Projeções ortográficas e perspectivas - Campus Porto Seguro
Projeções ortográficas e perspectivas - Campus Porto Seguro
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Parte Parte 6: 6: 6: <strong>Projeções</strong> <strong>Projeções</strong> <strong>ortográficas</strong> <strong>ortográficas</strong> e e e <strong>perspectivas</strong><br />
<strong>perspectivas</strong><br />
6.1) Projeção<br />
O desenho técnico de um objeto é expresso por meio de vistas <strong>ortográficas</strong> e <strong>perspectivas</strong>.<br />
Ambas as formas de representação gráfica são aplicações do estudo de projeções ao desenho. Por<br />
isso, antes de falarmos das vistas, vamos ver um pouco sobre as projeções.<br />
A projeção ortográfica é uma forma de representar graficamente objetos tridimensionais em<br />
superfícies planas, de modo a transmitir suas características com precisão e demonstrar sua<br />
verdadeira grandeza. Para entender bem como é feita a projeção ortográfica vamos conhecer alguns<br />
elementos que constituem esse método.<br />
6.1.1) Geometria descritiva: a base do desenho técnico<br />
O desenho técnico, tal como o entendemos hoje, foi desenvolvido graças ao matemático<br />
francês Gaspar Monge (1746-1818). Os métodos de representação gráfica que existiam até aquela<br />
época não possibilitavam transmitir a idéia dos objetos de forma completa, correta e precisa. Monge<br />
criou um método que permite representar, com precisão, os objetos que têm três dimensões<br />
(comprimento, largura e altura) em superfícies planas, como, por exemplo, uma folha de papel, que<br />
tem apenas duas dimensões (comprimento e largura). Esse método, que passou a ser conhecido<br />
como método mongeano, é usado na geometria descritiva. E os princípios da geometria descritiva<br />
constituem a base do desenho técnico. Veja:<br />
6.1.2) Elementos de projeção<br />
Os principais elementos da projeção são:<br />
1. Centro de projeção (v), pólo ou vértice - coincide com o ponto de vista do observador;<br />
2. Raios projetantes - podem ser cônicos, como na figura, ou paralelos;<br />
3. Objeto a ser projetado (ABCD) - em Geometria Descritiva, o objeto pode ser um ponto, uma<br />
linha, um plano ou um sólido;<br />
4. Plano de projeção (α);<br />
5. Figura projetada do objeto (A’B’C’D’).<br />
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5<br />
4
6.1.3) Tipos de projeção<br />
• Projeção Projeção cônica cônica ou ou central central – o centro de projeção está a uma distância finita do plano de<br />
projeção e os raios projetantes são divergentes (como exemplo, temos a figura anterior);<br />
• Projeção Projeção cilíndrica cilíndrica ou ou ou paralela paralela – o centro de projeção está a uma distância infinita do plano de<br />
projeção e os raios projetantes são paralelos entre si. A projeção cilíndrica pode ser:<br />
• Oblíqua – os raios projetantes formam com o plano de projeção um ângulo diferente de<br />
90°.<br />
• Ortogonal – os raios projetantes formam com o plano de projeção um ângulo de 90°.<br />
Dos dois tipos de projeção, será dada maior ênfase ao estudo da projeção cilíndrica, em<br />
especial a ortogonal, que por suas características apresenta projeções em verdadeira grandeza (VG).<br />
6.1.4) Diedros de projeção<br />
Para localizar um determinado ponto no espaço na projeção cilíndrica ortogonal são<br />
necessárias duas projeções ortogonais. Usa-se, portanto, um sistema de dois planos de projeção<br />
perpendiculares entre si, um na posição horizontal (π) e outro na posição vertical (π’), que se<br />
interceptam determinando uma reta denominada linha de terra (LT). Esse sistema projetivo formado<br />
por dois planos ortogonais de projeção foi criado por Gaspar Monge.<br />
Os planos (π) e (π’) determinam no espaço quatro porções iguais denominadas diedros. Os<br />
diedros são numerados no sentido anti-horário.<br />
LT<br />
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π’<br />
