Danah Zohar O SER QUÂNTICO
Danah Zohar O SER QUÂNTICO
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de ser consciente, embora o tipo de consciência dessa estrutura, e as coisas que se<br />
poderiam conseguir por intermédio dela dependeriam da estrutura global do sistema.<br />
Isso deixa em aberto a possibilidade de existirem computadores conscientes e, é claro,<br />
levanta a questão da consciência alienígena em geral.<br />
Nos animais superiores terrestres conhecidos, como nós, os campos elétricos entre<br />
as membranas de células nervosas estão em constante mudança por causa das flutuações<br />
da quantidade de energia bombada para o sistema. Tais flutuações são devidas a<br />
alterações químicas no sangue, como maior ou menor taxa de açúcar, ou a estimulação<br />
externa. Por isso, a força da consciência também sofreria variação, com maior ou menor<br />
número de moléculas (de gordura ou de proteína) entrando ou saindo da fase<br />
condensada. Isso combina com nossa experiência comum, na qual nos vemos mais<br />
conscientes em alguns momentos que em outros (por exemplo, um estado de grande<br />
concentração versus um estado de sono profundo). Combina também com aquilo que<br />
conhecemos sobre a ausência ou presença de dano cerebral e sua influência sobre a<br />
consciência.<br />
Se, como sugere o modelo de cérebro calcado no computador, a consciência surge<br />
dos mecanismos de computação do cérebro, com bilhões de neurônios interligados<br />
como numa rede telefônica, ela deveria sofrer interrupção de funcionamento sempre que<br />
um ou mais cabos são cortados, como acontece na rede telefônica. Isso, de fato,<br />
acontece a certas funções específicas do cérebro — lesão da área óptica destrói a visão,<br />
da área auditiva a audição etc. Mas a consciência em si não é afetada da mesma maneira<br />
por causa dessas avarias localizadas. Somente após lesão cerebral muito extensa, com<br />
destruição de grandes regiões do cérebro (ou mediante o uso de anestésicos), é que a<br />
consciência fica suficientemente afetada a ponto de perder sua propriedade holística,<br />
como seria de esperar no caso de a consciência ser um fenômeno quântico não-local.<br />
Numa teoria baseada no sistema bombado de Fröhlich, o aspecto mais fundamental da<br />
consciência — sua capacidade de percepção unificada — não tem nenhuma relação com<br />
as conexões de neurônios individuais no interior do cérebro.<br />
No modelo mecânico-quântico da consciência aqui sugerido, as moléculas<br />
vibráteis nas membranas das células nervosas (ou fótons a elas associados), que dão<br />
nascimento ao condensado de Bose-Einstein, são responsáveis apenas pelo estado<br />
básico de nossa percepção, o "quadro-negro" sobre o qual as coisas (percepções,<br />
experiências, pensamentos, sentimentos etc.) são escritas. O "escrever" em si seria<br />
fornecido por uma ampla gama de fontes — o código genético, a memória, a atividade<br />
das sinapses no cérebro e todos aqueles ecos filogenéticos ressoando dentro do sistema<br />
nervoso. Todos eles apareceriam individualmente ou combinados como excitações do<br />
condensado subjacente, 18 sob a forma de padrões contidos nele mesmo, como as ondas<br />
no mar ou as bolhas na superfície de uma sopa fervendo na panela. E seriam esses<br />
padrões, cuja matemática é na realidade a matemática do holograma, 19 o que<br />
reconhecemos como os conteúdos normais da consciência (fig. 6.2). Curiosamente,<br />
Descartes também acreditava que as percepções eram excitações de nossa alma<br />
subjacente. 20<br />
Esse modelo, juntamente com a idéia de que as excitações do condensado de<br />
Bose-Einstein são responsáveis pelos padrões conhecidos de nossa vida consciente,<br />
também sugere uma interpretação para os misteriosos padrões de eletrencefalograma<br />
(EEG), registrados quando se colocam eletrodos no crânio a fim de medir a atividade<br />
cerebral. As ondas típicas que vemos no EEG, supostamente representativas de