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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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A relação umbilical entre sexismo e homofobia é um elemento importantíssimo<br />

para perceber a homofobia como derivação do heterossexismo. De<br />

fato, a literatura dedicada à homos<strong>sexual</strong>idade dialoga constantemente com a<br />

noção de gênero. O bi<strong>na</strong>rismo classificatório, entre masculino e feminino,<br />

a<strong>na</strong>lisado nos estudos de gênero, de novo se apresenta no âmbito da <strong>sexual</strong>idade,<br />

agora através do par heteros<strong>sexual</strong>idade/homos<strong>sexual</strong>idade. 4 Mais ainda:<br />

Jurandir Freire Costa ( 99 ) salienta como <strong>na</strong> dinâmica relacio<strong>na</strong>l destes duplos-conceituais<br />

à domi<strong>na</strong>ção masculi<strong>na</strong> sobre o feminino corresponde a superioridade<br />

da heteros<strong>sexual</strong>idade sobre a homos<strong>sexual</strong>idade. Neste contexto, o<br />

heterossexismo e, por conseguinte, a homofobia têm raízes no diferencialismo<br />

presente <strong>na</strong> divisão dos sexos e <strong>na</strong> diversidade dos gêneros.<br />

A homofobia revela-se como contraface do sexismo e da superioridade<br />

masculi<strong>na</strong>, <strong>na</strong> medida em que a homos<strong>sexual</strong>idade põe em perigo a estabilidade<br />

do bi<strong>na</strong>rismo das identidades sexuais e de gênero, estruturadas pela<br />

polaridade masculino/feminino. Toda vez que esta diferenciação for ameaçada<br />

– hipótese realizada por antonomásia pela homos<strong>sexual</strong>idade – apresentar-se-á<br />

todo um sistema de ações e reações prévio ao indivíduo, no qual ele está imerso,<br />

nele se reproduz e dele vai muito além: trata-se do caráter institucio<strong>na</strong>l da<br />

homofobia como heterossexismo.<br />

64<br />

Nas palavras de Borrillo ( 000: 87):<br />

[...] sexismo e homofobia aparecem portanto como duas faces<br />

do mesmo fenômeno social. A homofobia e, em particular,<br />

a homofobia masculi<strong>na</strong>, cumpre a função de “guardião<br />

da <strong>sexual</strong>idade”, ao reprimir todo comportamento, todo gesto<br />

ou todo desejo que ultrapasse as fronteiras “impermeáveis”<br />

dos sexos.<br />

13 Regi<strong>na</strong> Facchini (2005) fornece um apanhado das discussões sobre gênero, enfatizando a contribuição de<br />

Butler, e sua pertinência às questões identitárias relacio<strong>na</strong>das à homos<strong>sexual</strong>idade.<br />

14 Para uma crítica da pertinência deste bi<strong>na</strong>rismo classificatório diante da realidade brasileira, ver o prefácio<br />

de Peter Fry no livro de Edward MacRae (1990). O mesmo autor sustenta a maior significação<br />

do binômio masculinidade/feminilidade do que a hetero/homos<strong>sexual</strong>idade entre nós (FRY, 2005: 177).<br />

Richard Parker (2002) exami<strong>na</strong> a construção social do gênero no Brasil e suas repercussões para as<br />

homos<strong>sexual</strong>idades no país.<br />

15 Fer<strong>na</strong>ndo Seffner (2004) demonstra como este mecanismo é acio<strong>na</strong>do, reforçando a centralidade da masculinidade<br />

heteros<strong>sexual</strong> hegemônica, ao estudar a masculinidade bis<strong>sexual</strong>.<br />

16 Mary Douglas (1998) demonstra não só a pertinência da teoria institucio<strong>na</strong>l no debate sociológico contemporâneo,<br />

como também o quanto as relações de poder entre os indivíduos e os processos de decisão são<br />

engendrados a partir das realidades institucio<strong>na</strong>is.

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