π
Atualmente, a maioria dos países que utilizam o método mongeano adotam a projeção<br />
ortográfica no 1º diedro. No Brasil, a ABNT recomenda a representação no 1º diedro. Entretanto,<br />
alguns países, como os Estados Unidos e o Canadá, representam seus desenhos técnicos no 3º<br />
diedro. Ao ler e interpretar desenhos técnicos, o primeiro cuidado que se deve ter é identificar em que<br />
diedro está representado o modelo. Esse cuidado é importante para evitar o risco de interpretar errado<br />
as características do objeto.<br />
Para simplificar o entendimento da projeção ortográfica passaremos a representar apenas o 1º<br />
diedro, o que é normalizado pela ABNT. Chamaremos o semiplano vertical superior de plano vertical.<br />
O semiplano horizontal anterior passará a ser chamado de plano horizontal.<br />
6.1.5) Épura<br />
Para desenhar e interpretar as projeções é necessário que os dois planos de projeção<br />
(horizontal e vertical) sejam representados em uma única superfície plana. Isto é obtido fazendo-se<br />
com que um dos planos seja rebatido sobre o outro, num giro de 90° em torno da linha de terra (LT), ou<br />
seja, fazer com que (π) e (π‘) sejam coincidentes. O resultado desse processo é denominado épura.<br />
Vejamos o exemplo da projeção de um ponto (A).<br />
A<br />
(A) (A)<br />
Após a operação, tem-se a projeção horizontal A exatamente abaixo da vertical A’ A’, A’<br />
no mesmo<br />
plano, o qual, na prática, é o papel de desenho. Está obtida a épura do ponto (A).<br />
As linhas que unem as duas projeções de cada ponto denominam-se linhas de chamada.<br />
6.2) Projeção ortográfica de um sólido e vistas <strong>ortográficas</strong><br />
A<br />
Para entendermos e representarmos um sólido geométrico é necessário conhecer todos os<br />
seus elementos em verdadeira grandeza. Por essa razão, em desenho técnico, quando tomamos<br />
sólidos geométricos ou objetos tridimensionais como modelos, costumamos representar sua projeção<br />
ortográfica em mais de um plano de projeção.<br />
No Brasil, onde se adota a representação no 1º diedro, além do plano vertical e do plano<br />
horizontal, utiliza-se um terceiro plano de projeção: o plano lateral, também chamado de plano de perfil<br />
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A<br />
A<br />
π‘<br />
π<br />
A<br />
A<br />
LT
(π’’). Este plano é, ao mesmo tempo, perpendicular ao plano vertical e ao plano horizontal, como nos<br />
mostra a figura abaixo.<br />
π’<br />
A necessidade desse terceiro plano de projeção (plano de perfil) se dá pela necessidade de<br />
projetarmos uma terceira face do sólido, de modo que possamos melhor compreende-lo. Assim, temos<br />
a projeção ortográfica de três faces do sólido.<br />
Assim, obtemos o que consideramos as três vistas principais de uma peça: a vista frontal frontal, frontal<br />
que<br />
é a projeção no plano vertical (π’); a vista superior superior, superior<br />
que é a projeção no plano vertical (π); e a vista<br />
lateral lateral esquerda esquerda, esquerda que é a projeção no plano de perfil (π’’).<br />
Cada uma das vistas representam duas dimensões do objeto, em verdadeira grandeza:<br />
• Vista frontal – largura e altura<br />
• Vista superior – largura e profundidade<br />
• Vista lateral esquerda – profundidade e altura<br />
π<br />
Como em desenho técnico as vistas devem ser mostradas em um único plano, devemos fazer<br />
o rebatimento dos planos de projeção horizontal e de perfil. Vejamos como é feita a épura no 1º diedro:<br />
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π’’
6.2.1) Vista frontal<br />
6.2.2) Vista superior<br />
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6.2.3) Vista lateral esquerda<br />
6.2.4) Vistas complementares<br />
As três vistas <strong>ortográficas</strong> principais (frontal, superior e lateral esquerda), por vezes não<br />
conseguem esclarecer suficientemente a forma de objetos mais complexos. Além de outros recursos,<br />
