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Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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15<br />

O Vácuo Quântico<br />

e o Deus Interior<br />

Vivemos nossas vidas inescrutavelmente incluídos na fluente vida do Universo.<br />

Martin Buber, I and You<br />

Quando criancinha, ao olhar para o céu noturno, via Castor e Pollux, Orion e<br />

Cassiopeia. Não eram simples configurações de estrelas, mas pessoas, heróis e heroínas<br />

sobre os quais eu lera histórias emocionantes e cujos feitos de bravura inspiravam tantas<br />

das minhas fantasias e brincadeiras. Quando o vento soprava ou abatia-se uma<br />

tempestade, era Poseidon expandindo sua ira ou Zeus tendo uma explosão de raiva.<br />

Com um olho interior eu procurava no céu cristão e imaginava em qual das luzes<br />

Deus tinha seu trono. Também ele levantava ventos e fazia tempestades quando estava<br />

desgostoso com o mundo, mas era o mundo Dele, Ele o criara, e eu confiava Nele para<br />

tomar conta do mundo e de mim.<br />

Quando vou dormir, ao me deitar,<br />

Peço ao Senhor por minha alma zelar;<br />

Se acaso morrer antes de despertar,<br />

Peço ao Senhor para minha alma levar.<br />

Minha mãe lecionava letras clássicas e meu avô era um cristão devoto, e os dois<br />

juntos povoaram minha infância com deuses e fé. Porém, quando cresci um pouco e fui<br />

aprendendo o que o mundo é "na realidade", aprendendo sobre astronomia, cosmologia<br />

e evolução, a fé da minha infância (e todo o mundo construído através dela) ficou me<br />

parecendo um monte de histórias fantasiosas. O céu noturno tornou-se algo frio e<br />

indiferente, e minha própria existência uma questão acidental e insignificante no que diz<br />

respeito ao mundo. Nisso, minha vivência espelhou a de toda minha geração — e em<br />

grande parte a de algumas gerações anteriores. Nossa ciência rumava na direção oposta<br />

da nossa fé tradicional.<br />

Muitos já argumentaram no sentido de que as descobertas da ciência moderna não<br />

produzem, necessariamente, um impacto sobre a fé religiosa tradicional. Como diz o<br />

físico inglês Brian Pippard: "O verdadeiro crente em Deus (...) não precisa temer — sua<br />

cidadela é inexpugnável dos assaltos científicos, pois ocupa um território fechado à<br />

ciência". 1 Nessa visão, a fé e a razão representam dois mundos distintos, falam línguas<br />

diferentes e têm diferentes noções de verdade. Um é estranho ao outro e nenhum dos<br />

dois pode aprender ou refutar o outro. Mas uma atitude do tipo avestruz ("Não quero

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