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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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maneiras de ser, agir, pensar e sentir. E mais: procura-se favorecer o acolhimento de<br />

curiosidades que, da ótica (hetero)normativa, soavam como impertinentes, pois não<br />

facilmente domesticáveis. Aliás, Guacira Lopes Louro observa:<br />

410<br />

[...] sem a <strong>sexual</strong>idade não haveria curiosidade e sem curiosidade<br />

o ser humano não seria capaz de aprender. Tudo isso<br />

pode levar a apostar que uma teoria e uma política voltadas,<br />

inicialmente, para a multiplicidade da <strong>sexual</strong>idade, dos gêneros<br />

e dos corpos possam contribuir para transformar a <strong>educação</strong><br />

num processo mais prazeroso, efetivo e intenso (LOURO,<br />

004b: 8 e 004c: 7 ).<br />

Assim, parece-me desejável perceber a diversidade (inclusive a <strong>sexual</strong>) como<br />

um recurso social oxige<strong>na</strong>dor, dotado de alta potencialidade transformadora e libertadora,<br />

tanto em termos pessoais quanto coletivos. De resto, estudos recentemente<br />

divulgados pelas Nações Unidas mostram que a luta contra a pobreza não será<br />

vencida enquanto os países não trabalharem para que suas sociedades sejam culturalmente<br />

diversificadas e inclusivas (UNDP, 004). A valorização da diversidade e,<br />

portanto, o empenho pela construção de uma sociedade mais solidária, pluralista,<br />

sem preconceitos, discrimi<strong>na</strong>ções e violência, configuram-se fatores de fortalecimento<br />

da própria sociedade. 9<br />

Uma sociedade dotada de um projeto democrático tem, certamente, a ganhar<br />

com a busca incessante para garantir a inclusão de todos os seus indivíduos<br />

e grupos, com o reconhecimento de suas diferenças e com a incorporação (e não a<br />

normalização) das temáticas que a diversidade suscita. Ao assegurar que cada cidadã<br />

e cidadão, de maneira livre e criativa, possa fazer novas leituras de si e do mundo,<br />

ampliam-se as possibilidades de intervenção, de auto-invenção de individualidades<br />

e de estabelecimento de relações interpessoais a partir de novos pressupostos. Assim,<br />

cada um poderá desenvolver de forma mais espontânea suas habilidades, usufruir<br />

igualitariamente as oportunidades e ter as mesmas possibilidades de aprimorar<br />

129 É preciso lembrar que certas escolas situam-se no terreno da valorização de determi<strong>na</strong>das especificidades<br />

identitárias (de ordem confessio<strong>na</strong>l, étnica ou <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l), ou seja, trabalham no campo da diversidade<br />

sem, contudo, atuarem necessariamente como agentes de promoção da pluralidade no âmbito interno<br />

de suas instituições. Trata-se de uma opção que encontra respaldo constitucio<strong>na</strong>l desde que não resvale<br />

para a discrimi<strong>na</strong>ção ou para a construção de representações que situem algum grupo humano acima<br />

ou abaixo dos demais. Sociologicamente falando, são estratégias de reprodução (sobretudo simbólica)<br />

de determi<strong>na</strong>dos grupos (minoritários ou não) e estratégias de “distinção” (BOURDIEU, 1983a) em um<br />

campo educacio<strong>na</strong>l cada vez mais competitivo em termos filosóficos, pedagógicos e econômicos. Vale<br />

lembrar ainda que tais instituições estão, de todo modo, inseridas em contextos em que a diversidade está<br />

presente; afi<strong>na</strong>l, em todas as “comunidades” há mulheres e homens, homo e heterossexuais, crianças,<br />

jovens e adultos etc.

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