pode-se aumentar o número de vistas para seis. Para isso, são considerados dois planos em cada<br />
posição:<br />
• Horizontal – abaixo e acima do sólido;<br />
• Vertical – atrás e à frente do sólido;<br />
• De perfil – à direita e à esquerda do sólido.<br />
O posicionamento das vistas é feito de uma das formas a seguir, sendo que a recomendada<br />
pela a ABNT é a representação de vistas no 1° diedro.<br />
VA – vista frontal (ou anterior);<br />
VP – vista posterior;<br />
VLE – Vista lateral esquerda;<br />
VLD – Vista lateral direita;<br />
VS – Vista superior;<br />
VI – Vista inferior.<br />
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6.2.5) Vistas auxiliares<br />
Quando uma das faces ou um detalhe da peça não apresenta verdadeira grandeza (VG) em<br />
projeção, utiliza-se um plano de projeção auxiliar, paralelo à face oblíqua ou ao detalhe da peça,<br />
resultando assim em uma vista auxiliar auxiliar. auxiliar<br />
Observe que com a projeção ortogonal, as vistas superior e lateral esquerda apresentam<br />
deformações (parte do que está representado não está em VG) que dificultam a interpretação dos<br />
detalhes da peça. Com um plano auxiliar de projeção paralelo ao detalhe, obtém-se a verdadeira<br />
grandeza da face oblíqua da peça em questão.<br />
Os detalhes que não apresentam verdadeira grandeza podem ser suprimidos por não<br />
oferecerem nenhuma informação relevante para a compreensão da peça Esta supressão é indicada<br />
através da interrupção da vista com uma linha irregular em traço fino. As vistas com detalhes<br />
suprimidos são denominadas como parciais.<br />
Parte Parte Parte 7: 7: Cortes Cortes<br />
Cortes<br />
Cortar quer dizer dividir, secionar, separar partes de um todo. Corte é um recurso utilizado em<br />
diversas áreas do ensino, para facilitar o estudo do interior dos objetos. Esse recurso é utilizado em<br />
desenho técnico para mostrar elementos internos de modelos complexos com maior clareza, para<br />
facilitar o estudo da estrutura interna e do funcionamento de algumas peças.<br />
7.1) Corte pleno ou total<br />
Planos em épura<br />
Parte das vistas Superior e<br />
Lateral Esquerda não possui<br />
verdadeira grandeza<br />
Vistas<br />
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Corte total é aquele que atinge a peça em toda a sua extensão. Deve-se considerar o corte<br />
realizado por um plano de corte imaginário. No caso de corte total, o plano de corte atravessa<br />
completamente a peça, atingindo suas partes maciças. Temos assim três situações possíveis,<br />
mostradas a seguir.<br />
7.1.1) Corte total vertical paralelo à vista frontal<br />
Vist Vista Vist a frontal da peça Corte Corte paralelo à vista frontal<br />
O plano de corte paralelo ao plano de projeção vertical é chamado plano de corte vertical. Este<br />
plano de corte divide o modelo ao meio, em toda sua extensão, atingindo todos os elementos da peça.<br />
Nesse caso, como o plano corta a peça ao longo de sua maior dimensão, chamamos de corte vertical<br />
longitudinal.<br />
Agora, imagine que a parte anterior do modelo foi removida. Assim, você poderá analisar com<br />
maior facilidade os elementos atingidos pelo corte. Na projeção do modelo cortado, no plano vertical,<br />
os elementos atingidos pelo corte são representados pela linha para arestas e contornos visíveis. A<br />
vista frontal do modelo analisado, com corte, deve ser representada de modo que as partes maciças<br />
do modelo, atingidas pelo plano de corte, sejam representadas hachuradas. Os furos não recebem<br />
hachuras, pois são partes ocas que não foram atingidas pelo plano de corte.<br />
A representação do corte juntamente com as outras vistas (lateral e superior) deve ser assim:<br />
ou<br />
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A vista superior e a vista lateral esquerda não devem ser representadas em corte porque o<br />
