Danah Zohar O SER QUÂNTICO
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vaga dorzinha nas costas. São todos uma pessoa só, "eu".<br />
No entanto, para que a pessoa que tem cada uma dessas diferentes experiências<br />
"miniconscientes" seja a mesma pessoa, para que haja um ser integrado experimentando<br />
tudo ao mesmo tempo, algo deve ser responsável pela unidade dos diferentes estados<br />
cerebrais associados a cada um dos elementos que contribuem para a experiência. Num<br />
determinado momento, em cada um desses estados, há pelo menos cem diferentes<br />
pedacinhos de informação. Para se reunir tudo isso, para se alcançar o grau de unidade<br />
necessário, é preciso que os estados cerebrais distintos pertinentes a cada elemento se<br />
tornem idênticos. Todas suas propriedades e toda sua informação devem se sobrepor<br />
completamente. Esse tipo de unidade só é encontrado nos condensados de Bose-<br />
Einstein.<br />
E somente nesses condensados, em que a individualidade se dissolve, é que<br />
conseguimos encontrar efeitos tipicamente mecânico-quânticos em sistemas de grande<br />
escala. Um físico quântico diria que as funções de onda de todos aqueles pedacinhos<br />
anteriormente individualizados foram sobrepostas — tornaram-se indeterminadas em<br />
sua localização espacial de tal forma que cada uma delas espalha-se por todo o<br />
conjunto, da mesma forma como a libertina quântica vivia com todos os seus amantes a<br />
um só tempo, ou como o gato vivo e morto de Schrödinger espalhava seu ser ambíguo<br />
por toda a caixa que encerrava seu segredo.<br />
Tal sincronismo quântico em grande escala existente nos laser, nos superfluidos e<br />
supercondutores é responsável pelas propriedades especiais deles, mas a importância do<br />
tipo encontrado por Fröhlich em seu sistema é que ele existe na temperatura normal do<br />
corpo. Na verdade ele só é encontrado em tecido biológico, onde os vibráteis dipolos<br />
carregados do interior das paredes celulares emitem sinais de freqüência de microondas<br />
ao vibrarem. Tais freqüências existem normalmente nos tecidos e estes, por sua vez, são<br />
influenciados por elas 10 — por exemplo, as taxas de crescimento das células de<br />
fermento são influenciadas por radiações de microondas. Até agora, porém, a razão pela<br />
qual as células vivas geram e são influenciadas por radiações de microondas e são,<br />
portanto, capazes de conter em suas paredes as fases condensadas de Bose-Einstein<br />
continua um mistério que pede explicação. Como disse Fröhlich: "Os sistemas<br />
biológicos (...) desenvolveram-se para satisfazer a um certo propósito e, assim, nos é<br />
permitido perguntar qual o propósito de tal excitação". 11<br />
Certo físico 12 sugere que o propósito das vibrações induzidas por microondas nas<br />
células vivas talvez esteja relacionado com a forma pela qual os sistemas vivos, em<br />
oposição aos não vivos, criam ordem a partir do caos e confusão da natureza. Quando as<br />
membranas celulares vibram o suficiente para chegar a um condensado de Bose-<br />
Einstein, estão criando a forma mais coerente possível de ordem existente na natureza, a<br />
ordem de uma inteireza não dividida. Este pode ser o mecanismo que permite à vida<br />
violar a segunda lei da termodinâmica (entropia), segundo a qual os sistemas<br />
inanimados estão fadados a degenerar para o caos.<br />
Outros biofísicos, alguns trabalhando em colaboração com o professor Fröhlich,<br />
outros independentemente, encontraram evidências desse mesmo tipo de coerência<br />
biológica, embora suas pesquisas sugiram que seja uma ordenação coerente de fótons no<br />
âmbito da luz visível em vez (ou além) daqueles no âmbito das microondas.<br />
O físico alemão Fritz Popp descobriu que as células vivas emitem uma leve