Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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14.04.2013 Views

Como os sistemas de partículas elementares, também nós — nossas personalidades, nossos seres — somos sistemas quânticos. Em cada indivíduo, a física dos subseres sobrepostos pode ser facilmente vista como a sobreposição de padrões de onda no condensado de Bose-Einstein da consciência. Cada um de nós, enquanto pessoa, é um composto de subseres que também são um ser (uma unidade superior) . • A experiência nos mostra que o relacionamento entre mim e você, quando nos tornamos "nós", assemelha-se muito ao relacionamento entre os muitos subseres de meu próprio ser. Ele representa o mesmo desafio quanto aos relacionamentos interpessoais como a integração dos subseres em relação à identidade pessoal. Podemos observar isso quando comparamos um diálogo interno entre nossos próprios subseres com um diálogo entre nós e outras pessoas. Eu poderia ter a mesma conversa entre meus lados rebelde e convencional ou entre mim mesma e a diretora da escola de minha filha ao tratarmos da pontualidade no horário de entrada pela manhã. Em princípio, a mecânica ondulatória quântica de pessoas que se sobrepõem deveria ser a mesma dos seres que se sobrepõem dentro do ser, embora a verdadeira física deste processo não seja tão clara. Em um ser qualquer estamos tratando de padrões de onda sobrepostos num determinado condensado de Bose-Einstein, enquanto entre pessoas estamos lidando com padrões de onda sobrepostos em diferentes condensados de Bose-Einstein. Entre pessoas, os efeitos de sobreposição podem ser não-locais, como quando dois raios laser fisicamente separados interferem um com o outro através de um lapso de tempo 9 Seja como for, é fantástico como a mecânica ondulatória quântica se encaixa com aquilo que sabemos sobre os relacionamentos interpessoais, fazendo supor que há certamente uma base física de algum tipo para o fenômeno. Se eu consigo, em primeiro lugar, ser um ser-para-mim-mesma, posso ser um sercom-e-para-os-outros. Na verdade, em qualquer modelo quântico de pessoa é impossível que seja de outra maneira. Quando um bebê recém-nascido começa a vida, sua pessoa é basicamente genética. Ele vem para o mundo como um ser rudimentar e totalmente sem experiências, •• e nos primeiros meses de sua vida está amalgamado à própria mãe. Em termos quânticos, a função de onda dele está quase totalmente sobreposta à de sua mãe, e eles se encontram num relacionamento de identificação projetiva. Em grande parte, a experiência do bebê é a experiência da mãe, e ele começa a tecer seu ser utilizando o tecido da mãe. Ele absorve as reações de sua mãe ao mundo exterior, percepções, emoções, preocupações dela, e as armazena em seu próprio sistema de memória quântica. Estas se tornam o material do qual ele é feito e influenciam o desenvolvimento de vias neurais em seu próprio cérebro (fig. 9.2). • Conforme discutimos no capítulo 8. •• Salvo as experiências intra-uterinas que possam ocorrer.

Fig. 9.2 No primeiro estágio do desenvolvimento, o bebê está quase fundido à mãe. Este é o Primeiro Estágio de Erikson. Esse estado de fusão com a mãe através da identificação projetiva é equivalente ao Primeiro Estágio de desenvolvimento psíquico descrito por Erik Erikson. 10 A física desse estado, a física da ligação primordial entre mãe e bebê, é muito parecida com a física das ligações covalentes nos compostos químicos, em que o composto se forma por dois átomos que partilham de uma mesma órbita (um mesmo estado). Durante toda sua vida, o bebê carregará a própria mãe dentro dele como parte de si mesmo, assim como ela anteriormente o carregou no ventre, e o sucesso ou fracasso dessa ligação inicial com ela levará à "confiança básica" ou "desconfiança básica" que Erikson associa a esse estágio. À medida que o bebê amadurece, tanto seu ser como sua percepção se desenvolvem absorvendo coisas e pessoas além da mãe. Com seus sentidos, ele colhe mais informações sobre o mundo físico segundo seus próprios padrões instintivos, construindo um repertório de reações ao ambiente dele. Seu ser em desenvolvimento o habilita a formar uma rede de relacionamentos ainda imaturos com as pessoas que o cercam. Seu próprio pequenino padrão de onda integra-se com os das pessoas que o carregam no colo, chamando sua atenção; e estes, também, ele tece na urdidura de sua pessoa. À medida que a força e a complexidade da pessoa do bebê crescem por intermédio de relacionamentos com outros que não a mãe, a extensão de seu ser (seu padrão de onda próprio) que está enredado ao dela (ao padrão de onda dela) diminui. Por meio da combinação de material genético próprio com os relacionamentos que somente ele pode ter, da forma como ele os constrói (sua individualidade), o bebê começa a sentir a tensão que puxa e empurra todos nós entre o ser nós mesmos e o ser com os outros. Para se afirmar, a fim de permitir que mais de si mesmo esteja livre para envolver-se em relacionamentos com os outros, ele se separa da mãe. Menos quantidade de sua energia será empregada na integração de sua função de onda com a dela e maior quantidade irá para a integração com outros que tenham menor probabilidade de absorvê-lo (fig. 9.3). Este é o equivalente ao Segundo Estágio de Erikson, o estágio da autonomia versus vergonha e dúvida. Nessa fase da vida, a fase de separação, o bebê ou criança combate um relacionamento muito íntimo. Sua tarefa é integrar relacionamentos sem se perder em nenhum deles. Ele adquire um condensado de Bose-Einstein suficiente para manter padrões de onda diferentes e delinear caminhos neurais complexos o bastante para criar tais padrões. 11

