UFMG Departamento de Geografia Karina Rousseng Dal Pont De

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no Terceiro Mundo, o protecionismo e as iniqüidades do comércio internacional, os problemas derivados da dívida externa e outros aspectos econômicos. Essa constatação ampliou a visão para um novo tipo de desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável (RIBEIRO, 2005). Durante muito tempo os ecologistas, haviam separado a economia do meio ambiente, possivelmente resultado de uma deficiência teórica que o termo “ecodesenvolvimento”, utilizado nos anos 70, não conseguiu suprir. Mas após a reunião de 1987, e a “favorável acolhida do Relatório Brundtland dá ao conceito de desenvolvimento sustentável um reconhecimento que o conceito de ecodesenvolvimento nunca teve, mas outorgou-lhe um caráter polissêmico” (VIOLA, 1992a, p.77). Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco 92) sediada na cidade do Rio de Janeiro apontou as questões ambientais para dois grupos: questões ecológicas propriamente ditas, e o segundo referem-se a uma série de objetivos voltados para esfera financeira e econômica. Essas discussões relativas a mudanças de tecnologia, que possibilitassem um desenvolvimento “limpo”, como a redução sobre a emissão de CO2 implica em gastos que países liderados pelos EUA não estariam dispostos a pagar (MARTINE, 1993, p.26). Todavia esta conferência serviu como forte estimulador do processo de diálogo e formação de uma rede internacional colocada num novo patamar desde 1990 (VIOLA, 1992a). 1.2.1 A questão ambiental como questão social: a evolução dos paradigmas, e algumas teorizações sobre o ambientalismo As evoluções nos paradigmas, assim como no próprio conhecimento cientifico, são conjuntas às mudanças coletivas da percepção do mundo e do ambiente ao nosso redor. Corroboram as formas de se questionar a organização da sociedade e suas limitações um novo olhar junto a formas pós-modernas, ou a uma cultura pós-industrial de compreender os processos e a própria evolução das sociedades. Saraiva (1999, p.30) afirma que esta evolução se relaciona as “linhas de convergências comuns”, como a necessidade de abordagens interdisciplinares na compreensão dos problemas e o estabelecimento de relações interdependentes. Segundo Swyngedow (2001, p. 86) somente nos últimos anos uma aproximação começou a se afirmar entre pensamento ecológico, economia política, estudos urbanos e teoria crítica social e cultural. Isso deve fornecer o fermento do qual uma nova e mais rica ecologia urbana ou ecologia urbana política pode germinar. 30

Os entendimentos em torno da questão ambiental são transversais, perpassam diferentes grupos e aspectos da vida social. De acordo com Pádua (1989) uma política de meio ambiente ideal seria aquela voltada para o conjunto da sociedade, em defesa da sobrevivência e qualidade de vida. Face não só as problemáticas ambientais de índole abrangente, assim como a temas de caráter mais específico que se prendem com questões relacionadas ao dia-a-dia dos cidadãos e com atuação das instituições mais próximas da esfera local (SARAIVA, 1999). Lago & Pádua (1989) situam a ecologia em quatro vertentes, voltadas para um entendimento que contemple além de estudos e criação de conceitos teóricos, propostas de intervenção e projetos de mudança individual e coletiva, como: ecologia natural - estuda os ecossistemas, procurando entender as leis que regem os sistemas naturais; ecologia social – campo de reflexão mais próximo das ciências sociais e humanas que procura estudar as múltiplas relações entre os homens e o meio ambiente, pela forma que a ação humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza; conservacionismo – constata que o homem é o agente de deteorização do meio e utiliza um conjunto de procedimentos técnicos e legais destinados à conservação da natureza e a preservação os recursos naturais; ecologismo – constitui um projeto político de transformação social, calcados em princípios comunitários e ecológicos. Num breve espaço de tempo, o século XX torna-se porta de entrada para discussões ambientais derivadas das conjunturas culturais econômicas e sociais apontadas anteriormente. No entanto, sabemos, os potenciais críticos do ambientalismo e da contracultura serão capturados por uma razão instrumental e técnica poluição, gestão ambiental, zoneamento econômico – ecológico manejo sustentado, desenvolvimento sustentável, enfim, toda uma rede discursiva tenta capturar para o campo técnico o primado da superação dos graves problemas sócio-ambientais com que nos defrontamos. Aqui se trava uma tensa luta política entre os experts para afirmar-se e será na América Latina, na Ásia e na África, onde o desenvolvimento tenta se afirmar, que o ambientalismo encontrará novas energias históricas ancoradas em outras e tradicionais matrizes de racionalidade. Aqui a questão social e ambiental surge como uma só, mas uma só questão que se vê com os dois lados ao mesmo tempo (GONÇALVES, 2006, p.392). Dessa forma podemos visualizar dentro dessa “razão instrumental” apontada por Gonçalves, aproximações entre a instrumentalização ambiental e ao aprofundamento teórico em dois sentidos: a) na prática: gestão e planejamento urbano, saneamento ambiental, zoneamentos ecológico-econômicos, criação de sistemas nacionais de proteção (SNUC); b) na teoria: atrelados a movimentos sociais, ocorre um alargamento dos estudos sócio-ambientais, estudos de caso, de conflitos: como por exemplo, atingidos por barragens, Movimento dos Sem Terra, entre outros. De acordo com Saraiva 31

