Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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14.04.2013 Views

"fosforescência", prova de radiação de fótons e sugestiva de que a presença do que ele chama de "biofótons" coerentes poderá ser de importância vital na ordenação celular. 13 Cientistas trabalhando independentemente no Japão descobriram os mesmos efeitos que, segundo acreditam, "estão obviamente associados a uma série de atividades vitais e processos biológicos". 14 No mínimo, um biofísico polonês já encontrou evidência da ordenação coerente de fótons no próprio DNA, 15 como Popp e um de seus colegas alemães. 16 Evidência de estados coerentes (condensados de Bose-Einstein) em tecidos vivos não falta, e na interpretação de seu significado é que está o aspecto crucial de excitantes revelações para nossa compreensão do que distingue a vida da não vida. Penso que essa condensação de Bose-Einstein nos componentes dos neurônios é o que distingue o consciente do não consciente. Acho que essa é a base física da consciência • Se queremos sugerir que a condensação de Bose-Einstein seja a base física da consciência, devemos procurar no cérebro os aspectos necessários de um sistema do tipo Fröhlich. Sugiro que os disparos elétricos que ocorrem continuamente nas fronteiras entre neurônios, sempre que o cérebro sofre um estímulo, podem estar fornecendo a energia exigida para agitar as moléculas nas paredes das células nervosas, fazendo com que emitam fótons. Por meio desses sinais, as moléculas de qualquer membrana celular (ou dos milhares de membranas celulares vizinhas) poderiam estabelecer comunicação umas com as outras por um "bailado" que começa a sincronizar sua vibração (ou emissão de fótons). Chegando-se a uma freqüência crítica, todas vibrariam como uma só, entrando numa fase condensada de Bose-Einstein. Os vários "bailarinos" se tornariam um bailarino, possuindo uma única identidade. Nesse ponto crítico, o ponto da "mudança de fase" para uma fase condensada, o movimento sincrônico das moléculas no interior das membranas celulares dos neurônios (ou dos fótons por elas emitidos) assumiria propriedades mecânico-quânticas — uniformidade, ausência de atrito (e daí a persistência no tempo), inteireza não dividida. Dessa forma criariam um campo unificado do tipo que se requer para produzir o estado básico da consciência. A mudança de fase, então, é o momento em que nasce "uma experiência". Uma dentre as muitas conseqüências interessantes de se considerar a consciência nos termos do sistema de Fröhlich é que ele fundamenta a visão de que alguma consciência rudimentar pode bem ser propriedade comum a todos os sistemas vivos. Se um condensado de Bose-Einstein do tipo Fröhlich pode ser encontrado em células de fermento, seria legítimo concluir que qualquer tecido biológico — vegetal ou animal — constituído de pelo menos uma célula teria a capacidade unificadora fundamental necessária para sustentar algum tipo de percepção consciente. Contudo, um condensado de Bose-Einstein menor não teria tantos possíveis estados (excitações) e, portanto, possuiria um âmbito limitado. Assim, um caramujo teria uma consciência muito mais limitada que a nossa. De fato, não há, em princípio, razão para se negar que qualquer estrutura, biológica ou não, que contenha um condensado de Bose-Einstein possa ter a capacidade • Outros autores já sugeriram antes que a condensação de Bose-Einstein no cérebro poderia ser a base física da memória, embora não tenham conseguido encontrar um mecanismo adequado. 17

de ser consciente, embora o tipo de consciência dessa estrutura, e as coisas que se poderiam conseguir por intermédio dela dependeriam da estrutura global do sistema. Isso deixa em aberto a possibilidade de existirem computadores conscientes e, é claro, levanta a questão da consciência alienígena em geral. Nos animais superiores terrestres conhecidos, como nós, os campos elétricos entre as membranas de células nervosas estão em constante mudança por causa das flutuações da quantidade de energia bombada para o sistema. Tais flutuações são devidas a alterações químicas no sangue, como maior ou menor taxa de açúcar, ou a estimulação externa. Por isso, a força da consciência também sofreria variação, com maior ou menor número de moléculas (de gordura ou de proteína) entrando ou saindo da fase condensada. Isso combina com nossa experiência comum, na qual nos vemos mais conscientes em alguns momentos que em outros (por exemplo, um estado de grande concentração versus um estado de sono profundo). Combina também com aquilo que conhecemos sobre a ausência ou presença de dano cerebral e sua influência sobre a consciência. Se, como sugere o modelo de cérebro calcado no computador, a consciência surge dos mecanismos de computação do cérebro, com bilhões de neurônios interligados como numa rede telefônica, ela deveria sofrer interrupção de funcionamento sempre que um ou mais cabos são cortados, como acontece na rede telefônica. Isso, de fato, acontece a certas funções específicas do cérebro — lesão da área óptica destrói a visão, da área auditiva a audição etc. Mas a consciência em si não é afetada da mesma maneira por causa dessas avarias localizadas. Somente após lesão cerebral muito extensa, com destruição de grandes regiões do cérebro (ou mediante o uso de anestésicos), é que a consciência fica suficientemente afetada a ponto de perder sua propriedade holística, como seria de esperar no caso de a consciência ser um fenômeno quântico não-local. Numa teoria baseada no sistema bombado de Fröhlich, o aspecto mais fundamental da consciência — sua capacidade de percepção unificada — não tem nenhuma relação com as conexões de neurônios individuais no interior do cérebro. No modelo mecânico-quântico da consciência aqui sugerido, as moléculas vibráteis nas membranas das células nervosas (ou fótons a elas associados), que dão nascimento ao condensado de Bose-Einstein, são responsáveis apenas pelo estado básico de nossa percepção, o "quadro-negro" sobre o qual as coisas (percepções, experiências, pensamentos, sentimentos etc.) são escritas. O "escrever" em si seria fornecido por uma ampla gama de fontes — o código genético, a memória, a atividade das sinapses no cérebro e todos aqueles ecos filogenéticos ressoando dentro do sistema nervoso. Todos eles apareceriam individualmente ou combinados como excitações do condensado subjacente, 18 sob a forma de padrões contidos nele mesmo, como as ondas no mar ou as bolhas na superfície de uma sopa fervendo na panela. E seriam esses padrões, cuja matemática é na realidade a matemática do holograma, 19 o que reconhecemos como os conteúdos normais da consciência (fig. 6.2). Curiosamente, Descartes também acreditava que as percepções eram excitações de nossa alma subjacente. 20 Esse modelo, juntamente com a idéia de que as excitações do condensado de Bose-Einstein são responsáveis pelos padrões conhecidos de nossa vida consciente, também sugere uma interpretação para os misteriosos padrões de eletrencefalograma (EEG), registrados quando se colocam eletrodos no crânio a fim de medir a atividade cerebral. As ondas típicas que vemos no EEG, supostamente representativas de

