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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ<br />
DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA<br />
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA/FITOTECNIA<br />
FRANCISCO XAVIER DE SOUZA<br />
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CLONES ENXERTADOS DE<br />
CAJAZEIRA NA CHAPADA DO APODI, CEARÁ<br />
FORTALEZA<br />
2005
FRANCISCO XAVIER DE SOUZA<br />
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CLONES ENXERTADOS DE<br />
CAJAZEIRA NA CHAPADA DO APODI, CEARÁ<br />
Tese submetida à coordenação do Curso de Pós-<br />
Graduação em Agronomia na área de concentração<br />
de Fitotecnia da Uni<strong>ver</strong>sidade Federal do Ceará,<br />
como requisito parcial <strong>para</strong> obtenção do grau de<br />
Doutor em Agronomia.<br />
Orientador: Prof. Dr. José Tarciso Alves Costa<br />
FORTALEZA<br />
2005
S715c Souza, Francisco Xavier de<br />
Crescimento e desenvolvimento de clones enxertados de cajazeira<br />
na chapada do Apodi, Ceará/ Francisco Xavier de Souza. – Fortaleza,<br />
2005.<br />
80 f. il.<br />
Tese (Doutorado em Agronomia/Fitotecnia) – Uni<strong>ver</strong>sidade<br />
Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.<br />
Orientador: Dr. José Tarcíso Alves Costa<br />
1. Taperebá, 2. Spondias mombin 3. Enxertia<br />
4. Fruticultura 5. Cajá. I. Título.<br />
C.D.D. 632<br />
C.D.U. 631.541
DEDICO<br />
Especialmente à Lúcia de Fátima, minha mulher, e aos nossos filhos – Ximênia<br />
Mariama, Luís Fernando e André Lucas – pela companhia e compreensão nas ausências<br />
necessárias à realização do Curso. Aos meus pais, Pergentino e Odete, pelos bons exemplos e<br />
educação, aos meus irmãos e irmãs. Às minhas tias Estela, Mundica, Conceição, Adeil e<br />
Celina pelas acolhidas fraternas em seus lares.<br />
OFEREÇO<br />
Àqueles que consultem esta tese e nela encontrem informações as quais contribuam <strong>para</strong> o<br />
aumento de seus conhecimentos e/ou os ajudem na elaboração de hipóteses científicas que<br />
venham a contribuir <strong>para</strong> geração de soluções tecnológicas <strong>para</strong> os problemas de pesquisa da<br />
cadeia produtiva da cajazeira.<br />
Francisco Xavier de Souza
AGRADECIMENTOS<br />
À <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento<br />
Científico e Tecnológico, ao Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria e<br />
à Coordenação do Curso de Pós-Graduação de Fitotecnia da Uni<strong>ver</strong>sidade Federal do Ceará,<br />
pelo apoio financeiro <strong>para</strong> realização desta pesquisa;<br />
Ao corpo docente dos Departamentos de Fitotecnia e Bioquímica da Uni<strong>ver</strong>sidade<br />
Federal do Ceará, pelos ensinamentos ministrados durante o curso;<br />
Ao Engenheiro Agrônomo Afonso Batista de Aquino, Coordenador do Instituto<br />
Frutal, pela gerência dos recursos financeiros do Padfin e colaboração na execução da<br />
pesquisa;<br />
Ao Engenheiro Agrônomo Francisco Férrer Bezerra, ex-Chefe da <strong>Embrapa</strong><br />
Agroindústria Tropical, pelo apoio <strong>para</strong> realização do curso na Uni<strong>ver</strong>sidade Federal do<br />
Ceará;<br />
Ao Professor José Tarciso Alves Costa, pela amizade, orientação e ensinamentos<br />
transmitidos durante o Curso e a realização deste trabalho;<br />
Aos Professores Renato Inneco, Francisco José Alves Fernandes Távora e ao<br />
Engenheiro Agrônomo Marlos Alves Bezerra, pelas relevantes sugestões como Conselheiros;<br />
Aos Engenheiros Agrônomos, Pesquisadores da <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical,<br />
João Ribeiro Crisóstomo, pelas valiosas sugestões como Co-orientador e Conselheiro<br />
Acadêmico, Raimundo Nonato Lima, pela amizade, valiosas sugestões na coleta e análise<br />
estatística dos dados experimentais, e Francisco de Oliveira Freire, pela revisão do Abstract;<br />
À Bibliotecária, da <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, Ana Fátima Costa Pinto,<br />
pela revisão das Referências Bibliográficas;<br />
Aos colegas do Curso de Agronomia em Fitotecnia, pela convivência fraterna<br />
durante o Curso e nas longas jornadas de estudo e abstração, especialmente a Aécio Bezerra,<br />
Anielson dos Santos, Cláudia Marco, Desireé Esmeraldino, Eliseu Marlônio, Enéas Carvalho,<br />
E<strong>ver</strong>ton Cordeiro, Leonardo da Silva e Murilo Pedrosa;<br />
À Ximênia Mariama de Souza, minha querida filha, pela valiosíssima ajuda na<br />
composição deste trabalho;<br />
Ao Secretário do Curso, Deocleciano Xavier, pelas informações e pelos<br />
atendimentos prestados;<br />
A todos que, de algum modo, também contribuíram <strong>para</strong> a realização deste<br />
trabalho.
“Na investigação científica não basta<br />
examinar; é necessário contemplar: impregnemos<br />
de emoção e simpatia às coisas observadas;<br />
façamo-las nossas, tanto pelo coração como pela<br />
inteligência. Só assim nos entregarão o seu<br />
segredo. Porque o entusiasmo aumenta e afina<br />
nossa capacidade perceptiva”.<br />
Santiago Ramon y Cajal
RESUMO<br />
A enxertia de clones selecionados de cajazeira em diferentes porta-enxertos<br />
proporcionará a formação de combinações de plantas vigorosas que fixem características<br />
desejáveis de cultivo, como porte baixo, precocidade e uniformidade de frutificação, altas<br />
produtividades e frutos de qualidade. Assim sendo, um pomar experimental com clones de<br />
cajazeira foi plantado em fe<strong>ver</strong>eiro de 2000, na chapada do Apodi em Limoeiro do Norte, CE.<br />
Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, em esquema fatorial (cinco<br />
copas x dois porta-enxertos), com quatro repetições e quatro plantas por parcela. As copas<br />
foram obtidas de plantas adultas e produtivas das localidades de Capuan, Caucaia-CE;<br />
Curimatã, Pacajus-CE; Gereau e Ladeira Grande, Maranguape-CE; e Lagoa Redonda,<br />
Messejana-CE, e os porta-enxertos de sementes, de cajazeira e de umbuzeiro. O objetivo do<br />
trabalho foi caracterizar o crescimento vegetativo (altura de planta, perímetro dos caules do<br />
porta-enxerto e do enxerto, formato da copa, épocas de emissão e abscisão foliar) e a<br />
atividade reprodutiva (épocas de floração, frutificação e produção de frutos) dos clones de<br />
cajazeira. Os clones Gereau e Lagoa Redonda foram os mais vigorosos, ti<strong>ver</strong>am as maiores<br />
alturas de planta (390 cm) e espessuras de caule (57 cm). O Ladeira Grande foi o menos<br />
vigoroso, apresentando as menores altura (220 cm) e espessura de caule (49 cm), diferindo<br />
significativamente dos demais. O porta-enxerto de cajazeira formou caule mais grosso que o<br />
de umbuzeiro. A razão entre os perímetros de caule (enxerto e porta-enxerto) foi menor que<br />
1,0 no porta-enxerto de cajazeira e maior no de umbuzeiro. Dos 12 <strong>para</strong> os 30 meses, houve<br />
diminuição na percentagem de plantas de copas monopodiais de 76,4% <strong>para</strong> 5,7% e aumento<br />
das simpodiais de 17% <strong>para</strong> 72,4%, devido às podas de formação. O número de frutos por<br />
cacho variou de 8, 14, 25, 38, 56 e 80, entre os clones. Algumas plantas dos clones Lagoa<br />
Redonda e Gereau sobre umbuzeiro produziram de 100 a 300 cachos de fruto por planta. As<br />
combinações de copas de cajazeira com porta-enxertos de umbuzeiro e de cajazeira: i)<br />
formam clones vigorosos, que fixam os aspectos fenotípicos e morfológicos distintos a cada<br />
combinação, reduzem o porte das plantas e não alteram o padrão de crescimento do caule<br />
principal e o formato de copa; ii) formou plantas com troncos mais vigorosos quando<br />
enxertada sobre porta-enxerto de cajazeira; iii) formou razões de perímetros de caule, enxerto<br />
e porta-enxerto maiores nas combinações com umbuzeiro, mas sem indícios de<br />
incompatibilidade; iv) aumentou o porte, precocidade e produtividade dos clones,<br />
notadamente do Gereau e Lagoa Redonda quando enxertados sobre umbuzeiro; v) é de menor<br />
porte no clone Ladeira Grande.<br />
Palavras-chave: Taperebá, Spondias mombin, enxertia, fruticultura, cajá.
ABSTRACT<br />
Grafting of selected clones of Spondias mombin L. (Anacardiaceae) on different<br />
rootstocks may allow the formation of vigorous combinations with dwarf plants showing<br />
uniform fruition, high productivities and high quality fruits. To check this hypothesis an<br />
experimental orchard was established in February 2000, at the Apodi Plateau, in Limoeiro do<br />
Norte county, State of Ceará (Brazil). A randomized block design was used with a factorial<br />
5x2 (5 scions on 2 rootstocks), with 4 replicates and 4 plants per plot. Scions stem from<br />
superior plants collected in the counties of Caucaia (Capuan locality), Pacajus (Curimatã<br />
locality), Maranguape (Gereau e Ladeira Grande localities) and Messejana (Lagoa Redonda<br />
locality). Rootstocks were prepared from seeds of S. mombin L. and S. tuberosa Arruda. All<br />
scions and rootstocks were collected in Ceará State. The <strong>para</strong>meters assessed were the<br />
vegetative growth (plant hight, girth of graft and rootstock, canopy shape, flushing and leaf<br />
abscision periods) and reproductive features (flowering and fruition periods as well as yield).<br />
Clones Gereau and Lagoa Redonda were the most vigorous, higher (3.9 m) and with bigger<br />
stem girth (57 cm). Ladeira Grande showed the poorest peformance in hight (2.2 m) and stem<br />
girth (49 cm), being statistically different from the others. As far as the rootstocks are<br />
concerned those from S. mombim were superior to S. tuberosa. The stem girth ratio was less<br />
than 1.0 for S. mombin rootstocks and higher than 1.0 for S. tuberosa rootstocks. From 12 to<br />
30 months a decrease occurred in the percentage of plants with monopodial canopy (from<br />
76.4% to 5.70%) in contrast to the increase of plants with sympodial canopy (from 17.0% to<br />
72.4%) due to the pruning. The number of fruits per bunch of studied clones presented values<br />
of 8, 14, 25, 38, 56 and 80. Some plants of Lagoa Redonda and Gereau clones on S. tuberosa<br />
yielded from 100 to 300 bunches. Final results confirmed that scions of S. mombin grafted on<br />
rootstocks of S. mombin and S. tuberosa produced combinations with the following<br />
characterists: vigorous clones with distinct phenotypic and morphological features such as<br />
low hight, uniform canopies and standardized main stem growth; S. mombin rootstocks<br />
allowed the formation of plants with more vigorous stems compared with rootstocks of S.<br />
tuberosa; the stem girth, graft and rootstock ratios were higher for combinations on S.<br />
tuberosa, but without indications of grafting incompatibility; the rootstock of S. tuberosa<br />
increase plant hight, productive and precocious of clones Gereau e Lagoa Redonda; clone<br />
Ladeira Grande showed the lowest hight.<br />
Keywords: Yelow mombin, Spondias mombin, grafting, fruit, hog plum.
LISTA DE FIGURAS<br />
FIGURA 1 – Croqui de campo do experimento instalado no delineamento de blocos<br />
ao acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos).<br />
Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................ 40<br />
FIGURA 2 – Vista parcial do pomar de cajazeira, com detalhe das linhas de plantio.<br />
A) plantas com um ano de idade e B) com cinco anos de idade.<br />
Limoeiro do Norte, CE, 2005. ......................................................................... 42<br />
FIGURA 3 – Árvores de cajazeira dos clones: A) Gereau e B) Ladeira Grande com<br />
cinco anos de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ....................................... 49<br />
FIGURA 4 – Detalhes de troncos de cajazeiras enxertadas sobre porta-enxerto de<br />
cajazeira (A) e de umbuzeiro (B e C) na linha de união. Limoeiro do<br />
Norte, CE, 2005. ............................................................................................. 57<br />
FIGURA 5 – Plantas enxertadas de cajazeira com formatos de copa: A) monopodial,<br />
B) bifurcada, em forma de Y e C) simpodial. Limoeiro do Norte, CE,<br />
2005. ............................................................................................................... 59<br />
FIGURA 6 – Plantas enxertadas de cajazeira, totalmente desfolhadas, em fase de<br />
repouso vegetativo, aos 55 meses de idade. Limoeiro do Norte, CE,<br />
2005. ............................................................................................................... 60<br />
FIGURA 7 – Emissão e desenvolvimento de brotações, folhas e flores de clones<br />
enxertados de cajazeira, no período de novembro a março, em três<br />
ciclos (2002/3; 2003/4 e 2004/5). Limoeiro do Norte, CE, 2005. .................. 61<br />
FIGURA 8 – Representação das fenofases da cajazeira enxertada durante o ano.<br />
Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................ 62<br />
FIGURA 9 – Detalhe de rugosidades característica em casca de caules de cajazeira.<br />
Limoeiro do Norte, CE, , 2005. ...................................................................... 63<br />
FIGURA 10 – Representação de caules de cajazeira em fase de repouso vegetativo<br />
(caducos). Limoeiro do Norte, CE 2005. ........................................................ 64<br />
FIGURA 11 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />
combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no<br />
período de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ................................... 66<br />
FIGURA 12 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />
combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre porta-
enxertos de cajazeira e umbuzeiro no período de 2003/2004. Limoeiro<br />
do Norte, CE, 2005. ........................................................................................ 67<br />
FIGURA 13 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />
combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no<br />
período de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ................................... 68<br />
FIGURA 14 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />
combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre portaenxertos<br />
de cajazeira e umbuzeiro no período de 2004/2005. Limoeiro<br />
do Norte, CE, 2005. ........................................................................................ 69<br />
FIGURA 15 – Detalhe de estruturas reprodutivas de cajazeira: A) panícula; B e C)<br />
cachos com frutos em diferentes estágios de maturação. Limoeiro do<br />
Norte, CE, 2005............................................................................................... 69<br />
FIGURA 16 – Árvores de cajazeira dos clones: A) Lagoa Redonda e B) Capuan, com<br />
62 meses de idade em frutificação. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............... 70
LISTA DE TABELAS<br />
TABELA 1 - Normais meteorológicas do período de 1961 a 1990 obtidas em estação<br />
de 1ª classe de Morada Nova, CE (6°5’ S e 39°23’ W). ................................. 32<br />
TABELA 2 - Resultados de análises químicas, granulométrica e de micronutrientes<br />
de amostras de solo da área experimental, coletadas em janeiro de<br />
20001. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................ 38<br />
TABELA 3 - Representação dos tratamentos formados por combinações de cinco<br />
copas de cajazeira com dois porta-enxertos empregados no<br />
experimento. Limoeiro do Norte, CE, 2005. .................................................. 39<br />
TABELA 4 - Análise de variância do experimento instalado em delineamento de<br />
blocos ao acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois portaenxertos).<br />
Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................ 41<br />
TABELA 5 - Análises de variâncias de variáveis de crescimento vegetativo de<br />
clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e<br />
umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005............................ 47<br />
TABELA 6 - Altura de planta (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre portaenxertos<br />
de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do<br />
Norte, CE, 2005. ............................................................................................. 48<br />
TABELA 7 - Perímetro de caule de porta-enxerto (cm) de clones de cajazeira<br />
enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco<br />
idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................ 51<br />
TABELA 8 - Perímetro de enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre<br />
porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do<br />
Norte, CE, 2005. ............................................................................................. 53<br />
TABELA 9 - Relação entre perímetro de caule de enxerto e de porta-enxerto de<br />
clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e<br />
umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. .......................... 56<br />
TABELA 10- Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos<br />
de cajazeira sobre dois porta-enxertos, em três idades (meses).<br />
Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................ 58<br />
TABELA 11 - Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos<br />
de cajazeira enxertados sobre cajazeira e umbuzeiro, em três idades<br />
(meses). Limoeiro do Norte, CE, 2005. .......................................................... 59
SUMÁRIO<br />
RESUMO............................................................................................................................................ 7<br />
ABSTRACT........................................................................................................................................ 8<br />
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................................... 9<br />
