmos autores, há indicação de que a hipertrofia ou hipotrofia do<br />

enxerto está mais relacionada com uma tendência genética de crescimento do que com<br />

incompatibilidade.<br />

54


55<br />

TABELA 9 – Relação entre perímetro de caule de enxerto e de porta-enxerto de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira<br />

e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

Idade 12 meses 18 1 meses 30 meses 46 meses 55 meses<br />

Porta-enxerto<br />

Copa<br />

Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro<br />

Capuan 0,76cA 0,86abA 0,79deB 0,90abA 0,81eB 1,07bA 0,89cdB 1,03aA 0,90dB 1,10aA<br />

Curimatã 0,83abcA 0,76cA 0,81cdB 0,83bcdA 0,94dB 1,03bcA 0,94bcB 1,00abA 0,93cdB 0,99bcA<br />

Gereau 0,90aA 0,87abA 0,87abcB 0,94aA 0,95dB 1,13aA 0,93cB 1,04aA 0,95bcdB 1,09aA<br />

Ld. Grande 0,82bcA 0,83abcA 0,76deB 0,87bcA 0,83eB 1,08abA 0,86dB 0,99abA 0,88dB 0,96bcdA<br />

Lg. Redonda 0,79bcA 0,80bcA 0,73eB 0,82cdA 0,83eB 1,00cdA 0,85dB 0,95bcA 0,88dB 1,01bA<br />

Médias 0,82 0,82 0,79 0,87 0,87 1,06 0,89 1,00 0,90 1,03<br />

1<br />

As plantas foram podadas em março e agosto de 2001.<br />

Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p


A B C<br />

FIGURA 4 – Detalhes de troncos de cajazeira enxertada sobre umbuzeiro (A e B) e cajazeira<br />

(C) na linha de união. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

4.2 Formato de Copa<br />

O grau de dominância apical é determinante da forma da planta. Plantas com forte<br />

dominância apical têm um único eixo de crescimento e poucas ramificações laterais (TAIZ;<br />

ZAIGER, 2004). Em condições naturais, a cajazeira é uma árvore caducifólia, de crescimento<br />

indeterminado e com tendência a formar, durante sua fase juvenil, caules monopodias longos<br />

com copas que esgalham a vários metros de altura do solo (SOUZA; BLEICHER, 2002).<br />

Difere de outras árvores frutíferas da família Anacardiaceae, como o cajueiro, a mangueira e<br />

o umbuzeiro, que têm tendência a formar copas mais simpodiais, com ramificações densas e<br />

mais baixas em relação ao solo. No <strong>texto</strong> de Kramer e Kozlowski (1979), há indicação de que<br />

uma mudança na forma da copa, em árvores adultas, está associada à inibição progressiva do<br />

crescimento caulinar, à perda da dominância apical e à condição de senescência. Tais fatores<br />

determinam uma ramificação gradual da árvore, possibilitando a formação de uma copa de<br />

topo achatada.<br />

Os formatos de copa das diferentes combinações de clones enxertados de<br />

cajazeira, até os 30 meses de idade, encontram-se apresentados na Tabela 10. Observa-se que,<br />

aos 12 meses de idade, todos os clones de cajazeira tinham uma alta percentagem de plantas<br />

com copas em formato monopodial, variando de 64,5%, no clone Ladeira Grande a 90,6% no<br />

Capuan, o que confirma a forte dominância apical da espécie, mantida até mesmo em clones<br />

enxertados. Aos 18 e 30 meses de idade, <strong>ver</strong>ifica-se uma considerável diminuição na<br />

56


proporção de plantas com copa de formato monopodial em todos os clones e correspondentes<br />

aumentos nas percentagens de planta com copas bifurcada (em forma de Y ou gancho) e<br />

simpodial. Aos 30 meses, as percentagens de plantas com copa bifurcada variaram de 6,3% no<br />

clone Gereau a 25,8% no Ladeira Grande, e as de plantas com copa simpodial, de 56,5% no<br />

Curimatã a 84,4% no Gereau.<br />

Na mesma tabela, observa-se que, aos 12 meses de idade, em média 76% dos<br />

clones de cajazeira tinham tendência natural a formar copas monopodias, 17% copas<br />

bifurcadas e 6,4% copas simpodiais. Comprova-se, portanto, a tendência da cajazeira a formar<br />

copas monopodias e bifurcadas, conforme ocorre com tal planta em condições naturais.<br />

As variações das proporções de plantas bifurcadas aos 12, 18 e 30 meses de idade<br />

devem-se ao fato de muitas plantas, em resposta à poda, terem sofrido modificação em seus<br />

formatos de copa, de monopodial <strong>para</strong> simpodial diretamente, enquanto outras passaram<br />

primeiro <strong>para</strong> o formato bifurcada e depois <strong>para</strong> o simpodial. Corroborando o referido,<br />

observou-se que, dos 12 <strong>para</strong> os 30 meses de idade, houve um aumento considerável de<br />

plantas com copas simpodial, com variação de 56,5% a 84,4% e média de 72,4% (Tabela 10).<br />

TABELA 10 – Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos de<br />

cajazeira sobre dois porta-enxertos em três idades (meses). Limoeiro do<br />

Norte, CE, 2005.<br />

Copa<br />

Monopodial<br />

12 18 30<br />

Bifurcada<br />

12 18 30<br />

Simpodial<br />

12 18 30<br />

Capuan 90,6 1<br />

28,1 3,1 9,4 31,3 25,0 0,0 40,6 71,9<br />

Curimatã 67,7 56,3 6,3 29,0 15,6 12,5 2,2 19,6 56,5<br />

Gereau 83,3 37,5 9,4 13,3 21,9 6,3 3,3 40,6 84,4<br />

Ladeira Grande 64,5 61,3 3,2 16,1 16,1 25,8 19,4 22,6 71,0<br />

Lagoa Redonda 75,9 31,3 6,3 17,2 15,6 15,6 6,9 53,1 78,1<br />

Médias 76,4 43,0 5,7 17,0 20,1 17,0 17,0 35,3 72,4<br />

1<br />

Dados analisados por procedimentos de estatística descritiva.<br />

Na Tabela 11, são encontradas as proporções de plantas com os diferentes<br />

formatos de copa nos porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro. Aos 12 meses de idade, as<br />

plantas enxertadas sobre umbuzeiro tinham 89,3% de copas monopodiais e as enxertadas<br />

sobre cajazeira, 64,1%, indicando que o umbuzeiro, apesar de ter uma copa com formato<br />

simpodial, não transferiu essa característica <strong>para</strong> os clones. Se confirma, assim, a forte<br />

dominância apical dos clones na fase juvenil.<br />

Na mesma tabela, observa-se, aos 12 meses de idade, que o formato de copa<br />

bifurcada aparece em 9,3% nas plantas enxertadas sobre umbuzeiro e em 24,4% nas formadas<br />

