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efeito do exercício isométrico no período de reduçao fechada por ...

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EFEITO DO EXERCÍCIO ISOMÉTRICO NO PERÍODO DE REDUÇAO<br />

RESUMO<br />

FECHADA POR TRAÇÃO ESQUELÉTICA BALANCEADA EM<br />

FRATURAS DIAFISÁRIAS DE FÊMUR E TÍBIA 1<br />

ELIZANGELA STADNICK 2<br />

ADERBAL SILVA AGUIAR JÚNIOR 3<br />

A aplicação <strong>de</strong> isometria em pacientes com fratura <strong>de</strong> fêmur ou tíbia, durante o<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tração, gera mobilida<strong>de</strong> intrafragmentar da fratura <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à força muscular<br />

promovida. Procurou-se saber se essa mobilida<strong>de</strong> causa influência iatrogênica na redução e<br />

alinhamento <strong>de</strong>ssas fraturas, através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> comparativo <strong>de</strong> 4 pacientes <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong><br />

com ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 27,5±8,1 a<strong>no</strong>s, <strong>do</strong>is com fratura <strong>de</strong> tíbia e <strong>do</strong>is com fratura <strong>de</strong> fêmur,<br />

interna<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Hospital Nossa Senhora da Conceição <strong>de</strong> Tubarão. Os pacientes foram<br />

dividi<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is grupos. Um grupo realizou <strong>exercício</strong> <strong>isométrico</strong> <strong>no</strong> membro acometi<strong>do</strong>, e o<br />

outro grupo, não realizou <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>do</strong>r. Foi analisada através <strong>de</strong> exames radiológicos a<br />

evolução da conformação da fratura, ou seja, angulação e qualida<strong>de</strong> da redução, <strong>por</strong> meio <strong>de</strong><br />

Rx1 (filme <strong>do</strong> primeiro dia <strong>de</strong> tração, antece<strong>de</strong>nte à atuação fisioterápica) e Rx2 (filme <strong>do</strong> dia<br />

anterior à cirurgia para fixação da fratura, posterior à fisioterapia). Observan<strong>do</strong>-se resulta<strong>do</strong>s<br />

favoráveis quanto à evolução da fratura, e a ausência <strong>de</strong> diferenças na comparação das<br />

radiografias entre os <strong>do</strong>is grupos (um que realizou isometria, e outro que não realizou).<br />

Resulta<strong>do</strong>s estes que <strong>de</strong>monstraram que os <strong>exercício</strong>s <strong>isométrico</strong>s não interferem na evolução<br />

da redução e, <strong>por</strong>tanto, não geran<strong>do</strong> <strong>efeito</strong>s iatrogênicos ao paciente.<br />

Palavras chave: Fisioterapia, Exercícios <strong>isométrico</strong>s, Fratura <strong>de</strong> fêmur, Fratura <strong>de</strong><br />

tíbia, Redução.<br />

1<br />

Trabalho apresenta<strong>do</strong> ao Curso <strong>de</strong> Fisioterapia da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> Santa Catarina para obtenção <strong>do</strong><br />

título <strong>de</strong> bacharel em fisioterapia.<br />

2<br />

Aluna <strong>do</strong> 8º semestre <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Fisioterapia da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />

3<br />

Professor Especialista e orienta<strong>do</strong>r A<strong>de</strong>rbal Silva Aguiar Júnior.


INTRODUÇÃO<br />

A fisioterapia, cada vez mais, vem amplian<strong>do</strong> seu espaço junto às equipes<br />

interdisciplinares e multidisciplinares da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> sua eficácia na reabilitação<br />

física <strong>de</strong> pessoas acometidas <strong>por</strong> diversas seqüelas causadas <strong>por</strong> traumas ou disfunções <strong>do</strong><br />

corpo huma<strong>no</strong>.<br />

A área da fisioterapia aplicada à reabilitação ortopédica e traumatológica<br />

<strong>de</strong>sempenha im<strong>por</strong>tante papel <strong>no</strong> tratamento <strong>de</strong> traumas ocorri<strong>do</strong>s <strong>no</strong> sistema músculo-<br />

esquelético, visan<strong>do</strong> <strong>de</strong>volver a funcionalida<strong>de</strong> comprometida ou ajudan<strong>do</strong> a evitar certas<br />

complicações <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> trauma.<br />

Neste trabalho <strong>de</strong> graduação, estaremos estudan<strong>do</strong> e discutin<strong>do</strong> sobre a<br />

traumatologia, mais especificamente, fraturas <strong>de</strong> fêmur e tíbia, bem como a utilização <strong>de</strong><br />

cinesioterapia ativa na recuperação <strong>de</strong> pacientes acometi<strong>do</strong>s <strong>por</strong> esses tipos <strong>de</strong> fraturas, visto<br />

que, segun<strong>do</strong> Kisner e Colby (1998, p. 257), com a imobilização <strong>do</strong> membro fratura<strong>do</strong><br />

ocorrem enfraquecimento <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> conectivo, <strong>de</strong>generação da cartilagem articular, atrofia<br />

muscular e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> contraturas, assim como a diminuição da circulação local.<br />

