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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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Julia<strong>na</strong> da Silva-Costa ( 000) esclarece:<br />

Ao se adicio<strong>na</strong>r às dificuldades da adolescência uma deficiência<br />

física qualquer, o indivíduo poderá encontrar-se numa condição<br />

que dificultará o acesso e/ou pertencimento a uma “turma”, a<br />

um grupo de “iguais”. As características diferenciadas do deficiente<br />

físico, sejam as per<strong>na</strong>s paralisadas ou os braços defeituosos,<br />

apresentam-se como uma barreira, um obstáculo que distancia<br />

as outras pessoas; tal distância envolve os interesses afetivos<br />

e também a atração <strong>sexual</strong>. A aparência física passa a ser uma<br />

marca que o indivíduo possui e que o distingue pejorativamente<br />

dos outros; uma diferença que leva à segregação social, fazendo<br />

com que seja margi<strong>na</strong>lizado pela sociedade. O desenvolvimento<br />

da <strong>sexual</strong>idade como um aspecto comum da vida passa então a<br />

ser um entrave, ainda maior para o desenvolvimento do adolescente<br />

portador de deficiência (SILVA-COSTA, 000: ).<br />

Seja em relação à deficiência mental, seja em relação à deficiência física, devemos<br />

considerar o que a condição deficiente pode implicar para a vida <strong>sexual</strong> e para<br />

a <strong>sexual</strong>idade: em termos da ocorrência de problemas orgânicos ou em relação aos<br />

fatores psicológicos e sociais. Na medida em que consideramos que as dificuldades enfrentadas<br />

pelos sujeitos são múltiplas, e que irão influenciar a maneira como a própria<br />

pessoa com deficiência vai desenvolver a sua <strong>sexual</strong>idade e compreender suas possíveis<br />

limitações físicas no campo <strong>sexual</strong>, os profissio<strong>na</strong>is que trabalham com esses sujeitos<br />

não podem limitar sua visão a estereótipos, a preconceitos ou a uma visão que se limita<br />

a reproduzir concepções pessoais, mas eles devem, necessariamente, refletir de forma<br />

contínua sobre tais concepções de modo que sua ação implique sempre uma compreensão<br />

clara sobre os fins almejados e sobre o modo como eles foram definidos.<br />

Também é preciso considerar que o julgamento de determi<strong>na</strong>das características<br />

como algo ruim está inserido em um contexto histórico e cultural. Assim, em<br />

nossa sociedade, por exemplo, à condição da deficiência somam-se, eventualmente,<br />

outros preconceitos, como os relativos a gênero, à orientação <strong>sexual</strong>, à raça, à etnia e<br />

à condição sociocultural e econômica. Exemplifico ao citar o estudo de Arlete Camargo<br />

Salimene ( 99 ) que enfatizou, a partir do relato tanto de homens que sofreram<br />

lesão medular como de suas companheiras, que os limites <strong>na</strong> resposta <strong>sexual</strong><br />

desses homens lesio<strong>na</strong>dos referem-se a um impacto quanto à identidade masculi<strong>na</strong>.<br />

Segundo a autora, muitas vezes as dificuldades desses homens em relação à ereção<br />

e ao orgasmo foram menores que as dificuldades relativas à manutenção do papel<br />

masculino, provedor e patriarcal diante das esposas e da sociedade.<br />

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