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Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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sugere que as montanhas têm alma ou que as partículas de poeira possuem uma vida<br />

interior.<br />

A lógica empregada no pampsiquismo limitado tem início no fato óbvio de que há<br />

somente um tipo básico de matéria. Segue-se daí que todas as coisas — animadas e<br />

inanimadas — são feitas da mesma coisa, e que parte desta matéria tem indubitável<br />

capacidade para a vida consciente e que, ao menos no nível quântico, há um diálogo<br />

criativo entre matéria e consciência de tal forma que a mente consciente do observador<br />

de fato influencia o desenvolvimento material daquilo que observa. Como disse o<br />

filósofo Thomas Nagel:<br />

Cada um de nós é composto de matéria; esta tem uma história predominantemente<br />

inanimada até chegar aos códigos genéticos de nossos pais. Provavelmente já foi parte do<br />

Sol, mas a matéria vinda de uma outra galáxia •15 faria o mesmo efeito (...) Qualquer coisa,<br />

se suficientemente decomposta e rearranjada, poderia ser incorporada a um organismo<br />

vivo. Não é preciso nenhum componente além da matéria. 16<br />

Além disso, a matéria inanimada da qual nós, seres conscientes, somos feitos está<br />

sempre mudando — no caso dos seres humanos ela muda totalmente a cada sete anos.<br />

Nenhum átomo sequer dos que agora contribuem para o feitio de meu ser físico era<br />

parte de mim sete anos atrás. Nossos corpos vivos estão em constante e dinâmico interrelacionamento<br />

com outros corpos e com o mundo inanimado à nossa volta. Então,<br />

como podem os mesmíssimos átomos ser parte de uma estrutura consciente num dado<br />

momento de sua história e parte de um objeto inanimado em outro? Em que momentos<br />

eles, ou a estrutura da qual fazem parte, adquirem consciência? Em seu trabalho sobre o<br />

pampsiquismo, Nagel chega relutantemente à conclusão de que:<br />

...a menos que estejamos prontos a aceitar (...) que o surgimento das propriedades mentais<br />

em sistemas complexos não tem nenhuma explicação causai, devemos aceitar a corrente<br />

epistemológica da emergência mental como uma razão para acreditar que os componentes<br />

têm propriedades que desconhecemos e que necessariamente devem obter esses<br />

resultados. 17<br />

Ou seja, devemos aceitar que, se a consciência não for algo que simplesmente<br />

aparece, emerge e se acrescenta sem causa aparente, então ela deve estar ali presente<br />

sob alguma forma desde o início, como uma propriedade básica dos componentes de<br />

toda a matéria. Como diz Karl Popper, "a matéria morta parece ter mais potencialidades<br />

que meramente produzir matéria morta". ••18<br />

Mas, quando Nagel sugere que algum aspecto da mente ou consciência possa estar<br />

associado a toda matéria, está se referindo ao que ele denominou "propriedades<br />

protomentais", uma espécie de aspecto mental elementar da realidade que só se torna<br />

propriamente consciente quando adequadamente combinado a um sistema complexo.<br />

Ele argumenta que tanto essas propriedades protomentais como a matéria elementar<br />

• "Em certo sentido, a carne humana é feita de poeira de estrelas. Cada átomo do corpo humano, exceto<br />

apenas os átomos de hidrogênio primordiais, foram confeccionados em estrelas que se formaram,<br />

envelheceram e explodiram violentamente antes que o Sol e a Terra viessem a ser."<br />

•• Apesar disso, o próprio Popper não é um pampsiquista. Diferente de Nagel, ele acredita que a<br />

consciência seja um fenômeno emergente, uma propriedade de sistemas complexos superiores, mas não<br />

de átomos.

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