Estas situações irão comprometer a resolução <strong>do</strong> processo inflamatório, a<br />

consolidação, e implicarão na instalação <strong>de</strong> seqüelas permanentes, como a cicatrização<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s moles lesa<strong>do</strong>s pelos fragmentos da fratura. Para evitar essas<br />

complicações, os autores cita<strong>do</strong>s acima e AO 2002 apud Rüedi e Murphy (2002, p. 4) indicam<br />

a mobilização precoce <strong>do</strong> membro afeta<strong>do</strong>, <strong>por</strong>ém uma mobilização não <strong>de</strong>strutiva, <strong>de</strong>ntro da<br />

tolerância <strong>do</strong> local da fratura, pois para ocorrer à consolidação óssea é necessário à<br />

mobilização fraturária. Chamlian (1999, p. 95) cita a realização <strong>de</strong> <strong>exercício</strong>s <strong>isométrico</strong>s na<br />

musculatura acometida como sen<strong>do</strong> uma técnica utilizada amplamente na fase <strong>de</strong><br />

imobilização <strong>de</strong> uma fratura.<br />

Diante disto, é indiscutível, segun<strong>do</strong> os autores cita<strong>do</strong>s, a atuação da fisioterapia<br />

<strong>no</strong> paciente com fratura, <strong>no</strong> que diz respeito à recuperação funcional global <strong>do</strong> mesmo, <strong>por</strong>ém<br />

procura-se saber através <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong>, o <strong>efeito</strong> da cinesioterapia ativa (isometria) na<br />

redução <strong>fechada</strong> <strong>por</strong> tração trans-esquelética nas fraturas <strong>de</strong> fêmur e tíbia, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> pré-<br />

fixação cirúrgica, pois Bonfatti (1995, p. 169) refere dúvidas em relação à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mobilização permitida <strong>no</strong> foco fraturário sem que ocorra iatrogenia.<br />

Basean<strong>do</strong>-se <strong>no</strong>s princípios da AO para tratamento <strong>de</strong> fraturas (redução anatômica<br />

<strong>do</strong>s fragmentos <strong>de</strong> fratura; fixação interna estável, mas não tão rígida; preservação <strong>do</strong><br />

suprimento sangüíneo e mobilização precoce ativa sem <strong>do</strong>r), em Müller et al (1993, p. 2), e<br />

2


<strong>no</strong>s princípios gerais <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> fraturas, cita<strong>do</strong>s <strong>por</strong> Salter (2001, p. 444), ou seja, não<br />

ser <strong>no</strong>civo; selecionar tratamento com objetivos específicos; e cooperar com as leis da<br />

natureza.<br />

Percebe-se a relevância da aplicação precoce <strong>de</strong> técnicas fisioterápicas, visan<strong>do</strong><br />

melhorar os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tratamento <strong>de</strong> fraturas, e diminuir as complicações <strong>de</strong>correntes<br />

como: consolidação viciosa; retar<strong>do</strong> <strong>de</strong> consolidação; ausência <strong>de</strong> consolidação; <strong>do</strong>ença<br />

fraturária ou algodistrofia, que segun<strong>do</strong> Tucci Neto e Lare<strong>do</strong> Filho (2000, p. 4) são seqüelas<br />

iatrogênicas da imobilização prolongada – rigi<strong>de</strong>z articular, atrofia muscular, osteo<strong>por</strong>ose <strong>por</strong><br />

<strong>de</strong>suso e e<strong>de</strong>ma crônico.<br />

Champoniére apud Bonfatti (1995, p. 169) diz que “o retor<strong>no</strong> <strong>do</strong> membro ao<br />

máximo possível <strong>de</strong> força muscular e <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> articular é cem vezes mais im<strong>por</strong>tante<br />

que a forma <strong>do</strong> esqueleto”. E ainda: “uma certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento entre os fragmentos<br />

promove a melhor reparação óssea”. O que ainda está obscuro, explica o autor, é a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mobilização indicada <strong>no</strong>s diferentes tipos <strong>de</strong> fraturas, <strong>no</strong>s seus diferentes momentos <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> reparação. Saben<strong>do</strong>-se da possível mobilização intrafragmentar na realização <strong>de</strong><br />

<strong>exercício</strong>s <strong>de</strong> isometria <strong>no</strong>s músculos adjacentes à fratura, e pela escassez <strong>de</strong> literaturas que<br />

referenciam esta questão, justifica-se o estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>.<br />

1.1 Objetivos<br />

1.1.1 Objetivo geral<br />

Analisar as conseqüências da aplicação <strong>de</strong> cinesioterapia ativa (isometria) na<br />

relação <strong>do</strong>s fragmentos das fraturas <strong>de</strong> fêmur e tíbia e na integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s adjacentes,<br />

<strong>no</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> redução <strong>fechada</strong> <strong>por</strong> tração esquelética balanceada, em pacientes interna<strong>do</strong>s <strong>no</strong><br />

Hospital Nossa Senhora da Conceição.<br />

1.1.2 Objetivos específicos<br />

- Fazer uma revisão literária sobre fraturas <strong>de</strong> fêmur e tíbia, bem como <strong>exercício</strong>s<br />

