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Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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possibilidades e faz com que aquele aspecto se realize, assim como a participação<br />

consciente da criança na feitura do pote de argila evoca um certo pote em especial (e<br />

uma criança em especial).<br />

Mas até que ponto, até que níveis profundos da formação da realidade se estende<br />

esse diálogo criativo entre a consciência e a matéria, e como podemos relacioná-lo à<br />

física da consciência? Em que medida, a partir de que nível podemos enxergar a<br />

consciência como dotada de um papel na feitura de uma realidade material, objetiva —<br />

coisas com as quais podemos nos chocar, que podemos ver e medir? Em que medida<br />

podemos ver a realidade como dotada de um papel criativo no desenvolvimento da<br />

consciência?<br />

Ao procurar responder a tais questões, é preciso esclarecer o que queremos dizer<br />

por consciência.<br />

Em termos humanos, a palavra consciência é usada para abarcar toda uma miríade<br />

de significados e associações — mente, inteligência, razão, propósitos, intenção,<br />

percepção, o exercício do livre-arbítrio etc. Alguns desses significados podem,<br />

evidentemente, ser aplicados à descrição do comportamento consciente dos animais<br />

superiores, e uns poucos talvez se apliquem até ao de criaturas simples como as amebas.<br />

Mas, quando a palavra consciência é empregada em seu sentido amplo e abrangente<br />

para descrever a atividade de um agente transcendente ou imanente que trabalha para<br />

criar ou moldar o mundo material desde o início dos tempos, ela beira o misticismo ou a<br />

teologia tradicionais. Este não é o sentido que estou empregando aqui.<br />

A consciência humana em seu sentido mais pleno e abrangente, sem dúvida,<br />

desenvolveu-se através de um longo processo evolutivo a partir de formas muito mais<br />

simples e elementares de consciência. Se queremos compreender a natureza e a<br />

dinâmica de nossa mente complexa, seu lugar no plano mais amplo das coisas,<br />

precisamos ver suas raízes nessas formas mais simples e em seu diálogo com o mundo<br />

material. Reconstituindo essa herança, talvez ganhemos alguma perspectiva de toda a<br />

história da qual fazemos parte.<br />

Em qualquer nível que possamos reconhecer como existente em nós mesmos,<br />

argumentei que a base física da consciência repousa num tipo muito especial de holismo<br />

relacionai dinâmico — um condensado de Bose-Einstein do tipo Fröhlich no cérebro,<br />

uma ordenação coerente de bósons (fótons ou fótons virtuais) presentes no tecido<br />

nervoso ou nas membranas das células nervosas. Essa coerência quântica possibilita o<br />

disparo coerente de alguns dos 100 bilhões de neurônios do cérebro humano e a<br />

integração da informação que esse disparo origina — dando-nos assim a unidade da<br />

consciência e, em última análise, um sentido de ser e um sentido de mundo.<br />

Sem a coerência Bose-Einstein ordenada de fótons (ou outros bósons), não<br />

haveria um sentido de ser e um sentido de mundo, mas, igualmente, sem os<br />

componentes materiais do tecido nervoso não haveria um condensado de Bose-Einstein.<br />

Ambos, coerência quântica (o estado básico de consciência) e tecido nervoso (matéria),<br />

inter-relacionando-se dão ao cérebro sua capacidade de funcionamento consciente. Esta<br />

capacidade está, então, ligada a todas as redes nervosas que processam informação do<br />

ambiente.<br />

Portanto, no nível de consciência encontrado em nós e nos animais superiores, o

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