57


sobre cajazeira. Aos 18 e 30 meses de idade, <strong>ver</strong>ifica-se uma grande diminuição do formato<br />

de copa monopodial nas plantas enxertadas sobre ambos os porta-enxertos, notadamente aos<br />

30 meses, quando as percentagens foram de 2,5% nos de cajazeira e de 8,9% nos de<br />

umbuzeiro.<br />

Pela Tabela 11, notam-se as baixas percentagens de plantas com o formato de<br />

copa simpodial aos 12 meses de idade, sendo de 1,3% <strong>para</strong> as enxertadas sobre umbuzeiro e<br />

de 11,5% <strong>para</strong> as formadas sobre cajazeira. O formato de copa simpodial foi sempre<br />

crescente, nas três idades, devido a tanto as plantas com copas monopodiais como as<br />

bifurcadas se modificarem <strong>para</strong> simpodiais com o aumento da idade. Tal modificação é, em<br />

grande parte, resultante das podas de formação realizadas aos 12 e 18 meses de idade, que<br />

quebraram sua dominância apical (Figura 5).<br />

TABELA 11 – Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos de<br />

cajazeira enxertados sobre cajazeira e umbuzeiro, em três idades (meses).<br />

Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

Porta-enxerto<br />

Monopodial<br />

12 18 30<br />

Bifurcada<br />

12 18 30<br />

Simpodial<br />

12 18 30<br />

Cajazeira 64,1 1 32,5 2,5 24,4 22,5 16,3 11,5 45,0 81,3<br />

Umbuzeiro 89,3 53,2 8,9 9,3 17,7 17,7 1,3 29,1 73,4<br />

Médias 76,7 42,9 5,7 16,9 20,1 17,0 6,4 37,0 77,4<br />

1<br />

Dados analisados por procedimentos de estatística descritiva.<br />

Em resumo, não foi possível se constatar efeito do porta-enxerto sobre o formato<br />

de copa dos clones de cajazeira. Apesar de o umbuzeiro, em condições naturais, formar copas<br />

simpodiais e mais baixas em relação ao solo do que a cajazeira, essa característica não foi<br />

transferida <strong>para</strong> as plantas enxertadas. A poda de formação contribuiu <strong>para</strong> o aumento das<br />

percentagens de plantas com formato de copa bifurcada e simpodial.<br />

A B C<br />

FIGURA 5 – Plantas enxertadas de cajazeira com formatos de copa: A) monopodial, B)<br />

bifurcada, em forma de Y e C) simpodial. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

58


4.3 Senescência, Abscisão, Emissão de Folhas e de Ramos<br />

Folhas e várias estruturas reprodutivas das plantas caem por abscisão natural, por<br />

fatores mecânicos ou pela combinação dos dois. As plantas, durante seu curso de<br />

desenvolvimento, perdem sistemas inteiros de órgãos através de senescência, abscisão e<br />

cessamento da atividade meristemática em tecidos somáticos – esses são exemplos de<br />

“decisões de vida ou de morte feitas pelas plantas durante seus ciclos de vida” (BLEECKER;<br />

PATTERSON, 1997).<br />

Durante a condução do experimento, constatou-se que todos os clones de cajazeira<br />

são caducifólios, perdem anualmente todas as folhas, com início da abscisão foliar em julho e<br />

término em outubro, período dentro da estação seca do ano (Figura 6). Assim, a cajazeira é<br />

uma planta de crescimento periódico, cujas folhas caem antes da abertura das gemas, ficando<br />

a árvore inteiramente desfolhada por algumas semanas, de modo semelhante ao que ocorre<br />

com outras espécies de plantas lenhosas (LONGMAN; JENIK, 1974 apud KRAMER;<br />

KOZLOWSKI, 1979).<br />

FIGURA 6 – Plantas enxertadas de cajazeira, totalmente desfolhadas, em fase de repouso<br />

vegetativo, aos 55 meses de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

A senescência e a abscisão de todas as folhas da cajazeira a deixa com os ramos<br />

totalmente expostos à radiação solar. Como nessa época ocorrem altas temperaturas e intensa<br />

radiação solar, tais estruturas necessitam ser caiadas <strong>para</strong> se evitarem queimaduras e formação<br />

de ulcerações, já que a superfície branca reflete os raios solares. Além das folhas, notou-se<br />

que uma considerável quantidade de ramos dos clones de cajazeira entra em senescência<br />

anualmente. A maioria desses ramos surge na parte interna da copa de gemas da porção<br />

mediana dos caules principais. Inicialmente, esses ramos cessam seu crescimento; em<br />

59


seguida, secam e morrem. Na base da gema de onde brotaram, forma-se um nó, que<br />

gradualmente engolfa o ramo, o qual posteriormente desprende-se do caule e cai. Segundo<br />

indicação no <strong>texto</strong> de Kramer e Kozlowski (1979), senescência de ramos laterais pode ocorrer<br />

a partir de dois mecanismos distintos: abscisão <strong>ver</strong>dadeira de ramos – através de processos<br />

fisiológicos similares aos da abscisão foliar – e poda natural – através da morte de ramos, mas<br />

sem a formação de uma zona de abscisão. É provável que ambos os processos estejam<br />

envolvidos na cajazeira.<br />

Na Figura 7, constata-se que os fluxos de emissão de órgãos vegetativos (ramos,<br />

folíolos e folhas) e reprodutivos (panículas, flores e frutos) da cajazeira concentram-se no<br />

período de novembro a janeiro. De fe<strong>ver</strong>eiro a março, primeira metade do período chuvoso,<br />

há uma diminuição acentuada de emissão de órgãos, com cessação no final de março. A partir<br />

de então, ocorre apenas o complemento do desenvolvimento dos ramos, folhas e frutos. A<br />

cajazeira, como grande parte das plantas do semi-árido, tem a diferenciação de gemas e<br />

emissão simultânea de brotações vegetativas e floríferas no período seco do ano (DUQUE,<br />

1980).<br />

FIGURA 7 – Emissão e desenvolvimento de brotações, folhas e flores de clones enxertados<br />

de cajazeira, no período de novembro a março, em três ciclos (2002/3; 2003/4 e<br />

2004/5). Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

60


Emissão:<br />

Folhas<br />

Brotações<br />

Panículas<br />

Frutos<br />

Abscisão folhas<br />

Período chuvoso Período seco<br />

Meses jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.<br />

FIGURA 8 – Representação das fenofases da cajazeira enxertada durante o ano. Limoeiro do<br />

