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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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beral, pela preocupação com o direito das comunidades à autoafirmação<br />

e com o reconhecimento público de suas identidades<br />

por escolha ou por herança. Ele funcio<strong>na</strong>, porém, como força<br />

essencialmente conservadora: seu efeito é uma transformação<br />

das desigualdades incapazes de obterem aceitação pública em “diferenças<br />

culturais” [...]. A fealdade moral da privação é miraculosamente<br />

reencar<strong>na</strong>da <strong>na</strong> beleza estética da diversidade cultural<br />

(BAUMAN, 00 b: 97-98, grifos meus).<br />

Por isso, contrapondo-me às correntes da tolerância liberal e das que procuram<br />

fazer da diferença/diversidade um enclave paralisante, utilizo os termos diversidade,<br />

diferença e identidade à luz (e a partir das tensões) da idéia de multiplicidade<br />

(entre os grupos, dentro dos grupos). 07 Esta, conforme observa Silva ( 000: 00-<br />

0 ), é um fluxo produtor de diferenças irredutíveis à identidade e que se recusa a se<br />

fundir como o idêntico. Uma recusa que não se atém às paisagens emolduradas pelo<br />

fundacio<strong>na</strong>lismo essencialista, 08 pelas coorde<strong>na</strong>das do multiculturalismo liberal e<br />

pelos ditames puritanos e aparentemente inclusivos do “politicamente correto”.<br />

Uma <strong>educação</strong> que não esteja aberta para essa recusa, ainda que se autoproclame<br />

inclusiva e de qualidade, pouco distante estará do modelo criticado<br />

por Milton Santos:<br />

A <strong>educação</strong> corrente e formal, simplificadora das realidades<br />

do mundo, subordi<strong>na</strong>da à lógica dos negócios, subserviente às<br />

noções de sucesso, ensi<strong>na</strong> um humanismo sem coragem, mais<br />

desti<strong>na</strong>do a ser um corpo de doutri<strong>na</strong> independente do mundo<br />

real que nos cerca, conde<strong>na</strong>do a ser um humanismo silente, ultrapassado,<br />

incapaz de atingir uma visão sintética das coisas que<br />

existem [...] (SANTOS, 987: 4 ).<br />

O humanismo a ser ensi<strong>na</strong>do, segundo ele, tem que ser renovado continuamente,<br />

para “não ser conformista e poder dar resposta às aspirações efetivas da<br />

sociedade, necessárias ao trabalho permanente de recomposição do [ser humano]<br />

livre” (ibid.). 09 Um humanismo por “uma nova consciência de ser mundo” (id.,<br />

107 Para uma reflexão sobre a Diferença e o Diverso (“como pensamento filosófico, ético, estético, multiplicidade<br />

e abertura autônoma às diferenças”), vide: LINS, 1997: 69-111.<br />

108 Para uma crítica do fundacio<strong>na</strong>lismo essencialista em matéria de gênero e <strong>sexual</strong>idade, vide: BUTLER,<br />

2003 e LOURO, 2006.<br />

109 Agnes Heller (1992: 46) observa: “Todo [ser humano] necessita, inevitavelmente, de uma certa dose de

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