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Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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para se compreender a consciência em termos físicos, a rocha contra a qual se chocaram<br />

todas as teorias anteriores, é a questão da unidade da consciência, a típica<br />

indivisibilidade de nossos pensamentos, percepções, sentimentos etc. Sem isso não<br />

poderia existir a experiência tal como a conhecemos e tampouco um ser vivenciando<br />

essa experiência. Nenhum processo da física clássica origina esse tipo de unidade, e até<br />

bem recentemente ele não era um tema tão importante na física quântica. Mas, agora<br />

que tipos especiais de unidades especificamente mecânico-quânticas estão<br />

reconhecidos, tanto os físicos como os filósofos começaram a se perguntar se estes não<br />

terão alguma relevância significativa para a unidade da consciência. Roger Penrose, de<br />

Oxford, expõe o caso em nome de todos eles:<br />

A física quântica compreende vários tipos de comportamento altamente intrigantes e<br />

misteriosos. Um dos exemplos mais expressivos disso são as correlações quânticas (nãolocais)<br />

que podem ocorrer através de grandes distâncias. Parece-me que há uma clara<br />

possibilidade de que tais coisas desempenhem um papel nos modos de pensar<br />

conscientes. Talvez não seja muito fantasioso sugerir que as correlações quânticas<br />

possam estar desempenhando um papel operacional em grandes regiões do cérebro.<br />

Poderia haver alguma relação entre um "estado de consciência" e um estado quântico<br />

altamente coerente no cérebro? Estará a "unidade" ou "globalidade", que parece ser uma<br />

característica da consciência, ligada a isso? É muito tentador pensar que sim. 4<br />

Uma analogia para o tipo de correlação quântica que Penrose sugere aqui seria um<br />

grupo de músicos tocando e gravando em salas diferentes e que, no entanto, conseguem<br />

produzir um efeito harmonioso. Ou o fenômeno dos gêmeos quânticos discutido no<br />

capítulo l que, embora separados pelo desconhecimento e por centenas de milhas, levam<br />

vidas totalmente sincrônicas. Tais sistemas quânticos, de fato, se parecem com o modo<br />

como neurônios distintos espalhados pelo cérebro todo cooperam para produzir um<br />

estado unificado de percepção consciente, ainda que essa observação em si não<br />

acrescente muito às analogias iniciais de Bohm.<br />

A primeira evidência substancial de que existe ao menos um canal de<br />

comunicação entre o mundo da física quântica e nossa percepção da realidade do dia-adia<br />

foi encontrada há quase cinqüenta anos. Naquela época, biofísicos que trabalhavam<br />

com a retina descobriram que as células nervosas do cérebro humano são<br />

suficientemente sensíveis para registrar a absorção de um único fóton (refletindo a<br />

passagem de um elétron individual de um estado de energia dentro do átomo até outro<br />

estado) — e portanto suficientemente sensíveis para serem influenciadas por toda a<br />

panóplia do estranho comportamento do nível mecânico-quântico, incluindo-se a<br />

indeterminação e os efeitos não-locais.<br />

Experiências posteriores provaram que a indeterminação quântica está embutida<br />

no funcionamento do próprio cérebro através das variações aleatórias nas concentrações<br />

químicas que circundam as conexões entre nervos (sinapses). Essas concentrações<br />

determinam os níveis em que os neurônios "disparam", fazem contato elétrico com<br />

outros neurônios, e que, mesmo variações muito refinadas, no nível quântico, afetam os<br />

potenciais de "disparo". Na verdade, os níveis nos quais os neurônios disparam variam<br />

segundo uma lei estatística definida, como qualquer outro processo quântico. Dos 10<br />

bilhões de neurônios do cérebro, cerca de 10 milhões são considerados suficientemente<br />

sensíveis para registrar fenômenos do nível quântico em qualquer momento. No entanto,<br />

o disparo de neurônios isolados está muito longe de explicar os complexos processos<br />

associados às atividades conscientes do cérebro, quaisquer que sejam eles.

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