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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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suas potencialidades e, uma vez maximizada a sua liberdade individual, expressar<br />

suas idéias, valores, sonhos, afetos e desejos. Também nesse sentido, a valorização e<br />

o respeito pela livre expressão afetivo-<strong>sexual</strong> e de identidade de gênero constituemse<br />

um benefício para toda a coletividade (BLUMENFELD, 99 ). 0<br />

Entretanto, para podermos avançar, é preciso admitir ainda que a diversidade<br />

em sala de aula representa um desafio que, não raro, em função de padrões didático-pedagógicos<br />

hegemônicos, é freqüentemente mal acolhido, pois visto como “empecilho”,<br />

“disparidade”, “heterogeneidade”, “discrepância”, “defasagem”, “deficiência”,<br />

“fator de desordem”, “distúrbio” etc. Reconhecê-lo é um passo primordial, sob pe<strong>na</strong><br />

de vermos as “inovações pedagógicas” simplesmente servirem para acobertar concepções<br />

e relações a<strong>na</strong>crônicas, autoritárias e heteronormativas, que podem sobreviver<br />

inertes, intocadas ou, pior ainda, com ares de renovação, sob os rótulos mais<br />

sedutores e cativantes.<br />

Educação <strong>na</strong> diversidade<br />

O que parece ser minimamente desejável ao se falar em <strong>educação</strong> para a<br />

diversidade, <strong>na</strong> diversidade e pela diversidade é justamente a transformação da<br />

relação pedagógica e da construção partilhada do conhecimento. Algo tradicio<strong>na</strong>lmente<br />

autoritário, conformista, reificante se transmutaria em um processo<br />

vivo, criativo, crítico e desafiador, dotado de alta dimensão comunicativa, transformadora,<br />

libertária e emancipatória. Sem dúvida, a <strong>educação</strong> <strong>na</strong>, para e pela<br />

diversidade, nesse sentido, procura dizer respeito ao aprendizado da existência<br />

compartilhada, pacífica, cidadã e democrática, além de possuir um papel estratégico<br />

<strong>na</strong> promoção do diálogo permanente voltado para garantir igualdade de<br />

oportunidades, inclusão e integração social e o desfazimento das condições de<br />

reprodução de iniqüidades materiais e simbólicas.<br />

130 Assim como, nessa perspectiva, a luta contra o racismo é uma luta em favor de negros e não-negros,<br />

a luta contra a domi<strong>na</strong>ção masculi<strong>na</strong> e heteronormativa e contra a homofobia é uma luta de homens e<br />

mulheres, heterossexuais, homossexuais ou bissexuais, transgêneros e intersexos.<br />

131 A criação de condições para se lidar, <strong>na</strong> escola, de maneira adequada com temas relativos à diversidade<br />

<strong>sexual</strong> depende em grande medida de políticas públicas de <strong>educação</strong> que promovam, de maneira consistente,<br />

o seu reconhecimento. Ainda que louváveis, de pouco servirão ações isoladas se os temas da diversidade<br />

<strong>sexual</strong> estiverem ausentes da formação inicial e continuada de professores/as e das diretrizes para<br />

os sistemas de ensino. O mesmo se não houver incentivos à produção acadêmica e à divulgação científica<br />

nesta área e se, <strong>na</strong> elaboração de material didático, não houver preocupação com o respeito à diversidade<br />

<strong>sexual</strong>. Sem isso, é injusto esperar ou cobrar que docentes saibam ou se sintam motivados/as a trabalhar<br />

a diversidade <strong>sexual</strong> de maneira mais acolhedora. Vide: VIANNA e UNBEHAUM, 2006: 421-425.<br />

132 Ao se falar de “<strong>educação</strong> <strong>na</strong> diversidade” coloca-se a ênfase <strong>na</strong> perspectiva de incluir o “outro” e assegurar<br />

o seu pertencimento a todos os espaços sociais sem subalternizá-lo. A “<strong>educação</strong> para a diversidade”<br />

acentua a abertura em relação ao “novo”, o reconhecimento da legitimidade da “diferença”, para a reflexão<br />

acerca da produção de diferenças e semelhanças e, não menos importante, para a crítica das relações de<br />

poder que presidem suas produções. “Educar pela diversidade” implica procurar se valer das potencialida-<br />

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