14.04.2013 Views

UFMG Departamento de Geografia Karina Rousseng Dal Pont De

UFMG Departamento de Geografia Karina Rousseng Dal Pont De

UFMG Departamento de Geografia Karina Rousseng Dal Pont De

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

cida<strong>de</strong>s, a expansão do tecido urbano, o crescimento das periferias sem um<br />

acompanhamento das infra-estruturas básicas, o <strong>de</strong>semprego, subsidiando um processo<br />

<strong>de</strong> espoliação urbana 29 . A população <strong>de</strong> baixa renda foi expulsa para as periferias das<br />

periferias das cida<strong>de</strong>s sem a expansão dos equipamentos urbanos (como vias <strong>de</strong><br />

acesso, coleta <strong>de</strong> lixo, abastecimento <strong>de</strong> água e esgoto, sistemas públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

etc.). Ou como muitos casos, acabam construindo suas “casas” em lugares <strong>de</strong> risco<br />

ambiental, como encostas <strong>de</strong> morros, vales <strong>de</strong> rios, ou a margem <strong>de</strong> córregos.<br />

Acelerando a supressão <strong>de</strong> vegetação, elevando a poluição dos rios, os riscos <strong>de</strong><br />

inundação, fenômenos como as ilhas <strong>de</strong> calor, inversões térmicas, acarretando gran<strong>de</strong><br />

parte das problemáticas sócio-ambientais contemporâneas. Nesse sentido os problemas<br />

ambientais, po<strong>de</strong>m ter seu cerne em consonância com os problemas urbanos<br />

<strong>de</strong>senhando nos mapas das cida<strong>de</strong>s formas <strong>de</strong> segregação sócio-espacial 30 .<br />

A partir da década <strong>de</strong> 80 com o retorno da <strong>de</strong>mocracia e a Constituição <strong>de</strong> 1988,<br />

são obrigatórios em todas as cida<strong>de</strong>s com mais <strong>de</strong> 20 000 habitantes os Planos<br />

Diretores. Soma-se ao processo <strong>de</strong> mundialização do capital (após crise do petróleo <strong>de</strong><br />

1973) a tendência <strong>de</strong> globalização econômica e as políticas neoliberais, em que o Estado<br />

mais <strong>de</strong>liberativo <strong>de</strong>scentraliza as <strong>de</strong>cisões, <strong>de</strong>legando aos municípios parte do<br />

enfrentamento dos novos <strong>de</strong>safios impostos por uma lógica capitalista inserida num<br />

sistema mais fluido <strong>de</strong> capital, porém mais perverso. Possibilita a disseminação <strong>de</strong><br />

posturas municipalistas circunscritas ao espaço local <strong>de</strong>nominado como neolocalismo<br />

(MELLO apud ROLNIK, 2003). <strong>De</strong>nomina-se um novo paradigma <strong>de</strong> planejamento<br />

urbano: o planejamento estratégico das cida<strong>de</strong>s i , ou “uma gestão empresarial para o<br />

setor público” (OLIVEIRA, 2000, p.178).<br />

Ao longo da década <strong>de</strong> 90, as administrações públicas diante <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><br />

reestruturação produtiva mediante um cenário <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego e crise fiscal, são<br />

obrigadas a tomar uma postura competitiva. Vainer (2000, p.76) afirma que esta<br />

competitivida<strong>de</strong> estaria agora como eixo central das discussões substituindo outros<br />

temas como, crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado, redução da força <strong>de</strong> trabalho, equipamentos <strong>de</strong><br />

29 Segundo Kowarick (1979), espoliação urbana é a extorsão total que resulta da ausência ou da<br />

precarieda<strong>de</strong> dos meios <strong>de</strong> consumo coletivo que são socialmente necessários, em termos <strong>de</strong> subsistência.<br />

30 Belo Horizonte, nosso foco <strong>de</strong> estudo, se insere nesse contexto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e segregação sócioespacial<br />

ao ampliar seu parque industrial em direção ao vetor oeste e norte do tecido urbano da cida<strong>de</strong> (a<br />

partir dos anos 50), ao mesmo tempo “expulsando” para as periferias, ou proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses locais, gran<strong>de</strong><br />

parte dos trabalhadores, mão-<strong>de</strong>-obra das indústrias. Uma vez iniciado o processo <strong>de</strong> expansão da periferia,<br />

os loteamentos para a classe trabalhadora também se expan<strong>de</strong>m, obe<strong>de</strong>cendo a uma outra lógica <strong>de</strong><br />

crescimento urbano para além dos “muros” da cida<strong>de</strong> legal. Outro movimento observado durante os anos 60,<br />

foi a “fuga” <strong>de</strong> parcelas da população <strong>de</strong> alta renda da cida<strong>de</strong> em direção a chácaras e sítios <strong>de</strong> finais <strong>de</strong><br />

semana para fora do perímetro urbano, em direção a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova Lima (eixo sul da Regia Metropolitana<br />

<strong>de</strong> Belo Horizonte - RMBH). Essa prática seria o cerne <strong>de</strong> um fenômeno maior que se consolida nos anos 90<br />

quando esses “refúgios ver<strong>de</strong>s” <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso esporádico para se tornar moradia fixa <strong>de</strong><br />

parcelas da classe média. Trata-se da produção <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> apropriação do espaço e da natureza:<br />

os “condomínios fechados”.<br />

39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!