Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco
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crianças e os adolescentes. Acaba adiando uma já tardia ação sistemática da escola. Depois, porque o cliente da escola é o aluno. Sempre que possível é bom e desejável trabalhar com os pais e as mães, mas não é uma condição sine qua non. Até porque os que comparecem aos chamamentos e aos convites da escola geralmente são os pais e as mães mais esclarecidos e que até precisam menos da ação educativa. Os que permanecem em casa são os mais necessitados, mas também os mais resistentes a essas ações e, conseqüentemente, à mudança. Um outro aspecto fundamental do trabalho com orientação sexual na escola é poder contar com material apropriado. O material didático deve possibilitar a problematização e o debate, portanto, deve ser aberto, instigador, lúdico. A sua distribuição para as escolas foi um dos grandes diferenciais do projeto. Apoiou as ações dos professores de forma muito evidente. Foi possível obter um material farto e muito bem selecionado para dar suporte ao trabalho reflexivo pretendido. Após varios anos de trabalho, avançamos muito e há coisas muito boas produzidas pelo mercado, pelos artistas e literatos e por organizações governamentais e não-governamentais. Além de todas essas opções, o projeto previu a elaboração de alguns materiais originais, concebidos especialmente para suas ações. Foram então criados dois jogos: “A Cidade e a Sexualidade”, para adolescentes, e “Brincando de Corpo e Gênero”, para crianças. Foi também produzido um vídeo de registro de todo o processo. Um livro dedicado à orientação sexual infantil, e dirigido aos professores que atuam nesta faixa etária, foi concebido, escrito, publicado e distribuído nas escolas de educação infantil da rede municipal de ensino. A equipe que cuidou do projeto nas creches foi a responsável pelo material. Ao longo dos dois anos de trabalho, publicamos boletins informativos, que foram distribuídos para todas as escolas que fizeram parte do projeto textos e artigos de interesse dos educadores foram concebidos para alimentar os encontros temáticos, as supervisões e também para constar do boletim informativo comemorativo de um ano e meio do projeto. Fizemos um levantamento completo dos projetos desenvolvidos pelos professores das escolas municipais de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos. Selecionamos 7 deles, para comporem uma nova publicação em livro para ser objeto de consulta em toda a rede de ensino e manter viva a chama do trabalho realizado. O livro Orientação Sexual: 348
Os Educadores Relatam Experiências retoma relatos de trabalhos realizados em 00 e 004 que podem servir de proposta, sugestão, dicas para o início de atividades nessa área, inclusão de uma atividade em projeto já em andamento, oportunidade para experimentar alguma nova ação pedagógica ou integrar diferentes conteúdos. Não pretende ser diretivo ou normativo, mas sim um elemento estimulador da continuidade de ações pedagógicas, da sua renovação ou de uma disposição para que elas comecem a acontecer. Sua publicação foi inicialmente prevista para ser lançada ao final de 004, mas isso só pôde efetivamente acontecer em 00 , visto que os pagamentos da Prefeitura de São Paulo foram suspensos e escalonados em vários anos, após o término oficial do projeto. Contamos com uma equipe de avaliação externa que acompanhou todo o trabalho do projeto, reuniu-se periodicamente com a coordenação, elaborou e orientou a aplicação de instrumentos, tabulou e analisou os dados da avaliação. A instituição contratada para esse trabalho foi o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural, de Ação Comunitária (Ideca), que nos deu feedbacks valiosos ao longo das atividades e realizou uma avaliação final que pode servir de subsídio a outros trabalhos, do mesmo porte de dificuldades que aquele que implementamos. No trabalho de orientação sexual na escola, lida-se com valores sem procurar impô-los, o que não é tarefa fácil. A postura utilizada é a da condução de debates, nos quais a informação é elemento