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Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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Em última análise, nenhum mundo poderá ser bem-sucedido se nele o<br />

comportamento de alguns ferir os outros, ou se o comportamento de todos ferir o<br />

processo maior de coerência ordenada crescente do Universo como um todo — o que<br />

Prigogine chama de "paradigma evolutivo". 18<br />

Essa limitação àquilo que fez um mundo bem-sucedido, e, portanto, ao que faz<br />

uma escolha ser boa ou ruim, talvez não satisfaça àqueles que gostariam que a<br />

moralidade fosse uma estrutura rígida, preto no branco, de regras de fazer e de não fazer<br />

impostas de fora. Uma estrutura que diga, por exemplo, que é sempre, em todas as<br />

hipóteses, uma decisão errada ter um amante quando se é casada. Esse tipo de<br />

moralidade pode ser necessário para aqueles que, por um motivo ou outro, não podem<br />

viver nos extremos de sua liberdade, mas não é uma moralidade criativa.<br />

Uma "moralidade quântica" ou "moralidade criativa" em evolução é<br />

necessariamente mais pluralista que isso. Ela não só permite mas também incorpora<br />

como uma importante característica de seu significado, o fato de que pode haver mais<br />

de uma maneira de se responder a determinada situação. Em resposta a qualquer desafio<br />

moral pode haver muitas escolhas que são, em alguma medida, boas escolhas. É uma<br />

característica fundamental de nossa liberdade, ligada ao propósito de nossa criatividade,<br />

podermos experimentar todas essas possibilidades até descobrir qual a melhor de todas,<br />

ou a melhor possível.<br />

Nossas escolhas morais livres e indeterminadas e os mundos de que elas são coautoras<br />

assemelham-se às transições virtuais dos elétrons. São experimentos de criação<br />

da realidade, muito embora, pelo fato de (ao contrário dos elétrons) termos memória e<br />

conseguirmos aprender com a experiência, nossos experimentos possam exercer um<br />

efeito agregador. Alguns terão sucesso e continuarão como contribuições duradouras<br />

para o mundo melhor que vem em seguida; outros ficarão fora desse processo.<br />

Tal capacidade do ser quântico de colher a realidade a partir das múltiplas<br />

possibilidades, de fazer mundos experimentais, alguns dos quais são os anteriores<br />

melhorados, e nossa habilidade em articular (pela reflexão) o que os fez assim é o que<br />

liga essencialmente nossa liberdade à nossa criatividade.<br />

O valor de descobrir os significados atribuídos às minhas escolhas é o de que a<br />

descoberta (essa articulação) leva-me de volta àquele momento de liberdade no qual fiz<br />

a primeira escolha, o momento de decisão que levou a uma corrente de decisões que,<br />

por sua vez, se tornaram parte do meu estilo de vida e daquilo a que dou valor — meu<br />

mundo. Voltando àquele momento, volto à possibilidade de fazer alguma outra escolha,<br />

algum outro ser e mundo. Esse é o motivo pelo qual a psicoterapia ou qualquer outro<br />

processo de auto-analise podem nos dar a possibilidade de "renascer". Esse "renascer"<br />

significa começar de novo, com a promessa de uma vida completamente diferente daqui<br />

em diante e também de um mundo completamente diferente. Está associado aos temas<br />

religiosos de renovação e renascimento — a Páscoa cristã, a Páscoa dos judeus — que<br />

oferecem a promessa de uma nova vida.<br />

Nossa liberdade fundamental, o fato de a escolha que fizemos ser apenas uma<br />

dentre as muitas que poderíamos ter feito, é o que torna esse renascimento possível, e dá<br />

a cada indivíduo um papel central na evolução gradual da consciência — o gradual<br />

aumento de holismo relacional ordenado manifesto nos mundos que criamos.

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