<strong>isométrico</strong>s;<br />

- Analisar a evolução radiológica das fraturas;<br />

- Comparar as radiografias pré e pós-fisioterapia neste perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> manutenção <strong>do</strong><br />

tratamento <strong>de</strong> redução das fraturas.<br />

3


2 REVISÃO DE LITERATURA<br />

2.1 Fraturas <strong>de</strong> diáfise <strong>do</strong> fêmur<br />

Em razão <strong>de</strong> ser o maior e mais forte osso <strong>do</strong> corpo huma<strong>no</strong>, as fraturas da diáfise<br />

femoral são bastante im<strong>por</strong>tantes. (Fernan<strong>de</strong>s, Jorge e Reis, 1998, p. 29).<br />

Segun<strong>do</strong> Paccola (1995, p. 530) essas fraturas são mais comuns em adultos jovens,<br />

em geral resultantes <strong>de</strong> traumas violentos, on<strong>de</strong> as principais causas são os aci<strong>de</strong>ntes em<br />

automóveis, atropelamentos, projéteis <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, ou quedas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s alturas.<br />

Os sinais clínicos da fratura da diáfise femoral são geralmente óbvios, existin<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>r, <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>, aumento <strong>de</strong> volume e encurtamento da coxa, (BUCHOLZ e BRUMBACK,<br />

1993, p. 1626).<br />

Para Leite, Fernan<strong>de</strong>s e Reis (1994, p. 43) o suprimento sangüíneo <strong>do</strong> fêmur<br />

provém em 1/3 a 2/5 <strong>do</strong>s vasos periosteais e em 2/3 a 3/5 <strong>de</strong> vasos en<strong>do</strong>steais, além <strong>do</strong>s vasos<br />

sangüíneos provenientes da rica circulação <strong>do</strong> envoltório muscular <strong>do</strong> fêmur. Quan<strong>do</strong> ocorre<br />

uma fratura, o suprimento sangüíneo en<strong>do</strong>steal é restabeleci<strong>do</strong> após 6 a 8 semanas, e a riqueza<br />

circulatória regional permite altas taxas <strong>de</strong> consolidação. Em contrapartida, quan<strong>do</strong> há fratura,<br />

o sangramento é abundante, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ocorrer perda sangüínea <strong>de</strong> até 1/5 da circulação total<br />

(fraturas expostas).<br />

Na maioria das faturas uma “<strong>do</strong>bradiça” <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s moles estará presente entre as<br />

extremida<strong>de</strong>s ósseas. Essa <strong>do</strong>bradiça fica situada na concavida<strong>de</strong> da angulação em uma fratura<br />

transversa, ou ao longo <strong>do</strong> componente vertical em uma fratura espiral. A <strong>do</strong>bradiça constitui<br />

a ligação que permite que a fratura seja reduzida, e sob tensão apropriada ela estabilizará a<br />

fratura uma vez ela tenha si<strong>do</strong> reduzida. A tração excessiva po<strong>de</strong>rá romper esta ligação entre<br />

os fragmentos e torná-los instáveis (HARKESS, HAMSEY e HARKESS, 1993, p. 29).<br />

Os autores dizem que este mecanismo <strong>de</strong> <strong>do</strong>bradiça auxilia na redução <strong>de</strong> uma<br />

fratura cavalgada <strong>de</strong> fêmur, on<strong>de</strong> a ação <strong>do</strong> quadríceps encurta o osso.<br />

2.2 Fraturas <strong>de</strong> diáfise da tíbia<br />

A tíbia é um <strong>do</strong>s ossos <strong>do</strong> esqueleto que mais comumente sofre fratura, e <strong>por</strong> ser<br />

um osso em gran<strong>de</strong> parte subcutâneo, está sujeito a elevada incidência <strong>de</strong> exposição e<br />

evolução freqüentemente <strong>de</strong>sfavorável, pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura <strong>de</strong> partes moles,<br />

(Paccola, 2000, p. 256).<br />

4


Segun<strong>do</strong> Malta e Barreto (1995, p. 544), a tíbia é um osso altamente especializa<strong>do</strong><br />

para su<strong>por</strong>te <strong>de</strong> carga, com estrutura cortical <strong>de</strong>nsa e <strong>de</strong> vascularização relativamente pobre.<br />

Quan<strong>do</strong> lesada, se receber tratamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, as fraturas <strong>de</strong> tíbia em geral evoluem para<br />

consolidação e recuperação funcional <strong>do</strong> paciente, entretanto, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à suas particularida<strong>de</strong>s,<br />

po<strong>de</strong>m ocorrer dificulda<strong>de</strong>s e complicações na sua evolução.<br />

A <strong>do</strong>r é o principal sintoma produzi<strong>do</strong> pela fratura da diáfise tibial, sen<strong>do</strong> quase<br />

sempre grave e bem localizada <strong>no</strong> foco da fratura. A <strong>do</strong>r é exacerbada pela movimentação <strong>do</strong>s<br />

fragmentos fraturários, (RUSSEL, TAYLOR e LAVELLE, 1993, p. 1888).<br />

Segun<strong>do</strong> Ferreira, Ishida e Leite (1998, p. 49), a mobilida<strong>de</strong> ampla e o eventual<br />