Norte, CE, 2005.<br />

Na cajazeira, gemas intumescidas diferenciam-se concomitantemente em ramos<br />

apenas com folhas e outras com folhas e panículas. É comum, no início da diferenciação das<br />

gemas, ocorrer a emissão de panícula antes mesmo da emissão e desenvolvimento das folhas.<br />

Na Figura 8 foi feita uma tentativa de representação do ciclo fenológico da<br />

cajazeira, com base nos clones enxertados do experimento e nos anos observados.<br />

A ocorrência e a duração das fenofases, apesar de inerentes ao genótipo da planta,<br />

são fortemente influenciadas pelas condições climáticas prevalentes. A periodicidade de<br />

crescimento e desenvolvimento, assim como a de plantas lenhosas do semi-árido, está<br />

associada à variação desses fatores durante o ano, e, provavelmente, com a da umidade<br />

(hidroperiodismo) e temperatura (DUQUE, 1980).<br />

Observou-se também que os ramos vegetativos têm, no início de sua formação,<br />

casca fina e lisa e altas taxas de crescimentos primário e secundário, aumentando muito em<br />

comprimento e em espessura durante a fenofase que se inicia em novembro e prolonga-se até<br />

julho, início do repouso vegetativo. Os ramos mais velhos formam em suas cascas<br />

protuberâncias rugosas que aumentam gradativamente, deixando-os totalmente revestidos de<br />

casca grossa e rugosa (Figura 9). Essas protuberâncias rugosas parecem constituir uma<br />

característica morfológica da juvenilidade dos ramos, assim como o são os espinhos <strong>para</strong> os<br />

citros.<br />

61


FIGURA 9 – Detalhe de rugosidades que surgem em cascas de caules de cajazeira. Limoeiro<br />

do Norte, CE, 2005.<br />

Durante a condução do experimento, observou-se que as novas brotações surgem,<br />

freqüentemente, de ramos da última estação de crescimento ou mesmo daqueles de até três<br />

estações anteriores. As panículas originam-se somente de ramos lisos, sem rugosidades, e de<br />

fluxos de crescimento da estação. É comum, em algumas plantas, todas as brotações surgidas<br />

de ramos da estação de crescimento anterior produzirem inflorescências. Pode ocorrer<br />

também que uma brotação lateral se diferencie em inflorescência enquanto a terminal<br />

continua o crescimento vegetativo, ou mesmo o contrário. Brotações novas vegetativas e<br />

reprodutivas podem, porém, surgir de qualquer um dos fluxos de crescimento anteriores.<br />

Muitas vezes, um ramo da estação de crescimento se ramifica em três e todos se diferenciam<br />

em inflorescências. Nos ramos grossos internos da copa (pernadas), podem surgir brotações<br />

finas vegetativas ou reprodutivas, que senescem na época de abscisão foliar.<br />

No final de cada estação de crescimento, a gema apical aborta. Na próxima<br />

estação a subapical continuará o crescimento <strong>para</strong> o prolongamento do ramo. Nas brotações<br />

reprodutivas, a senescência da panícula funciona como uma poda natural, provocando a<br />

formação de copas simpodiais. Esse modelo de crescimento é descrito no <strong>texto</strong> de Kramer e<br />

Kozlowski, (1979), onde se afirma que os caules indeterminados (simpodiais) das árvores não<br />

se desenvolvem a partir de gemas terminais <strong>ver</strong>dadeiras, mas sim de gemas secundárias<br />

axiais. O crescimento simpodial normalmente é resultado da ocorrência de uma estrutura<br />

reprodutiva no final de um ramo ou do abortamento do ápice de um caule.<br />

62


A Figura 10 representa as principais características externas do caule da cajazeira,<br />

que são muito semelhantes às das plantas lenhosas decíduas, como as do freixo-<strong>ver</strong>de,<br />

descritas por Raven, E<strong>ver</strong>t e Eichhorn (2001). Na referida figura, nota-se que, nos galhos em<br />

repouso vegetativo, as gemas tornam-se mais conspícuas, aglomerando-se nos ápices dos<br />

ramos ou nas axilas das folhas excisadas. A abscisão dos pecíolos das folhas deixa cicatrizes,<br />

nas quais se notam vestígios dos feixes vasculares, pontuações, logo abaixo das gemas. As<br />

zonas de abscisão produzem cicatrizes foliares que, com o crescimento secundário do caule,<br />

adensam-se e transformam-se em grupos de escamas das gemas apicais. Esses grupos de<br />

escamas podem ser usados <strong>para</strong> determinar a idade do caule. A parte do caule localizada entre<br />

dois grupos de cicatrizes corresponde a uma estação de crescimento. Lenticelas surgem como<br />

discretas elevações do caule.<br />

Fluxo de uma estação<br />

de crescimento<br />

FIGURA 10 – Representação de caules de cajazeira em fase de repouso vegetativo (caducos).<br />

Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

4.4 Floração e Produção de Frutos<br />

As copas das combinações enxertadas de cajazeira ti<strong>ver</strong>am uma fase juvenil<br />

relativamente longa, apesar de formadas com garfos apicais de plantas adultas. Referida<br />

63


juvenilidade foi, certamente, conseqüência da interação com o porta-enxerto juvenil obtido de<br />

semente, fato de comum ocorrência em outras espécies (HARTMANN et al., 2002).<br />

A primeira produção de frutos do pomar experimental foi reduzida, como era de<br />

se esperar, e ocorreu no período de fe<strong>ver</strong>eiro a maio de 2003. Apenas três plantas do clone<br />

Lagoa Redonda e três do Gereau produziram inflorescências, variando de 2 a 20 panículas por<br />

árvore e alguns cachos de frutos.<br />

A segunda produção de frutos ocorreu no período de novembro de 2003 a maio de<br />

2004 (safra 2003/2004), quando as plantas estavam no quarto ano de cultivo. Das 147 plantas<br />

avaliadas, 22 (15%) produziram frutos.<br />

Apesar de ter sido mais alta que a do primeiro período, a produção de frutos de<br />

cajá do período 2003/2004 foi, ainda, bastante reduzida.<br />

Na Figura 11, <strong>ver</strong>ifica-se que todos os clones ti<strong>ver</strong>am altas percentagens de<br />

plantas de nível zero (produção de nenhum cacho de fruto por planta), ou seja, um grande<br />

número de plantas improdutivas. Nenhum clone teve planta de nível 3 (produção maior que<br />

50 cachos de frutos por planta). Entre os clones, a variação de plantas improdutivas foi de<br />