LISTA DE TABELAS....................................................................................................................... 11<br />
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 13<br />
2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................................... 14<br />
2.1 Importância Econômica da Cajazeira ............................................................................................. 14<br />
2.2 Origem e Dispersão Geográfica ...................................................................................................... 15<br />
2.3 Botânica........................................................................................................................................... 17<br />
2.3.1 Taxonomia.................................................................................................................................... 17<br />
2.3.2 Descrição da Planta ..................................................................................................................... 18<br />
2.4 Caracterização das Áreas de Ocorrência......................................................................................... 20<br />
2.5 Propagação ...................................................................................................................................... 22<br />
2.6 Importância do Porta-Enxerto ......................................................................................................... 24<br />
2.7 Ciclo Ontogenético.......................................................................................................................... 26<br />
2.7.1 Crescimento Vegetativo .............................................................................................................. 26<br />
2.7.2 Evocação floral e Atividade Reprodutiva .................................................................................... 29<br />
2.8 Fenologia......................................................................................................................................... 31<br />
2.9 Senescência e Abscisão................................................................................................................... 32<br />
3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................... 35<br />
3.1 Local do Experimento ..................................................................................................................... 35<br />
3.2 Tratamentos e Delineamento Experimental .................................................................................... 38<br />
3.3 Formação das Mudas, Plantio e Condução do Pomar ..................................................................... 40<br />
3.4 Variáveis Avaliadas......................................................................................................................... 42<br />
3.5 Análise e Interpretação dos Dados Experimentais .......................................................................... 43<br />
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................... 44<br />
4.1 Crescimento Vegetativo de Plantas Enxertadas de Cajazeira ......................................................... 44<br />
4.1.1 Altura de Planta............................................................................................................................ 44<br />
4.1.2 Perímetros de Caule da Planta Enxertada..................................................................................... 48<br />
4.2 Formato de Copa ............................................................................................................................. 56<br />
4.3 Senescência, Abscisão, Emissão de Folhas e de Ramos ................................................................. 59<br />
4.4 Floração e Produção de Frutos........................................................................................................ 63<br />
5 CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 69<br />
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 70
1. INTRODUÇÃO<br />
A família Anacardiaceae destaca-se por agrupar di<strong>ver</strong>sas espécies frutíferas<br />
importantes, como as Spondias, o cajueiro (Anacardium occidentale L.), a mangueira<br />
(Mangifera indica L.) e o pistache (Pistacia <strong>ver</strong>a L.), que são exploradas economicamente em<br />
várias áreas tropicais e subtropicais do mundo.<br />
Do gênero Spondias, destacam-se a cajazeira (S. mombin L.), o umbuzeiro (S.<br />
tuberosa Arruda), a cajaraneira (S. dulcis Parkinson), a cirigüeleira (S. purpurea L.) e a umbucajazeira<br />
(Spondias sp.). Essas espécies são exploradas extrativamente ou em pomares<br />
domésticos e não fazem parte das estatísticas oficiais, mas, mesmo assim, têm grande<br />
importância socioeconômica <strong>para</strong> as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Seus frutos são<br />
consumidos na forma in natura ou processados como polpas, sucos, geléias, néctares e<br />
sorvetes de excelente qualidade e alto valor comercial, o que torna viável a exploração<br />
agroindustrial dessas fruteiras. O fruto da cajazeira, devido a seu característico flavor, produz<br />
produtos cuja demanda é crescente e insatisfeita. Em face da falta de pomares comerciais, as<br />
agroindústrias ficam totalmente dependentes da produção obtida do extrativismo, que é<br />
sazonal e insuficiente <strong>para</strong> operacionalização das fábricas.<br />
Os fatores mais limitantes <strong>para</strong> o cultivo da cajazeira são o alto porte, a longa fase<br />
juvenil (Souza, 1998) e as variações de formato de copa, produtividade, tamanho e sabor dos<br />
frutos das plantas (Villachica, 1996), que na sua maioria são obtidas de sementes. O emprego<br />
de plantas clonadas é uma alternativa de superação desses problemas na maior parte das<br />
fruteiras cultivadas.<br />
A propagação da cajazeira a partir de rebentos de raízes e de estações de caule não<br />
se tornou viável <strong>para</strong> a formação de pomares comerciais, devido aos baixos rendimentos de<br />
produção de mudas. A propagação por garfagem notadamente sobre porta-enxertos de outras<br />
Spondias, conforme Souza, Innecco e Araújo (1999) e Souza (2000) tem se destacado como o<br />
método mais apropriado e eficiente, com altos índices de pega e possibilitando a formação de<br />
mudas <strong>para</strong> o plantio 60 dias após a enxertia.<br />
Plantas enxertadas são combinações de genótipos que podem proporcionar<br />
características não previsíveis de crescimento e desenvolvimento diferentes de seus<br />
componentes. Tais características resultam do próprio processo de enxertia, de reações de<br />
incompatibilidade ou de influências mútuas das partes envolvidas (Kester, 1976; Hartmann et<br />
al., 2002) e podem ser desejáveis <strong>para</strong> o cultivo em termos de porte, precocidade de<br />
frutificação, uniformidade produtiva e qualidade de frutificação.<br />
13
O presente trabalho tem como objetivo caracterizar o crescimento vegetativo<br />
(altura de planta, perímetro dos caules do porta-enxerto e do enxerto, formato da copa, épocas<br />
de emissão e abscisão foliar) e a atividade reprodutiva (épocas de floração, frutificação e<br />
produção de frutos) de combinações de copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de<br />
pé franco de umbuzeiro e da própria cajazeira, estabelecidos em cultivo organizado na<br />
chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, CE.<br />
2. REVISÃO DE LITERATURA<br />
2.1. Importância Econômica da Cajazeira<br />
A cajazeira é uma árvore frutífera tropical lenhosa, ainda em domesticação. Tem<br />
porte alto, folhas caducas e tronco revestido por casca grossa e rugosa que esgalha e ramifica<br />
na parte terminal, o que confere um porte alto à planta. A copa é ampla, vistosa e imponente<br />
quando em fase de floração e frutificação (SOUZA; BLEICHER, 2002).<br />
Os frutos da cajazeira são nuculânios perfumados com mesocarpo carnoso,<br />
amarelo de sabor agridoce, contendo carotenóides, açúcares, vitaminas A e C (BARROSO et<br />
al., 1999). Utilizam-se cajás na confecção de polpas, sucos, picolés, sorvetes, néctares e<br />
geléias de excelente qualidade e elevado valor comercial (SOUZA, 2000). Isso, aliado à<br />
descoberta das propriedades medicinais antibacteriana e antiviral (Ajao; Shonukan; Femi-<br />
Onadeko, 1985) dos taninos encontrados no extrato dos ramos e das folhas, poderá aumentar<br />
ainda mais a exploração agroindustrial da espécie.<br />
No Norte e Nordeste do Brasil, a forma de exploração dos frutos da cajazeira é<br />
extrativista (Sampaio, 2002) – os frutos são colhidos de árvores encontradas de forma<br />
espontânea nas matas de terra firme e várzeas e subespontânea em quintais e pomares<br />
domésticos (SOUZA, 1988). Essa forma de exploração e a sazonalidade de produção são<br />
responsáveis pela baixíssima oferta de frutos e pela demanda insatisfeita durante todo o ano,<br />
sendo estes os principais problemas <strong>para</strong> as agroindústrias que são obrigadas a demitir os<br />
empregados, e ficam ociosas durante vários meses do ano.<br />
Como o extrativismo é a principal atividade econômica dos povos da floresta,<br />
Ruíz et al. (1997) entrevistaram moradores das Reservas Extrativistas Chico Mendes e Alto<br />
Juruá, no Acre, e estes mencionaram utilizar 158 espécies de plantas. Dessas, 20 foram<br />
citadas por mais de 40% dos entrevistados, dentre as quais a cajazeira (S. mombin), usada<br />
como alimento, bebida e remédio, portanto com potencial de uso doméstico e comercial. Em<br />
14
estudo sobre a di<strong>ver</strong>sidade florística realizada por Silveira e Daly (1999), também no Acre, os<br />
cajás (Spondias globosa J. D. Mitch. & Daly, Spondias mombin L. var. mombin, Spondias<br />
mombin L. var. globosa J. D. Mitch. & Daly e Spondias testudinis J. D. Mitch. & Daly) foram<br />
considerados recursos genéticos significativos e fruteiras de ampla utilização pelos povos<br />
tradicionais da floresta.<br />
Segundo Sacramento e Souza (2000), o fruto da cajazeira recebe di<strong>ver</strong>sos nomes<br />
nos países em que é encontrado. No Brasil, é chamado de cajá, cajá-mirim, taperebá, cajá<br />
<strong>ver</strong>dadeiro; no Suriname, de mopé, hooboo; nas Antilhas Holandesas, de macaprein, hoba,<br />
yellow plum; na Guiana Francesa, de prunier mombin; em Guadalupe, de mombin fruits<br />
jaunes, prune mombin, prune myrobolan; no Haiti, de mombin franc, myrobolane; na<br />
Colômbia, de jobo colorado, jobo de castilla; na Venezuela, de marapa; na Nicarágua, de<br />
jocote de jobo, ciruela de jobo; nas Honduras, de ciruela de monte, jocote; na Guatemala, de<br />
jocote jobo, jobo jocote; em Cuba, de jobo hembra; na República Dominicana, de ciruela,<br />
joboban, jobo de poerco; no México e no Equador, de ciruela amarilla; em Porto Rico, de<br />
jobillo, jobo vano, jobo de perro. Em alguns países de idioma inglês, de hog plum, yellow<br />
mombin; em outros de língua espanhola, de ciruela marilla e em certas nações onde se fala<br />
francês, de mombin, mombin jaune, prune dór, prunier mombin, prunier myrobolan.<br />
Em um diagnóstico sistemático de prospecção tecnológica realizado pela <strong>Embrapa</strong><br />
Agroindústria Tropical, a cajazeira foi identificada como demanda prioritária de P&D, em<br />
virtude da forte erosão genética e da importância econômica e social de sua cadeia produtiva,<br />
que, <strong>para</strong> ser competitiva, necessita de tecnologias, como clones <strong>para</strong> cultivo e sistemas de<br />
produção e de processamento que a torne competitiva o bastante <strong>para</strong> gerar impactos<br />
relevantes na geração de empregos e renda <strong>para</strong> os mercados nacional e internacional<br />
(EMBRAPA, 1993, 2000).<br />
2.2 Origem e dispersão Geográfica<br />
A cajazeira (Spondias mombin L.) é nativa das terras baixas do México e das<br />
Américas Central e do Sul (Croat, 1974), comum nas florestas úmidas do sul do México até<br />
Peru e Brasil e no oeste da Índia (Morton, 1987), ou seja, nativa da América tropical (AIRY<br />
SHAW; FORMAN, 1967; PURSEGLOVE, 1984; LÉON, 1987). Leon e Shaw (1990)<br />
afirmam que, além da cajazeira, as espécies de cirigüeleira (Spondias purpurea L.) e de<br />
umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) são também originadas da América tropical, enquanto<br />
15
Mitchell e Daly (1998) afirmam que a cajazeira é nativa da região que abrange o sul do<br />
México até o Paraguai e o leste do Brasil, sendo amplamente cultivada nos trópicos úmidos.<br />
Segundo Mitchell e Daly (1995), as espécies de Spondias ocorrem na Ásia, na<br />
Oceania e nos neotrópicos, sendo os centros de di<strong>ver</strong>sidade a Mata Atlântica e a Amazônia<br />
ocidental do Estado do Acre, Brasil, e regiões limítrofes do Peru e da Bolívia.<br />
No Brasil, as cajazeiras são encontradas isoladas ou agrupadas, notadamente em<br />
regiões da Amazônia e da Mata Atlântica e nas zonas mais úmidas dos Estados do Nordeste,<br />
principalmente na faixa litorânea e nas serras, e de forma espontânea ou subespontânea em<br />
matas, campos de pastagens ou pomares domésticos (SOUZA, 2000). Em Porto Rico, a<br />
cajazeira também se encontra associada com outras espécies em bosques secundários e<br />
penetra em bosques primários, provavelmente através de perturbações naturais (FRANCIS,<br />
1992).<br />
Na Amazônia, a cajazeira é encontrada nas florestas de terra firme e de várzea,<br />
sendo comum em lugares habitados, porém em estado subespontâneo (CAVALCANTE,<br />
1976). Segundo Sampaio (2002), a cajazeira é uma fruteira típica de zonas úmidas e subúmidas,<br />
só aparece na caatinga quando plantada, principalmente nas regiões costeiras de<br />
maior precipitação, nos limites mais úmidos do agreste e nas regiões e pés de serra do Ceará e<br />
do Rio Grande do Norte (Portalegre e São João do Sabuji). Na Paraíba, as cajazeiras podem<br />
ser encontradas em várias regiões do Estado, porém mais freqüentemente em povoamentos<br />
naturais na micro-região do Brejo-Paraibano. No Ceará, ocorre com maior freqüência nas<br />
zonas litorâneas próximas à Fortaleza e nas serras de Guaramiranga, Baturité, Meruoca e<br />
Ibiapaba. Na Bahia, a cajazeira encontra-se presente nas áreas de plantio de cacau da região<br />
Sul, principalmente entre os <strong>para</strong>lelos 14ºS e 16ºS, numa faixa de 100 km a partir do litoral,<br />
com maior concentração nos municípios onde há exploração comercial de cacau<br />
(SACRAMENTO; SOUZA, 2000).<br />
No Nordeste brasileiro, as principais espécies de Spondias existentes são a<br />
cajazeira (S. mombin L.), a cirigueleira (S. purpurea L.), a cajaraneira (S. dulcis Parkinson), o<br />
umbuzeiro (S. tuberosa Arruda), a umbu-cajazeira e a umbugueleira (Spondias spp.), todas<br />
largamente exploradas através do extrativismo e com grande potencial de exploração<br />
agroindustrial (SOUZA, 1998).<br />
Ressalta-se que nas viagens de prospecção e de coleta de propágulos encontraramse,<br />
nos municípios de Princesa Isabel, na Paraíba, e Maranguape, Quixadá, Itaitinga e<br />
Pindoretama, no Ceará, árvores do gênero Spondias com fenótipo, porte da planta, aparência<br />
dos ramos, tamanho, formato e coloração dos frutos diferente dos das Spondias já conhecidas<br />
16
e nominadas. Essas plantas provavelmente se originaram por hibridação natural entre as<br />
Spondias existentes na região, como a umbu-cajazeira, que, segundo Giacometti (1993),<br />
provavelmente é um híbrido entre S. mombin e S. tuberosa. Essas suposições são fortalecidas<br />
pelas afirmativas de Santos, Nascimento e Araújo (1999) – que mencionam a existência de<br />
plantas, em condições naturais, apresentando caracteres intermediários entre algumas espécies<br />
do gênero, o que indica não apenas a viabilidade de cruzamentos naturais, mas, também, a<br />
presença de fracas barreiras de incompatibilidade dentro do gênero, e pelos problemas<br />
taxonômicos que ocorrem no Acre, envolvendo a S. mombin, uma entidade morfológica que<br />
se estende do leste do Equador <strong>para</strong> o norte da Bolívia, e outra que provavelmente é um novo<br />
táxon chamado de cajá-açu, a qual pode ser um híbrido entre S. testudinis e S. mombin<br />
(MITCHELL; DALY, 1998).<br />
2.3 Botânica<br />
2.3.1 Taxonomia<br />
Em seu tratado botânico Genera Plantarum de 1753, Linnaeus criou o gênero<br />
Spondias, que compreende as bem conhecidas “ameixas dos trópicos”. Naquela época, se<br />
conhecia apenas uma espécie do gênero, a cajazeira (Spondias mombin L.), ficando o gênero<br />
monotípico por cerca de dez anos (AIRY SHAW; FORMAN, 1967).<br />
A família Anacardiaceae possui 79 gêneros, com distribuição predominantemente<br />
nas regiões tropicais e subtropicais do mundo (JOLY, 2002). Dentre os quais, está o gênero<br />
Spondias, que segundo a literatura, tem a seguinte posição taxonômica: Domínio – Eukarya;<br />
Reino – Plantae; Filo – Anthophyta; Divisão – Spermatophyta; Subdivisão – Angiospermae;<br />
Classe – Eudicotiledoneae; Subclasse – Archichlamidae; Ordem – Sapindales; Família –<br />
Anacardiaceae; Tribo – Spondiadeae, e Gênero – Spondias L. (AIRY SHAW; FORMAN,<br />
1967; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001; JOLY, 2002). Muitas espécies de<br />
Anacardiaceae se destacam comercialmente, como a mangueira (Mangifera indica L.), o<br />
pistache (Pistacia <strong>ver</strong>a L.) e o cajueiro (Anacardium occidentale L.). Outras são ainda pouco<br />
exploradas, como as do gênero Spondias – cajazeira (S. mombin L.), cajaraneira (S. dulcis<br />
Parkinson), cirigüeleira (S. purpurea L.), umbuzeiro (S. tuberosa Arruda), umbu-cajazeira e<br />
umbugueleira (Spondias spp) – muito valorizadas devido aos seus saborosos frutos e produtos<br />
processados, como sucos, geléias, néctares, sorvetes e picolés – e as aroeiras (Astronium<br />
17
fraxinifolium Schoot. e Schinus terebentifolius Raddi.), conhecidas como árvores produtoras<br />
de madeira de excelente qualidade.<br />