essencial, mas não suficiente. Daí o uso de metodologia participativa, em que o conhecimento se constrói coletivamente. Verdades não são impostas, nem o professor assume posicionamentos diretivos. Ele tem como referência valores gerais, como o respeito ao outro, à diversidade, à inclusão social e à democracia. O que importa é o processo de construir conhecimentos e incorporar comportamentos e ações consistentes. Quem participou do processo, formadores e educadores, sabe a importância que isso tem. Não há milagre. E nada se faz da noite para o dia. É o esforço permanente, continuado, que dá frutos. O tema é complexo e atualizarse dá trabalho, supõe tempo, estudo, disposição para aprender, rever-se, como atestam projetos desenvolvidos por muitos anos em escolas particulares de São Paulo, onde assessorei e coordenei, pelo GTPOS, trabalhos de orientação sexual. São os colégios Pio XII, Miguel de Cervantes, Beatíssima Virgem Maria, Bandeirantes, Santa Maria, Porto Seguro e Santa Cruz, entre outros. Sua eficácia já foi muitas vezes testada, os resultados são sempre compensadores. 349
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crianças e os adolescentes. Acaba adiando uma já tardia ação sistemática da<br />
escola. Depois, porque o cliente da escola é o aluno. Sempre que possível é bom<br />
e desejável trabalhar com os pais e as mães, mas não é uma condição sine qua<br />
non. Até porque os que comparecem aos chamamentos e aos convites da escola<br />
geralmente são os pais e as mães mais esclarecidos e que até precisam menos<br />
da ação educativa. Os que permanecem em casa são os mais necessitados, mas<br />
também os mais resistentes a essas ações e, conseqüentemente, à mudança.<br />
Um outro aspecto fundamental do trabalho com orientação <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> escola<br />
é poder contar com material apropriado. O material didático deve possibilitar<br />
a problematização e o debate, portanto, deve ser aberto, instigador, lúdico.<br />
A sua distribuição para as escolas foi um dos grandes diferenciais do projeto.<br />
Apoiou as ações dos professores de forma muito evidente. Foi possível obter<br />
um material farto e muito bem selecio<strong>na</strong>do para dar suporte ao trabalho reflexivo<br />
pretendido. Após varios anos de trabalho, avançamos muito e há coisas<br />
muito boas produzidas pelo mercado, pelos artistas e literatos e por organizações<br />
gover<strong>na</strong>mentais e não-gover<strong>na</strong>mentais.<br />
Além de todas essas opções, o projeto previu a elaboração de alguns materiais<br />
origi<strong>na</strong>is, concebidos especialmente para suas ações. Foram então criados<br />
dois jogos: “A Cidade e a Sexualidade”, para adolescentes, e “Brincando de<br />
Corpo e Gênero”, para crianças. Foi também produzido um vídeo de registro<br />
de todo o processo.<br />
Um livro dedicado à orientação <strong>sexual</strong> infantil, e dirigido aos professores<br />
que atuam nesta faixa etária, foi concebido, escrito, publicado e distribuído <strong>na</strong>s<br />
escolas de <strong>educação</strong> infantil da rede municipal de ensino. A equipe que cuidou<br />
do projeto <strong>na</strong>s creches foi a responsável pelo material.<br />
Ao longo dos dois anos de trabalho, publicamos boletins informativos,<br />
que foram distribuídos para todas as escolas que fizeram parte do projeto textos<br />
e artigos de interesse dos educadores foram concebidos para alimentar os<br />
encontros temáticos, as supervisões e também para constar do boletim informativo<br />
comemorativo de um ano e meio do projeto.<br />
Fizemos um levantamento completo dos projetos desenvolvidos pelos<br />
professores das escolas municipais de Educação Infantil, Ensino Fundamental<br />
e Educação de Jovens e Adultos. Selecio<strong>na</strong>mos 7 deles, para comporem uma<br />
nova publicação em livro para ser objeto de consulta em toda a rede de ensino<br />
e manter viva a chama do trabalho realizado. O livro Orientação Sexual:<br />
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