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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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004a: 8- 9). Neste sentido, as normas de gênero (BUTLER, 999, 00 e 00 )<br />

parecem operar aí com toda a sua força, fazendo com que o sexismo e a homofobia<br />

se configurem “como componentes necessários do regime binário das <strong>sexual</strong>idades”,<br />

de modo que a homofobia acaba por aí se converter em “uma guardiã das fronteiras<br />

sexuais (hetero/homo) e das de gênero (masculino/feminino)” (BORRILLO, 00 :<br />

). Bem por isso, é preciso considerar que ela age e produz efeitos sobre todos os<br />

indivíduos – homossexuais ou não, homens e mulheres, e caprichosamente sobre os<br />

homens heterossexuais. Sérgio Carrara problematiza ulteriormente ao observar que:<br />

374<br />

[...] se um adolescente ou um aluno manifesta qualquer si<strong>na</strong>l de<br />

homos<strong>sexual</strong>idade, logo aparece alguém chamando-o de “mulherzinha”<br />

ou “mariquinha”. O que poucos se perguntam é por<br />

que ser chamado de mulher pode ser ofensivo. Em que sentido<br />

ser feminino é mau? (CARRARA, 00 : 4).<br />

A dificuldade de se perceber a homofobia como um fenômeno intrinsecamente<br />

relacio<strong>na</strong>do a questões, relações e normas de gênero parece manter forte nexo<br />

com as repetidas críticas de que o conceito de homofobia se refere ape<strong>na</strong>s a casos de<br />

discrimi<strong>na</strong>ção contra homossexuais masculinos. Essa dificuldade é alimentada pelo<br />

equívoco em se pensar que seu radical homo tenha sido tomado do latim (língua<br />

<strong>na</strong> qual corresponde a “homem”) e não do grego. De todo modo, é preciso admitir<br />

que existe o risco de se falar quase que exclusivamente de gays quando se aborda<br />

os temas das homos<strong>sexual</strong>idades e da homofobia. No entanto, é razoável supor que<br />

a responsabilidade pelo silenciamento, pela negação ou pelo deslocamento da <strong>sexual</strong>idade<br />

femini<strong>na</strong> (KEHL, 998: 8 -94) e, portanto, da lesbianidade, deva ser buscada<br />

em outro lugar, e não no conceito de homofobia.<br />

Isto, porém, não retira a razão de grupos de lésbicas e de transgêneros empregarem<br />

os termos “lesbofobia” e “transfobia” (entre outros) com o intuito de conferirem<br />

maior visibilidade política às suas lutas, chamarem a atenção para determi<strong>na</strong>das<br />

especificidades e denunciarem o machismo presente <strong>na</strong> sociedade, <strong>na</strong>s instituições,<br />

nos movimentos sociais, no imaginário. Vale notar, todavia, que lesbofobia, transfobia<br />

e gayfobia são categorias políticas referentes a fenômenos que não encontram<br />

sentido ou possibilidade de realização a não ser a partir de uma homofobia de<br />

largo espectro. Uma ação discrimi<strong>na</strong>tória dirigida contra lésbicas parte sempre de<br />

26 Fundamentadas <strong>na</strong> “ideologia do dimorfismo <strong>sexual</strong>” e produtoras de subjetividades e estruturadoras de<br />

relações sociais, as normas de gênero encontram no campo da <strong>sexual</strong>idade reprodutiva um dos mais poderosos<br />

argumentos para justificar suas teses <strong>na</strong>turalizantes acerca das identidades sexuais e de gênero e,<br />

especialmente, as violações dos direitos das pessoas LGBTI. Vide: BORRILLO, 2001: 95-99; BENTO, 2006.

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