Danah Zohar O SER QUÂNTICO
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Consciência e Cérebro:<br />
Dois Modelos Clássicos<br />
Embora, sob muitos aspectos, a consciência seja a coisa mais conhecida e<br />
acessível que cada um de nós possui, ela continua como um dos fenômenos menos<br />
compreendidos deste mundo.<br />
Toda vez que dizemos "eu" ou "nós", temos como suposição tácita que existe um<br />
"eu" ou "nós" consciente que está ali falando e pensando. Contudo, no mesmo momento<br />
em que tentamos focalizar este ser pensante, agarrá-lo de alguma forma tangível —<br />
como pegamos num dedo ou numa orelha — ele parece desaparecer diante de nossos<br />
"olhos". Sabemos bastante sobre como os dedos pegam uma coisa e como os ouvidos<br />
ouvem, mas sobre a origem e a natureza daquela pessoa consciente que dá origem ao<br />
pegar, ou interpreta o que se ouviu, não temos virtualmente nenhum fato físico. Não<br />
existe nenhuma anatomia ou fisiologia da consciência, muito menos uma física.<br />
Há aqueles (os dualistas), é claro, que argumentam que jamais poderá haver<br />
nenhuma compreensão física do ser ou da mente. Eles alegam que a mente e o corpo são<br />
coisas bem distintas e que a mente é necessariamente incorpórea — um "algo" etéreo<br />
que simplesmente nos vem de algum lugar lá fora e reside temporariamente dentro ou<br />
junto do "invólucro" do corpo. Mas há outros, em geral de tendências mais científicas,<br />
que estão convencidos de que a mente, ou consciência — como tudo o mais —, deve ter<br />
alguma explicação física. Sua fonte deve estar localizada em algum lugar do corpo,<br />
embora o local exato onde se pensa que ela esteja tenha variado consideravelmente ao<br />
longo do tempo, dando origem a todos os tipos de modelo.<br />
O antigo filósofo grego Epicurus acreditava que havia "átomos de alma"<br />
espalhados pelo corpo, responsáveis tanto pela consciência como pela vitalidade em<br />
geral, embora muitos gregos antigos pensassem que o coração ou o peito fossem a fonte<br />
dessas coisas. Outros fizeram suposições de que a consciência brotasse do<br />
funcionamento do fígado ou residisse no sangue. Segundo os filósofos hindus, ela está<br />
concentrada nos chakras, localizados ao longo da espinha dorsal — daí nossa suposta<br />
habilidade de dominá-los através da meditação ioga. E, nos tempos mais modernos,<br />
Descartes propôs que o ponto de encontro entre corpo e alma fosse a misteriosa<br />
glândula pineal localizada no centro do cérebro.<br />
Hoje a maioria dos que procuram uma sede física para a consciência presume que<br />
sua fonte deve estar na capacidade funcional do cérebro em si. Danos provocados em<br />
outros órgãos do corpo podem ocasionar todo tipo de distúrbios, mas um violento golpe<br />
na cabeça quase sempre provoca perda da consciência, exatamente como as drogas que<br />
agem sobre o cérebro e comprovadamente alteram vários padrões de consciência.<br />
Presume-se, portanto, que existe um vínculo necessário entre os estados físicos do