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Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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O interessante de se ver a consciência dessa forma é que ela nos diz algo<br />

importante sobre o lugar do homem no esquema geral das coisas. O relacionamento<br />

entre esses aspectos onda correlatos no cérebro humano e o dos aspectos onda correlatos<br />

de dois prótons ou elétrons num simples sistema quântico é, em princípio, os mesmos.<br />

De alguma forma importante, nossa consciência é o relacionamento entre partículas<br />

quânticas elementares só que em ponto grande.<br />

Portanto, compreendendo a natureza mecânico-quântica da consciência humana<br />

— vendo a consciência como um fenômeno de onda quântico —, poderemos traçar a<br />

origem de nossa vida mental até suas raízes na física das partículas, como sempre foi<br />

possível quando procurávamos a origem de nosso ser físico. A dualidade mente—corpo<br />

(mente—cérebro) no homem é um reflexo da dualidade onda—partícula, que é<br />

subjacente a tudo o que existe. Assim, o ser humano é um minúsculo microcosmo do ser<br />

cósmico.<br />

Somos, em nosso ser essencial, feitos do mesmo material e sustentados pela<br />

mesma dinâmica que responde por tudo o mais no Universo. Da mesma forma, e o que<br />

revela a enormidade desta realização, o Universo é feito do mesmo material e<br />

sustentado pela mesma dinâmica responsável por nossa existência.<br />

Interpretando a consciência dessa forma, como um tipo especial de<br />

relacionamento criativo possibilitado pela mecânica ondulatória quântica, muitas coisas<br />

entram no lugar, oferecendo melhor compreensão tanto da consciência em si como de<br />

seu relacionamento com a matéria, como acontece em nosso cérebro.<br />

E mais importante, se queremos combater o materialismo e toda sua ética<br />

reducionista, essa visão nos permite argumentar que a mente não é um mero ramo da<br />

função cerebral. Assim como o relacionamento entre dois elétrons cujas funções de<br />

onda se sobrepõem não pode ser reduzido às características individuais de cada um dos<br />

dois elétrons, também o relacionamento das ondas que formam o condensado de Bose-<br />

Einstein da consciência não pode ser reduzido às atividades de moléculas vibráteis<br />

individuais. Nós não somos nosso cérebro.<br />

O condensado é uma coisa em si, uma coisa nova com qualidades e propriedades<br />

que suas partes constitutivas não possuíam. Como disse Platão em Timeu:<br />

Duas coisas apenas não podem estar satisfatoriamente unidas sem uma terceira, posto que<br />

deve haver algum vínculo entre elas que as reúna. E dentre todos os vínculos o melhor é<br />

aquele que faz de si mesmo e dos termos que ele reúne uma unidade no sentido mais<br />

pleno. 9<br />

Em seu Simposium ele coloca a mesma coisa no caso de duas pessoas que se<br />

apaixonam, sugerindo que não há ali apenas o amante e o amado, mas também um<br />

terceiro elemento, que é o amor entre eles. Martin Buber chama esse terceiro elemento<br />

de "the between" (aquilo que fica entre dois elementos), a força unificadora que leva um<br />

Eu e um Você para um Eu-Você 10<br />

O amor é um exemplo particularmente adequado de holismo relacionai, mas há<br />

outras analogias que ajudam a tornar essa idéia familiar.<br />

Pense, por exemplo, no jogo de xadrez. Suas "moléculas", sua "matéria cerebral",<br />

são o tabuleiro e as trinta e duas peças; porém o xadrez em si é mais que esses pedaços

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