<strong>de</strong>salinhamento <strong>do</strong> membro estarão presentes nas fraturas <strong>de</strong> tíbia associadas a fraturas <strong>de</strong><br />

fíbula, pois nas fraturas isoladas <strong>de</strong> tíbia, a mobilida<strong>de</strong> <strong>no</strong> foco <strong>de</strong> fratura não será muito<br />

evi<strong>de</strong>nte, pela estabilização gerada pela fíbula. O e<strong>de</strong>ma estará acentua<strong>do</strong> na região, e nas<br />

lesões <strong>por</strong> trauma direto <strong>de</strong> alta energia, o <strong>de</strong>salinhamento e encurtamento são observa<strong>do</strong>s.<br />

Segun<strong>do</strong> Russell, Taylor e LaVelle (1993, p. 1924) as lesões vasculares raramente<br />

ocorrem <strong>no</strong> momento da fratura tibial, exceto em traumas <strong>de</strong> alta energia que causam<br />

cominuição, <strong>de</strong>svio acentua<strong>do</strong> e freqüentemente fratura exposta. Sen<strong>do</strong> a parte superior e<br />

medial da tíbia o local mais freqüente para as lesões, pois é on<strong>de</strong> a artéria tibial anterior, vin<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> trás, passa através da membrana interóssea. A artéria po<strong>de</strong> estar dilacerada pelo fragmento<br />

da fratura ou ocluída pela pressão direta <strong>do</strong> osso ou inchaço <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> mole. A artéria tibial<br />

posterior é me<strong>no</strong>s freqüentemente lesada, ten<strong>do</strong> maior ocorrência com o aumento na pressão<br />

intracompartimental posterior.<br />

2.3 Abordagem <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> fraturas através <strong>de</strong> tração<br />

Umas das técnicas aliadas ao tratamento das fraturas, utilizadas em larga escala<br />

pela traumatologia, é a redução <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> tração. Esta técnica tem indicação na manutenção<br />

pré-operatória ou como tratamento conserva<strong>do</strong>r.<br />

A tração é um méto<strong>do</strong> antigo <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> fraturas que necessita da<br />

permanência <strong>do</strong> paciente <strong>no</strong> leito, receben<strong>do</strong> força da tração <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> polias e pesos.<br />

Sen<strong>do</strong> uma forma contínua <strong>de</strong> tracionar o membro fratura<strong>do</strong> (GRADISAR JR., 1993, p. 129).<br />

A tração contínua po<strong>de</strong> ser aplicada cutaneamente ou através da forma esquelética,<br />

que consiste na transfixação <strong>de</strong> pi<strong>no</strong>s ou fios diretamente ao osso. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> da<br />

<strong>de</strong>formida<strong>de</strong> a ser corrigida, a força <strong>de</strong> tração po<strong>de</strong> ser aplicada oblíqua, vertical, ou<br />

horizontalmente, (TUCCI NETO e LAREDO FILHO, 2000, p. 9).<br />

5


A tração contínua é utilizada para fraturas diafisárias e articulares. Ela não mantém<br />

a fratura imóvel, mas po<strong>de</strong> puxar um osso longo em linha reta e mantê-lo <strong>no</strong> seu<br />

comprimento. O objetivo é manter a posição reduzida ao mesmo tempo em que o paciente é<br />

coloca<strong>do</strong> suficientemente confortável para realizar <strong>exercício</strong>s <strong>de</strong> mobilização articular<br />

ativamente (APLEY e SOLOMON, 1998, p. 354).<br />

Harkess, Hamsey e Harkess (1993, p. 28) referem-se à im<strong>por</strong>tância da manutenção<br />

da fratura em tração da fratura em tração esquelética <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> pré-operatório, pois irá<br />

reduzir a <strong>do</strong>r, e irá agir <strong>no</strong>s teci<strong>do</strong>s moles, que vão se tornar resistentes pela diminuição da<br />

elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à hemorragia e e<strong>de</strong>ma gera<strong>do</strong> <strong>no</strong>s teci<strong>do</strong>s circunvizinhos pela fratura.<br />

2.4 Cinesioterapia<br />

A cinesioterapia, segun<strong>do</strong> Secco (1999, p. 15) “é o uso <strong>de</strong> <strong>exercício</strong>s ou<br />

movimentos como forma <strong>de</strong> tratamento, com base <strong>no</strong> princípio <strong>de</strong> que um órgão ou sistema se<br />

adapta aos estresses aos quais são submeti<strong>do</strong>s”.<br />

O <strong>exercício</strong> é a modalida<strong>de</strong> terapêutica mais utiliza<strong>do</strong> <strong>no</strong> campo da fisioterapia,<br />

prescrito <strong>no</strong> tratamento da maioria das incapacida<strong>de</strong>s físicas. Um organismo ou teci<strong>do</strong> que<br />

não é solicita<strong>do</strong> <strong>de</strong>scondiciona e per<strong>de</strong> a capacida<strong>de</strong> que antes possuía, caben<strong>do</strong> à<br />

fisioterapia envolver a aplicação e o ajuste <strong>de</strong> treinamento, quanto ao tipo e quantida<strong>de</strong>, para<br />

que se obtenha como resulta<strong>do</strong> a adaptação <strong>de</strong>sejada, sem lesão, (BATTISTELLA e<br />

