14.04.2013 Views

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

000: 7 ), que não se dobre diante das exigências postas pela competitividade em<br />

estado puro, pelos “individualismos arrebatadores e possessivos” e pelo consumismo<br />

(ibid.: 47). 0 O consumismo é “o grande produtor ou encorajador de imobilismos”<br />

e “veículo de <strong>na</strong>rcisismos”; e a competitividade, um vale-tudo cuja prática “provoca<br />

um afrouxamento dos valores morais e um convite ao exercício da violência”. Juntos,<br />

“levam ao emagrecimento moral e intelectual da pessoa, à redução da perso<strong>na</strong>lidade<br />

e da visão do mundo” (ibid.: 49, 7). Por conseguinte, o “outro” emerge aí como<br />

“um obstáculo à realização dos fins de cada um e deve ser removido” (ibid.: 49,<br />

7). E isto é tanto mais fácil quanto mais distante de um modelo de cidadania<br />

estiver a sociedade – como a nossa, para a qual permanecem válidas as observações<br />

de Marile<strong>na</strong> Chaui ( 987: 4) acerca do autoritarismo da sociedade brasileira<br />

[...] as diferenças e as assimetrias sociais são imediatamente<br />

transformadas em desigualdades, e estas em relações de hierarquia,<br />

mando e obediência (situação que vai da família ao<br />

Estado, atravessa as instituições públicas e privadas, permeia<br />

a cultura e as relações interpessoais). Os indivíduos se distribuem<br />

imediatamente em superiores e inferiores, ainda que<br />

alguém superior numa relação possa tor<strong>na</strong>r-se inferior em outra,<br />

dependendo dos códigos de hierarquização que regem as<br />

relações sociais e pessoais [...], fazendo da violência simbólica<br />

a regra da vida social e cultural.<br />

É próprio das sociedades com fortes traços autoritários e entregues a competitividade<br />

e ao consumismo desenfreados a oposição a processos de promoção e<br />

valorização do pluralismo e de amplo reconhecimento da diversidade. Nelas, à primeira<br />

vista (e a muito custo), a adoção de modelos educacio<strong>na</strong>is inspirados ape<strong>na</strong>s<br />

<strong>na</strong>s “políticas de identidades” poderia inicialmente parecer representar um avanço.<br />

Algo como subir em um elevador no Titanic: um avanço ilusório.<br />

conformidade. Essa conformidade converte-se em conformismo quando o indivíduo não aproveita as possibilidades<br />

individuais de movimento, objetivamente presentes <strong>na</strong> vida cotidia<strong>na</strong> de sua sociedade, caso em<br />

que as motivações de conformidade [...] penetram <strong>na</strong>s formas não cotidia<strong>na</strong>s de atividade, sobretudo <strong>na</strong>s<br />

decisões morais e políticas, fazendo com que estas percam o seu caráter de decisões individuais”.<br />

110 Christopher Lasch (1983: 102) já alertava que o consumidor (mantido insatisfeito) é o principal produto<br />

num cenário em que o “consumo como modo de vida” é elevado à condição de resposta a descontentamentos,<br />

solidão, fadiga e insatisfação <strong>sexual</strong>.<br />

111 A relação entre hipertrofia do consumo e o definhamento da subjetividade já vem sendo denunciada<br />

desde Marcuse (1981 [1955] e 1982 [1964]) e encontrou em Foucault (1975 [1997] e 1976 [1988]) um de<br />

seus mais consistentes críticos.<br />

112 Conforme nota Santos (1996: 109-110), os microdespotismos do cotidiano nos levam à alie<strong>na</strong>ção de nós<br />

mesmos por meio de uma “estúpida compulsão do trabalho e do consumo” e aos quais se associa uma<br />

perda crescente da capacidade de nos pormos à-vontade uns com os outros.<br />

403

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!