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Danah Zohar O SER QUÂNTICO

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sinônima da natureza de seu significado. Por intermédio de meu próprio ser, tenho<br />

capacidade de servir de parteira à sua expressão neste mundo, e ela em troca molda e<br />

faz o ser que eu sou. O mesmo poderia ser dito de qualquer valor espiritual, pois todos<br />

partilham da qualidade comum de criar relacionamentos, sendo, assim, "farinha do<br />

mesmo saco" que eu. Há um sólido fundamento para o compromisso com eles.<br />

Todos os sistemas quânticos do Universo, inclusive nós mesmos, estão<br />

entrelaçados (correlacionados e enredados) em alguma medida. Mesmo o vácuo<br />

quântico está repleto de correlações. 17 Tal entrelaçamento básico é a essência da<br />

realidade quântica. Mas esses mesmos sistemas também têm potencial para mais<br />

entrelaçamentos, para mais e mais profundos relacionamentos, e esse potencial é um<br />

aspecto importante de uma psicologia baseada na natureza quântica da pessoa. Ele a<br />

dinamiza.<br />

O pequeno e básico entrelaçamento de todos os sistemas quânticos nos dá uma<br />

base para o compromisso. Nós o recebemos como um direito de primogenitura. Mas o<br />

potencial para mais e mais profundos entrelaçamentos, que depende do grau de<br />

similaridade atingido entre esses sistemas, nos dá uma motivação para o compromisso.<br />

Ele nos impele e naturalmente nos norteia na vida.<br />

Cada um de meus relacionamentos íntimos, mesmo que muito breves, realmente<br />

"entra" em mim, realmente acrescenta ao menos um pequeno fio à tapeçaria do meu ser.<br />

Mas, assim como uma porção de pequenos fios não colabora muito para a feitura de um<br />

padrão completo numa tapeçaria, também um grande número de intimidades breves ou<br />

pequenas investidas em envolvimentos não ajudam muito na integração de meu ser ou<br />

de minha união com os outros. Assim dispersa, falta-me um tema, um cerne que tanto<br />

eu quanto os outros possamos reconhecer como parecido comigo. Tenho pouco<br />

fundamento, um cerne sobre o qual construir mais relacionamentos ou aprofundá-los.<br />

Esta é a situação da personalidade narcisista. Incapaz de sentir uma base para o<br />

compromisso com os outros, com a natureza ou com qualquer sistema coerente de<br />

valores, e, portanto, incapaz de sustentar qualquer relacionamento profundo, ela tanto<br />

experimenta uma fragmentação de si mesma quanto o isolamento de uma comunhão<br />

mais ampla.<br />

Mas, se estabeleço um compromisso com os outros (ou com a natureza ou com<br />

algum valor espiritual), eu me torno mais entrelaçada (mais unida) a eles através de uma<br />

espécie de repetição. A cada dia, de vários modos pequenos e grandes, renovo meu<br />

relacionamento com o outro, talvez por mais contatos e mais experiências partilhadas,<br />

pela memória e reflexão, ou ainda pela influência que meu comprometimento exerce<br />

sobre outros aspectos de meu pensamento e de meu comportamento. Repetidamente<br />

levo o outro para dentro de mim, reforçando, assim, padrões de excitação no substrato<br />

quântico de minha consciência, e, a cada repetição, o ser do outro vai se tornando mais<br />

uma parte do meu próprio ser, mais entrelaçado a outros aspectos desse meu ser. Nossas<br />

identidades se sobrepõem e nossas características pessoais tornam-se mais correlatas.<br />

Tanto o relacionamento quanto eu mesma crescemos. "Eu" me torno um ser extenso,<br />

uma parte muito maior daquele eu-e-você.<br />

Da mesma forma, essa visão quântica do compromisso lança nova luz sobre as<br />

implicações de uma quebra de nossos compromissos. Se chego realmente a quebrar um<br />

compromisso, não é só ao outro que machuco, mas também a mim mesma. Um

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