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1 introdução - Igreja e Camponeses.pdf - Diversitas - USP

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O S PROBLEMAS que existem para se empreender uma viagem historiográfica<br />

são inúmeros e, de hábito, se agravam em determinadas<br />

conjunturas nas quais, mais que certezas, as dúvidas se avolumam e os<br />

questionamentos de métodos e práticas consensuais se tornam agudos.<br />

Este trabalho emerge ante dois problemas naturalmente complicados:<br />

o primeiro é o sentido e a relevância de estudos comparativos, quando o<br />

diferente, o inusitado e o específico envolvem os estudiosos por críticas<br />

e questionamentos às histórias gerais, procuram verticalizar os temas e os<br />

problemas com os quais articulam-se o vivido (a história) e o concebido (a<br />

historiografia); o segundo refere-se à escolha de um período muito recente,<br />

quando os processos ainda em curso impedem conclusões mais baliza das e<br />

obrigam ao exercício de projeções tendenciais, necessariamente comprometido<br />

com o presente.<br />

O estudo comparativo da <strong>Igreja</strong> da Libertação em sua relação com o<br />

campesinato no Brasil e no Peru, no período de 1964 a 1986, deve-se,<br />

sobretudo, à minha preocupação em acompanhar as várias formas de<br />

participação da <strong>Igreja</strong> nas lutas de resistência camponesa e o processo de<br />

formulação da Teologia da Libertação. O tema, antes excluído das abordagens<br />

conceituais, tem como marco recuperador a obra de Eric Hobsbawm,<br />

Rebeldes Primitivosl, que repõe, nos anos 60, o campesinato no cenário social<br />

e político, retomando sua presença histórica nos inúmeros processos<br />

revolucionários do mundo contemporâneo. Nessa mesma trajetória situase,<br />

na década de 1970, o trabalho de Christopher HillZ em que a problemática<br />

das classes populares aparece como um componente necessário do<br />

processo de transformação social, como demanda econômico-política e<br />

como contribuição cultural. Desdobraram-se da análise de Hill as tentativas<br />

de recuperação das lutas camponesas, plenas de conteúdo simbólico,<br />

em que os grupos apresentavam seus valores, suas necessidades e suas<br />

relações com a religião e os mitos. Nessa revisão crítica foram também<br />

fundamentais as obras de Edward P. Thompson3, sobretudo as que destacaram<br />

os problemas da tradição popular e camponesa e as que refletiram

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