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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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tica. Não temos o hábito de nos referir à maioria dos indivíduos<br />

dizendo “fulano é heteros<strong>sexual</strong>”, mas sim professor, industrial<br />

(COSTA, 99 : ).<br />

Para além da pertinente discussão acerca da substituição do termo “homos<strong>sexual</strong>idade”<br />

por “homoerotismo”, é preciso de todo modo considerar que a nossa<br />

sociedade toma como padrão um modelo hegemônico de identidade e de orientação<br />

afetivo-<strong>sexual</strong> que tem <strong>na</strong> heteros<strong>sexual</strong>idade seu ponto de referência central:<br />

a heteronormatividade. Assumindo uma condição homos<strong>sexual</strong> ou bis<strong>sexual</strong>, por<br />

exemplo, a pessoa passa a ser vista de forma diferente: em lugar de ser considerada<br />

um sujeito histórico e social, passa a ser vista como uma “coisa”, uma “identidade”<br />

relacio<strong>na</strong>da a um fenômeno que, em geral, tem representações culturais <strong>na</strong>s quais<br />

predomi<strong>na</strong> o sentido desvantajoso.<br />

A necessidade de refletir sobre o que significa uma identidade ao mesmo<br />

tempo deficiente e homos<strong>sexual</strong>, ou seja, uma identidade em que se somam duas<br />

ou mais características consideradas desvantajosas, é imperativa atualmente, porque<br />

sempre que nos defrontamos com padrões históricos e estes são considerados em<br />

algumas instâncias ou instituições como realidades inflexíveis, temos diante de nós<br />

uma ideologia perigosa, que produz exclusão, violência e discrimi<strong>na</strong>ção.<br />

Segundo Guacira Lopes Louro ( 00 ), a sociedade brasileira compactua,<br />

em geral, com um conjunto de leis, normas e idéias religiosas e morais que discrimi<strong>na</strong>m<br />

os sujeitos em função do exercício de sua <strong>sexual</strong>idade, incluindo aí a<br />

prática <strong>sexual</strong> não-heteros<strong>sexual</strong>.<br />

Sei que a sociedade trata desigualmente esses sujeitos e valoriza<br />

diferentemente essas práticas. Sei que tudo isso é atravessado<br />

e constituído por processos de classificação, hierarquização, de<br />

atribuição de valores de legitimidade e ilegitimidade; que sujeitos<br />

são acolhidos ou desprezados conforme as posições que ocupem<br />

ou ousem experimentar. Sei que tudo isso está, seguramente,<br />

embaralhado com questões de poder (LOURO, 00 : ).<br />

Neste sentido, o “estranho”, o “diferente” é o deficiente, é o homos<strong>sexual</strong> ou<br />

homoerótico, são aqueles que a sociedade rotula com uma “identidade” que desig<strong>na</strong><br />

o fenômeno socialmente identificado e julgado, sobrepondo-se o rótulo; o estereótipo<br />

à existência do sujeito e à sua individualidade.<br />

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