no Terceiro Mundo, o protecionismo e as iniqüida<strong>de</strong>s do comércio internacional, os<br />

problemas <strong>de</strong>rivados da dívida externa e outros aspectos econômicos. Essa constatação<br />

ampliou a visão para um novo tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento: o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />

(RIBEIRO, 2005). Durante muito tempo os ecologistas, haviam separado a economia do<br />

meio ambiente, possivelmente resultado <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ficiência teórica que o termo<br />

“eco<strong>de</strong>senvolvimento”, utilizado nos anos 70, não conseguiu suprir. Mas após a reunião<br />

<strong>de</strong> 1987, e a “favorável acolhida do Relatório Brundtland dá ao conceito <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável um reconhecimento que o conceito <strong>de</strong> eco<strong>de</strong>senvolvimento<br />

nunca teve, mas outorgou-lhe um caráter polissêmico” (VIOLA, 1992a, p.77).<br />

Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e<br />

<strong>De</strong>senvolvimento (Eco 92) sediada na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro apontou as questões<br />

ambientais para dois grupos: questões ecológicas propriamente ditas, e o segundo<br />

referem-se a uma série <strong>de</strong> objetivos voltados para esfera financeira e econômica. Essas<br />

discussões relativas a mudanças <strong>de</strong> tecnologia, que possibilitassem um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

“limpo”, como a redução sobre a emissão <strong>de</strong> CO2 implica em gastos que países<br />

li<strong>de</strong>rados pelos EUA não estariam dispostos a pagar (MARTINE, 1993, p.26). Todavia<br />

esta conferência serviu como forte estimulador do processo <strong>de</strong> diálogo e formação <strong>de</strong><br />

uma re<strong>de</strong> internacional colocada num novo patamar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1990 (VIOLA, 1992a).<br />

1.2.1 A questão ambiental como questão social: a evolução dos paradigmas, e<br />

algumas teorizações sobre o ambientalismo<br />

As evoluções nos paradigmas, assim como no próprio conhecimento cientifico,<br />

são conjuntas às mudanças coletivas da percepção do mundo e do ambiente ao nosso<br />

redor. Corroboram as formas <strong>de</strong> se questionar a organização da socieda<strong>de</strong> e suas<br />

limitações um novo olhar junto a formas pós-mo<strong>de</strong>rnas, ou a uma cultura pós-industrial<br />

<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os processos e a própria evolução das socieda<strong>de</strong>s. Saraiva (1999,<br />

p.30) afirma que esta evolução se relaciona as “linhas <strong>de</strong> convergências comuns”, como<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abordagens interdisciplinares na compreensão dos problemas e o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> relações inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Segundo Swyngedow (2001, p. 86)<br />

somente nos últimos anos uma aproximação começou a se afirmar entre<br />

pensamento ecológico, economia política, estudos urbanos e teoria crítica<br />

social e cultural. Isso <strong>de</strong>ve fornecer o fermento do qual uma nova e mais<br />

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