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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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[...] o grande desafio não é ape<strong>na</strong>s assumir que as posições de<br />

gênero e sexuais se multiplicaram e, então, que é impossível lidar<br />

com elas apoiadas em esquemas binários; mas também admitir<br />

que as fronteiras vêm sendo constantemente atravessadas e – o<br />

que é ainda mais complicado – que o lugar social no qual alguns<br />

sujeitos vivem é exatamente a fronteira (LOURO, 00 : 4 ).<br />

Pode se dizer que as reflexões e as críticas advindas do movimento de liberação<br />

gay e do feminismo lésbico contribuíram para o surgimento da teoria queer<br />

<strong>na</strong> medida em que algumas de suas análises possibilitaram o rompimento com os<br />

modelos que buscavam definir e legitimar uma única identidade homos<strong>sexual</strong>. A<br />

política da identidade, desenvolvida até então, passou a ser criticada pela perspectiva<br />

queer, ao passo que esta deixava de fora certos sujeitos que não faziam parte de um<br />

pretenso modelo identitário de homos<strong>sexual</strong>idade, então hegemônico, construído<br />

pelo movimento gay e lésbico. Por exemplo, travestis, drag queens, sadomasoquistas,<br />

além de não possuírem um mesmo status de reconhecimento identitário, eram<br />

vítimas de preconceito e exclusão dentro do próprio movimento. A teoria queer irá<br />

questio<strong>na</strong>r não só o caráter fixo desta suposta “identidade homos<strong>sexual</strong>”, mas também<br />

seus limites e suas fronteiras. Com isso, substitui-se a visão de uma identidade<br />

fixa e única por uma política da diferença – conceito central presente no pós-estruturalismo<br />

– caracterizando um novo momento: uma política pós-identitária.<br />

As análises foucaultia<strong>na</strong>s das “inter-relações do conhecimento, poder e <strong>sexual</strong>idade<br />

foram o mais importante catalisador intelectual da teoria queer” (SPARGO,<br />

999: 8). Para a autora, Foucault não é a origem da teoria queer nem é a teoria queer<br />

o destino do seu pensamento, entretanto, ele demonstrou como discursos sobre a<br />

<strong>sexual</strong>idade foram construídos pela humanidade ao longo de sua história, proporcio<strong>na</strong>ndo<br />

o movimento intelectual que “culminou no atual momento queer” (ibid.: 0).<br />

Diferentes vozes dentro do próprio movimento homos<strong>sexual</strong> continuavam denunciando<br />

uma excludente política da identidade, pondo em dúvida a necessidade de<br />

uma identidade unificada. A epidemia do HIV, no início da década de 980, mostrou<br />

a fragilidade do discurso político identitário voltado para esta unidade anteriormente<br />

13 Louro (2001: 544) apresenta um panorama histórico do discurso político e teórico no movimento homos<strong>sexual</strong>,<br />

<strong>na</strong>s últimas três décadas, apontando para a tentativa reguladora de se determi<strong>na</strong>r uma representação<br />

“positiva” para identidade gay baseada <strong>na</strong> “escolha do objeto amoroso” (alguém do mesmo sexo) como<br />

definidor da identidade <strong>sexual</strong>. Este modelo parece não ter sido o suficiente para explicar, por exemplo, os<br />

grupos que se definem pelo tipo de práticas sexuais (os/as que praticam o sadomasoquismo), ou os grupos<br />

que escorregam <strong>na</strong>s fronteiras de gênero (os/as transexuais), ou o grupo que não direcio<strong>na</strong> de modo<br />

fixo o seu objeto de desejo (como os/as bissexuais).

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