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A episteme dominante não dá conta da ambigüidade e do atravessamento das fronteiras de gênero e de sexualidade. A lógica binária não permite pensar o que escapa do dualismo. Não tenho qualquer pretensão de sugerir uma resposta para este impasse. Parece-me, no entanto, sugestivo que se problematize o estatuto de “verdade” da dicotomia heterossexualidade/homossexualidade como a categoria explicativa da sociedade contemporânea. Será possível descontruir esse binarismo? Demonstrar suas formas de produção? Estranhar sua intrincada presença na intimidade das instituições sociais, nos processos de produção do conhecimento e das relações entre os sujeitos? Referências FOUCAULT, Michel (Apresentação de). Herculine Barbin: o diário de um hermafrodita. Rio de Janeiro: F. Alves, 98 . JACKSON, Steve. The social complexity of heteronormativity: gender, sexuality and heterosexuality. Heteronormativity - A Fruitful Concept? Trondheim, Norway, June nd-4th, 00 . Disponível em: . LAQUEUR, Thomas. Making sex: body and gender from the greeks to Freud. Cambridge, MA: Harvard University Press, 990. LOURO, Guacira. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Autêntica: Belo Horizonte, 004. NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 8, n. , 000. 93

Teorias sobre a Gênese da Homossexualidade: ideologia, preconceito e fraude Alípio de Sousa Filho* Pretendemos, neste artigo, tratar do preconceito em torno da homossexualidade, considerando algo de sua lógica interna nem sempre percebida como tal: a invenção da causa específica da homossexualidade. Não é desconhecido de ninguém que teorias e “pesquisas” de muitos tipos procuram causas (biológicas, psicológicas, sociais, “espirituais”) para a homossexualidade, deixando entender que os indivíduos concernidos na prática da homossexualidade – ditos homossexuais – têm qualquer coisa a menos (ou a mais) que os outros (um gene, um pedaço do cérebro, hormônios, um instinto congênito ou adquirido etc.), são indivíduos que sofreram algum “desvio” ou “suspensão” no chamado “desenvolvimento sexual normal” ou “inversão quanto ao objeto sexual”. Estas últimas sendo crenças muito difundidas ainda hoje entre psicólogos e psicanalistas – confundindose aí todas as correntes – exceções isoladas à parte. A tese que sustentaremos aqui é a de que uma longa história de colonização pelo preconceito, praticada sobre o imaginário de diversas sociedades, representando a homossexualidade como uma exceção ou como um desvio ou inversão no quadro de uma pretendida normalidade heterossexual, levou a que se buscasse a causa específica que a produziria – e não importando que esta tenha sido pensada, variando as * Cientista Social. Doutor em sociologia pela Sorbonne (Paris V), professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

A episteme domi<strong>na</strong>nte não dá conta da ambigüidade e do atravessamento<br />

das fronteiras de gênero e de <strong>sexual</strong>idade. A lógica binária não permite pensar o<br />

que escapa do dualismo. Não tenho qualquer pretensão de sugerir uma resposta<br />

para este impasse. Parece-me, no entanto, sugestivo que se problematize o estatuto<br />

de “verdade” da dicotomia heteros<strong>sexual</strong>idade/homos<strong>sexual</strong>idade como a categoria<br />

explicativa da sociedade contemporânea. Será possível descontruir esse bi<strong>na</strong>rismo?<br />

Demonstrar suas formas de produção? Estranhar sua intrincada presença <strong>na</strong> intimidade<br />

das instituições sociais, nos processos de produção do conhecimento e das<br />

relações entre os sujeitos?<br />

Referências<br />

FOUCAULT, Michel (Apresentação de). Herculine Barbin: o diário de um<br />

hermafrodita. Rio de Janeiro: F. Alves, 98 .<br />

JACKSON, Steve. The social complexity of heteronormativity: gender, <strong>sexual</strong>ity<br />

and hetero<strong>sexual</strong>ity. Heteronormativity - A Fruitful Concept? Trondheim,<br />

Norway, June nd-4th, 00 . Disponível em: .<br />

LAQUEUR, Thomas. Making sex: body and gender from the greeks to Freud.<br />

Cambridge, MA: Harvard University Press, 990.<br />

LOURO, Guacira. Um corpo estranho: ensaios sobre <strong>sexual</strong>idade e teoria queer.<br />

Autêntica: Belo Horizonte, 004.<br />

NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Revista Estudos Feministas,<br />

Florianópolis, v. 8, n. , 000.<br />

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