UFMG Departamento de Geografia Karina Rousseng Dal Pont De

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derivada da natural. Outro ponto a ser considerado diz respeito à utilização desses espaços como possibilidades de desenvolvimento de experiências dotadas de sentimentos e percepções dos moradores urbanos com a natureza. Os sentidos ambientais vêm transformando-se nas últimas décadas, a relação cotidiana com espaços preservados em escala local poderá acarretar em possibilidades de mudanças de comportamento e respeito pelo lugar. Segundo Machado (1999, p. 98) “na experiência [...] o que começa como espaço indiferenciado transforma-se em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor”. A seguir destacaremos um estudo de caso sobre uma das últimas áreas de significância ecológica para a cidade de Belo Horizonte inserida no campus da Universidade Federal de Minas Gerais: a Estação Ecológica da UFMG. Palco de conflitos entre as diferenças de valores e necessidades de expansão do campus, este caso serve de exemplo para que possamos desvendar ou aproximar uma compreensão do que se colocam em jogo quando existem valores antagônicos como de conservar ou expandir construções no ambiente urbano. Uma vez que a cidade é considerada a capacidade ou o resultado maior de transformação do espaço natural, nos questionamos qual o limite destas transformações? Existiria uma fronteira delimitada entre a cidade e o natural, ou elas se mesclam e tornam-se inteligíveis? 48

CAPÍTULO 2. APRESENTANDO A ÁREA DE ESTUDO: USOS e (DES) USOS DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DA UFMG Como meio de iniciar a inserção na área de estudo – Estação Ecológica da UFMG, consideramos necessário neste momento trazer ao leitor alguns apontamentos sobre as características físicas gerais do campus da UFMG, bem como relatar o histórico de usos da área até a implementação da Estação Ecológica da UFMG. Buscamos localizar no próprio campus Pampulha alguns entendimentos sobre a área, como a mesma vem se mantendo e qual status ocupa, no sentido social e político, junto ao organograma administrativo da Universidade Federal de Minas Gerais. 2.1. Características gerais do sítio da Universidade Federal de Minas Gerais O sítio da cidade de Belo Horizonte está localizado na unidade geomorfológica Depressão Periférica de Belo Horizonte, classificado por Barbosa & Rodrigues (1965) e representa uma área deprimida instalada entre o compartimento morfológico acidentado do Quadrilátero Ferrífero ao sul e a sudeste, e pelo relevo suave da bacia sedimentar do Grupo Bambuí a norte e noroeste. Este relevo é resultado de uma dinâmica de oscilações paleoclimáticas e de modificações dos níveis de base regional, imprimindo tanto características de sistemas morfogenéticos semi-áridos (erosão areolar), como formas de dissecação fluvial (cristas nas áreas mais levadas e colinas policonvexas nas partes mais baixas). Sobre as colinas predominam solos coluviais e colúvio-aluviais, originados da alteração das rochas do embasamento pré-cambriano. Entre as colinas, nos fundos de vale, encontram-se alvéolos e faixas alongadas de solos aluvionais e hidromórficos (BARABOSA & RODRIGUES, 1965) O campus da Universidade Federal de Minas Gerais está especificamente localizado na parte noroeste do centro da cidade, na Região da Pampulha e segue o mesmo tipo de características geomorfológicas. Segundo Cencic (1996, p.68) o relevo do campus “desenvolve-se no sentido SW/NW, ao redor de duas microbacias hidrográficas onde se formam os vales planos de pequenas extensões, delimitados por vertentes de inclinação suaves, formando uma imagem diversificada na sua totalidade”. A paisagem universitária, ou o sítio na qual se encontra, pode ser divido em dois: a porção ocidental, que compreende o córrego Mergulhão, e, a oriental que compreende o córrego Engenho Nogueira, ambos pertencentes à bacia da Pampulha. Grande parte 49

<strong>de</strong>rivada da natural. Outro ponto a ser consi<strong>de</strong>rado diz respeito à utilização <strong>de</strong>sses<br />

espaços como possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> experiências dotadas <strong>de</strong><br />

sentimentos e percepções dos moradores urbanos com a natureza. Os sentidos<br />

ambientais vêm transformando-se nas últimas décadas, a relação cotidiana com espaços<br />

preservados em escala local po<strong>de</strong>rá acarretar em possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong><br />

comportamento e respeito pelo lugar. Segundo Machado (1999, p. 98) “na experiência<br />

[...] o que começa como espaço indiferenciado transforma-se em lugar à medida que o<br />

conhecemos melhor e o dotamos <strong>de</strong> valor”.<br />

A seguir <strong>de</strong>stacaremos um estudo <strong>de</strong> caso sobre uma das últimas áreas <strong>de</strong><br />

significância ecológica para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte inserida no campus da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais: a Estação Ecológica da <strong>UFMG</strong>. Palco <strong>de</strong> conflitos<br />

entre as diferenças <strong>de</strong> valores e necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expansão do campus, este caso serve <strong>de</strong><br />

exemplo para que possamos <strong>de</strong>svendar ou aproximar uma compreensão do que se<br />

colocam em jogo quando existem valores antagônicos como <strong>de</strong> conservar ou expandir<br />

construções no ambiente urbano. Uma vez que a cida<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>rada a capacida<strong>de</strong> ou o<br />

resultado maior <strong>de</strong> transformação do espaço natural, nos questionamos qual o limite <strong>de</strong>stas<br />

transformações? Existiria uma fronteira <strong>de</strong>limitada entre a cida<strong>de</strong> e o natural, ou elas se<br />

mesclam e tornam-se inteligíveis?<br />

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