66,7% a 100%, tendo sido o clone Capuan o mais tardio. Os outros clones ti<strong>ver</strong>am plantas<br />

produtivas na seguinte seqüência decrescente: Lagoa Redonda 33,3%, sendo 30% de plantas<br />

de nível 1 (produção de um a dez cachos de frutos por planta) e 3,3% de nível 2 (produção de<br />

11 a 50 cachos de frutos por planta); Gereau 18,8%, somente de plantas de nível 2; Ladeira<br />

Grande 18,5%, sendo 14,8% plantas de nível 2 e 3,7% de nível 1; e Curimatã 3,4%, com<br />

plantas de nível 1.<br />

A baixa frutificação e o baixo número de plantas produtivas com níveis 1 e 2 eram<br />

esperados, pois as plantas estavam no quarto ano de cultivo, não tendo, ainda, atingido a<br />

maturidade plena.<br />

64


FIGURA 11 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />

combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no período<br />

de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

Na Figura 12, nota-se a alta percentagem de plantas improdutivas (de nível 0),<br />

tanto nos clones enxertados sobre porta-enxerto de cajazeira (92,2%) como nos enxertados<br />

sobre umbuzeiro (77,1%). Entre os porta-enxertos, houve variação no número de plantas<br />

produtivas. O porta-enxerto de umbuzeiro teve 22,9% de plantas produtivas, sendo 20,0% de<br />

plantas de nível 1 e 2,9% de nível 2, enquanto o de cajazeira teve 7,8% plantas produtivas,<br />

somente de nível 1.<br />

65


FIGURA 12 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />

combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de<br />

cajazeira e umbuzeiro no período de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

A terceira frutificação das cajazeiras ocorreu no período de novembro de 2004 a<br />

maio de 2005 (safra 2004/2005), em seu quinto ano de cultivo. Das 140 plantas avaliadas, 91<br />

(65%) frutificaram, um aumento de 314% de plantas produtivas em relação às da safra de<br />

2003/2004. Apesar desse aumento de plantas produtivas, as plantas do pomar ainda não<br />

tinham atingido a total maturidade e fase de plena frutificação. Nessa safra, registrou-se<br />

produção em todos os clones. Pela Figura 13, observa-se que os clones Capuan (53,6%) e<br />

Curimatã (44,4%) ti<strong>ver</strong>am as maiores percentagens de plantas improdutivas e, assim como o<br />

Ladeira Grande, não ti<strong>ver</strong>am nenhuma planta produtiva de nível 3. Os outros clones ti<strong>ver</strong>am<br />

plantas produtivas na seguinte seqüência: Lagoa Redonda 96,2%, com 29,7% de plantas de<br />

nível 1, 29,6% de nível 2 e 37,0% de nível 3; Gereau 64,6%, com 22,6% de plantas nível 1,<br />

32,3% de nível 2 e 9,7% de nível 3; Ladeira Grande 62,9%, com 44,4% de plantas de nível 1<br />

e 18,5% de nível 2; Curimatã (55,5%, com 40,7% de plantas de nível 1 e 14,8% de nível 2; e<br />

o clone de Capuan 46,4%, com 32,1% de plantas de nível 1 e 14,3% de nível 2.<br />

De todos os clones, os Ladeira Grande e Gereau foram os mais produtivos, uma<br />

vez que ti<strong>ver</strong>am o maior número de plantas frutificando, notadamente de nível 3, com 37,0%<br />

e 9,7%, respectivamente.<br />

66


FIGURA 13 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />

combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no período<br />

de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

Na Figura 14, nota-se que a percentagem de plantas improdutivas (de nível 0), foi<br />

alta nos clones enxertados sobre cajazeira (56,9%) e baixa nos enxertados sobre umbuzeiro<br />

(11,8%). O porta-enxerto de umbuzeiro teve 88,2% de plantas produtivas, com 33,8% de<br />

plantas de nível 1, 36,8% de nível 2 e 17,6% de nível 3, enquanto o de cajazeira teve 43,0%<br />

de plantas produtivas, com 33,3% de plantas de nível 1, 8,3% de nível 2 e somente 1,4% de<br />

nível 3.<br />

As maiores percentagens de plantas produtivas de níveis 2 e 3, foram de 36,8% e<br />

17,6%, respectivamente, no porta-enxerto de umbuzeiro, contra 8,3% e 1,4% na mesma<br />

ordem, sobre cajazeira. Tais resultados são indicativos de uma possível influência do<br />

umbuzeiro no aumento da produtividade de frutos de cajazeira.<br />

67


FIGURA 14 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />

combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de<br />

cajazeira e umbuzeiro no período de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

Nas avaliações de produção de frutos, notou-se a existência de plantas dos clones<br />

Lagoa Redonda e Gereau muito produtivas, com cerca de 100 a 300 cachos por planta.<br />

Verificou-se também uma grande variabilidade no tamanho das panículas e número de frutos<br />

por cacho entre os clones, variando de 5 a 80, sendo comum encontrar cachos com 8, 14, 25,<br />

38, 56 e até com 80 frutos (Figura 15).<br />

A B C<br />

FIGURA 15 – Detalhe de estruturas reprodutivas de cajazeira: A) panícula; B e C) cachos<br />

com frutos em diferentes estágios de maturação. Limoeiro do Norte, CE, 2005<br />

68


O abortamento de frutos praticamente não ocorre na cajazeira, todas as flores<br />

fertilizadas completam o desenvolvimento dos frutos. Na Figura 16, pode-se observar plantas<br />

dos clones Lagoa Redonda e Capuan em plena produção de frutos na safra 2004/2005.<br />

Claramente, as plantas do pomar experimental encontram-se em transição da fase<br />

juvenil <strong>para</strong> a adulta, não tendo ainda atingido o estado de plena produção. Segundo Kester<br />

(1976), uma certa quantia de tempo e de crescimento podem ser necessárias antes do inicio da<br />

plena floração. Portanto, nessa fase de transição, é comum se observar um alto grau de<br />

variabilidade entre as plantas com relação ao seu desenvolvimento vegetativo e à atividade<br />

reprodutiva, não sendo possível tirar conclusões definitivas do potencial produtivo dos clones.<br />

