Danah Zohar O SER QUÂNTICO
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A Liberdade do Ser:<br />
Responsabilidade Quântica<br />
Como poderá a vida respeitar o determinismo exteriormente e, no entanto, agir<br />
em liberdade interiormente? Talvez compreendamos isso melhor algum dia.<br />
Teilhard de Chardin, O Fenômeno Humano<br />
Recentemente, houve tremenda comoção nos jornais ingleses em torno da<br />
clemência atribuída a um homem casado que havia estuprado a enteada de oito anos<br />
enquanto sua mulher estava nos últimos meses de gravidez. Segundo o juiz que<br />
concedeu liberdade a esse homem, seu comportamento era compreensível dada a<br />
frustração que ele deve ter sentido diante do desinteresse temporário da esposa pelas<br />
relações sexuais normais. Ele não foi considerado responsável por seus atos.<br />
Os clamores de indignação que se seguiram ao julgamento demonstraram que a<br />
opinião pública discordava claramente dessa decisão. A maioria das pessoas, ou ao<br />
menos a maioria daqueles que expressaram sua opinião, achava que o homem deveria<br />
ter sido capaz de controlar seus impulsos e, conseqüentemente, deveria assumir plena<br />
responsabilidade por seu comportamento, que não só era ilegal como também<br />
moralmente repugnante. Por fim, o tribunal acabou concordando, e o homem foi<br />
mandado para a prisão.<br />
O caso provocou tanta inquietação pública porque as questões em jogo iam muito<br />
além da culpabilidade de um único padrasto inglês odioso, ou mesmo da questão dos<br />
padrastos em geral. Este caso tocou o ponto nevrálgico de muitos de nós em relação ao<br />
grau de nossa liberdade para agir ou não agir como quisermos e ao grau de<br />
responsabilidade que deveríamos assumir em conseqüência disso. Tais questões,<br />
embora digam respeito ao cerne de nosso significado enquanto seres humanos, têm<br />
ficado à margem, ou fora do alcance de nossos melhores raciocínios.<br />
Certamente nós nos experimentamos e aos outros como livres, organizando tanto<br />
nossos sentimentos quanto nossos negócios segundo esta noção. Toda a idéia do<br />
comportamento voluntário e da própria volição — ou da vontade em si — decorre disso,<br />
como também, evidentemente, o conceito de espontaneidade de toda uma panóplia de<br />
sentimentos, abarcando coisas como admiração e espanto, orgulho e vergonha.<br />
Quer pensemos em exemplos triviais como a liberdade de erguer um braço ou de<br />
nos levantarmos de uma cadeira sempre que quisermos, ou de decisões mais<br />
importantes como escolher com quem casar ou que carreira seguir, se ficamos mais