observador não as imaginou atingidas pelo plano de corte. A vista frontal está representada em corte<br />
porque o observador imaginou o corte vendo o modelo de frente. Sob a vista representada em corte,<br />
no caso a vista frontal, é indicado o nome do Corte AA. Observe, na figura anterior, que a vista<br />
superior é atravessada por uma linha traço e ponto, com dois traços largos nas extremidades. Esta<br />
linha indica o local por onde se imaginou passar o plano de corte. Quando o corte é representado na<br />
vista frontal, a indicação do corte pode ser feita na vista superior ou na vista lateral esquerda. As setas<br />
sob os traços largos indicam a direção em que o observador imaginou o corte.<br />
7.1.2) Corte total vertical paralelo à vista lateral<br />
Agora, imagine um observador vendo o modelo de lado e um plano de corte vertical atingindo o<br />
modelo, conforme a figura a seguir.<br />
O plano de corte, que é paralelo ao plano de projeção lateral, também recebe o nome de plano<br />
de corte vertical, como no caso anterior. Porém, como neste caso o plano de corte vertical seciona a<br />
peça na sua menor dimensão, chamamos de corte vertical transversal.<br />
Observe na primeira e segunda figura que a parte anterior ao plano de corte foi retirada,<br />
deixando visível o furo quadrado. Finalmente, veja na terceira ilustração, como ficam as projeções<br />
<strong>ortográficas</strong> deste modelo em corte. Na vista lateral, o furo quadrado, atingido pelo corte, aparece<br />
representado pela linha para arestas e contornos visíveis. As partes maciças, atingidas pelo corte, são<br />
representadas hachuradas. O furo redondo, visível pelo observador, também é representado pela linha<br />
para arestas e contornos visíveis. Nas vistas <strong>ortográficas</strong> deste modelo em corte transversal, a vista<br />
frontal e a vista superior são representadas sem corte. Quando o corte é representado na vista lateral,<br />
a indicação do plano de corte tanto pode aparecer na vista frontal como na vista superior.<br />
7.1.3) Corte total horizontal paralelo à vista superior<br />
Como o corte pode ser imaginado em qualquer das vistas do desenho técnico, vamos agora ver<br />
os cortes aplicados na vista superior. Imagine o mesmo modelo anterior visto de cima por um<br />
observador. Para que os furos redondos fiquem visíveis, o observador deverá imaginar um corte, como<br />
mostra a figura a seguir.<br />
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O plano de corte, que é paralelo ao plano de projeção horizontal, é chamado plano de corte<br />
horizontal. Ele divide a peça em duas partes. Com o corte, os furos redondos, que antes estavam<br />
ocultos, ficaram visíveis. Retirando a parte de cima da peça cortada, veja na última figura como fica a<br />
projeção do modelo no plano horizontal.<br />
Agora, observe as vistas <strong>ortográficas</strong> e o corte horizontal.<br />
O corte aparece representado na vista superior. As partes maciças atingidas pelo corte foram<br />
hachuradas. A vista frontal e a vista lateral esquerda estão representadas sem corte, porque o corte<br />
imaginado atingiu apenas a vista superior. O nome do corte (Corte AA) aparece sob a vista superior,<br />
que é a vista representada em corte. A indicação do plano de corte, na vista frontal, coincide com a<br />
linha de centro dos furos redondos. As setas, ao lado das letras que dão nome ao corte, indicam a<br />
direção em que o corte foi imaginado. Quando o corte é imaginado na vista superior, a indicação do<br />
local por onde passa o plano de corte pode ser representada na vista frontal ou na vista lateral<br />
esquerda.<br />
7.2) Mais de um corte na mesma peça<br />
Dependendo da complexidade da peça, um único corte pode não ser suficiente para mostrar<br />
todos os elementos internos que queremos analisar. Observe, por exemplo, a peça a seguir.<br />