SHINZATO, 1995, p. 237).<br />

A abordagem reabilitativa <strong>no</strong> tratamento das fraturas <strong>de</strong>ve iniciar-se, sempre que<br />

possível, logo após a conduta ortopédica, conserva<strong>do</strong>ra ou cirúrgica. A partir daí, a<br />

integração entre a equipe cirúrgica e a <strong>de</strong> reabilitação é <strong>de</strong> fundamental im<strong>por</strong>tância <strong>no</strong><br />

sucesso <strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong> paciente. O encaminhamento para reabilitação <strong>de</strong>ve ser precoce e<br />

as informações referentes as intercorrências ou dificulda<strong>de</strong>s observadas durante o ato<br />

cirúrgico, restrições impostas pela patologia ou pela técnica cirúrgica, <strong>de</strong>vem estar claras<br />

para auxiliar <strong>no</strong> programa <strong>de</strong> tratamento (CHAMLIAN, 1999, p. 95).<br />

O autor explica que na fase precoce <strong>do</strong> tratamento conserva<strong>do</strong>r, <strong>de</strong>vemos<br />

posicionar o paciente a<strong>de</strong>quadamente <strong>no</strong> leito, elevan<strong>do</strong> a extremida<strong>de</strong> acometida,<br />

favorecen<strong>do</strong> o retor<strong>no</strong> ve<strong>no</strong>so e diminuin<strong>do</strong> o e<strong>de</strong>ma pós-traumático; a movimentação das<br />

articulações não imobilizadas <strong>de</strong>ve ser incentivada, através <strong>de</strong> <strong>exercício</strong>s ativos livres ou<br />

ativos assisti<strong>do</strong>s, bem como <strong>exercício</strong>s <strong>isométrico</strong>s, ativos, da musculatura acometida.<br />

6


2.5 Exercícios <strong>isométrico</strong>s<br />

A fisioterapia dispõe <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> <strong>exercício</strong>s musculares para a reabilitação<br />

<strong>de</strong> seus pacientes, um <strong>de</strong>les é a ativida<strong>de</strong> isométrica.<br />

Segun<strong>do</strong> Kisner e Colby (1998, p. 70), “o <strong>exercício</strong> <strong>isométrico</strong> é uma forma <strong>de</strong><br />

<strong>exercício</strong> que ocorre quan<strong>do</strong> um músculo se contrai sem uma mudança apreciável <strong>no</strong><br />

comprimento <strong>do</strong> músculo ou sem movimento articular visível”. Embora não seja feito<br />

trabalho físico, uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tensão e força resultante é produzida pelo músculo.<br />

Os <strong>exercício</strong>s <strong>isométrico</strong>s têm a vantagem <strong>de</strong> ser fácil <strong>de</strong> se realizar para a maior<br />

parte <strong>do</strong>s músculos, requeren<strong>do</strong> pouco tempo e apresenta<strong>do</strong> pouca sensibilida<strong>de</strong> muscular. Por<br />

serem estáticos, esses <strong>exercício</strong>s são úteis quan<strong>do</strong> o movimento articular é <strong>do</strong>loroso ou contra-<br />

indica<strong>do</strong>. Entretanto, há algum questionamento, segun<strong>do</strong> Battistella e Shinzato (1995, p. 254),<br />

sobre a transferência <strong>de</strong> força isométrica para uma situação dinâmica, e sabe-se que o ganho<br />

<strong>de</strong> força ocorre principalmente <strong>no</strong> ângulo <strong>no</strong> qual o <strong>exercício</strong> foi realiza<strong>do</strong>.<br />

Contu<strong>do</strong>, os autores acima dizem que estes <strong>exercício</strong>s são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor, pois são<br />

capazes <strong>de</strong> fortalecer um músculo sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento articular, proprieda<strong>de</strong><br />

extremamente útil em patologias articulares. Também sen<strong>do</strong> favorável, em condições que<br />

exigem imobilização como, <strong>por</strong> exemplo, durante o tratamento <strong>de</strong> fraturas.<br />

Os <strong>exercício</strong>s <strong>isométrico</strong>s são usa<strong>do</strong>s na fase inicial da reabilitação sem perigo <strong>de</strong><br />

aumentar a irritação da articulação, visto que esta se mantém imóvel. Suas vantagens são:<br />

aumentam a força muscular estática; contribuem para evitar a atrofia; ajudam a diminuir o<br />

e<strong>de</strong>ma (os músculos funcionam como bomba que colaboram na remoção <strong>do</strong> líqui<strong>do</strong>);<br />

previnem a dissociação nervosa graças às contrações musculares, as quais estimulam o<br />

sistema meca<strong>no</strong>rreceptor <strong>de</strong> teci<strong>do</strong> vizinhos; po<strong>de</strong>m ser realiza<strong>do</strong>s em qualquer lugar;<br />

dispensam equipamentos especiais; po<strong>de</strong>m ser realiza<strong>do</strong>s durante breves perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tempo,<br />