As quatro espécies, Spondias mombin L., Spondias purpurea L., Spondias dulcis<br />
Parkinson sinonímia Spondias cytherea Sonn. e Spondias pinnata (L.f.) Kurtz, (esta última<br />
nativa da Indomalásia), constituíram essencial núcleo do gênero por muitos anos (AIRY<br />
SHAW; FORMAN, 1967).<br />
O gênero Spondias consiste de 18 táxons, sendo que nove espécies ocorrem na<br />
Ásia e na Oceania e nove táxons nos neotrópicos, incluindo uma espécie vinda da Ásia<br />
(MITCHELL; DALY, 1995), a S. dulcis Parkinson, introduzida da Oceania, e mais uma nova<br />
espécie, a cajá de jabuti (S. testudinis J.D. Mitch. & Daly), originária do sudoeste da<br />
Amazônia, que parece ser restrita às regiões do Acre, no Brasil, do Pando, na Bolívia, e de<br />
Huanuco e Ucayali, no Peru. Grupos de espécies simpátricas ocorrem em regiões distintas: na<br />
América Central, S. mombin L. e S. radlkoferi Donn. Sm. são às vezes encontradas na mesma<br />
localidade; nas florestas brasileiras da costa Atlântica, S. mombin, S. macrocarpa Engl. e S.<br />
venulosa Mart. ex Engl. foram todas coletadas nas mesmas áreas, embora não esteja claro se<br />
esses congêneres ocorrem em grande proximidade um do outro. Os problemas taxonômicos<br />
mais recalcitrantes no gênero são encontrados no oeste e sudoeste da Amazônia, onde há pelo<br />
menos três espécies nativas e uma cultivada. Lá também se encontra uma nova espécie muito<br />
diferente, cujo nome comum no Acre, Brasil, é cajá de jabuti e um complexo envolvendo a<br />
amplamente disseminada S. mombin e uma entidade morfológica que se estende do leste do<br />
Equador <strong>para</strong> o norte da Bolívia, mas as distinções entre essas duas são mascaradas por<br />
numerosos intermediários de origem aparentemente híbrida. Um terceiro membro, que,<br />
provavelmente, representa um novo táxon, é conhecido no Acre pelo nome regional de cajáaçu,<br />
e pode ser um híbrido entre S. testudinis x S. mombin (MITCHELL; DALY, 1998).<br />
Estudos citogenéticos de ápices de raízes constataram que a cajazeira tem número<br />
cromossômico diplóide, 2n=32 e provável nível de ploidia 2x (GUERRA, 1986).<br />
2.3.2 Descrição da Planta<br />
A cajazeira segundo Airy Shaw e Forman (1967) provavelmente, é a mais antiga<br />
espécie de Spondias conhecida no Velho Mundo, faz parte da coleção do Jardim Botânico de<br />
Calcutá desde 1847. Pelas descrições desses autores, as inflorescências da cajazeira surgem<br />
18
antes das folhas, ou acompanhadas apenas por folhas jovens; os frutos são elipsóides a<br />
subglobosos largos, com 4 a 5cm de comprimento.<br />
Airy Shaw e Forman (1967) fizeram uma revisão do gênero <strong>para</strong> a Ásia tropical e<br />
constataram que os caracteres mais variáveis são: divisão das folhas (simples, pinadas ou<br />
bipinadas); margem dos folíolos (inteiros ou crenados); nervura intra-marginal (presente ou<br />
ausente); inflorescência (precoce ou não; terminal e composta ou lateral e quase simples);<br />
número de carpelos (1 ou até 4-5) e forma e estrutura do endocarpo.<br />
A cajazeira é uma árvore ereta, soberba no aspecto, podendo atingir mais de 20 m<br />
de altura e com tronco revestido por casca muito grossa, acinzentada, rugosa, saliente e<br />
fendida (LORENZI, 1992). A copa esgalha e ramifica na parte terminal e confere um porte<br />
alto à planta, tornando-a vistosa e imponente quando em fase de floração e frutificação<br />
(SOUZA; BLEICHER, 2002). Os ramos, por serem longos e eretos, são utilizados em cercas<br />
como postes e estacas; alguns enraízam e se desenvolvem em grandes árvores (BAILEY,<br />
1963).<br />
As folhas são compostas, alternas, imparipinadas, com 5-11 pares de folíolos,<br />
espiraladas ¼ , pecioladas, peciólulo curto de 5 cm de comprimento; folíolos opostos ou<br />
alternos; lâmina oblonga, cartácea, de 5-11 cm de comprimento por 2-5 cm de largura;<br />
margem inteira; ápice agudo, base arredondada, desigual, glabra nas duas faces; nervura<br />
mediana promínula na face superior e no dorso proeminente, com muitos pêlos; nervação do<br />
tipo camptódromo-cladódromo, com 16-18 pares de nervuras secundárias, promínulas na face<br />
ventral, proeminentes na face dorsal; raque de 20-30 cm de comprimento, piloso, sem<br />
glândulas (PRANCE; SILVA, 1975).<br />
A árvore forma caule único, longo e ereto, às vezes bifurcado em forma de Y,<br />
com copa alta e esgalhada. A emissão de flores e ramos ocorre concomitantemente, logo após<br />
a fase de repouso vegetativo, quando surgem ramos vigorosos e compridos, inicialmente com<br />
casca fina e lisa, a qual progressivamente se torna grossa e coberta de protuberâncias lenhosas<br />
e rugosas.<br />
As flores são hermafroditas, masculinas e femininas, apresentam tirsos (cachos<br />
compostos) compostos por centos de flores pedunculadas, com cinco sépalas, cinco pétalas,<br />
dez estames com anteras extrorsas, gineceu com ovário formado por cinco carpelos que<br />
coincidem com o número de lóculos, cinco estilos livres com estigmas lineares e dorsais<br />
(LOZANO, 1986a). As flores são dispostas em inflorescências do tipo panículas terminais<br />
piramidais de 20 cm a 60 cm de comprimento. As inflorescências apresentam flores<br />
unissexuais e hermafroditas na mesma planta, cálice de 0,5 cm de diâmetro; receptáculo<br />
19
arredondado, 1 mm – 4 mm de comprimento. O número de flores por panícula é variável,<br />
podendo atingir mais de 2.000 (SILVA; SILVA, 1995). Já segundo Lozano (1986b), apesar<br />
do elevado número de flores por panícula, formam-se apenas cerca de trinta frutos por<br />
inflorescência. Uma planta de grande porte pode produzir cerca de dez mil frutos em uma<br />
safra (ADLER; KIELPINSKI, 2000).<br />
A cajazeira apresenta em suas flores traços reprodutivos que variam em sua vasta<br />
área de abrangência: no México, elas são dióicas (PENNINGTON; SARUKHAN, 1968); na<br />
Costa Rica, poligamo-dióicas ou monóicas (BAWA, 1974); no Panamá, bissexuais (CROAT,<br />
1978) e algumas, pistiladas (ADLER; KIELPINSKI, 2000); na Flórida, são bissexuais e<br />
autofertilizadas (CAMPBELL; SAULS, 1994); e no Brasil, hermafroditas, com algumas delas<br />
estaminadas (SOUZA; FRANCA, 1999). Investigações realizadas por Mitchell e Daly (1998)<br />
com centenas de amostras, contudo, revelaram que as flores das Spondias são estrutural e<br />
funcionalmente hermafroditas, mas fortemente protandras.<br />
O fruto da cajazeira é uma drupa (CAVALCANTE, 1976; VILLACHICA, 1996)<br />
e classificado por Barroso et al. (1999) como nuculânio com mesocarpo carnoso, amarelo de<br />
sabor agridoce, contendo carotenóides, açúcares, vitaminas A e C, de massa variando entre<br />
9,25 g e 21,9 g (Sacramento; Souza, 2000), de formato ovóide ou oblongo, achatado na base,<br />
cor variando do amarelo ao alaranjado, casca fina, lisa, polpa pouco espessa também variando<br />
do amarelo ao alaranjado, suculenta de sabor ácido-adocicado (SILVA; SILVA, 1995).<br />
O endocarpo, comumente chamado de caroço, é grande, branco, súberolignificado<br />
e enrugado, contendo de dois a cinco lóculos e de zero a cinco sementes<br />
(LOZANO, 1986b; VILLACHICA, 1996; SOUZA; SOUSA; FREITAS, 1999; SILVA, 2003;<br />
AZEVEDO; MENDES; FIGUEIREDO, 2004). A semente é claviforme a reniforme, medindo<br />
1,22 cm de comprimento e 0,22 cm de largura, com os dois tegumentos de consistência<br />
membranácea, coloração creme e superfícies lisas. O endosperma é delgado, amiláceo,<br />
aderindo à superfície interna do tégmen. O embrião é axial, de formato semelhante à semente<br />
e de coloração creme-claro, possuindo cotilédones planos e carnosos (CARDOSO, 1992).<br />
2.4 Caracterização das Áreas de Ocorrência<br />
No Brasil, a cajazeira está distribuída em di<strong>ver</strong>sas regiões, sendo comum em<br />
estado silvestre e subespontâneo nas matas de terra firme ou de várzeas da Amazônia<br />
(SILVA; SILVA, 1995). No Acre, as cajazeiras (Spondias globosa J. D. Mitch. & Daly;<br />
20
Spondias mombin L. var. mombin; Spondias mombin L. var. globosa J. D. Mitch. & Daly; e<br />
Spondias testudinis J. D. Mitch. & Daly) ocorrem preferencialmente em floresta de terra<br />
firme, mas também são encontradas em florestas abertas e em várzeas (SILVEIRA; DALY,<br />
1999). A cajazeira é uma fruteira típica de zonas úmidas e subúmidas, ocorre principalmente<br />
nas regiões costeiras de maior precipitação, nos limites mais úmidos do agreste e nas regiões<br />
de encostas de serra do Ceará e do Rio Grande do Norte; está presente nas caatingas do semiárido<br />
somente quando plantada (SAMPAIO, 2002). As áreas de maior ocorrência da cajazeira<br />
são, segundo Sacramento e Souza (2000), a região do Brejo-Paraibano, no Estado da Paraíba<br />
– onde a altitude oscila entre 130 m e 618 m, a temperatura média do ar situa-se entre 23,0ºC<br />
e 24,5ºC e a precipitação média é cerca de 1.400 mm anuais, concentrada no período de<br />
março a agosto, com estiagem em torno de cinco meses por ano; a zona litorânea próxima à<br />
Fortaleza e as serras de Guaramiranga, Meruoca, Baturité e Ibiapaba, no Ceará (regiões de<br />
precipitação média anual superior a 1.100 mm); e a região Sul da Bahia (em consórcio com<br />
cacaueiros), em áreas de solos férteis, profundos e ricos em matéria orgânica, onde a<br />
precipitação varia de 1.500 a 1.800 mm e é bem distribuída<br />
Pelas descrições de Campbell e Sauls (1994), as espécies de Spondias são melhor<br />
adaptadas às terras baixas do trópico quente. As árvores crescem melhor em solos férteis bem<br />
drenados, mas, se adequadamente nutridas, também podem se desenvol<strong>ver</strong> satisfatoriamente<br />
em vários solos pobres. Segundo Francis (1992), a área de distribuição natural e naturalizada<br />
da cajazeira na América tropical está situada entre os 20° de latitude norte e os 20° de latitude<br />
sul, sendo que na maioria das áreas de distribuição existe uma estação seca de um a cinco<br />
meses de duração.<br />
A cajazeira apresenta elevada plasticidade de adaptação, pois ocorre em regiões<br />
de condições climáticas distintas, como Amazônia, Mata Atlântica, serras e litoral do<br />
Nordeste brasileiro. As plantas possuem adaptações morfológicas e mecanismos fisiológicos<br />
<strong>para</strong> suportar os períodos de enchentes das várzeas da Amazônia e os de estiagem da região<br />
Nordeste – algumas plantas na região do semi-árido, por exemplo, se desenvolvem em áreas<br />
favorecidas por lençol freático raso ou em margens de rios, sendo dotadas de características<br />
morfológicas e mecanismos fisiológicos semelhantes aos das plantas xerófilas lenhosas,<br />
conforme DUQUE (1980).<br />
A resistência à seca também se deve a mecanismos morfológicos e fisiológicos de<br />
tolerância, como presença de lenticelas no caule das plantas e redução drástica da transpiração<br />
e da respiração na época seca, com abscisão das folhas e acúmulo de fotoassimilados e<br />
reservas nutritivas no caule e nas raízes.<br />
21
2.5 Propagação<br />
Desde o início das civilizações até hoje, a propagação de plantas – multiplicação<br />
controlada das plantas pelos métodos sexual (por sementes) e assexual (por estruturas<br />
vegetativas), com a finalidade de aumentar o número de indivíduos e preservar as<br />
características desejáveis, é uma atividade fundamental <strong>para</strong> ocupação da terra e<br />
sobrevivência do homem (HARTMANN et al., 2002).<br />
Pelo Código Internacional de Nomenclatura Para Plantas Cultivadas, clone é uma<br />
das categorias básicas de cultivar, designada como um grupo geneticamente uniforme de<br />
plantas, derivado originalmente de uma única planta através de propagação assexuada – como<br />
est<strong>aqui</strong>a, divisão, enxertia ou apomixia obrigatória – e com muitas aplicações importantes na<br />
horticultura. A clonagem pode ser definida como uma regeneração vegetativa de um único<br />
genótipo, representado por uma única planta, ponto de crescimento, meristema ou explante. A<br />
clonagem é um procedimento eficiente tanto na seleção de plantas <strong>para</strong> melhoramento como<br />
na propagação de plantas <strong>para</strong> reprodução. Fontes de variações intraclones podem ser<br />
divididas em quatro categorias gerais: mutações genéticas (espontâneas ou induzidas),<br />
rearranjos quiméricos de mutantes pré-existentes, mudanças epigenéticas e infecções<br />
sistêmicas por patógenos (KESTER, 1983).<br />
A enxertia é um método de propagação em que ocorre a união de um sistema<br />
radicular de uma planta (porta-enxerto) com um sistema de ramos de outra planta (enxerto) de<br />
tal modo que seja mantido o subseqüente crescimento e desenvolvimento em uma única<br />
planta. A arte da enxertia é antiga: era conhecida pelos chineses já na Antiguidade, pelo<br />
menos desde 1560 a.C., e por Aristóteles (384-322 a.C.) e Theofrasto (371-287 a.C.); no<br />
Império Romano era muito popular – métodos foram precisamente descritos na época –; e<br />
Paulo, o Apóstolo, a discutiu na Epístola dos Romanos (11:17-24). Historicamente, algumas<br />
fruteiras foram selecionadas há centenas e, às vezes, milhares de anos e propagadas<br />
vegetativamente antes disso por seleção de plantas multiplicadas por sementes. Atualmente,<br />
continuam a ser propagadas vegetativamente e cultivadas, como as cultivares de videira<br />
Cabernet Suavignon e Thompson Seedless, a pêra Bartlettt originada de um seedling em 1770,<br />
a banana Gros Michel e a maçã Delicious em 1870. Constata-se, portanto, que desde o início<br />
das civilizações as árvores frutíferas têm sido propagadas vegetativamente por enxertia,<br />
devido à dificuldade da propagação por estacas e à superioridade e alto valor comercial dos<br />
22
clones enxertados, tendo, portanto, inestimável importância <strong>para</strong> a humanidade desde aquela<br />
época (HARTMANN et al., 2002).<br />
Um grande problema da fruticultura moderna é o reduzido número de espécies<br />
cultivadas, agravado pela baixíssima quantidade de cultivares ou clones por espécie, seja de<br />
porta-enxertos ou de copa. Isso torna as culturas vulneráveis as epidemias, que podem<br />
intensificar a erosão genética e manter os clones cultivados com base cada vez mais estreita<br />
(SILVA; ELOY, 1992). Esse problema somente será superado ou minimizado através de<br />
programas de melhoramento de fruteiras que visem à di<strong>ver</strong>sificação – introdução de novas<br />
espécies ou criação de clones superiores de porta-enxertos e de enxertos copas. Para tanto, os<br />
métodos tradicionais de enxertia e est<strong>aqui</strong>a serão técnicas de fundamental importância na<br />
criação dos clones, na propagação das mudas e na manutenção de uma fruticultura<br />
di<strong>ver</strong>sificada e sustentável.<br />
A literatura sobre os métodos de propagação da cajazeira é escassa, e a maioria<br />
dos poucos trabalhos existentes faz apenas breves citações acerca da propagação da espécie –<br />
por métodos sexuais, via sementes, e assexuais, por est<strong>aqui</strong>a e enxertia (LEON; SHAW, 1990;<br />
CAMPBELL; SAULS, 1994; LORENZI, 1992; VILLACHICA, 1996) –, sem descre<strong>ver</strong> as<br />
metodologias e condições <strong>para</strong> realização da propagação.<br />
Na propagação sexual, os endocarpos são usados como sementes e têm problemas<br />
de dormência, com baixa, lenta e desuniforme germinação (CARVALHO; NASCIMENTO;<br />
MÜLLER, 1998; FIRMINO; ALMEIDA; TORRES, 1977, SOUZA; SOUSA; FREITAS,<br />
1999; AZEVEDO; MENDES; FIGUEIREDO, 2004). Na propagação por estacas, sejam de<br />
raízes ou de caule, as percentagens de enraizamento e de mudas aptas <strong>para</strong> plantio foram<br />
baixíssimas (FAÇANHA, 1997; SOARES, 1998; SOUZA; LIMA, 2005). Na propagação por<br />
garfagem em fenda cheia e lateral, por sua vez, as percentagens de pega dos enxertos e de<br />
mudas aptas <strong>para</strong> plantio foram altas, aos 50 dias após realização das enxertias sobre portaenxertos<br />
interespecíficos de umbuzeiro, cajaraneira e da própria cajazeira (SOUZA, 1998,<br />
SOUZA; ARAÚJO, 1999; SOUZA, 2000), sendo essa técnica recomendada <strong>para</strong> a produção<br />
de mudas clonadas em escala comercial (SOUZA; INNECCO; ARAÚJO, 1999).<br />
Na tentativa de modernizar a produção de mudas enxertadas de cajazeira e obter<br />
maior precocidade e uniformidade das plantas clonadas, Marco et al. (2002) realizaram<br />
enxertia de mesa sobre porta-enxertos clonados de umbu-cajá em tubetes e obti<strong>ver</strong>am 31% de<br />
pega dos enxertos, com 11% das mudas aptas <strong>para</strong> plantio 81 dias após a realização das<br />
enxertias.<br />
23
2.6 Importância do Porta-Enxerto<br />
A enxertia, além de ser usada <strong>para</strong> a preservação de genótipos superiores, tem<br />
grande utilidade prática, resultante da influência que o porta-enxerto pode exercer sobre o<br />
crescimento do enxerto, a precocidade de floração e frutificação, a qualidade do fruto,<br />
resistência a pragas e doenças e várias outras características. O fenótipo de uma planta<br />
enxertada não resulta apenas do efeito unilateral de uma parte sobre a outra, mas, sim, da<br />
interação genótipo da copa com o do porta-enxerto e com as partes envolvidas se<br />
influenciando mutuamente (HARTMANN et al., 2002).<br />
A planta obtida por enxertia possui um sistema radicular do porta-enxerto e um<br />
sistema de ramos do enxerto e apresenta padrão de crescimento distinto daqueles observados<br />
se cada uma das partes, porta-enxerto e enxerto, tivesse se desenvolvido se<strong>para</strong>damente.<br />
Alguns efeitos de porta-enxertos são de importância fundamental em horticultura e florestais,<br />
enquanto outros são prejudiciais e devem ser evitados. Os efeitos benéficos decorrem da<br />
resistência a certas doenças, insetos ou nematóides, ou tolerância a certas condições<br />
ambientais ou pedológicas ad<strong>ver</strong>sas. Interações entre porta-enxerto e enxerto podem também<br />