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Imagine esta peça vista de frente, secionada por um plano de corte longitudinal vertical que<br />
passa pelo centro da peça. Imagine que a parte anterior do modelo, separada pelo plano de corte, foi<br />
removida e analise a vista frontal correspondente, em corte.<br />
Observe que esta vista mostra apenas parte dos elementos internos da peça: os dois rasgos<br />
passantes. Os outros dois elementos, o furo quadrado e o furo cilíndrico com rebaixo, não aparecem<br />
no corte. Para que esses elementos sejam mostrados, a solução é representar mais de uma vista em<br />
corte.<br />
Assim, imagine a mesma peça, vista de lado, secionada por um plano de corte transversal.<br />
Neste caso, a vista atingida pelo corte é a lateral esquerda. Vejamos a representação da vista lateral<br />
esquerda em corte.<br />
Nesta vista, é possível ver claramente o furo cilíndrico com rebaixo e o furo quadrado, que não<br />
apareciam na vista frontal em corte. Vejamos como ficam as vistas <strong>ortográficas</strong> dessa peça, com os<br />
dois cortes representados ao mesmo tempo.<br />
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Cada corte é identificado por um nome. O corte representado na vista frontal recebeu o nome<br />
de Corte AA. O corte representado na lateral esquerda recebeu o nome de Corte BB. Os dois cortes:<br />
AA e BB foram indicados na vista superior, mostrando os locais por onde se imaginou passarem os<br />
dois planos de corte.<br />
7.3) Corte composto por planos paralelos (ou em desvio)<br />
Certos tipos de peças, como as representadas abaixo, por apresentarem seus elementos<br />
internos fora de alinhamento, precisam de outra maneira de se imaginar o corte. O tipo de corte usado<br />
para mostrar elementos internos fora de alinhamento é o corte composto, também conhecido como<br />
corte em desvio.<br />
Imagine a primeira peça (Fig. A) sendo secionada por um plano de corte longitudinal vertical<br />
que atravessa o furo retangular e veja como fica sua representação ortográfica:<br />
Observe que a peça foi secionada por um plano que deixou visível o furo retangular. Os furos<br />
redondos, entretanto, não podem ser observados. Para poder analisar os furos redondos, teremos de<br />
imaginar um outro plano de corte, paralelo ao anterior. Vejamos então a peça secionada pelo plano<br />
longitudinal vertical que atravessa os furos redondos e, ao lado, sua representação ortográfica.<br />
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No desenho técnico podemos juntar os dois cortes anteriores em um único, fazendo o que<br />
chamamos de corte composto, ou em desvio. O corte composto torna possível analisar todos os<br />
elementos internos da peça, ao mesmo tempo. Isso ocorre porque o corte composto permite<br />
representar, numa mesma vista, elementos situados em diferentes planos de corte. Devemos imaginar<br />
o plano de corte desviado de direção, para atingir todos os elementos da peça.<br />
A vista frontal, representada em corte, neste exemplo, mostra todos os elementos como se eles<br />
estivessem no mesmo plano. Se observarmos a vista frontal, isoladamente, não será possível<br />
identificar os locais por onde passaram os planos de corte. Nesse caso, devemos examinar a vista<br />
onde é representada a indicação do plano de corte.<br />
Observe abaixo que o corte é indicado pela linha traço e ponto na vista superior. Os traços são<br />
largos nas extremidades e quando indicam mudanças de direção dos planos de corte. O nome do<br />
corte é indicado por duas letras maiúsculas, representadas nas extremidades da linha traço e ponto.<br />
As setas indicam a direção em que o observador imaginou o corte.<br />
Observe agora como fica a representação dos cortes nas peças das figuras b e c:<br />
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7.4) Corte composto por planos concorrentes<br />
A peça abaixo se chama flange. Se imaginarmos o flange atingido por um único plano de corte,<br />