No entanto, pelos dados de frutificação, nota-se uma maior proporção de plantas<br />

produtivas de nível 3 nos clones Lagoa Redonda e Gereau quando enxertados sobre<br />

umbuzeiro. Estes materiais, sem dúvida, se destacam por sua precocidade.<br />

A B<br />

FIGURA 16 – Árvores dos clones: A) Lagoa Redonda e B) Capuan, com 62 meses de idade<br />

em frutificação. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />

5 CONCLUSÕES<br />

Os resultados permitem concluir que as combinações de copas de cajazeira<br />

enxertadas sobre porta-enxertos de umbuzeiro e de cajazeira: i) formam clones vigorosos, que<br />

fixam os aspectos fenotípicos e morfológicos distintos a cada combinação, reduzem o porte<br />

das plantas, não alteram o padrão de crescimento do caule principal e o formato de copa; ii)<br />

formou plantas com troncos mais vigorosos nos porta-enxerto de cajazeira que nos de<br />

umbuzeiro; iii) produziu razões de perímetros de caule, enxerto e porta-enxerto maiores nas<br />

combinações com umbuzeiro, mas sem indícios de incompatibilidade; iv) aumentou o porte,<br />

69


precocidade e produtividade dos clones, notadamente do Gereau e Lagoa Redonda quando<br />

enxertados sobre umbuzeiro; v) é de menor porte no clone Ladeira Grande.<br />

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ADLER, G.H.; KIELPINSKI, K.A. Reprodutivy phenology of a tropical canopy tree,<br />

Spondias mombin. Biotropica, Washington, DC, v.32, n.4, p.686-692, 2000.<br />

AIRY SHAW, H.K.; FORMAN, L.L: The genus Spondias L. (Anacardiaceae) in tropical<br />

Asia. Kew Bulletin, London, v.21, n.1, p.1-20, 1967.<br />

AJAO, A. O.; SHONUKAN, O.; FEMI-ONADEKO, B. Antibacterial effect of aqueous and<br />

alcoholic extracts of S. mombin and Alchornea cordifolia – two local antimicrobial remedies.<br />

International Journal of Crude Drug Research, v.23, n.2, p.67-72, 1985.<br />

AZEVEDO, D.M.; MENDES, A.M.S.; FIGUEIREDO, A.F. Características da germinação e<br />

morfologia do endocarpo e plântula de taperebá (Spondias mombin L.) - Anacardiaceae.<br />

Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.26, n.3, p.534-537, dez. 2004.<br />

BAILEY, L.H. The standard cyclopedia of horticulture. New York: the MacMillan<br />

Company, 1963. p3216-3217.<br />

BANZATTO, D.A., KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. 3. ed. Jaboticabal, SP:<br />

FUNEP, 1995. 247p.<br />

BARROSO, G.M.; MORIM, M.P.; PEIXOTO, A.L.; ICHASO, C.L.F. Frutos e sementes:<br />

morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Viçosa:Uni<strong>ver</strong>sidade Federal de Viçosa,<br />

1999. 433p.<br />

BAWA, K.S. Breeding systems of tree species of a lowland tropical community. Evolution,<br />

Lancaster, PA, v.28, p.85-92, 1974.<br />

70


BERNARDI, J.; DENARDI, F.; HOFFMAN, A.. Cultivares e porta-enxertos. In:<br />

NACHTIGALL, GIR. (Ed.) Maçã: produção. Bento Gonçalves: <strong>Embrapa</strong> Uva e Vinho:<br />

Brasília: <strong>Embrapa</strong>- Informação Tecnológica, 2004 p.32-46. (Frutas do Brasil, 37).<br />

BERNIER, G; HAVELANGE, A.; HOUSSA, C.; PETIJEAN, A.; LEJEUNE., P.<br />

Physiological signals that induce flowering. Plant Cell, Rockville, MD, v.5. p.1147-1155,<br />

out. 1993.<br />

BEZERRA, J.E.F.; LEDERMAN, I.E. Propagação vegetativa de anonáceas por enxertia. In:<br />

SÃO JOSÉ, A.R.; SOUZA, I.V.B.; MORAIS, O.M.; REBOUCAS, T.N.H. Anonáceas:<br />

produção, e mercado (pinha, graviola, atemoia, e cherimólia). Vitória da Conquista: UESB,<br />

1997. p.61-67.<br />

BLEECKER, A.B.; PATTERSON, S.E. Last exit: senescence, abscission, and meristem arrest<br />

in arabidopsis. Plant Cell, Rockville, MD, v.9. n.7. p.1169-1179, jul. 1997.<br />

BONAVENTURE, L. A cultura da cherimoya e de seu híbrido, a atemoia. São Paulo:<br />

Nobel, 1999. 182p.<br />

BOURKE, D.O’D. Annona spp. In: GARNER, R.J. The propagation of tropical fruit trees.<br />

England: CAB, 1976. p.223-247.<br />

CAMPBELL, C. W., J. W.; SAULS. Spondias in Florida. Flórida: Uni<strong>ver</strong>sity of Florida.,<br />

1994. 3p. (Fruit Crops Fact Sheet FC-63).<br />

CARDOSO, E.A. Germinação, morfologia e embriologia de algumas espécies do gênero<br />

Spondias. 1992. 58p. Dissertação (Mestrado Produção Vegetal) Uni<strong>ver</strong>sidade Federal da<br />

Paraíba, Areia.<br />

CARVALHO, J.E.U.; de., NASCIMENTO, W.M.O. do.; MÜLLER, C.H. Características<br />

físicas e de germinação de sementes de espécies frutíferas nativas da Amazônia.<br />

Belém:<strong>Embrapa</strong>- CPATU, 19898.18p. (<strong>Embrapa</strong> CPATU. Boletim de Pesquisa, 203).<br />

CAVALCANTE, P.B. Frutas comestíveis da Amazônia, 3. ed. Belém: INPA, 1976. 166p.<br />

71


CHAUDHRI, S.A. Mangifera indica – Mango. In: GARNER, R.J. The propagation of<br />

tropical fruit trees. England: CAB, 1976. p.403-474.<br />

CLARK, J.R. Age-related changes in trees. Journal of Arboriculture, Urbana, n.9, p.201-<br />

205, 1983.<br />

COELHO, Y. da S. Lima ácida ‘Tahiti’ <strong>para</strong> exportação: aspectos técnicos da produção.<br />

Brasília: EMBRAPA-SPI, 1993. 35p. (Série Publicações Técnicas FRUPEX, 1).<br />

COELHO, Y. da S. Tangerina <strong>para</strong> exportação: aspectos técnicos da produção. Brasília:<br />

EMBRAPA-SPI, 1996. 42p. (Série Publicações Técnicas FRUPEX, 24).<br />

COSTA, N.P. da. Desenvolvimento, maturação e conservação pós-colheita de frutos da<br />

cajazeira (Spondias mombin L.). 1998. 97p. Dissertação (Mestrado Produção Vegetal)<br />

Uni<strong>ver</strong>sidade Federal da Paraíba, Areia.<br />

COSTA, P.C. da.; MÜLLER, C.H. Fruticultura tropical: O biribazeiro Rollinia mucosa<br />

