14.04.2013 Views

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

diosos/as, agentes de movimentos sociais e políticos, gestores públicos e operadores<br />

de diferentes áreas, como <strong>educação</strong>, direito, saúde, trabalho, segurança, cultura,<br />

comunicação etc. Nesse cenário, parece razoável supor que os raios de alcance do<br />

conceito de homofobia e das iniciativas que o tematizam não dependam ape<strong>na</strong>s<br />

do caráter polissêmico do conceito, das suas adoções imprecisas e das modalidades<br />

de enfrentamento adotadas. Além das disputas em torno dos entendimentos sobre<br />

homofobia, ainda poderão ser igualmente determi<strong>na</strong>ntes tanto as dinâmicas dos<br />

conflitos existentes ou desencadeados a partir das suas tematizações, como a compreensão<br />

acerca de seus nexos com outros fenômenos.<br />

A consistência das atuações que problematizam e visam desestabilizar ou<br />

superar a homofobia parece também estar relacio<strong>na</strong>da às condições objetivas dos<br />

campos sociais onde elas têm lugar e a partir dos quais se desdobram. Assim, o<br />

seu alcance relacio<strong>na</strong>-se ao conjunto e às dinâmicas das disputas e dos conflitos<br />

desencadeados quer inter<strong>na</strong>mente, quer exter<strong>na</strong>mente a esses campos. Os efeitos do<br />

empenho anti-homofóbico podem depender das lutas travadas não só entre setores<br />

contrapostos quanto às diferentes modalidades de reconhecimento da diversidade<br />

e, mais especificamente, da diversidade <strong>sexual</strong>: podem ser igualmente decisivos os<br />

conflitos travados no interior de cada uma dessas áreas. É politicamente relevante o<br />

fato de que agentes situados ou identificados como pertencentes às fileiras da antihomofobia<br />

ou da promoção de um “modelo democrático de compreensão dos direitos<br />

sexuais” dissintam a respeito de concepções e disputem, às vezes duramente,<br />

posições e recursos com outros agentes situados <strong>na</strong>s mesmas fileiras.<br />

No cerne dessas variadas disputas, é preciso atentar que estão em jogo diferentes<br />

compreensões em torno do fenômeno homofóbico e das suas inter-relações<br />

com outros fenômenos sociais e políticos que o alimentam e/ou são por ele alimentados.<br />

Por isso, no decorrer desse processo, parecem ser extremamente relevantes<br />

as tensões entre diferentes concepções de “<strong>educação</strong>”, “diversidade”, “diferença”,<br />

“identidade”, “Estado”, “democracia”, entre outras. Acio<strong>na</strong>das ao sabor de conflitos<br />

e concorrências (estruturados com base em valores, interesses, recursos, expecta-<br />

1 O que distingue um “tema” de um evento ou de uma classe de eventos não é ape<strong>na</strong>s o fato de se<br />

coletar uma série deles ao longo de um período, mas o de “fazer convergir esta série de eventos <strong>na</strong><br />

indicação de um problema que tenha significado público e que reclame uma solução (ou decisão)”<br />

(ROSITI, 1982: 139).<br />

2 Reporto-me ao conceito de “campo” tal como o concebe Pierre Bourdieu, enquanto espaço dotado de<br />

configuração relacio<strong>na</strong>l e de tensões inter<strong>na</strong>s, com estrutura e fronteiras dinâmicas, definidas de maneira<br />

processual, à medida que se desdobram conflitos sociais, simbólicos e políticos, inter<strong>na</strong> ou exter<strong>na</strong>mente<br />

ao próprio campo. Merece maiores estudos o papel que os conflitos envolvidos em iniciativas de problematização<br />

da homofobia podem cumprir <strong>na</strong> (re)estruturação do campo escolar. Sobre o conceito de “campo”,<br />

vide: BOURDIEU, 1983b: 89-94; 1992: 62-83; 1995: 108-122; BOURDIEU, CHARTIER e DARNTON, 1985:<br />

86-93; PINTO, 2000: 65-89, passim; JUNQUEIRA, 2001: 127-131.<br />

3 A expressão é de Roger Raupp Rios (s/d). Vide também: RIOS, 2007; CORRÊA, 2006.<br />

368

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!