apenas um dos furos ficará visível. Para mostrar outro furo, temos de imaginar o flange atingido por<br />
dois planos concorrentes, isto é, dois planos que se cruzam ( P1 e P2 ).<br />
Neste exemplo, a vista que deve ser representada em corte é a vista frontal, porque o<br />
observador está imaginando o corte de frente. Para representar os elementos, na vista frontal, em<br />
verdadeira grandeza, devemos imaginar que um dos planos de corte sofreu um movimento de rotação,<br />
de modo a coincidir com o outro plano. Por exemplo:<br />
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Veja, na terceira figura, como ficam as vistas <strong>ortográficas</strong>: vista frontal e vista superior, após a<br />
rotação do elemento e a aplicação do corte.<br />
Na vista frontal, todos os elementos são visíveis e aparentam estar no mesmo plano. Note que,<br />
na vista superior, os elementos são representados sem rotação, na sua posição real. Nesta vista fica<br />
bem visível que este corte é composto por dois planos concorrentes.<br />
7.5) Meio corte<br />
Há·tipos de peças em que é possível imaginar em corte apenas uma parte, enquanto que a<br />
outra parte permanece visível em seu aspecto exterior. Este tipo de corte é o meio-corte. O meio-corte<br />
é aplicado em apenas metade da extensão da peça. Somente em peças simétricos longitudinal e<br />
transversalmente é que podemos imaginar o meio-corte.<br />
Acompanhe a aplicação do meio-corte em um modelo simétrico nos dois sentidos. Imagine o<br />
modelo atingido até a metade por um plano de corte longitudinal (P1). Depois, imagine o modelo<br />
cortado até a metade por um plano de corte transversal (P2). Agora, imagine que a parte atingida pelo<br />
corte foi retirada.<br />
Observando o modelo com meio-corte, você pode analisar os elementos internos. Além disso,<br />
ainda pode observar o aspecto externo, que corresponde à parte não atingida pelo corte. O modelo<br />
estava sendo visto de frente, quando o corte foi imaginado. Logo, a vista onde o corte deve ser<br />
representado é a vista frontal. Analise a vista frontal representada em projeção ortográfica com<br />
aplicação do meio-corte.<br />
A linha traço e ponto estreita, que divide a vista frontal ao meio, é a linha de simetria. As partes<br />
maciças, atingidas pelo corte, são representadas hachuradas.<br />
O centro dos elementos internos, que se tornaram visíveis com o corte, é indicado pela linha de<br />
centro. Neste exemplo, os elementos que ficaram visíveis com o corte são: o furo passante da direita e<br />
metade do furo central.<br />
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Metade da vista frontal não foi atingida pelo meio-corte: o furo passante da esquerda e metade<br />
do furo central não são representados no desenho. Isso ocorre porque o modelo é simétrico. A metade<br />
da vista frontal não atingida pelo corte é exatamente igual à outra metade. Assim, não é necessário<br />
repetir a indicação dos elementos internos na parte não atingida pelo corte. Entretanto, o centro dos<br />
elementos não visíveis deve ser indicado.<br />
Quando o modelo é representado com meio-corte, não é necessário indicar os planos de corte.<br />
As demais vistas são representadas normalmente.<br />
7.6) Corte em seção<br />
Secionar quer dizer cortar. Assim, a representação em seção também é feita imaginando-se<br />
que a peça sofreu corte. Mas existe uma diferença fundamental entre a representação em corte e a<br />
representação em seção. Vamos compreender bem essa diferença, analisando alguns exemplos.<br />
Imagine a peça representada a seguir secionada por um plano de corte transversal. Analise a<br />
perspectiva da peça, atingida pelo plano de corte e, embaixo, as suas vistas <strong>ortográficas</strong> com a<br />
representação do corte na vista lateral.<br />
A vista lateral mostra a superfície atingida pelo corte e também a projeção da parte da peça que<br />