(Jacq.) Baill. Belém:<strong>Embrapa</strong>-CPATU, 1995. 35p. (<strong>Embrapa</strong>-CPATU. Documentos, 84).<br />

CRISÓSTOMO, J.R.; BARROS, L. de M.; CAVALCANTI, J.J.V.; CAVALCANTE<br />

JUNIOR, A.T. Efeito de porta-enxertos na produção de castanha de um clone de cajueiro<br />

anão precoce. Fortaleza: <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, 2000. 3p. (<strong>Embrapa</strong> Agroindústria<br />

Tropical. Comunicado Técnico, 45).<br />

CROAT, T.B. A case for selection for deayed fruit maturation in spondias (Anacardiaceae).<br />

Biotropica, Washington, v.6, n.2. p.135-137, 1974.<br />

CROAT, T.B. A reconsideration of Spondias mombin L. (Anacardiaceae). Annals of the<br />

Missouri Botanical Gardens. v.61. p.483-90, 1978.<br />

CUNHA, G.A.P. da; SAMPAIO, J.M.M.; NASCIMENTO, A.S. do; SANTOS FILHO, H.P.;<br />

MEDINA, V.M. Manga <strong>para</strong> exportação: aspectos técnicos da produção. Brasília:<br />

EMBRAPA SPI, 1994. 35p. (Série Publicações Técnicas FRUPEX, 8).<br />

72


DENARDI, F. Porta-enxertos. In: BLEICHER, J.; BENDER, R.J. Manual da cultura da<br />

macieira. Florianópolis: EMPASC, 1986. p. 92-132.<br />

DONADIO, L.C. Abacate <strong>para</strong> exportação: aspectos técnicos da produção. Brasília:<br />

EMBRAPA SPI, 1995. 53p. (Série Publicações Técnicas FRUPEX, 2).<br />

DUQUE, J.G. O nordeste e as lavouras xerófilas. 3. ed. Mossoró: Escola Superior de<br />

Agricultura de Mossoró/Fundação Guimarães Duque, 1980. 316p.<br />

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de<br />

solos. Brasília: <strong>Embrapa</strong> Produção de Informação; Rio de Janeiro: <strong>Embrapa</strong> Solos, 1999.<br />

412p.<br />

EMBRAPA. II Plano diretor <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical 2000-2003. Fortaleza:<br />

<strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, 2000. 34 p. (<strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical. Documentos,<br />

39).<br />

EMBRAPA. Plano diretor do Centro Nacional de Pesquisa de Agroindústria Tropical-<br />

CNPAT, 1993-1998. Fortaleza: 1993. 41p.<br />

FAÇANHA, R.E. Enraizamento de estacas de caule de umbu-cajá (Spondias sp.). 1997.<br />

24p. Monografia (Bacherelado) Uni<strong>ver</strong>sidade Federal do Ceará, Fortaleza.<br />

FACHINELLO, J.C.; LORETI, F. Porta-enxertos <strong>para</strong> frutas de caroço. I- Novas opções com<br />

materiais de origem clonal, sementes e híbridos. Revista Brasileira de Fruticultura,<br />

Jaboticabal, v.22, n.3, p.481-482, dez. 2000.<br />

FACHINELLO, J.C.; SILVEIRA, C.A.P.; RODRIGUES, A.C.; STRELOW, E.Z. Avaliação<br />

da resistência de porta-enxertos <strong>para</strong> pessegueiro e ameixeira aos nematóides causadores de<br />

galha (Meloidogyne spp). Ciência Rural, Santa Maria, v.30, n.1, 2000.<br />

FALCÃO, M. de A.; CLEMENT, C.R.; GOMES, J.B.M. Fenologia e produtividade da sorva<br />

(Couma utilis (Mart.) Muell. Arg.) na Amazônia Central. Acta Botânica Brasileira, São<br />

Paulo, v.17, n.4, p.8p. out.-dez. 2003.<br />

73


FINARDI, N.L. Método de propagação e descrição de porta-enxertos. Ed. In: MEDEIROS,<br />

C.A.B.; RASIER, M. do C.B. A cultura do pessegueiro. Brasília: EMBRAPA-SPI; Pelotas<br />

<strong>Embrapa</strong>-CPACT, 1998. p.100-129.<br />

FIRMINO, J.L.; ALMEIDA, M.C.; TORRES, S.B. Efeito da escarificação e da embebição<br />

sobre a emergência e desenvolvimento de plântulas de cajá (Spondias lutea L.). Revista<br />

Brasileira de Sementes, Brasília, v.19, n. 1, p.125-8, 1997.<br />

FRANCIS, J.K. Spondias mombin L. Hogplum. SO-ITF-SM-51. New Orleans: Department<br />

of Agriculture Forest Service Southern Forest Experiment Station, 1992.4p. Disponível em<br />

. Acesso em: 04.04.05.<br />

FROTA, P.C.E. Clima e solo. In. LIMA, V. de P.M.S. Cultura do cajueiro no Nordeste do<br />

Brasil. Fortaleza:Etene, 1998. p.63-80. (Estudos Econômicos e Sociais, 35).<br />

GIACOMETTI, D.C. Recursos genéticos de fruteiras nativas do Brasil. In: SIMPÓSIO<br />

NACIONAL DE RECURSOS GENÉTICOS DE FRUTEIRAS NATIVAS, 1992, Cruz das<br />

Almas, Anais... Cruz das Almas: EMBRAPA-CNPMF, 1993. p.13-27.<br />

GUERRA, M. dos S. Citogenética de angiospermas coletadas em Pernambuco. Revista<br />

Brasileira de Genética, Ribeirão Preto, v.9, n.1, p.21-40, 1986.<br />

HACKETT, W.P. Juvenility, maturation and rejuvenation in woody plants. Hortic. Rev. v.7,<br />

p. 109-155, 1985.<br />

HACKETT, W.P. Donor plant maturation and adventitious root formation. In: DAVIS, T.D.;<br />

HAISSIG, B.E.; SANKLA, N. Adventitious root formation in cuttings. Portland,<br />

Dioscorides Press. p.11-28. 1988.<br />

HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.; DAVIES JUNIOR., F.T.; GENEVE, R.L. Plant<br />

propagation: principles and practices. 7. ed. New Jersey: PRENTICE-HALL, 2002. 880p.<br />

74


JANICK, J. Orientação do crescimento da planta. In: Janick, J. A ciência da horticultura. 2<br />

ed. Rio de Janeiro:Freitas Bastos, 1968, p. 202-237.<br />

JOLY, A.B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 13. ed. São Paulo: Companhia Editora<br />

