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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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Brasil, Hélio Jaguaribe afirmou que os excluídos constituíam-se <strong>na</strong> “pobreza crescente”,<br />

resultante da crise econômica que se instalou no país a partir dos anos 980; nos<br />

anos 990, Cristovam Buarque alegou que a exclusão afetava a “paz social” e podia<br />

confi<strong>na</strong>r grande parte da população num “apartheid 4 informal”, numa separação social<br />

cada vez mais evidente entre pobres e ricos (FISCHER e MARQUES, 00 : ).<br />

No contexto mundial dos países capitalistas ocidentais, o direcio<strong>na</strong>mento<br />

dado inicialmente ao conceito e à compreensão de uma exclusão social atrelada<br />

a fatores econômicos deveu-se, em muito, à influência e ao poder de análise conjuntural<br />

baseados no materialismo dialético. No entanto, mesmo reconhecendo a<br />

influência do marxismo no pensamento a<strong>na</strong>lítico contemporâneo, a classe social<br />

não é a única identidade cultural constitutiva dos sujeitos sociais, nem tampouco<br />

ocupa a centralidade dos processos de desigualdade e exclusão social para muitas<br />

pessoas. Para a teorização pós-estruturalista e para as teorias educacio<strong>na</strong>is (pedagógicas)<br />

pós-críticas, os sujeitos sociais são constituídos de inúmeras identidades<br />

culturais (como a classe social, o sexo, o gênero, a <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidade, a raça, a<br />

etnia, a geração, a <strong>sexual</strong>idade, a religião etc.). Essas identidades estabelecem entre<br />

si interdependências e interfaces que podem ser convergentes ou divergentes,<br />

complementares ou excludentes, definindo o tipo de experiência social de cada<br />

pessoa. Por exemplo, para muitas mulheres, não é a classe o fator determi<strong>na</strong>nte<br />

de sua subordi<strong>na</strong>ção e/ou exclusão social, mas sim o gênero; para outras pessoas,<br />

pode ser a raça ou a <strong>sexual</strong>idade. Se entendermos que os sujeitos se constituem<br />

de múltiplas identidades, tor<strong>na</strong>-se i<strong>na</strong>dequado eleger “uma” como “a” identidade<br />

explicativa universal – como o marcador central para compreensão dos mecanismos<br />

que levam às desigualdades sociais.<br />

“Margi<strong>na</strong>is”, “minorias”, “excluídos/as”, todos/as construídos/as por um<br />

processo de segregação concebido não ape<strong>na</strong>s a partir do ponto de vista da i<strong>na</strong>cessibilidade<br />

aos meios econômicos de subsistência (como ao emprego, aos bens<br />

e serviços decorrentes da renda), mas também da falta de acesso à segurança, à<br />

moradia, à justiça, aos direitos civis, à cidadania. Uma i<strong>na</strong>cessibilidade decorrente,<br />

sobretudo, dos possíveis níveis de negatividade no contexto social, cultural e político<br />

das representações, dos significados culturais presentes e constituintes das<br />

identidades desses sujeitos.<br />

O que isso tem a ver com a Educação? Qual a relação disso com a<br />

Educação Sexual?<br />

4 O termo apartheid significa “viver em separado” em africânder, dialeto holandês falado pela minoria boera<br />

sul-africa<strong>na</strong>. O termo se refere ao regime político de segregação racial instituído <strong>na</strong> África do Sul, que<br />

vigorou de 1948 a 1990.<br />

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