ficou além do plano de corte. A vista lateral permite analisar a parte atingida pelo corte e também<br />
outros elementos da peça.<br />
Vejamos agora o desenho técnico da mesma peça ao lado, com representação em seção. Note<br />
que, ao lado da vista frontal está representada a seção AA. Esta seção mostra a parte maciça atingida<br />
pelo plano de corte. A seção representa o perfil interno rebatido da peça ou de uma parte da peça. A<br />
indicação da seção representada pela linha traço e ponto com traços largos nas extremidades aparece<br />
na vista frontal, no local onde se imaginou passar o plano de corte. A linha de corte onde se imagina o<br />
rebatimento da seção deve ser sempre no centro do elemento secionado.<br />
Enquanto a representação em corte mostra as partes maciças atingidas pelo corte e outros<br />
elementos, a representação em seção mostra apenas a parte atingida pelo corte.<br />
Observemos outro exemplo e comparemos as vistas <strong>ortográficas</strong> da peça em corte e em seção.<br />
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Semelhanças<br />
Semelhanças: Semelhanças Em ambos os casos imaginaram-se cortes na peça; eles apresentam indicação do<br />
plano de corte e as partes maciças atingidas pelo corte são hachuradas.<br />
Diferenças Diferenças: Diferenças Diferenças No desenho em corte, a vista onde o corte é representado mostra outros elementos da<br />
peça, além da parte maciça atingida pelo corte, enquanto que o desenho em seção mostra apenas a<br />
parte cortada; a indicação do corte é feita pela palavra corte, seguida de duas letras maiúsculas<br />
repetidas, enquanto que a identificação da seção é feita pela palavra seção, também seguida de duas<br />
letras maiúsculas repetidas.<br />
7.7) Hachuras<br />
As hachuras servem para indicar as partes maciças atingidas pelo corte. Além disso, as<br />
hachuras podem ser utilizadas para indicar o tipo de material a ser empregado na produção do objeto<br />
representado. Nos cortes que estudamos até agora foi usada a hachura que indica qualquer material<br />
metálico, conforme estabelece a norma NBR 12.298 / 1991, da ABNT.<br />
Recomendações gerais para a aplicação de hachuras:<br />
• Sempre deve ser feito em traço estreito (fino);<br />
• Espaçamento e direção do ângulo de inclinação uniformes em um mesmo desenho ou<br />
objeto, com ângulo de 45° em relação às linhas de contorno principais do objeto;<br />
• No desenho de corte de peças adjacentes, pode-se alterar o valor do ângulo de modo a<br />
diferenciá-las (normalmente para 30°);<br />
• A linha de hachura deve ser interrompida para escrever texto ou cota no interior da peça<br />
hachurada;<br />
• Às vezes, quando a área maciça atingida pelo corte é muito grande, as hachuras podem ser<br />
representadas apenas perto dos contornos do desenho.<br />
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Parte Parte 8: 8: 8: Perspe Perspectiva<br />
Perspe ctiva<br />
Perspectiva é o método de representação gráfica dos objetos que apresenta sua forma no<br />
modo mais próximo como são vistos. É a representação gráfica das três dimensões de um objeto em<br />
um único plano, de maneira a transmitir a idéia de profundidade. Essa representação tridimensional<br />
que fornece, através de um único desenho, a forma da peça em estudo.<br />
A perspectiva é o resultado de uma projeção, sendo assim o centro de projeção é o olho do<br />
observador; as projetantes correspondem aos raios visuais e a projeção no plano é a perspectiva do<br />
desenho.<br />
Há vários métodos perspectivos, que nos permite desenhar um objeto em três dimensões.<br />
Assim temos:<br />
A) Projeção cônica – perspectiva cônica, rigorosa ou exata<br />
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B) Projeção cilíndrica oblíqua – perspectiva cavalera<br />
C) Projeção cilíndrica ortogonal – perspectiva axonométrica<br />
A perspectiva axonométrica se divide em três tipos: isométrica, dimétrica e trimétrica.<br />
