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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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Em outros termos: não é a qualidade do ensino que conduz necessariamente<br />

à coexistência pacífica e a um convívio democrático com a diversidade, mas, antes,<br />

é a efetiva promoção da diversidade que pode propiciar um ensino de qualidade e<br />

promotor de ambiências escolares regidas pela tão lembrada cultura de paz.<br />

A diversidade, se tensio<strong>na</strong>, instiga e inquieta; se percebida no âmbito de um<br />

processo dialógico, pode se revelar pedagógica. 8 Neste caso, ela ensi<strong>na</strong> à medida<br />

que nos propicia novas possibilidades de encontros, formas de (re)conhecimento e<br />

sensibilidades, oferecendo-nos oportunidades para desmistificar o que imagi<strong>na</strong>mos<br />

acerca de nós mesmos, dos “outros” e do mundo. É inestimável o que pode nos proporcio<strong>na</strong>r<br />

ao nos fazer avançar criticamente, sobretudo em relação a nós mesmos,<br />

aos nossos valores, significados, representações (e auto-representações, geralmente<br />

tão encantadas e generosas), limites, silêncios e possibilidades.<br />

Costuma-se observar que a estereotipia produz tanto percepções e visilibilidades<br />

viciadas, quanto determi<strong>na</strong>da invisibilidade. Esta última se daria à medida<br />

que a estereotipia oculta, obnubila ou impede a percepção de especificidades individuais<br />

de seres humanos identificados, objetivados, julgados e estigmatizados<br />

a partir dos prismas fornecidos pelos estereótipos. A imagem caricata que resulta<br />

desse processo tende, porém, a expressar mais as limitações inter<strong>na</strong>s de quem<br />

projeta o preconceito (SOARES, 004: ). Por isso, é preciso não perder de<br />

vista que os estereótipos constituem mais do que elementos de percepção e de<br />

invisibilização dos sujeitos observados através deles.<br />

Com efeito, Bhabha ( 00 : 0 ) chama a atenção para o fato de que o estereótipo<br />

se faz acompanhar por “um efeito de verdade probabilística e predictibilidade<br />

que [...] deve sempre estar em excesso do que pode ser provado empiricamente ou<br />

explicado logicamente”. Implicados em relações sociais e de poder, os estereótipos articulam-se<br />

com disposições normativas 9 e contribuem <strong>na</strong> produção de economias de<br />

visibilidade, de percepção e de autopercepção de todas as partes envolvidas. São pro-<br />

ótipos e reduzir preconceitos (ALLPORT, 1954 [1979]). Vide também: BARTH, 1990: 514-515.<br />

118 Bauman refere-se metaforicamente à solidariedade dos exploradores: “[...] cada um de nós explora um<br />

caminho diferente e traz de suas expedições descobertas um tanto diferentes. Nenhuma [...] pode ser declarada<br />

a priori como sem valor, e nenhum esforço honesto de achar a melhor forma para a humanidade<br />

comum pode ser descartada de antemão [...]. Ao contrário: a diversidade das descobertas aumenta a<br />

chance de que poucas das muitas possibilidades huma<strong>na</strong>s passem despercebidas e deixem de ser tentadas.<br />

Cada descoberta pode beneficiar todos os exploradores, qualquer que tenha sido o caminho tomado.<br />

Isso não quer dizer que todas as descobertas tenham o mesmo valor; mas seu verdadeiro valor só poderá<br />

ser estabelecido através de um longo diálogo, em que todas as vozes poderão ser ouvidas e comparações<br />

bem-intencio<strong>na</strong>das e de boa fé poderão ser feitas” (BAUMAN, 2003b: 122, grifos meus).<br />

119 Basta lembrar que estereótipos de gênero estão intrinsecamente associados a normas de gênero: as<br />

vítimas mais comuns de assédio sexista e homofóbico são as que apresentam discrepâncias em relação<br />

aos estereótipos de gêneros (HUMAN WATCH, 2001: 41). No mundo da <strong>educação</strong> e do trabalho, os estereótipos<br />

de gênero têm sido denunciados como fatores de segregação horizontal e vertical. Vide: ABRAMO,<br />

2003; BRUSCHINI e UNBEHAUM, 2002; YANNOULAS, 2002.<br />

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