(MALONE, MCPOIL e NITZ, 2000, p. 227).<br />

3 METODOLOGIA<br />

3.1 Tipo <strong>de</strong> pesquisa<br />

Este estu<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Köche (2001, p. 124), caracteriza-se pelo aspecto <strong>de</strong>scritivo<br />

com caráter não experimental, assumin<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Rauen (2002, p. 58), o caráter <strong>de</strong><br />

pesquisa qualitativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> tipo estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> casos, que segun<strong>do</strong> o autor, “é uma análise<br />

7


profunda e exaustiva <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> poucos objetos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a permitir o seu amplo e <strong>de</strong>talha<strong>do</strong><br />

conhecimento”. Ten<strong>do</strong> como vantagens: o estímulo a <strong>no</strong>vas <strong>de</strong>scobertas, a ênfase na<br />

totalida<strong>de</strong> e a simplicida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s procedimentos. O principal fator limitante é a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

generalização das conclusões obtidas.<br />

3.2 População<br />

A população estudada constitui-se <strong>por</strong> 4 pacientes <strong>do</strong> sexo masculi<strong>no</strong>, com ida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 27,5±8,1 a<strong>no</strong>s, interna<strong>do</strong>s <strong>no</strong> setor 5 <strong>do</strong> Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) <strong>de</strong><br />

Tubarão, <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2002 a 03 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2002, com diagnóstico <strong>de</strong><br />

fratura <strong>de</strong> fêmur ou tíbia, submeti<strong>do</strong>s à redução <strong>por</strong> tração esquelética balanceada, que<br />

receberam atendimento fisioterápico durante 3±1,4 sessões .<br />

3.3 Instrumento utiliza<strong>do</strong> na coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

Foram utiliza<strong>do</strong>s para a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s nesta pesquisa:<br />

- um formulário (apêndice A), preenchi<strong>do</strong> pelo próprio examina<strong>do</strong>r durante a<br />

análise <strong>do</strong>s prontuários hospitalares da amostra estudada;<br />

- exame radiológico <strong>de</strong> controle, anterior à aplicação <strong>de</strong> fisioterapia pelo serviço<br />

fisioterápico <strong>do</strong> estágio supervisiona<strong>do</strong> da Unisul, e posterior à aplicação da fisioterapia, <strong>no</strong><br />

dia anterior à fixação cirúrgica;<br />

- câmera fotográfica digital Sony® FD Mavica MUC – FD75 com qualida<strong>de</strong> fine;<br />

- negatoscópio, instrumento utiliza<strong>do</strong> para visualização <strong>de</strong> filmes radiológicos.<br />

3.4 Procedimentos utiliza<strong>do</strong>s na coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

Fez-se contato semanal com os funcionários <strong>do</strong> setor 5 <strong>do</strong> HNSC <strong>de</strong> Tubarão, com<br />

o intuito <strong>de</strong> selecionar os prontuários <strong>de</strong> pacientes que se enquadrassem <strong>no</strong>s quesitos da<br />

<strong>de</strong>limitação <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>.<br />

Posteriormente, a partir da análise <strong>do</strong>s prontuários hospitalares, realizou-se um<br />

levantamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s pacientes seleciona<strong>do</strong>s.<br />

8


Logo após, foram fotografa<strong>do</strong>s os exames radiológicos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> cada<br />

paciente seleciona<strong>do</strong>, um com data <strong>do</strong> primeiro dia em tração e outro com data <strong>do</strong> último dia.<br />

Estes exames ficaram dispostos <strong>no</strong> negatoscópio para a realização da coleta <strong>de</strong>stes da<strong>do</strong>s.<br />

3.5 Instrumentos utiliza<strong>do</strong>s na análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

- imagem radiológica: avaliação qualitativa e quantitativa da evolução relacionada<br />

à redução <strong>do</strong>s fragmentos;<br />

- parecer médico sobre a evolução radiológica: relação entre os fragmentos ósseos;<br />

- software (Corel DRAW 9) plataforma Win<strong>do</strong>ws ME: traçan<strong>do</strong>-se 2 linhas<br />

paralelas aos periósteos <strong>do</strong>s principais fragmentos da fratura, e verifican<strong>do</strong> a angulação entre<br />

eles;<br />

- tabela simples: para disposição <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, e melhor entendimento <strong>do</strong>s mesmos.<br />

3.6 Procedimentos utiliza<strong>do</strong>s para análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

Para analisar a atuação da fisioterapia, dividiu-se a amostra em 2 grupos: sen<strong>do</strong><br />

que um grupo realizou ativida<strong>de</strong> isométrica <strong>no</strong> membro fratura<strong>do</strong> durante as sessões, e o outro<br />

grupo não realizou tal ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à referência álgica.<br />

Para a avaliação qualitativa da evolução radiológica <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tração <strong>de</strong> cada<br />

paciente, foi solicita<strong>do</strong> parecer médico ao ortopedista e traumatologista Giovanni Bene<strong>de</strong>t<br />