Aprofundaremos nossos estudos na perspectiva isométrica, pois, devido à sua simplicidade em<br />
relação aos demais métodos, é a mais utilizada no desenho técnico.<br />
8.1) Perspectiva isométrica<br />
Iso quer dizer mesma; métrica quer dizer medida. A perspectiva isométrica mantém as mesmas<br />
proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto representado. Além disso, o traçado da<br />
perspectiva isométrica é relativamente simples.<br />
Na perspectiva isométrica o objeto é representado de tal maneira que permite demonstrar três<br />
de suas faces, que correspondem geralmente à frontal, lateral esquerda e superior.<br />
As três faces são ligadas ente si, num só desenho, montadas sobres três eixos,<br />
perpendiculares entre si, que servem de suporte às três dimensões (altura, largura e comprimento) e<br />
são colocados obliquamente em relação al plano de projeção.<br />
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Na isométrica, os três eixos no espaço estão igualmente inclinados em relação ao plano de<br />
projeção, sendo assim, os ângulos formados pelos eixos projetados são iguais a 120°.<br />
Essas três semi-retas, assim dispostas, recebem o nome de eixos isométricos. Cada uma das<br />
semi-retas é um eixo isométrico. Os eixos isométricos podem ser representados em posições<br />
variadas, mas sempre formando, entre si, ângulos de 120°. O traçado de qualquer perspectiva<br />
isométrica parte sempre dos eixos isométricos.<br />
Qualquer reta paralela a um eixo isométrico é chamada linha isométrica. Na figura a seguir, as<br />
retas r, s, t e u são linhas isométricas. As retas r e s são linhas isométricas porque são paralelas ao<br />
eixo y; a reta t é paralela ao eixo z; a reta u é paralela ao eixo x. As linhas não paralelas aos eixos<br />
isométricos são linhas não isométricas como é o caso da reta v, na figura abaixo.<br />
Linhas isométricas Linha não isométrica<br />
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8.2) Construindo a perspectiva isométrica<br />
A construção da perspectiva isométrica de um objeto é feita a partir de um sólido envolvente,<br />
cujas dimensões totais (largura, comprimento e altura) são medidas sobre os três eixos. Sobre este<br />
sólido são marcados os detalhes do objeto, traçando-se retas paralelas aos três eixos (linhas<br />
isométricas), e, se for o caso, retas não paralelas aos três eixos (linhas não isométricas). Em relação<br />
às dimensões do objeto, aplica-se as medidas em verdadeira grandeza sobre os três eixos.<br />
Para se fazer o traçado de uma isométrica com os instrumentos de desenho, utiliza-se a régua<br />
paralela e o esquadro de 30°.<br />
A construção da perspectiva pode ser dividida por etapas, para melhor explicar o processo de<br />
construção. Assim temos:<br />
• 1ª etapa - Trace levemente, com linhas de construção, os eixos isométricos e indique o<br />
comprimento, a largura e a altura sobre cada eixo, tomando como base as medidas<br />
aproximadas do objeto a ser representado;<br />
• 2ª etapa - A partir dos pontos onde você marcou o comprimento e a altura, trace duas linhas<br />
isométricas que se cruzam. Assim ficar·determinada a face frontal do modelo;<br />
• 3ª etapa - Trace agora duas linhas isométricas que se cruzam a partir dos pontos onde você<br />
marcou o comprimento e a largura. Assim ficará determinada a face superior do modelo;<br />
• 4ª etapa - E, finalmente, você encontrará a face lateral do modelo. Para tanto, basta traçar duas<br />
linhas isométricas a partir dos pontos onde você indicou a largura e a altura;<br />
• 5ª etapa (conclusão) - Apague os excessos das linhas de construção, isto é, das linhas e dos<br />
eixos isométricos que serviram de base para a representação do modelo. Depois, é só reforçar<br />
os contornos da figura e está concluído o traçado da perspectiva isométrica.<br />
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