alterar tamanho, crescimento, produtividade, qualidade do fruto, reações de incompatibilidade<br />
ou outros atributos horticulturais – esses são, portanto, possíveis efeitos positivos. Na prática,<br />
pode ser difícil se<strong>para</strong>r o fator de influência dominante de uma dada combinação de enxertia<br />
em um ambiente particular. Resultados só são obtidos a longo prazo e dependem da<br />
combinação porta-enxerto e enxerto, do ambiente, de fatores edafoclimáticos e técnicas de<br />
manejo, que também afetam a produção, a qualidade e a forma da planta e características<br />
ornamentais (HARTMANN et al., 2002).<br />
Os porta-enxertos podem ser divididos em dois grupos: os oriundos de sementes<br />
(seedling) e os clonados, obtidos por propagação vegetativa (estacas, sementes apomitícas,<br />
micropropagação). Os porta-enxertos oriundos de sementes são facilmente produzidos em<br />
massa de modo relativamente simples e econômico; já a produção dos clonados é mais<br />
complexa e onerosa (HARTMANN et al., 2002). No Brasil, a obtenção de mudas de plantas<br />
frutíferas de caroço é feita, basicamente, pelo uso de porta-enxertos oriundos de sementes, o<br />
que traz como conseqüências desuniformidade do pomar, morte de plantas, falta de adaptação<br />
e poucas alternativas aos produtores (FACHINELLO; LORETI, 2000).<br />
Di<strong>ver</strong>sos autores citam porta-enxertos resistentes ou tolerantes a patógenos, os<br />
quais são utilizados com sucesso na enxertia de várias espécies de fruteiras cultivadas em todo<br />
o mundo, como na videira, devido à filoxera (NOGUEIRA, 1983; KUNH et al., 1986), em<br />
24
Citrus, por causa da “tristeza” (COELHO, 1993; COELHO, 1996; TERRA et al., 1988;<br />
SANTOS FILHO; BARBOSA; SILVA, 2000), na macieira, em virtude do pulgão lanígero<br />
(DENARDI, 1986, BERNARDI; DENARDI; HOFFMAN, 2004), em pessegueiro, ameixeira<br />
e damasco, devido ao ataque de nematóides (FINARDI, 1998; FACHINELLO et al. 2000). Os<br />
porta-enxertos também são empregados <strong>para</strong> reduzir porte e vigor de planta e aumentar<br />
produtividade, como em mangueira, videira, abacateiro, cajueiro e macieira (CHAUDHRI,<br />
1976; NOGUEIRA, 1983; KOLLER, 1992; CUNHA et al., 1994; DONADIO, 1995;<br />
CRISÓSTOMO et al., 2000; BERNARDI; DENARDI; HOFFMAN, 2004), ou <strong>para</strong> promo<strong>ver</strong><br />
tolerância a estresses em solos sódicos, salinos, secos, encharcados, alcalinos ou ácidos.<br />
Em maçã, os romanos utilizavam porta-enxertos desde 1597, e observaram pela<br />
primeira vez os efeitos dos porta-enxertos clonais “Paradise” no aumento da frutificação,<br />
diminuição de porte, rebrotamento e formação de nódulos radiculares nos troncos de clones<br />
de macieira (DENARDI, 1986).<br />
Na mangueira, o porta-enxerto têm grande influência no crescimento e na<br />
longevidade da planta enxertada, na sua produção, qualidade de fruto, no tempo de maturação,<br />
na resistência a pragas e doenças e na adaptabilidade às condições de umidade de solo<br />
(CHAUDHRI, 1976).<br />
Na fruticultura a seleção de porta-enxertos é tão importante quanto a seleção das<br />
cultivares copa, sendo a enxertia interespecífica usada com sucesso nos gêneros Citrus,<br />
Prunus, Vitis, Malus, Annona e Spondias (BOURKE, 1976; NOGUEIRA, 1983; POMPEU<br />
Jr., 1991; COSTA; MÜLLER, 1995; BEZERRA; LEDERMAN, 1997; PINTO; SILVA,<br />
1994; SIMÃO, 1998; REGINA et al., 1998; DENARDI, 1986; FINARDI, 1998;<br />
BONAVENTURE, 1999; SANTOS; NASCIMENTO; ARAÚJO, 1999; SOUZA; ARAÚJO,<br />
1999; SOUZA, 2000) e entre cultivares de uma mesma espécie, com boa cicatrização e<br />
compatibilidade entre as partes enxertadas e obtenção de plantas vigorosas e produtivas. Essas<br />
possibilidades do uso de porta-enxertos interespecíficos aumentam a probabilidade de seleção<br />
de genótipos que formem uma melhor combinação, além de ampliarem a variabilidade e a<br />
base genética da fruticultura.<br />
A viabilidade da enxertia interespecífica entre Spondias foi confirmada por<br />
Vasconcelos (1949), com umbuzeiro enxertado sobre porta-enxertos de pé franco de cajazeira<br />
resultando em clones que cresceram normalmente e produziram por mais de quinze anos, em<br />
Piracicaba, SP. Na Florida, o umbuzeiro foi introduzido enxertado sobre cajarana (Spondias<br />
dulcis), mas não progrediu como fruteira, talvez devido às condições edafoclimáticas (Duque,<br />
1980). Em condições de viveiro, Santos, Nascimento e Araújo (1999) obti<strong>ver</strong>am sucesso na<br />
25
enxertia de umbuzeiro sobre outras espécies de Spondias, e também Souza e Araújo (1999);<br />
Souza, Innecco e Araújo (1999); Souza (2000); Souza, Innecco e Rossetti (2002) na enxertia<br />
de cajazeira sobre porta-enxertos da própria cajazeira, umbuzeiro e de cajaraneira, com boa<br />
cicatrização das partes enxertadas e altas percentagens de pega de enxertos e de mudas aptas<br />
<strong>para</strong> plantio.<br />
Clones de cajazeira enxertados sobre umbuzeiro foram avaliados em cultivo até os<br />
46 meses de idade, quando constataram-se plantas em crescimento normal, vigorosas, com<br />
boa cicatrização, compatibilidade e afinidade entre as partes enxertadas (SOUZA;<br />
BLEICHER, 2002).<br />
Existem limites <strong>para</strong> o sucesso da enxertia entre as espécies, e quanto mais<br />
distantes taxonomicamente, maiores são as possibilidades de incompatiblidade entre as partes<br />
enxertadas. Segundo Hartmann et al. (2002), existem quatro tipos de incompatibilidade:<br />
falhas anatômicas, não translocada (localizada), translocada e induzidas por patógenos.<br />
A fruticultura moderna, especialmente com fruteiras lenhosas, baseia-se na<br />
utilização de porta-enxertos de sementes ou clonados. Contudo, os avanços da informação<br />
têm estimulado interesses científicos e comerciais em elucidar tecnologias que permitam, no<br />
futuro, o desenvolvimento de porta-enxertos assexuados <strong>para</strong> obtenção de clones enxertados<br />
menores, que permitam adensamento, manejo mais fácil e maiores produtividades.<br />
2.7 Ciclo Ontogenético<br />
2.7.1 Crescimento Vegetativo<br />
O ciclo de vida das plantas difere fundamentalmente entre as obtidas por sementes<br />
(seedlings), que exibem todas as quatro fases de desenvolvimento ontogenético –embriônica,<br />
juvenil, transição e adulta –, e aquelas clonadas, que exibem apenas as fases vegetativa e<br />
reprodutiva (HARTMANN et al., 2002). A transição da fase juvenil <strong>para</strong> a madura foi<br />
denominada fase de mudança por Brink (1962), envelhecimento ontogenético por Fortanier;<br />
Jonkeres (1976) e envelhecimento meristemático por Seelinger (1924) e Oleson (1978) – apud<br />
(HACKETT, 1988). Associadas à transição da fase juvenil <strong>para</strong> a madura há mudanças em<br />
várias características morfológicas, desenvolvimentais e fisiológicas da planta (HACKETT,<br />
1985). Durante o desenvolvimento, as mudanças em tais características não são reguladas de<br />
espécie <strong>para</strong> espécie; a maioria muda gradualmente durante o período que precede a fase de<br />
maturação e normalmente as mudanças não são percebidas em nenhuma das características no<br />
26
momento em que a capacidade de florescimento é atingida. Por essa razão, não está claro se<br />
essas características estão diretamente relacionadas com a maturação reprodutiva ou são por<br />
ela causadas (HACKETT, 1985).<br />
Plantas propagadas vegetativamente apresentam características ontogenéticas<br />
semelhantes às da planta matriz. O seu ciclo de crescimento, portanto, é fundamentalmente<br />
diferente do ciclo de uma planta de pé franco. Na fase vegetativa, os ápices caulinares,<br />
embora possam se parecer com aqueles da fase juvenil (pelo menos superficialmente), têm a<br />
capacidade de responder fisiologicamente a estímulos de indutores do florescimento;<br />
entretanto, uma certa quantidade de tempo e de crescimento pode ser necessária antes do<br />
início da floração. Muitas das práticas de horticultura, como reguladores de crescimento,<br />
enxertia, porta-enxertos ananizantes, anelamento e redução de crescimento, são efetivos na<br />
indução do florescimento. A enxertia produz resultados conflitantes em diferentes espécies de<br />
plantas, sendo impossível estabelecer princípios definidos. É possível que a enxertia estimule<br />
a indução da floração, mas os enxertos podem ter alcançado um estágio particular de<br />
maturação antes que essa indução ocorra (KESTER, 1976).<br />
A maior parte do desenvolvimento vegetal é pós-embrionário e ocorre a partir de<br />
meristemas, os quais podem ser considerados fábricas celulares onde os processos em<br />
andamento – divisão celular, expansão e diferenciação – geram o corpo do vegetal. As células<br />
derivadas de meristemas tornam-se tecidos e órgãos que determinam o tamanho, a forma e<br />
estrutura definitiva da planta. Os meristemas vegetativos se autoperpetuam e produzem<br />
tecidos que formam e regeneram o corpo da planta. Em árvores, um meristema pode reter<br />
características embrionárias indefinidamente, e o meristema apical vegetativo do caule, que é<br />
indeterminado em seu desenvolvimento, tem a capacidade de formar repetidamente tantos<br />
fitômeros quanto as condições ambientais favoreçam o crescimento. Fitômero é uma unidade<br />
de desenvolvimento que consiste em uma ou mais folhas, o nó ao qual as folhas estão ligadas,<br />
o entrenó e uma ou mais gemas axilares (RAVEN, EVERT; EICHHORN, 2001; TAIZ;<br />
ZEIGER, 2004).<br />
Em uma planta que produz flores, o meristema apical caulinar normalmente faz<br />
crescer em volume a porção do corpo da planta acima do solo, enquanto o meristema apical<br />
radicular promove o aumento em volume da porção subterrânea do corpo da planta. Os<br />
meristemas apicais do caule são formados em vários locais no vegetal, desempenham<br />
diferentes graus de atividade e adquirem uma variedade de destinos durante o<br />
desenvolvimento. Em alguns meristemas axilares, o padrão de desenvolvimento é alterado<br />
27
<strong>para</strong> produzir uma estrutura distinta, como uma flor, uma gavinha ou um espinho, e o<br />
crescimento do caule se torna determinado (KERSTETTER; HAKE, 1997).<br />
Sem dúvida, plantas geneticamente idênticas crescendo em diferentes condições<br />
ambientais podem assumir uma ampla variedade de formas durante seu desenvolvimento,<br />
devido à plasticidade no desenvolvimento vegetativo (STEEVES; SUSSEX, 1989 apud<br />
TAYLOR, 1997). Essa plasticidade desenvolvimental provavelmente representa uma<br />
adaptação das plantas ao seu estacionário hábito de vida autotrófico, no qual elas sintetizam<br />
nutrientes ricos em energia a partir do dióxido de carbono e da luz solar e adquirem água e<br />
elementos inorgânicos do solo. Para manter o suprimento dessas matérias-primas, as plantas<br />
precisam crescer continuamente, expandindo as superfícies envolvidas na absorção e captura<br />
de nutrientes e de luz solar através da elongação e ramificação de caules, da expansão das<br />
folhas e da formação de um sistema radicular ramificado com pêlos radiculares (TAYLOR,<br />
1997).<br />
O crescimento de plantas lenhosas tem sido caracterizado sob pontos de vista<br />
quantitativos, anatômicos, morfogenéticos e fisiológicos. As plantas crescem em altura e<br />
diâmetro através da atividade dos tecidos meristemáticos, os quais representam uma fração<br />
muito pequena da massa total da planta. As di<strong>ver</strong>sas partes do vegetal crescem em diferentes<br />
taxas e normalmente em diferentes épocas do ano (KRAMER; KOZLOWSKI, 1979).<br />
Na maioria das plantas superiores, o crescimento da gema apical inibe o<br />
crescimento das gemas laterais – fenômeno denominado dominância apical –, determinante na<br />
forma do vegetal. As plantas com forte dominância apical apresentam um único eixo de<br />
crescimento com poucas ramificações laterais. A remoção do ápice caulinar em geral resulta<br />
no crescimento de uma ou mais gemas laterais. Segundo Janick (1968), o crescimento das<br />
plantas pode ser modificado por meio da poda. A gema apical promove o crescimento tanto<br />
através da biossíntese direta da auxina quanto da biossíntese de giberelina, induzida por<br />
auxina. As citocininas também modificam a dominância apical e promovem o crescimento de<br />
gemas laterais. A baixa razão auxina/citocinina estimula a formação de parte aérea;<br />
conseqüentemente, as plantas superprodutoras de citocininas tendem a ter mais ramificações<br />
(TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />
Todos os organismos multicelulares passam por estádios de desenvolvimento<br />
mais ou menos definidos, cada um com suas características próprias. Nos animais, essas<br />
mudanças ocorrem no organismo inteiro; nas plantas superiores, porém, elas ocorrem em uma<br />
única região, o meristema apical caulinar, que passa por três fases de desenvolvimento: a fase<br />
juvenil, a fase adulta vegetativa e a fase adulta reprodutiva (TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />
28
Caules geralmente são classificados com base na localização, no desenvolvimento<br />
ou no tipo de gema dos quais são derivados. O aumento do caule das plantas lenhosas<br />
tropicais é muito di<strong>ver</strong>so; em geral, é intermitente, com expansão de um <strong>para</strong> vários fluxos de<br />
crescimento durante o ano. Os intervalos entre os fluxos de crescimento variam entre regimes<br />
climáticos, espécies, cultivares, e dentro de ramos de uma mesma árvore (KRAMER;<br />
KOZLOWSKI, 1979).<br />
O caule da cajazeira apresenta características externas semelhantes às de algumas<br />
plantas lenhosas decíduas. Há uma série de características importantes relativas à estrutura e<br />
ao desenvolvimento do caule. As mais conspícuas dos galhos são as gemas apicais e as gemas<br />
axilares ou laterais; já as gemas acessórios geralmente ocorrem aos pares e localizam-se uma<br />
de cada lado de uma gema axilar – em algumas espécies, essas gemas não se desenvolvem se<br />
as axilares associadas a elas apresentarem um desenvolvimento normal; em outras, as gemas<br />
acessórios dão origem às flores e as gemas axilares, às folhas (RAVEN, EVERT;<br />
EICHHORN, 2001).<br />
A transição da fase juvenil <strong>para</strong> a adulta é gradual (homoblástica) e acompanhada<br />
por mudanças nas características vegetativas como morfologia, filotaxia, quantidade de<br />
espinhos, capacidade de enraizamento e retenção de folhas em espécies decíduas. Porém, a<br />
transição da fase adulta vegetativa <strong>para</strong> a adulta reprodutiva é abrupta (heteroblástica), pois o<br />
florescimento envolve grandes alterações no padrão de morfogênese e diferenciação celular<br />
do meristema apical do caule (HARTMANN et al., 2002; TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />
Algumas espécies lenhosas possuem fase juvenil longa, que dura de 20 a 40 anos,<br />
como a Pinus aristata, a Qercus robur (carvalho inglês) e a Fagus sylvatica (faia européia)<br />
(CLARK, 1983); outras, como algumas espécies de bambu e de agave, ficam juvenis por<br />
cerca de 50 a 100 anos, quando repentinamente tornam-se reprodutivas, florescem, frutificam<br />
e morrem (KESTER, 1976), sendo, portanto, plantas monocárpicas.<br />
2.7.2 Evocação Floral e Atividade Reprodutiva<br />
O conjunto de eventos que ocorrem no ápice do caule e forçam o meristema apical<br />
a produzir flores é denominado de evocação floral. Os sinais de desenvolvimento que<br />
resultam na evocação floral incluem fatores endógenos, como ritmo circadiano, mudanças de<br />
fase e hormônios, e fatores exógenos, como fotoperíodo e temperatura. A interação desses<br />
fatores capacita a planta a sincronizar seu desenvolvimento reprodutivo com o ambiente. A<br />
29
evocação floral exige que a gema apical passe por dois estádios de desenvolvimento: a<br />
<strong>aqui</strong>sição de competência (a gema é competente quando é capaz de florescer após receber o<br />
sinal de desenvolvimento apropriado), e a determinação (a gema é determinada se for capaz<br />
de seguir o florescimento mesmo após ser removida de seu con<strong>texto</strong> normal). O estimulo<br />
floral possui vários componentes, que podem diferir entre grupos distintos de plantas, e a<br />
transição <strong>para</strong> o florescimento envolve um sistema complexo de fatores que interagem entre<br />
si, incluindo carboidratos, giberelinas, citocininas e etileno. Sinais transmissíveis gerados nas<br />
folhas são necessários <strong>para</strong> a determinação do ápice caulinar (TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />
Como já postulado <strong>para</strong> plantas lenhosas perenes, a floração em todas as plantas<br />
parece estar sob controle dos di<strong>ver</strong>sos sistemas bioquímicos e fisiológicos, os quais devem ser<br />
permissivos se as estruturas reprodutivas estão <strong>para</strong> ser formadas (BERNIER et al., 1993).<br />
O tempo de transição entre o crescimento vegetativo e a floração é de suma<br />
importância na agricultura, na horticultura e no melhoramento de plantas, porque a floração é<br />
o primeiro passo da reprodução sexual. Estudos <strong>para</strong> entender como essa transição é<br />
controlada têm ocupado inúmeros fisiologistas, que, nos últimos anos, produziram uma<br />
grande quantidade de informações. A maioria das plantas utiliza especificidades ambientais<br />
<strong>para</strong> regular a transição <strong>para</strong> a floração, seja porque todos os indivíduos de uma espécie<br />
devem florescer sincronicamente <strong>para</strong> que a fecundação cruzada ocorra com sucesso, ou<br />
porque todas as espécies devem completar sua reprodução sexual sob condições externas<br />
favoráveis. Quaisquer variáveis ambientais que exibam mudanças sazonais regulares são<br />
fatores potenciais de controle da transição <strong>para</strong> a floração. Os principais fatores são<br />