Camisão, que realizou o mesmo em 15/05/2002.<br />

Para a avaliação quantitativa foram comparadas a diferença entre os graus <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>svio <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is fragmentos principais da fratura, da primeira radiografia, ou seja, antes da<br />

fisioterapia, com a segunda radiografia, <strong>de</strong>pois da aplicação da fisioterapia. Deve-se<br />

acrescentar o erro das variações <strong>do</strong>s pla<strong>no</strong>s das radiografias, visto que, são realizadas com o<br />

paciente <strong>no</strong> leito.<br />

Na avaliação <strong>do</strong> ângulo (<strong>de</strong>svio), foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s segmentos <strong>de</strong> reta as regiões<br />

corticais (periósteo) e o prolongamento da região cortical contígua, on<strong>de</strong> o vértice foi o<br />

encontro entre os <strong>do</strong>is segmentos, ou retas paralelas a estes.<br />

9


4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS<br />

4.1 Resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

Tabela 01 – Resulta<strong>do</strong>s da evolução <strong>do</strong>s exames radiológicos <strong>do</strong> grupo 1 (realizou isometria)<br />

Paciente Rx1 Rx2<br />

Id1<br />

Id2<br />

Fratura cavalgada<br />

e angulada, lesão<br />

periosteal<br />

Fratura angulada<br />

c/ distração <strong>de</strong><br />

fragmentos ósseos,<br />

lesão periosteal<br />

grave<br />

Evidência <strong>de</strong><br />

distração <strong>do</strong> foco<br />

fraturário e<br />

diminuição da<br />

angulação<br />

Evidência <strong>de</strong><br />

alinhamento<br />

satisfatório<br />

Fonte: Lau<strong>do</strong> Giovanni Bene<strong>de</strong>t Camisão – CREMESC 5999<br />

Tabela 02 – Resulta<strong>do</strong>s da evolução <strong>do</strong>s exames radiológicos <strong>do</strong> grupo 2 (não realizou<br />

isometria)<br />

Paciente Rx1 Rx2<br />

Id3<br />

Id4<br />

Fratura angulada,<br />

lesão periosteal<br />

Fratura angulada<br />

com distração<br />

fragmentar, lesão<br />

periosteal grave<br />

Pouca evidência <strong>de</strong><br />

redução <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> filme<br />

Rx1<br />

Mínima evolução<br />

em relação à<br />

distração <strong>do</strong> foco<br />

fraturário e<br />

angulação<br />

Fonte: Lau<strong>do</strong> Giovanni Bene<strong>de</strong>t Camisão – CREMESC 5999<br />

Tabela 03 – Angulação/<strong>de</strong>svio (grupo 1)<br />

Paciente Rx1 Rx2<br />

Id1 8° 4°<br />

Id2 17° 0°<br />

Fonte: Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> autor<br />

10


4.2 Discussão<br />

Tabela 04 – Angulação/<strong>de</strong>svio (grupo 2)<br />

Paciente Rx1 Rx2<br />

Id3 10° 8°<br />

Id4 14° 12°<br />

Fonte: Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> autor<br />

Os princípios fundamentais para a recuperação <strong>de</strong> uma fratura, <strong>de</strong>scritos pela AO<br />

2002 apud Rüedi e Murphy (2002), são <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s <strong>no</strong>vamente para reforçar a interpretação e<br />

análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta pesquisa, ou seja: é necessário que haja redução da fratura para<br />

restaurar as relações anatômicas, evitan<strong>do</strong>-se a consolidação viciosa, pois segun<strong>do</strong> Schatzer<br />

(2002, p. 3) <strong>de</strong>ve haver preocupação com relação à diáfise fraturada, com o comprimento,<br />

com o alinhamento e com a rotação <strong>do</strong> membro, subseqüente à lesão; outro ponto im<strong>por</strong>tante<br />

é a preservação <strong>do</strong> suprimento sangüíneo a partes moles e ao osso <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> manuseio<br />

cuida<strong>do</strong>so e <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> redução cuida<strong>do</strong>sas, sen<strong>do</strong> primordial o comentário <strong>de</strong> Boer (2002,<br />

p. 99) que se refere à preservação <strong>de</strong> partes moles e <strong>do</strong> periósteo circundantes da fratura,<br />

objetivan<strong>do</strong> a manutenção <strong>de</strong> to<strong>do</strong> suprimento sangüíneo existente, saben<strong>do</strong>-se da íntima<br />

relação entre o a<strong>por</strong>te sangüíneo <strong>no</strong> local da fratura e nas partes adjacentes, e o processo <strong>de</strong><br />

consolidação fraturária. Segun<strong>do</strong> o autor cita<strong>do</strong> acima, o princípio da mobilização precoce,<br />

atrai e<strong>no</strong>rmes benefícios para os pacientes <strong>no</strong> que diz respeito a evitar-se a <strong>do</strong>ença fraturária<br />

ou algodistrofia, causada pela imobilização prolongada.<br />

Levan<strong>do</strong>-se em consi<strong>de</strong>ração os princípios da AO 2002 relata<strong>do</strong>s acima, po<strong>de</strong>-se<br />

