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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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tendo se expandido como uma prática social para além de sua <strong>na</strong>tureza pedagógica<br />

inicial (SERGENT, 98 ). Após o estabelecimento do cristianismo em Roma, ela<br />

se tornou passível de conde<strong>na</strong>ção à morte em todo o Ocidente cristão até o fim do<br />

século XVIII. A partir do século XIII, a homos<strong>sexual</strong>idade passou a ser objeto da<br />

aplicação de pe<strong>na</strong>s comparadas às que eram impostas aos crimes de heresia e lesamajestade.<br />

Nos textos da prática jurídica desse tempo, a homos<strong>sexual</strong>idade estava<br />

associada à bestialidade. Certas cidades, como Bolonha, tinham leis próprias: no<br />

início do século XIII, a pe<strong>na</strong> era o banimento perpétuo. Em Florença, para o caso<br />

de reincidência, o “crime” era punido com a fogueira. A Alemanha, em 87 , tinha<br />

disposições legais para reprimir a homos<strong>sexual</strong>idade masculi<strong>na</strong>, modificadas somente<br />

em 9 9. No Reino Unido, ainda em 88 , leis estabeleciam pe<strong>na</strong>s de prisão<br />

para homens que praticassem relações homossexuais. Leis revogadas ape<strong>na</strong>s entre<br />

9 7 e 98 . Na Rússia, antes da revolução socialista de 9 7, as pe<strong>na</strong>s eram leves<br />

e raras as perseguições; com Stalin no poder, foram previstas pe<strong>na</strong>s de prisão. Na<br />

França, a restrição legal introduzida em 94 , que reprimia relações homossexuais<br />

entre um maior e um menor, somente foi abolida em 98 . Irã, Sudão, Zimbábue e<br />

Iraque, entre outros, conservam a pe<strong>na</strong> de morte para o que consideram “crime de<br />

homos<strong>sexual</strong>ismo”. No Brasil, os homossexuais foram difamados e perseguidos pela<br />

Inquisição em processos que começaram já no século XVI e seguiram até o século<br />

XVIII. Os códigos Manuelino, Filipino e Afonsino, aplicados também em terras<br />

brasileiras, prescreviam a pe<strong>na</strong> de morte aos sodomitas (MOTT, 999, entre outros<br />

trabalhos do autor). Até aqui, no Brasil, continuamos como uma sociedade em que<br />

o preconceito anti-homos<strong>sexual</strong> é abertamente pronunciado em programas de TV,<br />

rádio, <strong>na</strong>s escolas, por professores/as, padres, pastores, políticos/as, estando o país<br />

entre aqueles que têm taxas recordes de assassi<strong>na</strong>to de homossexuais (idem, 00 ).<br />

Um outro fator histórico contribuiu para reforçar a visão segundo a qual a<br />

homos<strong>sexual</strong>idade seria uma exceção <strong>na</strong> <strong>sexual</strong>idade huma<strong>na</strong>, retardando a crítica<br />

do preconceito e, acrescentaríamos, também a crítica da ideologia das pretendidas<br />

causas: a negação da homos<strong>sexual</strong>idade <strong>na</strong> história dos povos e das civilizações.<br />

Os notáveis estudos de Ber<strong>na</strong>rd Sergent, L’homo<strong>sexual</strong>ité dans la mythologie grecque<br />

( 984) e L’homo<strong>sexual</strong>ité initiatique dans l’Europe ancienne ( 98 ), são esclarecedores<br />

a esse respeito: adulterando os textos origi<strong>na</strong>is, adaptando-os de maneira<br />

a neutralizar a realidade homoerótica ou desclassificando como bárbaras ou primitivas<br />

as sociedades <strong>na</strong>s quais a homos<strong>sexual</strong>idade era abertamente praticada,<br />

bom número de historiadores e antropólogos contribuiu com a transformação da<br />

homos<strong>sexual</strong>idade em um tabu e, posteriormente, <strong>na</strong> idéia de uma exceção dentro<br />

de uma suposta normalidade majoritária.<br />

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