fotoperíodo, temperatura e disponibilidade de água. Plantas que não requerem fotoperíodo ou<br />
temperatura específica <strong>para</strong> florescer, como as chamadas plantas de “floração autônoma”, são<br />
normalmente sensíveis à radiação. Os fatores ambientais são percebidos por diferentes partes<br />
da planta: fotoperíodo e radiação, principalmente por folhas maduras em plantas intactas, e<br />
temperatura, por todas as partes da planta, embora temperaturas baixas (<strong>ver</strong>nalização) sejam<br />
geralmente percebidas principalmente pelo ápice caulinar; a disponibilidade de água é notada<br />
pelo sistema radicular. Há fortes interações entre esses diferentes fatores, de forma que cada<br />
um deles pode mudar o valor limite <strong>para</strong> a efetivação dos outros. O fato de os diferentes<br />
fatores promotores da floração serem percebidos por diferentes partes da planta implica que<br />
essas partes interajam e que o destino do meristema apical – permanecer vegetativo ou se<br />
tornar reprodutivo – seja controlado por um arranjo de sinais de longa distância em toda a<br />
planta (BERNIER et al., 1993).<br />
30
A escassa literatura sobre a biologia floral das Spondias relata que o gênero é<br />
polígamo-dióico ou monóico e fortemente auto-incompatível (BAWA, 1974). Para Lozano<br />
(1986a), as flores são hermafroditas, masculinas e femininas; já Francis (1992) relata que as<br />
árvores são monóicas, sendo as flores bissexuais ou ocorrendo em panículas de flores<br />
masculinas e femininas. Contudo, Mitchell e Daly (1998) investigaram centenas de amostras,<br />
com exceção da S. purpurea L., e constataram que as flores das espécies de Spondias<br />
neotropicais são estrutural e funcionalmente hermafroditas, mas fortemente protandras. A<br />
evidência pode geralmente ser encontrada em única inflorescência. No momento em que o<br />
pólen se desprende, o ovário não se desenvolve e o pistilo é aparentemente representado<br />
apenas por quatro ou cinco estilos basais fundidos. No momento em que o desenvolvimento<br />
do ovário é aparente, as anteras deiscentes estão quase vazias e notadamente murchas. O<br />
ponto no qual os estigmas estão receptivos não se torna evidente a partir da observação de<br />
material de herbário.<br />
Na Zona da Mata de Ilhéus, BA, a cajazeira propagada por sementes começa a<br />
produzir seis ou sete anos após o plantio, enquanto plantas clonadas por enxertia produzem<br />
após o terceiro ano de cultivo, apresentando altas taxas de crescimento e porte elevado, com<br />
altura média de 4,46 m (LEITE; MARTINS; RAMOS, 2003). Em Pacajus, CE, clones de<br />
cajazeira enxertados sobre umbuzeiro também apresentaram altas taxas de crescimento, com<br />
troncos monopodias (haste única) e tendência a formar copas altas, sendo que algumas plantas<br />
produziram apenas no primeiro ano de cultivo (SOUZA; BLEICHER, 2002).<br />
Costa (1998) <strong>ver</strong>ificou em Areia, PB, que o período de desenvolvimento dos<br />
frutos de cajá é de 120 dias, tendo início com a fecundação das flores e indo até a maturação<br />
dos frutos. No Ceará, a colheita concentra-se no período de janeiro a maio, variando com as<br />
condições climáticas.<br />
2.8 Fenologia<br />
De acordo com Wielgolaski (1974 apud FALCÃO; CLEMENT; GOMES, 2003),<br />
fenologia é o efeito da periodicidade das condições climáticas, influenciada pelas condições<br />
edáficas e ecológicas sobre o ciclo biológico das plantas, especialmente sobre os órgãos de<br />
crescimento vegetativo e reprodutivo. O conhecimento do ciclo fenológico de qualquer planta<br />
é de importância fundamental <strong>para</strong> a obtenção de novos conhecimentos e inovações<br />
tecnológicas <strong>para</strong> os diferentes sistemas de produção regional e exploração comercial.<br />
31
Segundo Frota (1988), o conhecimento da fenologia da planta permite avaliar as exigências<br />
ecológicas da espécie, determinar as fenofases mais apropriadas <strong>para</strong> escolha do método de<br />
propagação e planejar o controle fitossanitário e a previsão de safras.<br />
A cajazeira apresenta atividades vegetativas e reprodutivas sazonais distintas; no<br />
Panamá, a planta fica desfolhada por um pequeno período durante a estação seca antes da<br />
floração, a qual geralmente ocorre em abril e maio (CROAT, 1974). No Peru, a espécie perde<br />
todas as folhas de julho a setembro e flora e frutifica entre outubro e maio, dependendo das<br />
condições climáticas (VILACHICCA, 1996).<br />
Na Bahia e no Espírito Santo, a cajazeira floresce e inicia a frutificação a partir de<br />
outubro a novembro, e os frutos amadurecem de fe<strong>ver</strong>eiro a abril (VINHA; MATTOS, 1982).<br />
Segundo Prance e Silva (1975), em Manaus a cajazeira floresce geralmente de agosto a<br />
setembro, com o pico da produção de dezembro a fe<strong>ver</strong>eiro. Na microrregião do brejo<br />
<strong>para</strong>ibano, as plantas ficam completamente desfolhadas; essa perda de folhas, no entanto, não<br />
é simultânea em todos os exemplares de uma mesma região (SILVA; SILVA, 1995).<br />
2.9 Senescência e Abscisão<br />
A senescência é a fase final dos desenvolvimentos vegetativo e reprodutivo da<br />
planta, precedendo a morte generalizada das células e dos órgãos. Ela envolve a translocação<br />
ativa dos materiais celulares <strong>para</strong> serem usados em outros órgãos (NOODÉN; LEOPOLD,<br />
1988 apud PENNELL; LAMB, 1997). Trata-se de um processo de desenvolvimento normal,<br />
dependente de energia, controlado pelo próprio programa genético da planta e dependente de<br />
uma série de eventos citológicos e bioquímicos. Durante a senescência, enzimas hidrolitícas<br />
decompõem muitas proteínas, carboidratos e ácidos nucléicos. Os açúcares, aminoácidos,<br />
nucleosídeos e muitos minerais são transportados de volta <strong>para</strong> outras partes da planta via<br />
floema, onde serão reutilizados nos processos de síntese. Existem vários tipos de senescência:<br />
monocárpica; de caules aéreos em perenes herbáceas; foliar sazonal; foliar seqüencial; de<br />
frutos secos e carnosos; de cotilédones e órgãos florais e de tipos celulares especializados. Os<br />
desencadeadores desses processos são diferentes e podem ser internos, como uma senescência<br />
monocárpica (senescência da planta inteira após um ciclo reprodutivo único), ou externos,<br />
como o comprimento do dia e a temperatura outonal nas árvores decíduas (TAIZ; ZAIGER,<br />
2004).<br />
32
O desenvolvimento vegetativo nas plantas lenhosas é indeterminado e modular. A<br />
contínua geração de sistemas de órgãos pelos meristemas das plantas é modulada pela<br />
senescência programada e/ou pela abscisão – queda de órgãos existentes durante toda a vida<br />
da planta. O potencial de desenvolvimento é também influenciado pela supressão de<br />
atividades do meristema, como a dominância apical, e pela perda dos meristemas que são<br />
usados no desenvolvimento determinado das flores. Embora todos esses processos sejam<br />
geneticamente determinados, os caminhos envolvidos estão também sob influência do<br />
ambiente. Durante seu curso de desenvolvimento, as plantas perdem sistemas inteiros de<br />
órgãos através do processo denominado abscisão. Tal processo fornece um mecanismo <strong>para</strong><br />
remoção de órgãos senescentes ou defeituosos e <strong>para</strong> liberação de frutos amadurecidos. Em<br />
alguns casos, sistemas de órgãos intactos e saudáveis podem ser removidos numa etapa do<br />
desenvolvimento. Abscisão de pétalas, sépalas e estames em frutos no início do<br />
desenvolvimento são exemplos desse processo (BLEECKER; PATTERSON, 1997).<br />
Senescência, abscisão e cessamento da atividade meristemática em tecidos somáticos são<br />
exemplos de decisões de vida ou morte feitas pelas plantas durante seus ciclos de vida. Essas<br />
decisões podem afetar sistemas de órgãos específicos ou, quando agindo em combinação,<br />
levar à morte da planta inteira. Dentro dos tecidos afetados, os processos fisiológicos<br />
envolvidos são apenas parcialmente entendidos e, no caso da senescência, podem envol<strong>ver</strong><br />
mudanças globais na expressão gênica. Como essas características da história de vida são<br />
coordenadas em nível da planta inteira é um mistério (BLEECKER; PATTERSON, 1997).<br />
A morte celular programada (MCP) é um processo de suicídio celular envolvendo<br />
condensação, encolhimento e se<strong>para</strong>ção celular ordenada. A MCP exclui células que exercem<br />
uma função temporária e que são desnecessárias ou indesejadas, ou promovem o crescimento<br />
de tecidos especializados. Isso inclui células da aleurona, células da coifa e elementos<br />
traqueídeos. Durante interações com o ambiente, a MCP destrói células durante a hipoxia e<br />
após trocas com patógenos avirulentos, em ambos os casos sistematicamente localizadas.<br />
Espécies oxigenadas reativas, como peróxido de hidrogênio, e fitohormônios, como ácido<br />
giberélico e etileno, podem induzir MCP em plantas, enquanto outros hormônios, incluindo<br />
citocinina e ácido abscísico, e sinais de outras células podem suprimi-la (PENNELL; LAMB,<br />
1997).<br />
Folhas e várias estruturas reprodutivas caem por abscisão, por fatores mecânicos<br />
ou pela combinação dos dois. Na abscisão <strong>ver</strong>dadeira, ocorrem mudanças fisiológicas que<br />
levam à formação de uma discreta zona de abscisão (composta por células pequenas,<br />
compactas e sem espaço intercelular) na qual a se<strong>para</strong>ção ocorre. Em árvores adultas, uma<br />
33
mudança na forma da copa está associada à inibição progressiva do crescimento caulinar e à<br />
perda da dominância apical. A condição de senescência ramifica gradualmente a árvore, até<br />
que finalmente o ramo guia terminal perca sua dominância e a planta forme uma copa de topo<br />
achatada. Além disso, à medida que os ramos envelhecem, diminuem seu ângulo de<br />
crescimento, tendendo a tornar-se horizontais, pendentes. A forma da copa das árvores<br />
normalmente sofre grandes mudanças com a queda dos ramos laterais. Essa queda também<br />
influencia o tamanho e o tipo de nós (a queda precoce de ramos é desejável porque reduz o<br />
número e o tamanho dos nós). A queda de ramos laterais pode ocorrer a partir de dois<br />
mecanismos distintos: abscisão <strong>ver</strong>dadeira de ramos – através de processos fisiológicos<br />
similares aos da abscisão foliar – e poda natural – através da morte de ramos, mas sem a<br />
formação de uma zona de abscisão. O primeiro passo da poda natural envolve a senescência<br />
fisiológica seqüencial e a morte de ramos da base do caule (KRAMER; KOZLOWSKI, 1979).<br />
O etileno é o principal regulador do processo de abscisão, com a auxina agindo<br />
como supressora do efeito daquele hormônio. O gradiente de auxina nas folhas controla a<br />
sensibilidade das células da zona de abscisão ao etileno. Um hormônio pode influenciar a<br />
biossíntese de outro, de modo que os efeitos produzidos por um podem ser mediados por<br />
outros. Por exemplo, sabe-se que a auxina induz a biossíntese de etileno e que a giberelina<br />
pode induzir a síntese de auxina e vice-<strong>ver</strong>sa. As citocininas promovem a mobilização de<br />
nutrientes e retardam a senescência foliar. O etileno é produzido em quase todas as partes dos<br />
vegetais superiores e aumenta de quantidade durante abscisão foliar, senescência das folhas e<br />
amadurecimento de frutos. O etileno e as citocininas controlam a senescência foliar. O ácido<br />
abscísico está envolvido na senescência foliar pelo aumento da síntese de etileno.<br />
Internamente, a abscisão e a senescência foliar estão sob forte controle do balanço hormonal<br />
das auxinas, que as impedem, das citocininas, que as retardam, do ácido abscísico, que as<br />
promovem, e do etileno, principal ocasionador dos processos (TAIZ; ZEIGER, 2004).<br />
A abscisão das folhas deixa cicatrizes, que podem ser observadas abaixo das<br />
gemas laterais, juntamente com as cicatrizes de seus feixes vasculares. A camada protetora da<br />
zona de abscisão produz a cicatriz foliar. As cicatrizes dos feixes correspondem aos feixes<br />
vasculares terminais secionados, que se estendem dos traços foliares até o pecíolo da folha<br />
antes de ocorrer a abscisão. Grupos de cicatrizes das escamas de gemas apicais mostram a<br />
localização prévia das mesmas, até que se tornem menos aparentes; devido ao crescimento<br />
secundário, estes grupos de cicatrizes podem ser utilizados <strong>para</strong> determinação da idade de<br />
certas regiões do caule. A região do caule localizada entre dois grupos de cicatrizes<br />
34
corresponde a um ano de crescimento. As lenticelas surgem como discretas elevações do<br />
caule (RAVEN, EVERT; EICHHORN, 2001).<br />
Pelos modelos de retenção e queda de folhas das árvores de florestas tropicais<br />
proposto por Longman e Jenik (1974 apud KRAMER; KOZLOWSKI, 1979), a cajazeira<br />
enquadra-se na classe de plantas do tipo decíduas de crescimento periódico, com o tempo de<br />
vida das folhas em torno de quatro a onze meses e a queda ocorrendo antes da abertura das<br />
gemas, ficando a planta inteira ou os ramos totalmente desfolhados durante várias semanas ou<br />
meses.<br />
3 MATERIAL E MÉTODOS<br />
3.1 Local do Experimento<br />
O pomar experimental foi plantado em fe<strong>ver</strong>eiro de 2000, em área do Instituto<br />
Frutal, localizada a 5°12’9,8” S e 37°59’29,2” W e altitude de 158 m (medições feitas com<br />
aparelho GPS 12), no lote 1.3 da 2ª etapa do DIJA – Distrito de Irrigação Jaguaribe-Apodi –<br />
no município de Limoeiro do Norte, CE. O pomar foi avaliado no período de fe<strong>ver</strong>eiro de<br />
2001 a junho de 2005. Essa área está inserida na zona semi-árida do nordeste do Brasil, a<br />
qual, pela divisão do Zoneamento Agroecológico do Nordeste, segundo Silva et al. (1993),<br />
localiza-se dentro da grande unidade de paisagem J, chamada de Superfícies Cársticas, e na<br />
unidade geoambiental J10 da chapada do Apodi. Tem relevo plano, solo classificado como<br />
Cambissolo profundo e vegetação natural de área de caatinga hiperxerófila.<br />
Pela classificação de Köpen, o clima da chapada é do tipo BSw’h’, quente e semiárido.<br />
As médias anuais dos fatores climáticos são pluviosidade de 1.012 mm, umidade<br />
relativa do ar de 72% e temperatura de 26,7°C, com máximas de 33,5°C e mínimas de 25°C<br />
(CENTEC, 2005). O regime pluvial caracteriza-se por um período de chuvas de janeiro a<br />
junho e uma estação seca, com ocorrência de chuvas esparsas no restante do ano.<br />
Normais meteorológicas do período de 1961 a 1990, obtidas em estação de 1ª<br />
classe da microregião, no município de Morada Nova, CE, são encontrados na Tabela 1.<br />
A área do pomar experimental tem solo classificado, especificamente, como<br />
Cambissolo Háplico, com argila de atividade alta a fraca (EMBRAPA, 1999). É profundo,<br />
bem drenado, com minerais primários de fácil intemperização e boa fertilidade natural<br />
(Tabela 2).<br />
35
TABELA 1 – Normais meteorológicas do período de 1961 a 1990 obtidas em estação de 1ª classe de Morada Nova, CE (6°5’ S e 39°23’ W).<br />
Variáveis<br />
Metereológicas<br />
Pressão<br />
atmosférica (hPa)<br />
Temperatura<br />
média ( o C)<br />
Temperatura<br />
máxima ( o C)<br />
Temperatura<br />
mínima ( o C)<br />
Precipitação total<br />
(mm)<br />
Evaporação total<br />
(mm)<br />
Umidade relativa<br />
(%)<br />
Insolação total<br />
horas<br />
jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. ano<br />
1006,0 1006,1 1006,2 1006,5 1007,3 1008,9 1009,5 1009,0 1008,3 1006,8 943,2 1006,1 1002,0<br />
26,9 27,3 26,7 26,6 26,7 26,0 26,0 26,6 27,6 27,9 28,4 28,3 27,1<br />
35,1 33,8 32,3 31,9 31,9 31,8 32,6 34,2 35,3 36,1 34,5 35,7 33,8<br />
22,3 23,5 23,0 21,8 22,6 21,4 20,8 20,6 21,4 22,1 20,8 22,9 21,9<br />
78,7 112,8 214,5 186,7 115,7 70,6 33,8 11,6 9,5 4,4 5,0 29,0 872,2<br />
207,7 149,8 87,7 90,1 112,4 128,7 179,6 243,8 246,7 279,3 259,9 249,5 2235,3<br />
65,8 72,0 80,3 79,5 75,0 73,7 67,6 61,4 57,5 58,0 58,3 61,4 67,5<br />
232,6 203,1 206,3 197,9 233,5 248,9 259,0 279,9 282,7 297,2 279,2 262,7 2982,6<br />
Nebulosidade 0-10 5,5 5,8 6,7 6,1 5,5 4,8 4,4 3,0 3,1 3,3 3,9 4,5 4,7<br />
Fonte: INMET- Instituto Nacional de Meteorologia.<br />
36
TABELA 2 – Resultados de análises químicas, granulométrica e de micronutrientes de amostras de solo da área experimental coletadas em<br />
janeiro de 2000 1 . Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
pH g/dcm 3 mg/dcm 3 mmol/dcm 3 TFSA % Relação<br />
Profundidade<br />
Amostras CaCl2 H2O SMP MO P K Ca Mg Al H H+Al SB CTC V Ca/Mg Mg/K<br />
0-20 cm 5,8 7,2 6,6 32 13 3,4 53 10 1 21 22 66,4 88,4 75,1 5,30 2,94<br />
20-40 cm 4,8 5,6 6,1 10 3 1,4 29 9 1 37 38 39,4 77,4 50,9 3,22 6,42<br />
Profundidade<br />
Amostras<br />
Composição granulométrica (%) Densidades<br />
Areia Grossa Areia Fina Argila Limo Cascalho Aparente Real<br />
classe Sub-classe<br />
0-20 cm 50,8 18,4 25,2 5,5 0,0 1,31 2,63 Barrentos Areno argiloso<br />
20-40 cm 33,7 11,8 54,4 0,0 0,0 1,36 2,70 Argilosos Argiloso<br />
mg/dcm 3 Profundidade<br />
Micronutrientes<br />
Amostras S Na Fe Mn Cu Zn Bo<br />
0-20 cm 16 10 43 437 3,1 3,10 0,21<br />
20-40 cm 24 11 83 195 3,6 1,2 0,23<br />
1 Análises realizadas no laboratório do Instituto Campineiro de Análise de Solo e Adubo S/C Ltda. Campinas, SP.<br />
37
3.2 Tratamentos e Delineamento Experimental<br />
Os tratamentos consistiram de combinações possíveis de cinco copas de cajazeira<br />
enxertadas sobre dois porta-enxertos – cajazeira e umbuzeiro – seguindo o delineamento de<br />
blocos ao acaso, arranjadas no campo em esquema fatorial (5x2) com quatro repetições e<br />
quatro plantas por parcela. Utilizou-se uma bordadura externa de uma planta em todo<br />
perímetro da área foi empregada. Os clones copa foram obtidos de árvores adultas, sadias e<br />
produtivas nas localidades de Capuan, Caucaia-CE; Curimatã, Pacajus-CE; Gereau e Ladeira<br />