verificar através <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na pesquisa, que ambos os grupos observa<strong>do</strong>s<br />

apresentaram evolução radiológica favorável, em relação comparativa <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s da<br />

primeira radiografia (Rx1) com a segunda radiografia (Rx2), nas duas variáveis em questão:<br />

lau<strong>do</strong> médico e angulação <strong>do</strong>s fragmentos.<br />

Segun<strong>do</strong> a análise qualitativa <strong>do</strong> parecer médico (da<strong>do</strong>s subjetivos), a relação entre<br />

os fragmentos fraturários <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Rx1 e Rx2 (tabelas 1 e 2), foram favoráveis, <strong>de</strong>ntro da<br />

medial <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> permanência em tração, que foi <strong>de</strong> 10±3,2 dias.<br />

Através da análise quantitativa obteve-se a relação entre os ângulos <strong>de</strong> Rx1 e Rx2 <strong>de</strong> cada<br />

paciente (tabelas 3 e 4), que <strong>de</strong>monstrou redução <strong>do</strong>s fragmentos ósseos através da<br />

diminuição <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> Rx2 mensura<strong>do</strong> em relação ao Rx1.<br />

11


Raio X <strong>de</strong> controle anterior a fisioterapia Raio X <strong>de</strong> controle após a fisioterapia<br />

Diante <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s satisfatórios po<strong>de</strong>-se observar, através da análise<br />

comparativa entre as tabelas 1 e 2 e as tabelas 3 e 4, que não houve diferenças entre o grupo 1<br />

(grupo que realizou isometria) e o grupo 2 (grupo que não realizou isometria), em relação às<br />

variáveis em questão, visto que em to<strong>do</strong>s os casos estuda<strong>do</strong>s houve lesão completa <strong>do</strong><br />

periósteo, <strong>por</strong>tanto, ausência da <strong>do</strong>bradiça periosteal, que segun<strong>do</strong> Harkess, Hamsey e<br />

Harkess (1993, p. 29) auxilia na estabilização <strong>do</strong> foco fraturário permitin<strong>do</strong> melhor redução<br />

<strong>do</strong>s fragmentos. Então, mesmo sem este dispositivo auxiliar na estabilização da fratura, não<br />

houve <strong>efeito</strong> iatrogênico <strong>no</strong> que diz respeito ao ângulo <strong>do</strong>s fragmentos ósseos, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong><br />

que a força <strong>de</strong> contração muscular gerada com o <strong>exercício</strong> <strong>isométrico</strong> é inferior a força <strong>de</strong><br />

tração contrária da redução da fratura. Desta forma, observamos que esta técnica <strong>de</strong><br />

tratamento fisioterápico atuou positivamente na recuperação das fraturas diafisárias <strong>de</strong> fêmur<br />

e tíbia <strong>do</strong>s pacientes estuda<strong>do</strong>s.<br />

Chamlian (1999, p. 95) e Bertolucci (1999, p. 63) referenciam a im<strong>por</strong>tância da<br />

manutenção <strong>do</strong> trofismo ósseo e muscular quan<strong>do</strong> estes estão afasta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> suas funções<br />

<strong>no</strong>rmais, ou seja, restritos ao leito. Essa manutenção tem <strong>por</strong> objetivo prevenir a<br />

<strong>de</strong>smineralização óssea <strong>por</strong> <strong>de</strong>suso e, <strong>por</strong>tanto, evitan<strong>do</strong> a osteopenia; prevenir a hipotrofia<br />

muscular e perda <strong>de</strong> força; ativar a circulação sanguínea, aceleran<strong>do</strong> a resolução <strong>do</strong> processo<br />

inflamatório local.<br />

12


CONCLUSÃO<br />

A interdisciplinarida<strong>de</strong> na reabilitação completa <strong>de</strong> pacientes acometi<strong>do</strong>s <strong>por</strong><br />

disfunções físicas <strong>de</strong>ve-se fazer presente <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>de</strong> instituições da saú<strong>de</strong>, visan<strong>do</strong> o<br />

trabalho em conjunto e a troca <strong>de</strong> informações unidas <strong>por</strong> um só objetivo: o bem estar <strong>de</strong><br />

<strong>no</strong>ssos pacientes. Demonstran<strong>do</strong> assim, a capacida<strong>de</strong> individual <strong>de</strong> realizar as tarefas a nós<br />

atribuídas.<br />

Este estu<strong>do</strong> caracteriza a efetivida<strong>de</strong> da atuação da fisioterapia como parte<br />

crescente e adicional <strong>no</strong> tratamento clínico das fraturas <strong>do</strong>s casos em questão, sem gerar<br />

fatores influenciavelmente negativos ao prognóstico <strong>do</strong>s pacientes.<br />

Através <strong>de</strong>ste, possibilitou-se um melhor esclarecimento <strong>do</strong> assunto, minimizan<strong>do</strong><br />

as dúvidas existentes relacionadas com os <strong>efeito</strong>s <strong>do</strong> tratamento fisioterápico na clínica<br />

traumatológica.<br />

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