Danah Zohar O SER QUÂNTICO
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esperança de uma nova visão de mundo, uma cosmovisão que nos daria alguma base física para um modo mais holístico, menos fragmentado de nos vermos no mundo. Daí os muitos livros e artigos sobre a física quântica e o holismo, a física quântica e o misticismo oriental, a física quântica e a cura, a física quântica e os fenômenos psíquicos etc. Todos são tentativas parciais e vacilantes de articular algo que "está no ar", algo que responde à necessidade das pessoas de um quadro mais coerente do mundo — uma necessidade de encontrar uma explicação unificadora para nós mesmos e para nosso universo, um fundamento unificador para nosso comportamento. Mas nenhum deles chegou realmente a basear essa necessidade na verdadeira física da consciência e, portanto, nenhum deles chegou a lançar uma sólida base física para uma cosmovisão quântica. Tendo feito essa ligação, tendo visto que a física da consciência humana emerge de processos quânticos no interior do cérebro e que, conseqüentemente, a consciência humana e todo o mundo de sua criação partilham de uma física comum com tudo mais no Universo — com o corpo humano, com todas as outras coisas vivas e criaturas, com a física básica da matéria e do relacionamento e com o estado básico coerente do vácuo quântico em si —, torna-se impossível imaginar um único aspecto de nossas vidas que não seja abarcado nesse todo coerente único. A cosmovisão quântica transcende a dicotomia entre mente e corpo, entre interior e exterior, revelando-nos que as unidades básicas constitutivas da mente (bósons) e as unidades básicas constitutivas da matéria (férmions) brotam de um substrato quântico comum (o vácuo) e estão empenhadas num diálogo mutuamente criativo, cujas raízes remontam ao próprio cerne da criação da realidade. Em outros termos, a mente é relacionamento e a matéria é aquilo que é relacionado. Nenhuma delas, sozinha, poderia evoluir ou expressar algo. Juntas, elas nos dão os seres humanos e o mundo. O diálogo criativo entre "mente" e "matéria" é a base física de toda a criatividade do Universo e é também a base física da criatividade humana. O ser quântico não experimenta dicotomia entre exterior e interior porque os dois, o mundo interior da mente (de idéias, valores, noções de bondade, verdade e beleza etc.) e o mundo exterior da matéria (dos fatos) dão origem um ao outro. A visão de mundo quântica transcende a dicotomia entre indivíduo e relacionamento revelando-nos que os indivíduos são o que são sempre dentro de um contexto. Eu sou meus relacionamentos — meus relacionamentos com os subseres dentro de meu próprio ser, meu passado e meu futuro, meus relacionamentos com os outros e meus relacionamentos com o mundo em geral. Eu sou eu, singularmente eu, porque sou um padrão totalmente único de relacionamentos e, no entanto, não posso separar este eu que sou daqueles relacionamentos. Para o ser quântico, nem individualidade nem relacionamento são primários, pois ambos brotam simultaneamente e com igual "peso" do substrato quântico. No caso de pessoas enquanto indivíduos e seus relacionamentos, esse substrato é um condensado de Bose-Einstein no cérebro; no caso de partículas individuais e seus relacionamentos, esse substrato é um condensado de Bose-Einstein no vácuo quântico. O ser quântico é, portanto, mediador entre o extremo isolamento do individualismo ocidental e o extremo coletivismo do marxismo ou do misticismo
oriental. Analogamente, a cosmovisão quântica transcende a dicotomia entre cultura humana e natureza e, na realidade, impõe a lei natural à cultura. A física da consciência que dá origem ao mundo da cultura — arte, idéias, valores, éticas e mesmo religiões — é a mesma física que nos dá o mundo natural. Em ambos os casos é uma física impelida pela necessidade de manter e aumentar a coerência ordenada numa franca reação ao ambiente. O ser quântico, pela própria mecânica de sua consciência, é um ser natural — um ser livre e reativo — e seu mundo, em última análise, refletirá o mundo da natureza. Quando isso não ocorrer, esse mundo fracassará. Em resumo, a cosmovisão quântica enfatiza o relacionamento dinâmico como a base de tudo o que existe. Diz que nosso mundo surge através de um diálogo mutuamente criativo entre mente e corpo (interior e exterior, sujeito e objeto), entre o indivíduo e seu contexto material e pessoal, e entre a cultura humana e o mundo da natureza. Dá-nos uma visão do ser do homem como livre e responsável, reagindo aos outros e ao ambiente, essencialmente relacionado e naturalmente comprometido, e, a cada instante, criativo.
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oriental.<br />
Analogamente, a cosmovisão quântica transcende a dicotomia entre cultura<br />
humana e natureza e, na realidade, impõe a lei natural à cultura.<br />
A física da consciência que dá origem ao mundo da cultura — arte, idéias,<br />
valores, éticas e mesmo religiões — é a mesma física que nos dá o mundo natural. Em<br />
ambos os casos é uma física impelida pela necessidade de manter e aumentar a<br />
coerência ordenada numa franca reação ao ambiente. O ser quântico, pela própria<br />
mecânica de sua consciência, é um ser natural — um ser livre e reativo — e seu mundo,<br />
em última análise, refletirá o mundo da natureza. Quando isso não ocorrer, esse mundo<br />
fracassará.<br />
Em resumo, a cosmovisão quântica enfatiza o relacionamento dinâmico como a<br />
base de tudo o que existe. Diz que nosso mundo surge através de um diálogo<br />
mutuamente criativo entre mente e corpo (interior e exterior, sujeito e objeto), entre o<br />
indivíduo e seu contexto material e pessoal, e entre a cultura humana e o mundo da<br />
natureza. Dá-nos uma visão do ser do homem como livre e responsável, reagindo aos<br />
outros e ao ambiente, essencialmente relacionado e naturalmente comprometido, e, a<br />
cada instante, criativo.