Grande, Maranguape-CE; e Lagoa Redonda, Messejana-CE. Uma única planta de cada local<br />
foi selecionada <strong>para</strong> dar origem ao clone. Os porta-enxertos foram obtidos de sementes de<br />
di<strong>ver</strong>sas plantas de umbuzeiro e de cajazeira. Os tratamentos resultantes das combinações<br />
enxerto/porta-enxerto são representados na Tabela 3.<br />
TABELA 3 – Representação dos tratamentos formados por combinações de cinco copas de<br />
cajazeira com dois porta-enxertos empregados no experimento. Limoeiro do<br />
Norte, CE, 2005.<br />
Porta-enxerto Copa Tratamento<br />
Cajazeira Capuan 1= Capuan/Cajazeira<br />
Curimatã 2= Curimatã/Cajazeira<br />
Gereau 3= Gereau/Cajazeira<br />
Ladeira Grande 4= Ladeira Grande/Cajazeira<br />
Lagoa Redonda 5= Lagoa Redonda/Cajazeira<br />
Umbuzeiro Capuan 6= Capuan/Umbu<br />
Curimatã 7= Curimatã/Umbu<br />
Gereau 8= Gereau/Umbu<br />
Ladeira Grande 9= Ladeira Grande/Umbu<br />
Lagoa Redonda 10= Lagoa Redonda/Umbu<br />
38
O experimento teve um total de 160 plantas na área útil e 56 na bordadura externa, conforme<br />
croqui de campo (Figura 1).<br />
Bloco IV Bloco I Bloco III Bloco II<br />
5 6 10 2 1 7 3 6<br />
10 3 5 4 9 10 1 2<br />
4 8 9 7 6 4 5 9<br />
9 2 8 1 8 5 7 8<br />
1 7 3 6 2 3 10 4<br />
FIGURA 1 – Croqui de campo do experimento instalado no delineamento de blocos ao acaso em<br />
esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos). Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
Legenda:<br />
= Plantas da bordadura externa<br />
= Plantas da área útil do experimento<br />
Tratamentos:<br />
1= Capuan/Cajazeira; 2= Curimatã/C; 3= Gereau/Cajazeira; 4= Ladeira Grande/Cajazeira; 5= Lagoa Redonda/Cajazeira;<br />
6= Capuan/Umbu; 7= Curimatã/Umbu; 8= Gereau/Umbu; 9= Ladeira Grande/Umbu e 10= Lagoa Redonda/Umbu.<br />
39
O experimento foi planejado <strong>para</strong> que os dados fossem analisados conforme o<br />
seguinte modelo matemático:<br />
Yijk = µ + Bj + Ci + PEk + (CxPE)ik + Єijk onde:<br />
Yij = valor observado,<br />
µ = média geral,<br />
Bj = efeito do j-ésimo bloco,<br />
Ci = efeito da i-ésima copa de cajazeira,<br />
PEk = efeito do k-ésimo porta-enxerto,<br />
(CxPE)ik = efeito da interação entre o i-ésima copa de cajazeira e o k-ésimo porta-enxerto,<br />
Єijk = efeito do erro experimental, sendo k = 1,2; i = 1,2,3, 4, 5 e j= 1,2,3, 4, com o seguinte<br />
quadro de análise de variância, apresentado na Tabela 4.<br />
TABELA 4 – Análise de variância do experimento instalado em delineamento de blocos ao<br />
acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos). Limoeiro do<br />
Norte, CE, 2005.<br />
Causa de variação GL<br />
Tratamento (clones) i-1+k-1+(i-1) (k-1) (9)<br />
Copa (C) i-1 4<br />
Porta-enxerto (PE) k-1 1<br />
Interação (CxPE) (i-1) (k-1) 4<br />
Blocos j-1 3<br />
Resíduo [i-1+k-1+(i-1) (k-1) (j-1)] 27<br />
Total ijk-1 39<br />
3.3 Formação das Mudas, Plantio e Condução do Pomar<br />
Na formação do pomar foram usadas mudas de cajazeira enxertadas por garfagem<br />
em fenda cheia, com aproximadamente 140 dias de idade, vigorosas e com média de cinco<br />
folhas desenvolvidas. As mudas foram formadas no viveiro do Campo Experimental da<br />
<strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, em Pacajus, CE, conforme o método proposto por Souza,<br />
Innecco e Araújo (1999).<br />
40
Os garfos foram obtidos de porções apicais de ramos sem folhas e com gemas<br />
intumecidas, de plantas adultas no período de repouso vegetativo. Os porta-enxertos foram<br />
mudas de pé franco de umbuzeiro e cajazeira, formadas em sacos plásticos, com<br />
aproximadamente 80 dias de idade e diâmetro médio do caule de 1,0 cm no ponto de enxertia.<br />
O plantio das mudas foi realizado em sistema retangular, no espaçamento de 8 m x<br />
7 m em área de relevo plano, medindo 126 m x 96 m (12.096 m 2 ). Detalhe das linhas de<br />
plantio do pomar pode ser observado na Figura 2. Cada cova de plantio, com dimensão de 40<br />
cm x 40 cm x 40 cm, foi previamente tratada com carbofuran a 0,05% e adubada em fundação<br />
com 10 L de esterco bovino curtido, 100 g de calcário dolomítico (PRNT 80%), 400 g de<br />
superfosfato simples (72 g de P2O5) e 40 g do micronutriente FTE BR.<br />
A B<br />
FIGURA 2 – Vista parcial do pomar de cajazeira, com detalhe das linhas de plantio. A)<br />
plantas com um ano de idade e B) com cinco anos de idade. Limoeiro do<br />
Norte, CE, 2005.<br />
Os tratos culturais consistiram de irrigação por microaspersão (apenas durante os<br />
períodos secos dos primeiro, segundo e terceiro anos de cultivo), replantio, tutoramento,<br />
coroamento e capinas manuais com enxada, adubações em cobertura, fertiirigações e controle<br />
preventivo contra formigas saúvas, com uso de repelente químico. Também foi feita poda de<br />
formação, que consistiu do corte da gema apical, em março de 2001, ou do terço superior do<br />
caule das plantas que continuavam com crescimento monopodial, em agosto de 2001, seguida<br />
da aplicação de uma pasta de oxicloreto de cobre nas superfícies cortadas.<br />
De novembro a dezembro de 2000, foram feitas quatro fertirrigações, aplicando-se<br />
no total, 4,0 kg de uréia (2,16 kg de N) e 2,86 kg de cloreto de potássio (1,72 kg de K2O) em<br />
todo o pomar. Durante o ano de 2001, foram aplicados, nas fertirrigações, 1,74 kg de uréia<br />
(940 g de N) e 1,36 kg de cloreto de potássio (816 g de K2O). Também em março foi feita<br />
uma adubação em cobertura com 10 L de <strong>ver</strong>micomposto + 45 dcm 3 de bagana de carnaúba<br />
41
por planta e outra em maio, com 50 g de uréia (27 g de N), 36 g de cloreto de potássio (21,6 g<br />
de K2O) e 22 g de FTE BR-12.<br />
Em 2002, terceiro ano de cultivo, foram aplicados no pomar, em fertirrigações,<br />
78,0 kg de sulfato de amônio (15,6 kg de N), 36,6 kg de fosfato monoamônico (4,0 kg de N e<br />
19 kg de P2O5), 24,4 kg de cloreto de potássio (14,6 kg de K2O) e 15,0 kg de sulfato de zinco.<br />
As irrigações <strong>para</strong> estabelecimento do pomar foram realizadas nos períodos secos<br />
dos três primeiros anos de cultivo. Utilizaram-se microaspersores autocompensantes com<br />
vazão de 25 litros por hora, que molhavam um círculo de 1,0 m de diâmetro em turnos de rega<br />
de três dias e tempo de irrigação de três horas, no primeiro ano de cultivo, e de cinco dias e<br />
cinco horas, no segundo e terceiro ano de cultivo.<br />
Nas épocas de repouso vegetativo, quando as plantas encontravam-se desfolhadas,<br />
foram removidos seus ramos secos e caiados os caules principais <strong>para</strong> evitar queima por<br />
radiação solar.<br />
3.4 Variáveis Avaliadas<br />
Os dados foram coletados <strong>para</strong> variáveis quantitativas contínuas: altura de<br />
planta, perímetro de caule do porta-enxerto e do enxerto, relação entre os perímetros de caule<br />
do enxerto e do porta-enxerto, quantitativas discreta: número de cachos (através de níveis:<br />
0, 1, 2, e 3) e qualitativas nominais: formato da copa (monopodial, bifurcada e simpodial) e<br />
épocas de emissão e de abscisão foliares, de floração e de frutificação.<br />
a) Altura de planta: medição feita da superfície do solo até o ápice do ramo mais<br />
desenvolvido;<br />
b) Perímetro do caule do porta-enxerto: medição realizada com trena flexível<br />
circundando o caule do porta-enxerto, logo abaixo do ponto de enxertia;<br />
c) Perímetro do caule do enxerto: medição realizada com trena flexível circundando o<br />
caule do enxerto, logo acima do ponto de enxertia;<br />
d) Razão entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto: obtida pela<br />
divisão dos perímetros dos caules dos enxertos pelos perímetros dos caules dos portaenxertos;<br />
42
e) Níveis do número de cachos de frutos por planta: contagem do número de cachos<br />
de frutos por planta, sendo os níveis 0 = produção de nenhum cacho por planta; 1 =<br />
produção de um a dez; 2 = produção de 11 a 50; e 3 = produção maior que 50 cachos<br />
por planta;<br />
f) Formato da copa: a cajazeira, nos primeiros anos de vida, tem forte dominância<br />
apical e desenvolvimento acrópeto, resultando em caule longo e <strong>ver</strong>tical, copa alta e<br />
assimétrica. Classificaram-se, então, as ramificações do ramo principal (ramos de<br />
primeira ordem) em copas: monopodial = plantas com um único caule, forte<br />
dominância apical e desenvolvimento acrópeto; bifurcada = plantas que emitiram<br />
dois caules principais, em “Y” (forma de gancho); e simpodial = plantas que<br />
esgalharam, ou seja, emitiram mais de dois caules principais;<br />
g) Épocas de emissão e de abscisão de folhas, flores e frutos: anotaram-se os períodos<br />
de ocorrência dessas fenofases durante a avaliação do experimento.<br />
3.5 Análise e Interpretação dos Dados Experimentais<br />
As variáveis altura de planta, perímetro de caule do porta-enxerto e do enxerto e<br />
relação entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto foram submetidas à análise<br />
de variância, estabelecendo-se significância ao nível de 5% pelo teste F, conforme Pimentel-<br />
Gomes (1987). Os contrastes entre as médias dos tratamentos definidos “a priori” foram<br />
testados pelo teste de Duncan (BANZATTO; KRONKA, 1995). O processamento dos dados<br />
foi feito utilizando os procedimentos disponíveis no software de análise estatística SAS<br />
<strong>ver</strong>são 8.0.<br />
Para os dados das variáveis formato de copa e níveis do número de cachos de<br />
frutos por planta, os quais não se ajustaram ao emprego da técnica de análise de variância e de<br />
testes não-<strong>para</strong>métricos, foi feita uma análise descritiva por tabela cruzada, utilizando-se os<br />
procedimentos de estatística descritiva disponíveis no software SPSS, <strong>ver</strong>são 13.<br />
43
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
4.1 Crescimento Vegetativo de Plantas Enxertadas de Cajazeira<br />
O crescimento vegetativo das plantas foi estimado através de avaliações de altura<br />
de planta, perímetros de caule do porta-enxerto e do enxerto e a relação entre estes.<br />
As avaliações foram feitas a partir do primeiro ano de plantio das mudas, em<br />
fe<strong>ver</strong>eiro e setembro de 2001, agosto de 2002, dezembro de 2003 e setembro de 2004, quando<br />
as plantas tinham 12, 18, 30, 46 e 55 meses de idade, respectivamente.<br />
4.1.1 Altura de Planta<br />
A altura de planta é uma indicação válida das alterações de crescimento primário<br />
produzidas pelos meristemas apicais, resultando no desenvolvimento <strong>ver</strong>tical da planta.<br />
Pela análise de variância, observa-se, <strong>para</strong> a variável altura de planta, que houve<br />
significância estatística pelo teste F entre os tratamentos, em todas as idades estudadas, como<br />
também se nota uma redução nos valores dos coeficientes de variação ao longo dos anos<br />
(Tabela 5).<br />
Diferenças consideráveis de altura de planta são observadas entre os clones desde<br />
os 12 meses de idade. O clone Gereau enxertado sobre umbuzeiro teve a maior altura (108,44<br />
cm), seguido pelos clones Gereau enxertado sobre cajazeira e Lagoa Redonda enxertados<br />
sobre cajazeira e umbuzeiro, respectivamente, os quais não diferiram estatisticamente entre si.<br />
O Ladeira Grande enxertado sobre umbuzeiro teve a menor altura (35,87 cm). Aos 18 meses,<br />
as alturas foram inferiores às da idade anterior. Esse fato é explicado pelas podas de formação<br />
de copa realizadas em março de 2001, quando foram retirados os ápices dos ramos principais,<br />
e, principalmente, pela poda drástica feita em agosto de 2001, quando foram removidos cerca<br />
de um terço dos ramos principais das plantas que continuavam com crescimento monopodial<br />
acrópeto. Aos 30 meses de idade, nota-se que o clone Gereau enxertado sobre umbuzeiro<br />
continuava com a maior altura (221,94 cm), seguido pelos Lagoa Redonda enxertado sobre<br />
umbuzeiro e cajazeira, que não diferiram significativamente entre si. Os clones Ladeira<br />
Grande ti<strong>ver</strong>am as menores alturas de planta, o enxertado sobre cajazeira (93 cm) e o sobre<br />
umbuzeiro (98,47 cm), mas não diferiram estatisticamente dos Curimatã. Os clones Capuan<br />
ti<strong>ver</strong>am alturas intermediárias. Aos 46 meses, observou-se a mesma tendência de altura dos<br />
clones observada nas épocas anteriores. Todas as médias de altura diferiram<br />
44
significativamente entre si na seguinte seqüência em ordem decrescente dos clones: Gereau,<br />
Lagoa Redonda, Capuan, Curimatã e Ladeira Grande. Até os 55 meses, última época de<br />
observação, notou-se que os clones manti<strong>ver</strong>am a mesma ordem de altura das épocas<br />
anteriores. O clone de Gereau enxertado sobre umbuzeiro teve 418 cm e foi estatisticamente<br />
igual aos Lagoa Redonda, com 411,87 e 384,4 cm, respectivamente, tendo as maiores alturas<br />
de planta. Os Capuan e Curimatã manti<strong>ver</strong>am-se com valores intermediários e o Ladeira<br />
Grande enxertado sobre cajazeira continuou com o menor porte (209,8 cm). O teste F<br />
detectou diferenças significativas entre os dois porta-enxertos apenas na idade de 55 meses,<br />
onde observam-se as maiores alturas dos clones enxertados sobre umbuzeiro em com<strong>para</strong>ção<br />
com os sobre cajazeira (Tabela 6). As maiores alturas dos clones enxertados sobre portaenxertos<br />
de umbuzeiro deve-se, provavelmente, à formação de túberas nas raízes desta<br />
espécie.<br />
As diferenças de altura entre árvores dos clones Gereau (maior porte) e Ladeira<br />
Grande (menor porte) podem ser visualizadas na Figura 2, que mostra plantas aos cinco anos<br />
de idade. A altura média dos clones enxertados de cajazeira, aos 55 meses de idade, obtida no<br />
presente trabalho, foi de 323,19 cm, bastante inferior à de 446,00 cm observada por Leite,<br />
Martins e Ramos (2003) em árvores mais jovens, de 36 meses de idade, cultivadas no Sul da<br />
Bahia. Esta diferença pode ter sido resultado da não realização de poda de formação e de<br />
variações mesológicas e genéticas dos clones usados.<br />
Uma com<strong>para</strong>ção mais crítica das diferenças de altura entre os clones é dificultada<br />
em virtude das podas realizadas aos 12 e 18 meses. Contudo, dos 30 aos 55 meses de idade<br />
essas diferenças se manti<strong>ver</strong>am praticamente inalteradas. Ao final deste período, a maioria das<br />
plantas do pomar havia atingido a maturidade com a floração e frutificação. É de se esperar<br />
que após esse período ocorra uma diminuição mais acentuada das taxas de crescimento e que<br />
as diferenças entre os clones permaneçam inalteradas.<br />
45
TABELA 5 – Análises de variâncias de variáveis de crescimento vegetativo de clones de<br />
cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco<br />
idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
Altura de planta (cm)<br />
Idade (meses) 12 18 30 46 55<br />
C. de variação Gl Quadradros médios<br />
Clones 9 9.088,46** 10.600,05** 31.976,38** 42.494,74** 72.779,48**<br />
Blocos 3 5.545,68 3.420,75 3.871,55 20.976,54 33.982,89<br />
Resíduo 27 1.423,21 1.223,99 2.472,19 3.400,15 5.992,12<br />
CV 52,77 50,88 31,90 24,17 23,95<br />
Perímetro de caule de porta-enxerto (cm)<br />
Clones 9 36,51** 52,84* 274,95** 551,24** 596,01**<br />
Blocos 3 98,54 43,41 100,47 356,94 471,57<br />
Resíduo 27 13,58 24,51 41,39 90,52 162,20<br />
CV 40,78 38,82 23,65 23,63 23,73<br />
Perímetro de caule de enxerto (cm)<br />
Clones 9 38,46** 56,38** 159,76** 359,96** 716,99**<br />
Blocos 3 88,55 44,31 153,22 419,87 840,65<br />
Resíduo 27 10,64 19,51 41,31 78,84 166,46<br />
CV 43,43 41,12 24,61 23,47 25,03<br />
Relação entre perímetro de caule de enxerto e de porta-enxerto<br />
Clones 9 0,0296** 0,0659** 0,2130** 0,0711** 0,0690**<br />
Blocos 3 0,0198 0,0143 0,0247 0,0107 0,0045<br />
Resíduo 27 0,0093 0,0093 0,0073 0,0056 0,0061<br />
CV 11,75 11,54 8,82 7,93 8,13<br />
* houve diferenças estatisticamente significativas pelo teste F (p>0,05).<br />
** houve diferenças estatisticamente significativas pelo teste F (p>0,01).<br />
46
47<br />
TABELA 6 – Altura de planta (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro<br />
do Norte, CE, 2005.<br />
Idade 12 meses 18 1 meses 30 meses 46 meses 55 meses<br />
Porta-enxerto<br />
Copa<br />
Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro<br />
Capuan 58,13deA 76,75bcdA 57,31cdA 76,94bcA 143,69deA 159,63cdeA 236,25cdA 254,62bcdA 295,75cB 314,77cA<br />
Curimatã 63,81cdeA 48,40deA 53,44cdA 40,88dA 130,44efA 126,94efA 213,33dA 214,29dA 286,60cB 316,71cA<br />
Gereau 99,57abA 108,44aA 91,56abA 113,00aA 178,13bcdA 221,94aA 273,13abcA 313,75aA 343,19bcB 418,00aA<br />
Ld. Grande 48,56deA 35,87eA 41,19dA 40,13dA 93,00fA 98,47fA 151,33eA 158,33eA 209,80dB 223,58dA<br />
Lg. Redonda 90,50abcA 87,77abcA 94,63abA 76,75bcA 212,63abA 190,06abcA 295,07abA 279,33abcA 411,87aB 384,40abA<br />
Médias 72,11 71,44 67,62 70,14 151,57 159,40 233,82 244,06 309,44 331,49<br />
1<br />
As plantas foram podadas em março e julho de 2001.<br />
Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p
A B<br />
FIGURA 3 – Árvores de cajazeira dos clones: A) Gereau e B) Ladeira Grande com cinco anos<br />
de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
4.1.2 Perímetros de Caule da Planta Enxertada<br />
O perímetro de caule é representativo das variações de crescimento secundário<br />
produzido pelo câmbio vascular, determinante do aumento em diâmetro de eudicotiledôneas<br />
lenhosas (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001).<br />
As diferenças de espessura entre hipóbio e epíbio são freqüentemente utilizadas<br />
<strong>para</strong> caracterizar o tipo de crescimento e possíveis reações de incompatibilidade nas plantas<br />
enxertadas.<br />
Pela análise de variância, observa-se <strong>para</strong> a variável perímetro de caule do portaenxerto<br />
que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos, em todas as<br />