Nacional, 2002. 777p.<br />

KERSTETTER, R.A.; HAKE, S. Shoot meristem formation in vegetative development. Plant<br />

Cell, Rolkville, MD, v.9, n.7, p.1001-1010, jul. 1997.<br />

KESTER. D. E. The clone in horticulture. HortScience, Alexandria, v. 18, n. 6, p. 831-837,<br />

1983.<br />

KESTER. D. E. The relationship of juvenility to plant propagation. Proc. Intl. Plant Proc.<br />

Soc. v.26, p.71-84, 1976.<br />

KOLLER, O.C. Abacaticultura. 2. ed. Porto Alegre: UFRG, 1992. 138p.<br />

KRAMER, P.J.; KOZLOWSKI, T.T. Physiology of woody plants. New York: Academic<br />

Press, 1979. 811p.<br />

KUNH, G.B.; LOVATEL, J.L.; PREZOTTO, O.P.; RIVALDI, O.F.: O cultivo da videira:<br />

informações básicas. 2. ed. Bento Gonçalves: EMBRAPA-CNPUV, 1986, 42p. (EMBRAPA-<br />

CNPUV. Circular Técnica, 10).<br />

LEITE, J.B.V.; MARTINS, A.B.G.; RAMOS, J.V. Avaliação preliminar de clones de<br />

cajazeira (Spondias mombin L.) no Sul da Bahia. In: Congresso Brasileiro de Melhoramento<br />

de Plantas, 2., 2003, Porto Seguro. Anais... Porto Seguro:SBMP, 2003. 1CDOM.<br />

LEON, J. Botanica de los cultivos tropicales. 2. ed. rev. aum. São José, Costa Rica: IICA,<br />

145p. 1987. (Coleção Livros e Materiales Educativos, 84).<br />

LEON, J.; SHAW, P.E. Spondias: the red mombin and related fruits. In: NAGY, S.; SHAW,<br />

P.E.; WARDONSKI, F.W. Ed. Fruits of tropical and subtropical origem: composition,<br />

properties and uses. Lake Alfred: Florida Science Sourse, 1990. p.117-126.<br />

75


LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas<br />

nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 370 p.<br />

LOZANO, N.B. Contribucion al estúdio de la anatomia floral y de la polinizacion del jobo<br />

(Spondias mombin L.). Caldasia, Bogotá, v.15, n.71-75, p.369-380, 1986b.<br />

LOZANO, N.B. Desarrolo y anatomia del fruto del jobo (Spondias mombin L.). Caldasia<br />

Bogotá, v.14, n.68/70, p.465-490, 1986a.<br />

MARCO, C.A.; SOUZA, F.X. de.; LIMA, R.N.; ALVES, J.T. da C. Uso de estacas de umbucajá<br />

tratadas com ácido indolbutírico como porta-enxertos de mudas de cajazeira. In:<br />

CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 17., 2002, Belém, Resumos...Belém:<br />

SBF, 2002. 1CDROM.<br />

MITCHELL, J.D.; DALY, D.C. Revisão das espécies neotropicais de Spondias<br />

(Anacardiaceae). In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 46., 1995, São Paulo.<br />

Anais... São Paulo: Uni<strong>ver</strong>sidade de São Paulo:SBB, 1995. p.207.<br />

MITCHELL, J.D.; DALY, D.C. The “tortoise’s cajá”- a new species of Spondias<br />

(Anacardiaceae) from southweatern Amazoniza. Brittonia, New York, v.50, n.4, p.447-451,<br />

1998.<br />

MORTON, J.F. Fruits of warm climates. Winterville: Creative Resources Systems, 1987.<br />

p.245-257.<br />

NOGUEIRA, D.J.P. Os porta-enxertos na fruticultura. Informe Agropecuário, Belo<br />

Horizonte, v.9, n.101. p.23-41, 1983.<br />

PENNELL, R.I.; LAMB, C. Programmedd cell death in plants. Plant Cell, Rockville, v.9,<br />

n.7, p. 1157-1168, jul. 1997.<br />

PENNINGTON, T.D.; SARUKHAN, J. Arboles tropicales de Mexico. México: Instituto<br />

Nacional de investigaciones Forestales.1968. 413p.<br />

76


PIMENTEL-GOMES, F. Curso de estatística experimental. 12. ed. Piracicaba: Nobel, 1987.<br />

476p.<br />

PINTO, A.C. de Q.; SILVA, E. M. Graviola <strong>para</strong> exportação: aspectos técnicos da<br />

produção. Brasília: EMBRAPA SPI, 1994. 41p. (Série Publicações Técnicas FRUPEX, 7).<br />

POMPEU JUNIOR, J. Porta-enxertos. In: RODRIGUEZ, O.; VIÉGAS, F.; POMPEU<br />

JÚNIOR, J. E; AMARO, A.A. Citricultura brasileira, 2. ed. Campinas: Fundação Cargil,<br />

1991. v.1. p.265-280.<br />

PRANCE, G. T.; SILVA, M. F. Árvores de Manaus. Manaus: INPA, 1975. 312p.<br />

PURSEGLOVE, J.W. Anacardiaceae. In: PURSEGLOVE, J.W. Tropical crops<br />

dicotyledons. Longman, 3 impressão, 1984. p. 18-32.<br />

RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHOHORN, S.E. Biologia vegetal. Rio de Janeiro:<br />

Guanabara Koogan, 2001. 906p.<br />

REGINA, M. de A.; SOUZA, C.R. de.; SILVA, T. das G.; PEREIRA, A.F. A propagação da<br />

videira. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.19, n.194, p.20-27. 1998.<br />

RUÍZ. R.C.; COSTA, L.S.; SILVEIRA, M.; BROWN, I.F. Seleção de espécies vegetais com<br />

potencial de uso, <strong>para</strong> estudos ecológicos e manejo, em florestas no Oeste da Amazônia.<br />

Rio Branco: UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE, 1997.<br />

SACRAMENTO, C.K. do.; SOUZA, F.X. de. Cajá (Spondias mombin L.). Jaboticabal:<br />

Funep, 2000. 42p. (Série Frutas Nativas, 4).<br />

SAMPAIO, E.V.S.B. Uso das plantas da caatinga. In: SAMPAIO, E.V.S.B.; GIULIETTI,<br />

A.M.; VIRGINIO, J.; GAMARRA-ROJAS, C.F.L. Ed. Vegetação e flora da caatinga.<br />