"fosforescência", prova de radiação de fótons e sugestiva de que a presença do que ele<br />

chama de "biofótons" coerentes poderá ser de importância vital na ordenação celular. 13<br />

Cientistas trabalhando independentemente no Japão descobriram os mesmos efeitos que,<br />

segundo acreditam, "estão obviamente associados a uma série de atividades vitais e<br />

processos biológicos". 14 No mínimo, um biofísico polonês já encontrou evidência da<br />

ordenação coerente de fótons no próprio DNA, 15 como Popp e um de seus colegas<br />

alemães. 16<br />

Evidência de estados coerentes (condensados de Bose-Einstein) em tecidos vivos<br />

não falta, e na interpretação de seu significado é que está o aspecto crucial de excitantes<br />

revelações para nossa compreensão do que distingue a vida da não vida. Penso que essa<br />

condensação de Bose-Einstein nos componentes dos neurônios é o que distingue o<br />

consciente do não consciente. Acho que essa é a base física da consciência •<br />

Se queremos sugerir que a condensação de Bose-Einstein seja a base física da<br />

consciência, devemos procurar no cérebro os aspectos necessários de um sistema do<br />

tipo Fröhlich. Sugiro que os disparos elétricos que ocorrem continuamente nas<br />

fronteiras entre neurônios, sempre que o cérebro sofre um estímulo, podem estar<br />

fornecendo a energia exigida para agitar as moléculas nas paredes das células nervosas,<br />

fazendo com que emitam fótons. Por meio desses sinais, as moléculas de qualquer<br />

membrana celular (ou dos milhares de membranas celulares vizinhas) poderiam<br />

estabelecer comunicação umas com as outras por um "bailado" que começa a<br />

sincronizar sua vibração (ou emissão de fótons). Chegando-se a uma freqüência crítica,<br />

todas vibrariam como uma só, entrando numa fase condensada de Bose-Einstein. Os<br />

vários "bailarinos" se tornariam um bailarino, possuindo uma única identidade.<br />

Nesse ponto crítico, o ponto da "mudança de fase" para uma fase condensada, o<br />

movimento sincrônico das moléculas no interior das membranas celulares dos neurônios<br />

(ou dos fótons por elas emitidos) assumiria propriedades mecânico-quânticas —<br />

uniformidade, ausência de atrito (e daí a persistência no tempo), inteireza não dividida.<br />

Dessa forma criariam um campo unificado do tipo que se requer para produzir o estado<br />

básico da consciência. A mudança de fase, então, é o momento em que nasce "uma<br />

experiência".<br />

Uma dentre as muitas conseqüências interessantes de se considerar a consciência<br />

nos termos do sistema de Fröhlich é que ele fundamenta a visão de que alguma<br />

consciência rudimentar pode bem ser propriedade comum a todos os sistemas vivos. Se<br />

um condensado de Bose-Einstein do tipo Fröhlich pode ser encontrado em células de<br />

fermento, seria legítimo concluir que qualquer tecido biológico — vegetal ou animal —<br />

constituído de pelo menos uma célula teria a capacidade unificadora fundamental<br />

necessária para sustentar algum tipo de percepção consciente. Contudo, um condensado<br />

de Bose-Einstein menor não teria tantos possíveis estados (excitações) e, portanto,<br />

possuiria um âmbito limitado. Assim, um caramujo teria uma consciência muito mais<br />

limitada que a nossa.<br />

De fato, não há, em princípio, razão para se negar que qualquer estrutura,<br />

biológica ou não, que contenha um condensado de Bose-Einstein possa ter a capacidade<br />

• Outros autores já sugeriram antes que a condensação de Bose-Einstein no cérebro poderia ser a<br />

base física da memória, embora não tenham conseguido encontrar um mecanismo adequado. 17

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