idades estudadas, também se nota uma redução nos valores dos coeficientes de variação, ao<br />
longo dos anos, com uma estabilização nos três últimos anos (Tabela 5).<br />
Na idade de 12 meses, o porta-enxerto de cajazeira enxertado sob o clone Gereau<br />
teve o maior perímetro de caule (11,93 cm), mas sem diferir estatisticamente do Capuan<br />
enxertado sobre cajazeira e umbuzeiro e do Lagoa Redonda sobre umbuzeiro, sendo os dois<br />
últimos estatisticamente semelhantes. O porta-enxerto de umbuzeiro enxertado com o clone<br />
Ladeira Grande teve o menor perímetro de caule (7,0 cm). Os dois porta-enxertos enxertados<br />
48
com o clone Curimatã ti<strong>ver</strong>am perímetros de caule intermediários, juntamente com o<br />
umbuzeiro enxertado com o Lagoa Redonda. Aos 18 meses, os porta-enxertos de umbuzeiro e<br />
cajazeira enxertados com Gereau ti<strong>ver</strong>am os maiores perímetros de caule (15,06 cm e 15,19<br />
cm, respectivamente), mas não diferiram estatisticamente dos enxertados com Capuan, Lagoa<br />
Redonda e Curimatã sobre cajazeira. Os porta-enxertos de umbuzeiro e cajazeira enxertados<br />
com Ladeira Grande ti<strong>ver</strong>am os menores perímetros de caule, 10,47 cm e 10,50 cm,<br />
respectivamente. Na idade de 30 meses, os porta-enxertos de cajazeira enxertados com os<br />
clones de Gereau (32,68 cm), Lagoa Redonda (32,63 cm), Curimatã (29,81 cm) e Capuan<br />
(30,56 cm) ti<strong>ver</strong>am os maiores perímetros e não diferiram estatisticamente entre si. Os portaenxertos<br />
de umbuzeiro enxertados com os clones Capuan, Curimatã e Lagoa Redonda ti<strong>ver</strong>am<br />
perímetros de caule intermediários e foram estatisticamente semelhantes. O porta-enxerto de<br />
umbuzeiro enxertado com o Ladeira Grande teve o menor perímetro de caule (20,40 cm). Aos<br />
46 e 55 meses, os porta-enxertos de cajazeira ti<strong>ver</strong>am os maiores perímetros de caule quando<br />
enxertados com Gereau (48,0 e 58,54 cm) e Lagoa Redonda (48,66 e 66,66 cm),<br />
respectivamente, mas ambos não diferiram estatisticamente. Enquanto isso, os porta-enxertos<br />
de umbuzeiro ti<strong>ver</strong>am os menores perímetros quando enxertados com os clones Ladeira<br />
Grande (31,08 e 44,63 cm) e Curimatã (32,71 e 44,28 cm), respectivamente, que também não<br />
diferiram estatisticamente entre si (Tabela 7).<br />
Ainda na Tabela 7, <strong>ver</strong>ifica-se que o teste F detectou diferenças significativas<br />
entre os dois porta-enxertos, nas idades de 46 e 55 meses, sendo evidentes os maiores<br />
perímetros de caule dos porta-enxertos de cajazeira, quando com<strong>para</strong>dos com os de<br />
umbuzeiro em todos os clones.<br />
No período avaliado, observa-se que os perímetros de caule dos porta-enxertos de<br />
cajazeira variaram de 7,31 cm no Ladeira Grande a 66,66 cm no Lagoa Redonda e os de<br />
umbuzeiro, de 7,0 cm no Ladeira Grande a 52,53 cm no Gereau. A ocorrência de maiores<br />
valores de perímetro de caule nos porta-enxertos de cajazeira deve-se à presença característica<br />
de casca grossa e rugosa nos troncos dessa espécie, diferentemente dos do umbuzeiro, que<br />
possuem casca fina e lisa. (Figura 3).<br />
49
TABELA 7 – Perímetro de caule de porta-enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em<br />
cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
Idade 12 meses 18 1 meses 30 meses 46 meses 55 meses<br />
Porta-enxerto<br />
Copa<br />
Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro<br />
Capuan 9,00abcdA 10,31abcA 13,13abcA 13,50abcA 30,56abA 24,56cdA 45,06abA 36,31cdB 66,26abA 45,00cB<br />
Curimatã 8,56bcdA 7,53cdA 12,00abcA 11,06bcA 29,81abA 23,12cdA 42,53abcA 32,71dB 54,33abcA 44,28cB<br />
Gereau 11,93aA 10,69abA 15,19aA 15,06aA 32,68aA 26,87bcA 48,00aA 41,87abcB 58,54abA 52,53bcB<br />
Ld. Grande 7,31cdA 7,00dA 10,50cA 10,47cA 26,87bcA 20,40dA 37,60bcdA 31,08dB 51,14bcA 44,43cB<br />
Lg. Redonda 9,31abcdA 8,85bcdA 14,62abA 11,87abcA 32,63aA 24,12cdA 48,66aA 35,00cdB 66,66aA 47,87bcB<br />
Médias 9,22 8,87 13,08 12,39 30,51 23,81 44,37 35,39 59,38 46,82<br />
1<br />
As plantas foram podadas em março e agosto de 2001.<br />
Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p
Pela análise de variância, observa-se, <strong>para</strong> a variável perímetro de caule do<br />
enxerto, que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos em todas as<br />
idades estudadas, e também uma redução nos valores dos coeficientes de variação, ao longo<br />
dos anos, com uma estabilização nos três últimos anos (Tabela 5).<br />
Pela Tabela 8, observa-se, aos 12 meses de idade, que o clone Gereau teve o<br />
maior perímetro de caule do enxerto, quando enxertado sobre cajazeira (10,64 cm) e sobre<br />
umbuzeiro (9,25 cm), mas sem diferir estatisticamente deste e do Capuan sobre umbuzeiro,<br />
que, por sua vez, também não diferiu do Gereau e Lagoa Redonda enxertados sobre<br />
umbuzeiro e Capuan e Lagoa Redonda enxertado sobre cajazeira.<br />
Em todas as idades, observa-se que o clone Gereau teve os maiores perímetros de<br />
caule do enxerto sobre ambos os porta-enxertos, enquanto o Ladeira Grande teve os menores.<br />
Os clones de Capuan, Curimatã e Lagoa Redonda, notadamente quando enxertados sobre<br />
umbuzeiro, manti<strong>ver</strong>am-se com perímetros intermediários. Claramente o genótipo de Gereau<br />
teve um potencial de crescimento secundário superior ao do clone de Ladeira Grande.<br />
Ainda na Tabela 8, <strong>ver</strong>ifica-se que o teste F detectou diferenças significativas<br />
entre perímetros de caule do enxerto sobre os dois porta-enxertos, nas idades de 46 e 55<br />
meses, sendo evidentes os maiores perímetros de caule dos enxertos quando enxertados sobre<br />
cajazeira do que quando sobre umbuzeiro, em todos os clones.<br />
51
52<br />
TABELA 8 – Perímetro de enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades.<br />
Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
Idade 12 meses 18 1 meses 30 meses 46 meses 55 meses<br />
Porta-enxerto<br />
Copa<br />
Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro<br />
Capuan 6,81bcA 9,00abA 10,18bcdA 12,31abcA 25,12cdA 26,31bcdA 40,00abcA 37,23bcdB 54,43abcdA 49,15bcdefB<br />
Curimatã 7,12bcA 5,73cA 10,20bcdA 9,25cdA 28,25abcA 23,93cdA 40,46abA 32,43dB 52,56abcdeA 42,75efB<br />
Gereau 10,64aA 9,25abA 13,25abA 14,00aA 31,50aA 30,18abA 44,68aA 43,06abB 61,87aA 58,40abcB<br />
Ld. Grande 6,00cA 5,86cA 8,25dA 9,06cdA 22,43dA 22,00dA 32,46dA 30,75dB 46,06edfA 41,58fB<br />
Lg. Redonda 7,56bcA 7,23bcA 10,81abcdA 9,94bcdA 26,93abcdA 24,18cdA 41,13abA 33,26cdB 59,53abA 48,00cdefB<br />
Médias 70,62 7,41 10,53 10,91 26,84 25,32 39,74 35,34 54,89 47,97<br />
1 As plantas foram podadas em março e agosto de 2001.<br />
Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p
Confrontando-se os valores de altura de planta e perímetros de caule de portaenxerto<br />
e enxerto, vê-se que estas variáveis parecem estar positivamente associadas. Os<br />
clones Gereau e Lagoa Redonda ti<strong>ver</strong>am as maiores alturas e também os maiores perímetros<br />
de caule de porta-enxerto e enxerto. Por sua vez, o clone Ladeira Grande teve a menor altura<br />
de planta e os menores perímetros de caule de porta-enxerto e enxerto. Referida<br />
correspondência é um indicativo da adequabilidade dessas variáveis <strong>para</strong> estimar o<br />
crescimento vegetativo da planta. Nessas variáveis também observou-se uma redução nos<br />
valores dos coeficientes de variação ao longo dos anos (Tabela 5). Tal fato é explicado,<br />
provavelmente, pela diminuição da variância entre os tratamentos.<br />
A razão entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto foi<br />
determinada com o objetivo de se estabelecer o grau de diferenças de diâmetros das partes<br />
enxertadas.<br />
Pela análise de variância, observa-se, <strong>para</strong> a relação perímetro de caule do enxerto<br />
e do porta-enxerto, que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos em<br />
todas as idades estudadas (Tabela 5).<br />
Na Tabela 9, aos 12 meses de idade, observa-se que todas as relações foram<br />
inferior à unidade, sendo a maior relação a do clone Gereau (0,90) e a menor a do Capuan<br />
(0,76), ambos enxertados sobre cajazeira. Nota-se também que o clone Gereau, enxertado<br />
sobre os dois porta-enxertos, teve as maiores razões que todos os demais clones até os 18<br />
meses de idade das plantas. Já dos 30 aos 55 meses, as maiores razões se manti<strong>ver</strong>am apenas<br />
no clone Gereau enxertado sobre umbuzeiro. Nos porta-enxertos de cajazeira, os clones Lagoa<br />
Redonda e Ladeira grande ti<strong>ver</strong>am as menores razões de perímetros (enxerto e porta-enxerto)<br />
nas idades estudadas.<br />
Ainda na Tabela 9, <strong>ver</strong>ifica-se que o teste F detectou diferenças significativas<br />
entre as relações de perímetros de caule:de enxerto e porta-enxerto sobre os dois portaenxertos<br />
em todas as idades avaliadas, com exceção dos 12 meses. As razões de perímetro de<br />
caule de enxerto e porta-enxerto foram mais elevadas <strong>para</strong> o porta-enxerto de umbuzeiro do<br />
que <strong>para</strong> o de cajazeira em todas as idades a partir dos 18 meses. Aos 30 meses, essas razões<br />
<strong>para</strong> o umbuzeiro foram iguais ou maiores do que 1,0 em todos os clones. Aos 46 e 55 meses,<br />
apenas os clones Gereau e Capuan e Lagoa Redonda manti<strong>ver</strong>am-se com razões um pouco<br />
maiores do que a unidade, ou seja, os caules dos enxertos de cajazeira foram mais grossos do<br />
que os do porta-enxerto de umbuzeiro, formando troncos em formato de “taça”.<br />
Contrariamente, essas razões foram sempre menores que 1,0 <strong>para</strong> os porta-enxertos de<br />
cajazeira, formando troncos com aparência de “garrafa”.<br />
53
Referidas diferenças de diâmetro, assim descritas, podem ser observadas na<br />
Figura 4, onde nota-se que também houve uma boa cicatrização entre as partes enxertadas.<br />
As diferenças encontradas na razão entre perímetros de caule de enxerto e portaenxerto<br />
foram pequenas em valores e magnitude, mas significativas. Até a idade observada,<br />
não pareceram exercer influências negativas no crescimento vegetativo das plantas e não<br />
caracterizaram uma incompatibilidade entre as partes enxertadas. Além do mais, a união das<br />
partes enxertadas foi aparentemente perfeita em ambos os porta-enxertos (Figura 4). A leve<br />
hipertrofia no porta-enxerto de umbuzeiro também foi constatada por Souza e Bleicher (2002)<br />
em clones de cajazeira com 46 meses de idade, os quais, até a presente data, continuam em<br />
pleno desenvolvimento na Estação Experimental da <strong>Embrapa</strong> Agroindústria Tropical, em<br />
Pacajus, CE.<br />
A hipertrofia, quando muito acentuada, pode reduzir a vida útil da planta, por<br />
afetar o movimento de água, nutrientes, íons, sais minerais e fotoassimilados pelo sistema<br />
vascular, constituindo, em di<strong>ver</strong>sos casos, causas de incompatibilidade (HARTMANN et al.,<br />
2002). No <strong>texto</strong> desses mesmos autores, há indicação de que a hipertrofia ou hipotrofia do<br />
enxerto está mais relacionada com uma tendência genética de crescimento do que com<br />
incompatibilidade.<br />
54
55<br />
TABELA 9 – Relação entre perímetro de caule de enxerto e de porta-enxerto de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira<br />
e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
Idade 12 meses 18 1 meses 30 meses 46 meses 55 meses<br />
Porta-enxerto<br />
Copa<br />
Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro<br />
Capuan 0,76cA 0,86abA 0,79deB 0,90abA 0,81eB 1,07bA 0,89cdB 1,03aA 0,90dB 1,10aA<br />
Curimatã 0,83abcA 0,76cA 0,81cdB 0,83bcdA 0,94dB 1,03bcA 0,94bcB 1,00abA 0,93cdB 0,99bcA<br />
Gereau 0,90aA 0,87abA 0,87abcB 0,94aA 0,95dB 1,13aA 0,93cB 1,04aA 0,95bcdB 1,09aA<br />
Ld. Grande 0,82bcA 0,83abcA 0,76deB 0,87bcA 0,83eB 1,08abA 0,86dB 0,99abA 0,88dB 0,96bcdA<br />
Lg. Redonda 0,79bcA 0,80bcA 0,73eB 0,82cdA 0,83eB 1,00cdA 0,85dB 0,95bcA 0,88dB 1,01bA<br />
Médias 0,82 0,82 0,79 0,87 0,87 1,06 0,89 1,00 0,90 1,03<br />
1<br />
As plantas foram podadas em março e agosto de 2001.<br />
Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p
A B C<br />
FIGURA 4 – Detalhes de troncos de cajazeira enxertada sobre umbuzeiro (A e B) e cajazeira<br />
(C) na linha de união. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
4.2 Formato de Copa<br />
O grau de dominância apical é determinante da forma da planta. Plantas com forte<br />
dominância apical têm um único eixo de crescimento e poucas ramificações laterais (TAIZ;<br />
ZAIGER, 2004). Em condições naturais, a cajazeira é uma árvore caducifólia, de crescimento<br />
indeterminado e com tendência a formar, durante sua fase juvenil, caules monopodias longos<br />
com copas que esgalham a vários metros de altura do solo (SOUZA; BLEICHER, 2002).<br />
Difere de outras árvores frutíferas da família Anacardiaceae, como o cajueiro, a mangueira e<br />
o umbuzeiro, que têm tendência a formar copas mais simpodiais, com ramificações densas e<br />
mais baixas em relação ao solo. No <strong>texto</strong> de Kramer e Kozlowski (1979), há indicação de que<br />
uma mudança na forma da copa, em árvores adultas, está associada à inibição progressiva do<br />
crescimento caulinar, à perda da dominância apical e à condição de senescência. Tais fatores<br />
determinam uma ramificação gradual da árvore, possibilitando a formação de uma copa de<br />
topo achatada.<br />
Os formatos de copa das diferentes combinações de clones enxertados de<br />
cajazeira, até os 30 meses de idade, encontram-se apresentados na Tabela 10. Observa-se que,<br />
aos 12 meses de idade, todos os clones de cajazeira tinham uma alta percentagem de plantas<br />
com copas em formato monopodial, variando de 64,5%, no clone Ladeira Grande a 90,6% no<br />
Capuan, o que confirma a forte dominância apical da espécie, mantida até mesmo em clones<br />
enxertados. Aos 18 e 30 meses de idade, <strong>ver</strong>ifica-se uma considerável diminuição na<br />
56
proporção de plantas com copa de formato monopodial em todos os clones e correspondentes<br />
aumentos nas percentagens de planta com copas bifurcada (em forma de Y ou gancho) e<br />
simpodial. Aos 30 meses, as percentagens de plantas com copa bifurcada variaram de 6,3% no<br />
clone Gereau a 25,8% no Ladeira Grande, e as de plantas com copa simpodial, de 56,5% no<br />
Curimatã a 84,4% no Gereau.<br />
Na mesma tabela, observa-se que, aos 12 meses de idade, em média 76% dos<br />
clones de cajazeira tinham tendência natural a formar copas monopodias, 17% copas<br />
bifurcadas e 6,4% copas simpodiais. Comprova-se, portanto, a tendência da cajazeira a formar<br />
copas monopodias e bifurcadas, conforme ocorre com tal planta em condições naturais.<br />
As variações das proporções de plantas bifurcadas aos 12, 18 e 30 meses de idade<br />
devem-se ao fato de muitas plantas, em resposta à poda, terem sofrido modificação em seus<br />
formatos de copa, de monopodial <strong>para</strong> simpodial diretamente, enquanto outras passaram<br />
primeiro <strong>para</strong> o formato bifurcada e depois <strong>para</strong> o simpodial. Corroborando o referido,<br />
observou-se que, dos 12 <strong>para</strong> os 30 meses de idade, houve um aumento considerável de<br />
plantas com copas simpodial, com variação de 56,5% a 84,4% e média de 72,4% (Tabela 10).<br />
TABELA 10 – Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos de<br />
cajazeira sobre dois porta-enxertos em três idades (meses). Limoeiro do<br />
Norte, CE, 2005.<br />
Copa<br />
Monopodial<br />
12 18 30<br />
Bifurcada<br />
12 18 30<br />
Simpodial<br />
12 18 30<br />
Capuan 90,6 1<br />
28,1 3,1 9,4 31,3 25,0 0,0 40,6 71,9<br />
Curimatã 67,7 56,3 6,3 29,0 15,6 12,5 2,2 19,6 56,5<br />
Gereau 83,3 37,5 9,4 13,3 21,9 6,3 3,3 40,6 84,4<br />
Ladeira Grande 64,5 61,3 3,2 16,1 16,1 25,8 19,4 22,6 71,0<br />
Lagoa Redonda 75,9 31,3 6,3 17,2 15,6 15,6 6,9 53,1 78,1<br />
Médias 76,4 43,0 5,7 17,0 20,1 17,0 17,0 35,3 72,4<br />
1<br />
Dados analisados por procedimentos de estatística descritiva.<br />
Na Tabela 11, são encontradas as proporções de plantas com os diferentes<br />
formatos de copa nos porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro. Aos 12 meses de idade, as<br />
plantas enxertadas sobre umbuzeiro tinham 89,3% de copas monopodiais e as enxertadas<br />
sobre cajazeira, 64,1%, indicando que o umbuzeiro, apesar de ter uma copa com formato<br />
simpodial, não transferiu essa característica <strong>para</strong> os clones. Se confirma, assim, a forte<br />
dominância apical dos clones na fase juvenil.<br />
Na mesma tabela, observa-se, aos 12 meses de idade, que o formato de copa<br />
bifurcada aparece em 9,3% nas plantas enxertadas sobre umbuzeiro e em 24,4% nas formadas<br />
57
sobre cajazeira. Aos 18 e 30 meses de idade, <strong>ver</strong>ifica-se uma grande diminuição do formato<br />
de copa monopodial nas plantas enxertadas sobre ambos os porta-enxertos, notadamente aos<br />
30 meses, quando as percentagens foram de 2,5% nos de cajazeira e de 8,9% nos de<br />
umbuzeiro.<br />
Pela Tabela 11, notam-se as baixas percentagens de plantas com o formato de<br />
copa simpodial aos 12 meses de idade, sendo de 1,3% <strong>para</strong> as enxertadas sobre umbuzeiro e<br />
de 11,5% <strong>para</strong> as formadas sobre cajazeira. O formato de copa simpodial foi sempre<br />
crescente, nas três idades, devido a tanto as plantas com copas monopodiais como as<br />
bifurcadas se modificarem <strong>para</strong> simpodiais com o aumento da idade. Tal modificação é, em<br />
grande parte, resultante das podas de formação realizadas aos 12 e 18 meses de idade, que<br />
quebraram sua dominância apical (Figura 5).<br />
TABELA 11 – Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos de<br />
cajazeira enxertados sobre cajazeira e umbuzeiro, em três idades (meses).<br />
Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