Fig. 9.2 No primeiro estágio do desenvolvimento, o bebê está quase fundido à mãe. Este é o<br />

Primeiro Estágio de Erikson.<br />

Esse estado de fusão com a mãe através da identificação projetiva é equivalente ao<br />

Primeiro Estágio de desenvolvimento psíquico descrito por Erik Erikson. 10 A física<br />

desse estado, a física da ligação primordial entre mãe e bebê, é muito parecida com a<br />

física das ligações covalentes nos compostos químicos, em que o composto se forma por<br />

dois átomos que partilham de uma mesma órbita (um mesmo estado).<br />

Durante toda sua vida, o bebê carregará a própria mãe dentro dele como parte de<br />

si mesmo, assim como ela anteriormente o carregou no ventre, e o sucesso ou fracasso<br />

dessa ligação inicial com ela levará à "confiança básica" ou "desconfiança básica" que<br />

Erikson associa a esse estágio.<br />

À medida que o bebê amadurece, tanto seu ser como sua percepção se<br />

desenvolvem absorvendo coisas e pessoas além da mãe. Com seus sentidos, ele colhe<br />

mais informações sobre o mundo físico segundo seus próprios padrões instintivos,<br />

construindo um repertório de reações ao ambiente dele. Seu ser em desenvolvimento o<br />

habilita a formar uma rede de relacionamentos ainda imaturos com as pessoas que o<br />

cercam.<br />

Seu próprio pequenino padrão de onda integra-se com os das pessoas que o<br />

carregam no colo, chamando sua atenção; e estes, também, ele tece na urdidura de sua<br />

pessoa.<br />

À medida que a força e a complexidade da pessoa do bebê crescem por intermédio<br />

de relacionamentos com outros que não a mãe, a extensão de seu ser (seu padrão de<br />

onda próprio) que está enredado ao dela (ao padrão de onda dela) diminui. Por meio da<br />

combinação de material genético próprio com os relacionamentos que somente ele pode<br />

ter, da forma como ele os constrói (sua individualidade), o bebê começa a sentir a<br />

tensão que puxa e empurra todos nós entre o ser nós mesmos e o ser com os outros. Para<br />

se afirmar, a fim de permitir que mais de si mesmo esteja livre para envolver-se em<br />

relacionamentos com os outros, ele se separa da mãe. Menos quantidade de sua energia<br />

será empregada na integração de sua função de onda com a dela e maior quantidade irá<br />

para a integração com outros que tenham menor probabilidade de absorvê-lo (fig. 9.3).<br />

Este é o equivalente ao Segundo Estágio de Erikson, o estágio da autonomia versus<br />

vergonha e dúvida. Nessa fase da vida, a fase de separação, o bebê ou criança combate<br />

um relacionamento muito íntimo. Sua tarefa é integrar relacionamentos sem se perder<br />

em nenhum deles. Ele adquire um condensado de Bose-Einstein suficiente para manter<br />

padrões de onda diferentes e delinear caminhos neurais complexos o bastante para criar<br />

tais padrões. 11

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