Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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14.04.2013 Views

presente (percepções, sensações, pensamentos etc.) Eu" estou onde as funções de onda dos dois se sobrepõem. Fig. 8.4 Memória quântica: o passado entra num "relacionamento de fase" com o presente. estado fundamental da consciência (coisas registradas nas ligações nervosas do cérebro) Fig. 8.5 Lembranças convencionais realimentam o sistema quântico do cérebro. Os psiquiatras estão muito familiarizados com o processo da memória quântica, embora muitos fiquem surpresos ao ouvir isso! A física que permite que as funções de onda de nossos inúmeros subseres passados se sobreponham a nosso ser presente e, portanto, sejam tomadas por ele é a física pela qual os psicoterapeutas conseguem que seus pacientes despejem suas experiências passadas no "agora", furtando-as, assim, de seu isolamento e de sua dor e casando-se com o presente. Esse momento de "revelação" psicanalítica durante o qual o passado é agora, e tanto passado como presente são

transformados, difere muito da simples lembrança intelectual de eventos passados. • Em termos quânticos, a função de onda de um momento passado revivido se funde com a função de onda de agora, e as duas unem-se formando um novo caminho para o futuro. A pessoa ganha perspectiva e torna-se mais coerente. É assim que, através da memória quântica, pegamos o passado e o fazemos nosso no presente. Reencarnamos o passado (todos os nossos seres passados), dando-lhes nova vida em forma nova. Tal é a base física da salvação e da criatividade. Ela também fornece nova compreensão da eficácia física dos rituais (refeições tradicionais como o peru de Natal ou o carneiro na Páscoa, rituais religiosos como a comunhão ou a retirada do Tora de dentro da Arca, os aniversários e rituais de memória etc.). Ao cumprir os rituais, trazemos para o presente o passado organizado e todas as nossas experiências passadas de cumprimento daqueles rituais, integrando-os à nossa experiência atual. Pela observância do ritual recriamos e revivemos o passado. Revivendo momentos passados, o ser quântico é criativo em duas frentes — por um lado ele reencarna o passado, dando-lhe uma vida e um significado renovados, por outro ele se recria a cada momento. Derek Parfit tem razão quando nos mostra que uma identidade pessoal permanente é impossível nos velhos termos cartesianos ou newtonianos. Diante do que conhecemos sobre o cérebro e a dependência do ser em relação a ele, não haveria como adotar a idéia do ser com uma coisa fixa, definida e indivisível, que perdura imutável através do tempo. Mas, renunciando ao ser newtoniano, não ficamos sem nenhum ser. O ser quântico é simplesmente um ser mais fluido, que se modifica e evolui a cada momento, ora separando-se em muitos sub-seres, ora reunindo-se num ser maior. Ele flui e reflui, mas em algum sentido mantém-se sempre ele mesmo. Sou a pessoa que foi um bebê nos braços de minha mãe, uma adolescente, uma moça etc., mas cada um desses aspectos passados de meu ser também era eu, tal como sou agora. Meu passado revivido não pode ser separado de meu presente, assim como meu presente não pode ser separado de meu passado. Como diz Eliot, "tempo passado e tempo futuro estão ambos presentes no tempo agora". 12 Esse é o aspecto indivíduo, ou partícula, da pessoa que sou, a porção de minha identidade que está em diálogo comigo mesma ao longo do tempo. Mas também sou uma pessoa que se relaciona com as outras, e dentro de uma interpretação quântica do ser, tais relacionamentos também definem minha identidade. Portanto, para conhecer plenamente a pessoa que sou, devo compreender os relacionamentos que sou — o aspecto onda de meu ser. • Tanto Nietzsche como Heidegger falam de um "momento de visão" durante o qual passado, presente e futuro estão unidos num só instante criativo.

transformados, difere muito da simples lembrança intelectual de eventos passados. •<br />

Em termos quânticos, a função de onda de um momento passado revivido se<br />

funde com a função de onda de agora, e as duas unem-se formando um novo caminho<br />

para o futuro. A pessoa ganha perspectiva e torna-se mais coerente.<br />

É assim que, através da memória quântica, pegamos o passado e o fazemos nosso<br />

no presente. Reencarnamos o passado (todos os nossos seres passados), dando-lhes nova<br />

vida em forma nova. Tal é a base física da salvação e da criatividade. Ela também<br />

fornece nova compreensão da eficácia física dos rituais (refeições tradicionais como o<br />

peru de Natal ou o carneiro na Páscoa, rituais religiosos como a comunhão ou a retirada<br />

do Tora de dentro da Arca, os aniversários e rituais de memória etc.). Ao cumprir os<br />

rituais, trazemos para o presente o passado organizado e todas as nossas experiências<br />

passadas de cumprimento daqueles rituais, integrando-os à nossa experiência atual. Pela<br />

observância do ritual recriamos e revivemos o passado.<br />

Revivendo momentos passados, o ser quântico é criativo em duas frentes — por<br />

um lado ele reencarna o passado, dando-lhe uma vida e um significado renovados, por<br />

outro ele se recria a cada momento.<br />

Derek Parfit tem razão quando nos mostra que uma identidade pessoal permanente<br />

é impossível nos velhos termos cartesianos ou newtonianos. Diante do que conhecemos<br />

sobre o cérebro e a dependência do ser em relação a ele, não haveria como adotar a idéia<br />

do ser com uma coisa fixa, definida e indivisível, que perdura imutável através do<br />

tempo. Mas, renunciando ao ser newtoniano, não ficamos sem nenhum ser.<br />

O ser quântico é simplesmente um ser mais fluido, que se modifica e evolui a cada<br />

momento, ora separando-se em muitos sub-seres, ora reunindo-se num ser maior. Ele<br />

flui e reflui, mas em algum sentido mantém-se sempre ele mesmo. Sou a pessoa que foi<br />

um bebê nos braços de minha mãe, uma adolescente, uma moça etc., mas cada um<br />

desses aspectos passados de meu ser também era eu, tal como sou agora. Meu passado<br />

revivido não pode ser separado de meu presente, assim como meu presente não pode ser<br />

separado de meu passado. Como diz Eliot, "tempo passado e tempo futuro estão ambos<br />

presentes no tempo agora". 12<br />

Esse é o aspecto indivíduo, ou partícula, da pessoa que sou, a porção de minha<br />

identidade que está em diálogo comigo mesma ao longo do tempo. Mas também sou<br />

uma pessoa que se relaciona com as outras, e dentro de uma interpretação quântica do<br />

ser, tais relacionamentos também definem minha identidade. Portanto, para conhecer<br />

plenamente a pessoa que sou, devo compreender os relacionamentos que sou — o<br />

aspecto onda de meu ser.<br />

• Tanto Nietzsche como Heidegger falam de um "momento de visão" durante o qual passado, presente e<br />

futuro estão unidos num só instante criativo.

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