Porta-enxerto<br />
Monopodial<br />
12 18 30<br />
Bifurcada<br />
12 18 30<br />
Simpodial<br />
12 18 30<br />
Cajazeira 64,1 1 32,5 2,5 24,4 22,5 16,3 11,5 45,0 81,3<br />
Umbuzeiro 89,3 53,2 8,9 9,3 17,7 17,7 1,3 29,1 73,4<br />
Médias 76,7 42,9 5,7 16,9 20,1 17,0 6,4 37,0 77,4<br />
1<br />
Dados analisados por procedimentos de estatística descritiva.<br />
Em resumo, não foi possível se constatar efeito do porta-enxerto sobre o formato<br />
de copa dos clones de cajazeira. Apesar de o umbuzeiro, em condições naturais, formar copas<br />
simpodiais e mais baixas em relação ao solo do que a cajazeira, essa característica não foi<br />
transferida <strong>para</strong> as plantas enxertadas. A poda de formação contribuiu <strong>para</strong> o aumento das<br />
percentagens de plantas com formato de copa bifurcada e simpodial.<br />
A B C<br />
FIGURA 5 – Plantas enxertadas de cajazeira com formatos de copa: A) monopodial, B)<br />
bifurcada, em forma de Y e C) simpodial. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
58
4.3 Senescência, Abscisão, Emissão de Folhas e de Ramos<br />
Folhas e várias estruturas reprodutivas das plantas caem por abscisão natural, por<br />
fatores mecânicos ou pela combinação dos dois. As plantas, durante seu curso de<br />
desenvolvimento, perdem sistemas inteiros de órgãos através de senescência, abscisão e<br />
cessamento da atividade meristemática em tecidos somáticos – esses são exemplos de<br />
“decisões de vida ou de morte feitas pelas plantas durante seus ciclos de vida” (BLEECKER;<br />
PATTERSON, 1997).<br />
Durante a condução do experimento, constatou-se que todos os clones de cajazeira<br />
são caducifólios, perdem anualmente todas as folhas, com início da abscisão foliar em julho e<br />
término em outubro, período dentro da estação seca do ano (Figura 6). Assim, a cajazeira é<br />
uma planta de crescimento periódico, cujas folhas caem antes da abertura das gemas, ficando<br />
a árvore inteiramente desfolhada por algumas semanas, de modo semelhante ao que ocorre<br />
com outras espécies de plantas lenhosas (LONGMAN; JENIK, 1974 apud KRAMER;<br />
KOZLOWSKI, 1979).<br />
FIGURA 6 – Plantas enxertadas de cajazeira, totalmente desfolhadas, em fase de repouso<br />
vegetativo, aos 55 meses de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
A senescência e a abscisão de todas as folhas da cajazeira a deixa com os ramos<br />
totalmente expostos à radiação solar. Como nessa época ocorrem altas temperaturas e intensa<br />
radiação solar, tais estruturas necessitam ser caiadas <strong>para</strong> se evitarem queimaduras e formação<br />
de ulcerações, já que a superfície branca reflete os raios solares. Além das folhas, notou-se<br />
que uma considerável quantidade de ramos dos clones de cajazeira entra em senescência<br />
anualmente. A maioria desses ramos surge na parte interna da copa de gemas da porção<br />
mediana dos caules principais. Inicialmente, esses ramos cessam seu crescimento; em<br />
59
seguida, secam e morrem. Na base da gema de onde brotaram, forma-se um nó, que<br />
gradualmente engolfa o ramo, o qual posteriormente desprende-se do caule e cai. Segundo<br />
indicação no <strong>texto</strong> de Kramer e Kozlowski (1979), senescência de ramos laterais pode ocorrer<br />
a partir de dois mecanismos distintos: abscisão <strong>ver</strong>dadeira de ramos – através de processos<br />
fisiológicos similares aos da abscisão foliar – e poda natural – através da morte de ramos, mas<br />
sem a formação de uma zona de abscisão. É provável que ambos os processos estejam<br />
envolvidos na cajazeira.<br />
Na Figura 7, constata-se que os fluxos de emissão de órgãos vegetativos (ramos,<br />
folíolos e folhas) e reprodutivos (panículas, flores e frutos) da cajazeira concentram-se no<br />
período de novembro a janeiro. De fe<strong>ver</strong>eiro a março, primeira metade do período chuvoso,<br />
há uma diminuição acentuada de emissão de órgãos, com cessação no final de março. A partir<br />
de então, ocorre apenas o complemento do desenvolvimento dos ramos, folhas e frutos. A<br />
cajazeira, como grande parte das plantas do semi-árido, tem a diferenciação de gemas e<br />
emissão simultânea de brotações vegetativas e floríferas no período seco do ano (DUQUE,<br />
1980).<br />
FIGURA 7 – Emissão e desenvolvimento de brotações, folhas e flores de clones enxertados<br />
de cajazeira, no período de novembro a março, em três ciclos (2002/3; 2003/4 e<br />
2004/5). Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
60
Emissão:<br />
Folhas<br />
Brotações<br />
Panículas<br />
Frutos<br />
Abscisão folhas<br />
Período chuvoso Período seco<br />
Meses jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.<br />
FIGURA 8 – Representação das fenofases da cajazeira enxertada durante o ano. Limoeiro do<br />
Norte, CE, 2005.<br />
Na cajazeira, gemas intumescidas diferenciam-se concomitantemente em ramos<br />
apenas com folhas e outras com folhas e panículas. É comum, no início da diferenciação das<br />
gemas, ocorrer a emissão de panícula antes mesmo da emissão e desenvolvimento das folhas.<br />
Na Figura 8 foi feita uma tentativa de representação do ciclo fenológico da<br />
cajazeira, com base nos clones enxertados do experimento e nos anos observados.<br />
A ocorrência e a duração das fenofases, apesar de inerentes ao genótipo da planta,<br />
são fortemente influenciadas pelas condições climáticas prevalentes. A periodicidade de<br />
crescimento e desenvolvimento, assim como a de plantas lenhosas do semi-árido, está<br />
associada à variação desses fatores durante o ano, e, provavelmente, com a da umidade<br />
(hidroperiodismo) e temperatura (DUQUE, 1980).<br />
Observou-se também que os ramos vegetativos têm, no início de sua formação,<br />
casca fina e lisa e altas taxas de crescimentos primário e secundário, aumentando muito em<br />
comprimento e em espessura durante a fenofase que se inicia em novembro e prolonga-se até<br />
julho, início do repouso vegetativo. Os ramos mais velhos formam em suas cascas<br />
protuberâncias rugosas que aumentam gradativamente, deixando-os totalmente revestidos de<br />
casca grossa e rugosa (Figura 9). Essas protuberâncias rugosas parecem constituir uma<br />
característica morfológica da juvenilidade dos ramos, assim como o são os espinhos <strong>para</strong> os<br />
citros.<br />
61
FIGURA 9 – Detalhe de rugosidades que surgem em cascas de caules de cajazeira. Limoeiro<br />
do Norte, CE, 2005.<br />
Durante a condução do experimento, observou-se que as novas brotações surgem,<br />
freqüentemente, de ramos da última estação de crescimento ou mesmo daqueles de até três<br />
estações anteriores. As panículas originam-se somente de ramos lisos, sem rugosidades, e de<br />
fluxos de crescimento da estação. É comum, em algumas plantas, todas as brotações surgidas<br />
de ramos da estação de crescimento anterior produzirem inflorescências. Pode ocorrer<br />
também que uma brotação lateral se diferencie em inflorescência enquanto a terminal<br />
continua o crescimento vegetativo, ou mesmo o contrário. Brotações novas vegetativas e<br />
reprodutivas podem, porém, surgir de qualquer um dos fluxos de crescimento anteriores.<br />
Muitas vezes, um ramo da estação de crescimento se ramifica em três e todos se diferenciam<br />
em inflorescências. Nos ramos grossos internos da copa (pernadas), podem surgir brotações<br />
finas vegetativas ou reprodutivas, que senescem na época de abscisão foliar.<br />
No final de cada estação de crescimento, a gema apical aborta. Na próxima<br />
estação a subapical continuará o crescimento <strong>para</strong> o prolongamento do ramo. Nas brotações<br />
reprodutivas, a senescência da panícula funciona como uma poda natural, provocando a<br />
formação de copas simpodiais. Esse modelo de crescimento é descrito no <strong>texto</strong> de Kramer e<br />
Kozlowski, (1979), onde se afirma que os caules indeterminados (simpodiais) das árvores não<br />
se desenvolvem a partir de gemas terminais <strong>ver</strong>dadeiras, mas sim de gemas secundárias<br />
axiais. O crescimento simpodial normalmente é resultado da ocorrência de uma estrutura<br />
reprodutiva no final de um ramo ou do abortamento do ápice de um caule.<br />
62
A Figura 10 representa as principais características externas do caule da cajazeira,<br />
que são muito semelhantes às das plantas lenhosas decíduas, como as do freixo-<strong>ver</strong>de,<br />
descritas por Raven, E<strong>ver</strong>t e Eichhorn (2001). Na referida figura, nota-se que, nos galhos em<br />
repouso vegetativo, as gemas tornam-se mais conspícuas, aglomerando-se nos ápices dos<br />
ramos ou nas axilas das folhas excisadas. A abscisão dos pecíolos das folhas deixa cicatrizes,<br />
nas quais se notam vestígios dos feixes vasculares, pontuações, logo abaixo das gemas. As<br />
zonas de abscisão produzem cicatrizes foliares que, com o crescimento secundário do caule,<br />
adensam-se e transformam-se em grupos de escamas das gemas apicais. Esses grupos de<br />
escamas podem ser usados <strong>para</strong> determinar a idade do caule. A parte do caule localizada entre<br />
dois grupos de cicatrizes corresponde a uma estação de crescimento. Lenticelas surgem como<br />
discretas elevações do caule.<br />
Fluxo de uma estação<br />
de crescimento<br />
FIGURA 10 – Representação de caules de cajazeira em fase de repouso vegetativo (caducos).<br />
Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
4.4 Floração e Produção de Frutos<br />
As copas das combinações enxertadas de cajazeira ti<strong>ver</strong>am uma fase juvenil<br />
relativamente longa, apesar de formadas com garfos apicais de plantas adultas. Referida<br />
63
juvenilidade foi, certamente, conseqüência da interação com o porta-enxerto juvenil obtido de<br />
semente, fato de comum ocorrência em outras espécies (HARTMANN et al., 2002).<br />
A primeira produção de frutos do pomar experimental foi reduzida, como era de<br />
se esperar, e ocorreu no período de fe<strong>ver</strong>eiro a maio de 2003. Apenas três plantas do clone<br />
Lagoa Redonda e três do Gereau produziram inflorescências, variando de 2 a 20 panículas por<br />
árvore e alguns cachos de frutos.<br />
A segunda produção de frutos ocorreu no período de novembro de 2003 a maio de<br />
2004 (safra 2003/2004), quando as plantas estavam no quarto ano de cultivo. Das 147 plantas<br />
avaliadas, 22 (15%) produziram frutos.<br />
Apesar de ter sido mais alta que a do primeiro período, a produção de frutos de<br />
cajá do período 2003/2004 foi, ainda, bastante reduzida.<br />
Na Figura 11, <strong>ver</strong>ifica-se que todos os clones ti<strong>ver</strong>am altas percentagens de<br />
plantas de nível zero (produção de nenhum cacho de fruto por planta), ou seja, um grande<br />
número de plantas improdutivas. Nenhum clone teve planta de nível 3 (produção maior que<br />
50 cachos de frutos por planta). Entre os clones, a variação de plantas improdutivas foi de<br />
66,7% a 100%, tendo sido o clone Capuan o mais tardio. Os outros clones ti<strong>ver</strong>am plantas<br />
produtivas na seguinte seqüência decrescente: Lagoa Redonda 33,3%, sendo 30% de plantas<br />
de nível 1 (produção de um a dez cachos de frutos por planta) e 3,3% de nível 2 (produção de<br />
11 a 50 cachos de frutos por planta); Gereau 18,8%, somente de plantas de nível 2; Ladeira<br />
Grande 18,5%, sendo 14,8% plantas de nível 2 e 3,7% de nível 1; e Curimatã 3,4%, com<br />
plantas de nível 1.<br />
A baixa frutificação e o baixo número de plantas produtivas com níveis 1 e 2 eram<br />
esperados, pois as plantas estavam no quarto ano de cultivo, não tendo, ainda, atingido a<br />
maturidade plena.<br />
64
FIGURA 11 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />
combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no período<br />
de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
Na Figura 12, nota-se a alta percentagem de plantas improdutivas (de nível 0),<br />
tanto nos clones enxertados sobre porta-enxerto de cajazeira (92,2%) como nos enxertados<br />
sobre umbuzeiro (77,1%). Entre os porta-enxertos, houve variação no número de plantas<br />
produtivas. O porta-enxerto de umbuzeiro teve 22,9% de plantas produtivas, sendo 20,0% de<br />
plantas de nível 1 e 2,9% de nível 2, enquanto o de cajazeira teve 7,8% plantas produtivas,<br />
somente de nível 1.<br />
65
FIGURA 12 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />
combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de<br />
cajazeira e umbuzeiro no período de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
A terceira frutificação das cajazeiras ocorreu no período de novembro de 2004 a<br />
maio de 2005 (safra 2004/2005), em seu quinto ano de cultivo. Das 140 plantas avaliadas, 91<br />
(65%) frutificaram, um aumento de 314% de plantas produtivas em relação às da safra de<br />
2003/2004. Apesar desse aumento de plantas produtivas, as plantas do pomar ainda não<br />
tinham atingido a total maturidade e fase de plena frutificação. Nessa safra, registrou-se<br />
produção em todos os clones. Pela Figura 13, observa-se que os clones Capuan (53,6%) e<br />
Curimatã (44,4%) ti<strong>ver</strong>am as maiores percentagens de plantas improdutivas e, assim como o<br />
Ladeira Grande, não ti<strong>ver</strong>am nenhuma planta produtiva de nível 3. Os outros clones ti<strong>ver</strong>am<br />
plantas produtivas na seguinte seqüência: Lagoa Redonda 96,2%, com 29,7% de plantas de<br />
nível 1, 29,6% de nível 2 e 37,0% de nível 3; Gereau 64,6%, com 22,6% de plantas nível 1,<br />
32,3% de nível 2 e 9,7% de nível 3; Ladeira Grande 62,9%, com 44,4% de plantas de nível 1<br />
e 18,5% de nível 2; Curimatã (55,5%, com 40,7% de plantas de nível 1 e 14,8% de nível 2; e<br />
o clone de Capuan 46,4%, com 32,1% de plantas de nível 1 e 14,3% de nível 2.<br />
De todos os clones, os Ladeira Grande e Gereau foram os mais produtivos, uma<br />
vez que ti<strong>ver</strong>am o maior número de plantas frutificando, notadamente de nível 3, com 37,0%<br />
e 9,7%, respectivamente.<br />
66
FIGURA 13 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />
combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no período<br />
de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
Na Figura 14, nota-se que a percentagem de plantas improdutivas (de nível 0), foi<br />
alta nos clones enxertados sobre cajazeira (56,9%) e baixa nos enxertados sobre umbuzeiro<br />
(11,8%). O porta-enxerto de umbuzeiro teve 88,2% de plantas produtivas, com 33,8% de<br />
plantas de nível 1, 36,8% de nível 2 e 17,6% de nível 3, enquanto o de cajazeira teve 43,0%<br />
de plantas produtivas, com 33,3% de plantas de nível 1, 8,3% de nível 2 e somente 1,4% de<br />
nível 3.<br />
As maiores percentagens de plantas produtivas de níveis 2 e 3, foram de 36,8% e<br />
17,6%, respectivamente, no porta-enxerto de umbuzeiro, contra 8,3% e 1,4% na mesma<br />
ordem, sobre cajazeira. Tais resultados são indicativos de uma possível influência do<br />
umbuzeiro no aumento da produtividade de frutos de cajazeira.<br />
67
FIGURA 14 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de<br />
combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de<br />
cajazeira e umbuzeiro no período de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
Nas avaliações de produção de frutos, notou-se a existência de plantas dos clones<br />
Lagoa Redonda e Gereau muito produtivas, com cerca de 100 a 300 cachos por planta.<br />
Verificou-se também uma grande variabilidade no tamanho das panículas e número de frutos<br />
por cacho entre os clones, variando de 5 a 80, sendo comum encontrar cachos com 8, 14, 25,<br />
38, 56 e até com 80 frutos (Figura 15).<br />
A B C<br />
FIGURA 15 – Detalhe de estruturas reprodutivas de cajazeira: A) panícula; B e C) cachos<br />
com frutos em diferentes estágios de maturação. Limoeiro do Norte, CE, 2005<br />
68
O abortamento de frutos praticamente não ocorre na cajazeira, todas as flores<br />
fertilizadas completam o desenvolvimento dos frutos. Na Figura 16, pode-se observar plantas<br />
dos clones Lagoa Redonda e Capuan em plena produção de frutos na safra 2004/2005.<br />
Claramente, as plantas do pomar experimental encontram-se em transição da fase<br />
juvenil <strong>para</strong> a adulta, não tendo ainda atingido o estado de plena produção. Segundo Kester<br />
(1976), uma certa quantia de tempo e de crescimento podem ser necessárias antes do inicio da<br />
plena floração. Portanto, nessa fase de transição, é comum se observar um alto grau de<br />
variabilidade entre as plantas com relação ao seu desenvolvimento vegetativo e à atividade<br />
reprodutiva, não sendo possível tirar conclusões definitivas do potencial produtivo dos clones.<br />
No entanto, pelos dados de frutificação, nota-se uma maior proporção de plantas<br />
produtivas de nível 3 nos clones Lagoa Redonda e Gereau quando enxertados sobre<br />
umbuzeiro. Estes materiais, sem dúvida, se destacam por sua precocidade.<br />
A B<br />
FIGURA 16 – Árvores dos clones: A) Lagoa Redonda e B) Capuan, com 62 meses de idade<br />
em frutificação. Limoeiro do Norte, CE, 2005.<br />
5 CONCLUSÕES<br />
Os resultados permitem concluir que as combinações de copas de cajazeira<br />
enxertadas sobre porta-enxertos de umbuzeiro e de cajazeira: i) formam clones vigorosos, que<br />
fixam os aspectos fenotípicos e morfológicos distintos a cada combinação, reduzem o porte<br />
das plantas, não alteram o padrão de crescimento do caule principal e o formato de copa; ii)<br />
formou plantas com troncos mais vigorosos nos porta-enxerto de cajazeira que nos de<br />
umbuzeiro; iii) produziu razões de perímetros de caule, enxerto e porta-enxerto maiores nas<br />
combinações com umbuzeiro, mas sem indícios de incompatibilidade; iv) aumentou o porte,<br />
69
precocidade e produtividade dos clones, notadamente do Gereau e Lagoa Redonda quando<br />
enxertados sobre umbuzeiro; v) é de menor porte no clone Ladeira Grande.<br />
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