Danah Zohar O SER QUÂNTICO
Danah Zohar O SER QUÂNTICO
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idealista, a mente é inquestionavelmente real enquanto o corpo não passa de um certo<br />
número de impressões e idéias nela contidas.<br />
O idealismo tomou muitas formas, desde o tipo mais extremado, que assevera que<br />
o mundo material é uma ficção da imaginação, até o tipo mais cauteloso, que argumenta<br />
simplesmente que todas as qualidades que percebemos do mundo material dependem da<br />
mente, ao passo que a matéria em si é bastante real em algum sentido. Variações sobre<br />
esse tema derivam das interpretações da teoria quântica que sugerem ou que a<br />
consciência provoca o colapso da função de onda, sendo assim necessária à criação da<br />
realidade, ou que não faz sentido perguntar se existe matéria, ou que matéria existe além<br />
daquela que nossas observações nos permitem conhecer, pois tais observações são o<br />
máximo que podemos conhecer.<br />
Mas, em qualquer de suas formas, o idealismo não assenta bem com nossas<br />
intuições fundadas no bom senso sobre o mundo da experiência sensível, e tampouco se<br />
adequa ao desenvolvimento da ciência objetiva — nos passos do novo subjetivismo<br />
oriundo da física quântica popularizada. É uma teoria que satisfaz poucos daqueles que<br />
querem compreender o relacionamento entre mentes de verdade e corpos de verdade.<br />
Porque nem materialismo nem idealismo parecem oferecer uma resposta adequada<br />
ao problema mente—corpo, houve sempre uma terceira maneira tradicional de<br />
abordagem: a do pampsiquismo. Se corpos sem mentes são coisas demasiadamente<br />
brutas, e mentes sem corpos demasiadamente etéreas, talvez não haja realmente como<br />
separar um do outro. Talvez o mental seja, na verdade, uma propriedade básica do<br />
material e vice-versa. Talvez o "material" básico subjacente do Universo seja uma<br />
"coisa" só, que possui dois aspectos.<br />
Ficou claro de nossa discussão sobre a possibilidade de os elétrons serem<br />
conscientes que o pampsiquismo de alguma espécie tem parecido convidativo a<br />
cientistas e filósofos desde o início da história conhecida do pensamento. Ele tingiu o<br />
pensamento de pessoas tão diferentes como Parmênides e Heráclito, Spinoza,<br />
Whitehead e Bohm. Seu atrativo, assim como o do materialismo, repousa no desejo de<br />
encontrar uma substância unificadora que corte pela raiz toda a divisão do mundo em<br />
mental e material. Contudo, diferente do materialismo ou do idealismo, ele procura<br />
fazê-lo sem negar a realidade nem de um nem de outro.<br />
Um pampsiquismo limitado, que atribua algum tipo de propriedade consciente<br />
muito primitiva aos componentes básicos da matéria, é o que chega mais perto da<br />
argumentação desenvolvida neste livro, mas há muitas diferenças importantes entre o<br />
meu tipo de pampsiquismo e o tipo mais tradicional.<br />
Em primeiro lugar, nenhuma forma de pampsiquismo desenvolvida até hoje chega<br />
ao verdadeiro cerne do problema. Mesmo se dissermos que mente e corpo estão<br />
essencialmente interligados no mais profundo do seu ser, porque todos os componentes<br />
materiais do corpo em si possuem propriedades mentais, ficamos ainda sem saber o que<br />
é uma propriedade mental e como é que a matéria pode ter tal coisa. O pampsiquismo<br />
tradicional não resolve o problema mente—corpo neste nível, apenas o transfere para<br />
um nível mais primário da realidade onde, finalmente, se os elétrons são de fato<br />
conscientes, teremos de concluir que eles têm uma questão mente—corpo.<br />
Também é verdade, e certamente relevante quando se está procurando fazer com