14.04.2013 Views

“Anos da Chibata”: perseguição aos cultos afro-pessoenses e o ...

“Anos da Chibata”: perseguição aos cultos afro-pessoenses e o ...

“Anos da Chibata”: perseguição aos cultos afro-pessoenses e o ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Keywords: <strong>afro</strong>-pessoense religions federations, oral history, <strong>afro</strong>-Brazilian religions.<br />

NOTAS<br />

1 Este artigo é parte <strong>da</strong> monografia homônima defendi<strong>da</strong> 2007 no Curso de Ciências Sociais, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />

Federal <strong>da</strong> Paraíba, sob orientação do Prof. Dr. Antônio Giovanni Boaes Gonçalves.<br />

2 Bacharel em Ciências Sociais pela UFPB e aluno <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo.<br />

3 Em Tristes Tropiques, o autor inicia seu relato com a frase “Je hais les voyages et les explorateurs”. (“Odeio as<br />

viagens e os exploradores”).<br />

4 “O ver<strong>da</strong>deiro objeto-sujeito <strong>da</strong> antropologia, ou seja, a partir <strong>da</strong> etnografia, sempre foi as emoções. A<br />

experiência de campo é uma experiência de comunhão do sensível. Nós observamos, escutamos, falamos com os<br />

outros, partilhamos sua própria comi<strong>da</strong>, tentamos sentir com eles o que eles sentem. Só uma concepção do<br />

campo <strong>da</strong>s ciências sociais <strong>da</strong> época <strong>da</strong> sua constituição, corrigi<strong>da</strong> pelo anti-psicologismo defensivo, pode deixar<br />

acreditar que um “novo objeto” – o sensível – havia aparecido”.<br />

5 Contudo, nesta versão, diferentemente <strong>da</strong> monografia, as referências <strong>aos</strong> entrevistados são feitas de forma a não<br />

identificá-los pessoalmente.<br />

6 Neste ano, 2009 soubemos do surgimento de uma nova federação, organiza<strong>da</strong> por um ex-membro <strong>da</strong> federação<br />

mais antiga, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1966, o que reflete a dinâmica social local e suas alterações depois <strong>da</strong> pesquisa<br />

apresenta<strong>da</strong>.<br />

7 Em um trabalho publicado recentemente no III Simpósio Internacional de Teologia e Ciências <strong>da</strong> Religião,<br />

realizado na PUC-MG, entre os dias 05 e 07 de maio de 2009, intitulado “Religiões <strong>afro</strong>-<strong>pessoenses</strong>: refletindo<br />

um conceito”, argumentei o uso <strong>da</strong> classificação religiões <strong>afro</strong>-<strong>pessoenses</strong> como recorte <strong>aos</strong> <strong>cultos</strong> locais de João<br />

Pessoa, com interesse menos de defesa de uma suposta alteri<strong>da</strong>de desses <strong>cultos</strong> que <strong>da</strong> efetiva observação e<br />

possíveis considerações que possamos tomar dos fenômenos sociais frutos <strong>da</strong> dinâmica social dessas religiões<br />

em João Pessoa. Entende-se, portanto, os estudos que estamos realizando, há aproxima<strong>da</strong>mente seis anos, no que<br />

tange análise de discursos, formação de instituições, narrativas míticas e de construção de gênero.<br />

8 Realizou-se um total de cinco entrevistas, <strong>da</strong>s quais seis foram bem sistematiza<strong>da</strong>s com o uso de capturador de<br />

voz e transcrição, e três entrevistas que ocorreram de forma mais espontânea, ou seja, trata-se de pré-entrevista,<br />

cujo conteúdo também serviu para análise.<br />

9 “Exaustivi<strong>da</strong>de. Não negligenciar nenhum detalhe (...) É necessário não apenas descrever tudo, mas proceder a<br />

uma profun<strong>da</strong> análise, onde se marcará o valor do observador, seu gênio sociológico. Estu<strong>da</strong>r lexicografia, as<br />

relações entre as classes nominais e os objetos (...) A enumeração de interdições rituais, reunir os exemplos de<br />

decisões casuístas concernente as estas interdições”.<br />

10 “Se a observação etnográfica é uma relação entre os objetos, os seres humanos, as situações e as sensações<br />

provoca<strong>da</strong>s no pesquisador, a descrição etnográfica é, portanto, a elaboração lingüística desta experiência. É<br />

justamente a percepção ou ain<strong>da</strong> o olhar que engata a escrita <strong>da</strong> descrição, mas esta última consiste menos em<br />

transcrever que construir, ou seja, em estabelecer uma série de relações entre o que é observado e quem observa,<br />

a orelha que escuta, a boca que pronuncia uma série de nomes e a mão que escreve, que deve à sua maneira se<br />

desabituar a entender por natural o que é cultural: as palavras que vão ser pesquisa<strong>da</strong>s para mostrar <strong>aos</strong><br />

outros que eu o caracterizo a ca<strong>da</strong> vez que o vejo”.<br />

11 “(...) no início do século XX, elas foram considera<strong>da</strong>s o lugar de observação por excelência de certas<br />

patologias sociais produzi<strong>da</strong>s pela confrontação <strong>da</strong> civilização européia com as formas culturais inferiores. O<br />

único ponto de vista legítimo que elas suscitavam se exprimia, portanto, em termos criminológicos e<br />

psiquiátricos. De fato, do ponto de vista evolucionista e positivista, a mistura artificial de civilizações em níveis<br />

desiguais do desenvolvimento do trato de escravos nas Américas não poderia reproduzir outra coisa senão<br />

fenômenos aberrantes justificáveis de uma análise teratológica. As conclusões dos primeiros estudos <strong>afro</strong>americanistas<br />

tinham certa afini<strong>da</strong>de com a condenação <strong>da</strong> mestiçagem pela antropologia biológica <strong>da</strong> época.<br />

Nesta perspectiva, se o cruzamento de diferentes raças humanas gera indivíduos imperfeitos, a mistura de<br />

culturas heterogêneas produz certamente “monstros” sociais. É esta problemática em termos de compatibili<strong>da</strong>de<br />

social e cultural que explica porque os primeiros a se interessar por estas religiões foram juristas penalistas e<br />

médicos psiquiatras, tanto no Brasil quanto em Cuba e no Haiti”.<br />

12 Pedro Moreno Gondim governou a Paraíba duas vezes; a primeira, de 1958 a 1960 e a segun<strong>da</strong>, de 1961 a<br />

1966.<br />

13 Com o “santo na cabeça”, ou seja, ela estava incorpora<strong>da</strong> por alguma enti<strong>da</strong>de.<br />

14 Tambores utilizados nos rituais de candomblé.<br />

15 Este fato deve ser averiguado ain<strong>da</strong>, embora se tenha a propensão a acreditar na informação <strong>da</strong><strong>da</strong> pela primeira<br />

mãe de santo, uma vez que a mesma tem registro fotográfico <strong>da</strong> época pré João Agripino, nas quais aparecem o<br />

seu terreiro já no Miramar.<br />

CAOS – Revista Eletrônica de Ciências Sociais, n. 14, Setembro/2009 Página 154<br />

www.cchla.ufpb.br/c<strong>aos</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!