Danah Zohar O SER QUÂNTICO
Danah Zohar O SER QUÂNTICO
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lançaram uma sombra sobre minha vida adulta. A criança em meu interior (meu subser<br />
criança) ficou entrelaçada aos padrões de relacionamento que experimentei como<br />
adolescente e adulta.<br />
Durante muitos anos sofri de uma horrível insegurança no relacionamento com os<br />
outros, questionando se eles realmente gostavam de mim, se iriam me rejeitar. Se<br />
alguém de fato parecia me amar e desejar, eu experimentava o que os psicólogos<br />
chamam de "ansiedade de separação" sempre que ele ou ela estavam fora de minha<br />
vista. Não conseguia tolerar com facilidade a liberdade daqueles que amava, e isso, por<br />
sua vez, tornava minha presença algo sufocante para eles — muitas vezes provocando a<br />
rejeição que eu tanto temia.<br />
Com minha mente racional, eu podia muitas vezes identificar o padrão de<br />
aprisionamento sufocante inevitavelmente seguido pela rejeição que frustrava meus<br />
relacionamentos adultos, mas nenhuma dose de compreensão racional foi capaz de<br />
alterar isso. A criança rejeitada em mim estava presente ali como um companheiro vivo<br />
em cada relacionamento que eu formava. Foi só quando meus próprios filhos nasceram<br />
que tudo mudou.<br />
Quando minha filha nasceu, na primeira noite no hospital, tive saudade de minha<br />
mãe de um modo agudo e doloroso que jamais tivera antes. Queria que ela estivesse ali<br />
comigo e meu bebê recém-nascido. Como tantas outras vezes, ela não estava. Mas então<br />
algo começou a acontecer. Mesmo durante aquela primeira noite, senti que ia me<br />
transformar naquela mãe — não só a mãe do bebê que eu tinha nos braços, mas também<br />
a mãe dentro de mim mesma. Eu o amei e o assegurei de que estaria sempre ali.<br />
À medida que os meses da primeira infância de minha filha se passavam, percebi<br />
repetidas vezes que, sendo uma boa mãe para ela, eu estava sendo também uma boa mãe<br />
para mim mesma. Quando ela chorava à noite e eu ia a seu encontro, sentia meu próprio<br />
bebê interno chorando e também sendo confortado. Não houve mais noites solitárias<br />
para aquele bebê interior, mais nenhuma separação dolorosa. Sua infância infeliz foi<br />
colhida pelo presente, mesclada a todos os cuidados dispensados a minha filha, e ele<br />
tornou-se seguro. Reencarnado através da memória quântica, o bebê interior teve um<br />
novo começo de vida. Ele "renasceu".<br />
Muitos pais já experimentaram alguma forma de identificação com seus filhos<br />
pequenos e assim conseguiram alcançar partes atrofiadas de si mesmos. Este é um dos<br />
motivos pelos quais a experiência de ser pai ou mãe leva a um crescimento e a maior<br />
maturidade. Da mesma forma, como mencionamos antes, um alívio definitivo para<br />
eventos passados, pela memória quântica, é fundamental para os mecanismos de<br />
crescimento desencadeados por uma psicoterapia eficaz. Mas, ao considerar o problema<br />
da imortalidade, a questão é se podemos analogamente corporificar e, portanto,<br />
reencarnar o passado de outrem. Pode alguém que eu amo nascer de novo, através de<br />
mim, da mesma forma como aspectos passados do meu ser renascem?<br />
No cotidiano, enquanto ambos estamos vivos, a resposta é obviamente sim.<br />
Através da intimidade, o amante e seu amado (ou a mãe e seu filho, os membros de<br />
qualquer associação ou grupo íntimo) estão de tal forma interligados, suas funções de<br />
onda tão sobrepostas que nenhum dos dois saberá dizer "quem era aquele eu cujo meu<br />
era você". Cada qual é, em alguma medida, o material do qual o outro é feito. Como<br />
cada um dos dois é parcialmente feito daqueles elementos de seu passado que estão