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Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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computador e quase tudo o que o computador representa, contra a visão de mundo<br />

mecanicista e as muitas formas de alienação e fragmentação associadas a ele. A ênfase<br />

de seu argumento de que as propriedades aparentemente holísticas da fotografia<br />

holográfica espelham semelhantes propriedades holísticas de nossa experiência<br />

consciente, e a paixão que isso inspira, gira em torno da palavra "holismo" e da medida<br />

na qual as "verdades holísticas" vêm sendo desprezadas pela cultura ocidental<br />

predominante.<br />

Desde Platão, o Ocidente tem enfatizado o racional e o analítico, as regras através<br />

das quais formamos pensamentos e tomamos decisões, os "componentes" de nossa vida<br />

consciente. A lógica disso levou naturalmente ao modelo do cérebro calcado no<br />

computador, embora em detrimento de um outro lado do conhecimento e experiência<br />

humanos — o que se pode chamar o lado intuitivo, o lado que lida com a sabedoria, a<br />

imaginação, a criatividade etc. Em termos neurofisiológicos modernos, esses dois lados<br />

de nossa vida mental têm sido abordados sob o aspecto de uma cisão entre hemisfério<br />

cerebral direito e hemisfério cerebral esquerdo. • Utilizando uma metáfora igualmente<br />

boa, vinda da física quântica, poderíamos nos referir a isso como uma cisão entre onda e<br />

partícula, dizendo que nossa cultura enfatizou o aspecto partícula da mente.<br />

Os "holistas" querem enfatizar o aspecto onda da experiência, à medida que cada<br />

elemento da consciência — na verdade cada elemento da própria realidade — se<br />

relaciona com todos os outros. O todo é algo maior que a soma das partes, ou, corno<br />

coloca David Bohm — um dos principais proponentes do modelo holográfico —, a<br />

realidade é uma "inteireza não dividida". 11 Tudo e todos estão tão integralmente interrelacionados<br />

que qualquer menção de indivíduos ou de separação é uma distorção da<br />

realidade, uma ilusão.<br />

Este holismo dos dias de hoje tem seus antecedentes tanto no Ocidente como no<br />

Oriente. Como coloca o Sutra do Diamante dos budistas:<br />

Na casa de Indra diz-se que há uma rede de pérolas de tal forma dispostas que, se você<br />

olhar para uma, verá todas as outras refletidas nesta. Da mesma forma, cada objeto no<br />

mundo não é meramente ele mesmo, mas envolve todos os outros objetos, e na realidade<br />

é cada um dos outros objetos.<br />

Exatamente a mesma metáfora aparece em nossa tradição ocidental, como na<br />

Grande Corrente do Ser, que liga o microcosmo ao macrocosmo afirmando que cada<br />

pedacinho da realidade contém o todo, ou na filosofia de Spinoza, que enfatiza que tudo<br />

no mundo é feito de uma só substância. Os que sugerem o holograma como modelo para<br />

o cérebro estão procurando dar um embasamento científico a tais metáforas.<br />

Tanto o "paradigma holográfico" em geral como o modelo holográfico do cérebro<br />

em especial têm suas qualidades. Enquanto metáfora acessível à mente moderna, o<br />

holograma desempenha um papel vantajoso quando se pretende ressaltar os aspectos da<br />

consciência e da realidade que brotam do relacionamento e do processo, ajudando-nos,<br />

assim, a lembrar que somos todos partes de um todo maior. Mas, mesmo enquanto<br />

metáfora, ele vai longe demais em alguns aspectos, sendo tão extremado na ênfase a<br />

respeito da onda do ser como o modelo do computador e o mecanicismo são extremados<br />

• A capacidade de análise e de pensamento lógico vem quase que exclusivamente da capacidade funcional<br />

do hemisfério esquerdo do cérebro.

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