Recife: Associação Plantas do Nordeste: Centro Nacional de Informações sobre Plantas, 2002.<br />

p.49-90. 176p.<br />

77


SANTOS FILHO, H.P.; BARBOSA, C. de J.; SILVA, M.J. Comportamento de pêra,<br />

baianinha, Valencia e Taiti enxertadas sobre limão-cravo inoculadas com as estirpes do vírus<br />

da tristeza. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.22, n.3, p.364-366, dez. 2000.<br />

SANTOS, C.A.F.; NASCIMENTO, C.E. de S.; ARAÚJO, F.P. de. Avaliação do umbuzeiro<br />

como porta-enxerto de algumas espécies do gênero Spondias. Petrolina: <strong>Embrapa</strong>-<br />

CPATSA, 1999. 5p. (EMBRAPA-CPATSA. Pesquisa em Andamento, 91).<br />

SILVA, A. Q.; SILVA, H. Cajá, uma frutífera tropical. Informativo SBF, Itajaí, v.14, n.4,<br />

dez. 1995.<br />

SILVA, F.B.R.; RICHÉ, G.R.; TONNEAU, J.P.; SOUZA NETO, N.C. de; BRITO, L.T. de<br />

L.; CORREIA, R.C.; CAVALCANTI, A.C.; SILVA, F.H.B. da.; SILVA, S.B.; ARAÚJO<br />

FILHO, J.C. de.; LEITE, A.P. Zoneamento agroecológico do Nordeste: diagnóstico do<br />

quadro natural e socioeconômico. Petrolina: EMBRAPA-CPATSA: Recife: EMBRAPA-<br />

CNPS, Coordenadoria Regional Nordeste, 1993. 2v. il.<br />

SILVA, L.M. da. Superação de dormência de diásporos de cajazeira (Spondias mombin<br />

L.). 66p. 2003. Dissertação (Mestrado) Uni<strong>ver</strong>sidade Federal de Lavras.<br />

SILVA, S.O. de.; ELOY, A.M.M. A erosão genética e o programa de melhoramento em<br />

fruticultura no CNPMF. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v.14, n.2,<br />

p.225-228, 1992.<br />

SILVEIRA, M.; DALY, D. Estudos sobre a di<strong>ver</strong>sidade florística e arbórea: relatório<br />

analítico. Brasília: PROGRAMA ESTADUAL DE ZONEAMENTO ECOLÓGICO-<br />

ECONÔMICO DO ACRE. 1999. 57p.<br />

SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba: FEALQ, 1998. 760p.<br />

SOARES, T.A.L. Propagação vegetativa da cajazeira (Spondias mombin L.) através de<br />

estacas de raiz. 1998. 41p. Dissertação (Mestrado) Uni<strong>ver</strong>sidade Federal do Ceará, Fortaleza.<br />

78


SOUZA, F.X. de. Spondias agroindustriais e os seus métodos de propagação. Fortaleza:<br />

EMBRAPA-CNPAT:SEBRAE-CE, 1998. 28 p. (EMBRAPA-CNPAT. Documentos, 27).<br />

SOUZA, F.X. de. Efeito do porta-enxerto e do método de enxertia na formação de mudas de<br />

cajazeira (Spondias mombin L.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.22, n.2.<br />

p.286-290, 2000.<br />

SOUZA, F.X. de; ARAÚJO, C.A.T. Avaliação dos métodos de propagação de algumas<br />

Spondias agroindustriais. Fortaleza:EMBRAPA-CNPAT, 1999. 4p. (EMBRAPA-CNPAT.<br />

Comunicado Técnico, 31).<br />

SOUZA, F.X. de.; BLEICHER, E. Comportamento da cajazeira enxertada sobre umbuzeiro<br />

em Pacajus, CE. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.24, n.3, p.790-792. 2002.<br />

SOUZA, F.X. de; FRANCA, M.J.P. da. Avaliação da antese em cajazeira. In: CONGRESSO<br />

NACIONAL DE BOTÂNICA, 50., 1999, Blumenau. Programa e Resumos..., Blumenau:<br />

SOCIEDADE BOTÂNICA DO BRASIL, 1999. p.207.<br />

SOUZA, F.X. de.; LIMA, R.N. Enraizamento de estacas de diferentes matrizes de cajazeira<br />

tratadas com ácido indolbutírico. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v.37, n.2. p.189-<br />

194, 2005.<br />

SOUZA, F.X. de.; INNECCO, R.; ARAÚJO, C.A.T. Métodos de enxertia recomendados<br />

<strong>para</strong> a produção de mudas de cajazeira e de outras fruteíras do gênero Spondias.<br />

Fortaleza: EMBRAPA-CNPAT, 1999. 8p. (EMBRAPA-CNPAT. Comunicado Técnico, 37).<br />

SOUZA, F.X. de.; INNECCO, R.; ROSSETTI, A.G. Influência de porta-enxerto e de método<br />

de enxertia no pegamento de enxertos de cajazeira. Revista Agrotrópica, Itabuna, v.14, n.3.<br />

p.85-90, 2002.<br />

SOUZA, F.X. de.; SOUSA, F.H.L.; FREITAS, J.B.S. Germinação de sementes e morfologia<br />

de endocarpos de cajazeira (Spondias mombin L.). Revista Agrotrópica, Itabuna, v.11, n.1.<br />

p.45-48, 1999.<br />

79


TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p.<br />

TAYLOR, C.B. Plant vegetative development: from seed and embryo to shoot and root. Plant<br />

Cell, Rockville, MD, v.9, n.7, p.981-988, jul. 1997.<br />

TERRA, M.M.; PIRES, E.J.P.; POMMER, C.V.; PASSOS, I.R. da.; MARTINS, F.P.;<br />

RIBEIRO, I.J.A. Comportamento de porta-enxertos <strong>para</strong> o cultivar de uva de mesa niagara<br />

rosada, em Jundiaí, SP. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 9., 1988,<br />

Campinas. Anais ... Campinas: SOCIEDADE BRASILEIRA DE FRUTICULTURA, 1988.<br />

p.721-725.<br />

VASCONCELOS, P.W.C. Mais algumas observações sobre o imbuzeiro e sua enxertia sobre<br />

cajá-mirim. Revista de Agricultura, Piracicaba, v.24, n.7/8, p.216-224. 1949.<br />

VILLACHICA, H. Ubos (Spondias mombin L.). In: VILLACHICA, H. Frutales y hortalizas<br />

promisorios de la Amazonia. Lima: Tratado de Cooperacion Amazônica: FAO, 1996. p.270-<br />

274.<br />

VINHA, S.G.S.; MATTOS, L.A. Árvores aproveitadas como sombreadoras de cacaueiros<br />

no Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo. Ilhéus: CEPLAC/CEPEC, 1982. 136p.<br />

80

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!