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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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edes de ativistas e educadores e implementam-se políticas públicas antidiscrimi<strong>na</strong>tórias,<br />

4 <strong>na</strong> esteira de uma agenda dos direitos humanos promovida cada vez<br />

mais em níveis extra<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.<br />

Gênero e homofobia: o caso da masculinidade hegemônica<br />

Orquestrados pela heteronormatividade, os processos de construção de sujeitos<br />

compulsoriamente heterossexuais se fazem acompanhar pela rejeição da homos<strong>sexual</strong>idade<br />

(LOURO, 999: 7), expressa por meio de atitudes, enunciações e<br />

comportamentos, não raro, abertamente homofóbicos. Disto resulta que “homem<br />

que é homem bate em veado”. E embora para a instituição heteronormativa da seqüência<br />

sexo-gênero-<strong>sexual</strong>idade concorram diversos espaços sociais e institucio<strong>na</strong>is,<br />

parece ser <strong>na</strong> escola e <strong>na</strong> família onde se verificam seus momentos cruciais. Assim, é<br />

razoável supor que, <strong>na</strong> escola, a homofobia produza efeitos sobre todo o alu<strong>na</strong>do.<br />

Neste ambiente (e não só aqui), os processos de constituição de sujeitos e de<br />

produção de identidades heterossexuais produzem e alimentam a homofobia e a misoginia,<br />

especialmente entre os meninos e os rapazes. Para eles, o “outro” passa a ser<br />

principalmente as mulheres e os gays e, para merecerem suas identidades masculi<strong>na</strong>s<br />

e heterossexuais, deverão dar mostras contínuas de terem exorcizado de si mesmos<br />

a feminilidade e a homos<strong>sexual</strong>idade (LOURO, 004a: 8 ; DIAS e GAMBINI,<br />

999: 7 - 79). À disposição deles estará um inesgotável arse<strong>na</strong>l “inofensivo” de<br />

piadas e brincadeiras (racistas, misógi<strong>na</strong>s e homofóbicas). 7 E eles deverão, entre<br />

outras coisas, ser cautelosos <strong>na</strong> expressão de intimidade com outros homens, conter<br />

13 Por ex.: The Global Alliance for LGBT Education (GALE); Gay, Lesbian, and Straight Education Network<br />

(GLSEN), nos EUA; Gay and Lesbian Educators of British Columbia (GALE-BC), no Ca<strong>na</strong>dá; Gay and<br />

Lesbian Educatio<strong>na</strong>l Equity (GLEE Project), <strong>na</strong> União Européia; Transfer of Information to Combat Discrimi<strong>na</strong>tion<br />

Against Gays and Lesbians in Europe (TRIANGLE), <strong>na</strong> Alemanha, Áustria, Holanda e Itália;<br />

Respectme, no Reino Unido; cente<strong>na</strong>s de programas como: Harvey Milk School, em Nova York; Triangle<br />

Program, em Toronto, Camp fYrefly, em Edmonton (Ca<strong>na</strong>dá) etc.<br />

14 Com distintos graus de consistência, medidas em favor dos direitos de LGBT vêm sendo adotadas em<br />

diferentes níveis gover<strong>na</strong>mentais e administrativos em muitos países: União Européia, Austrália, Nova Zelândia,<br />

Ilhas Fiji, África do Sul, EUA, Ca<strong>na</strong>dá, Argenti<strong>na</strong>, Colômbia, Equador e México, entre outros.<br />

15 Os “Princípios de Yogyakarta” (2006) são um bom exemplo [www.yogyakartaprinciples.org/principles_<br />

sp.pdf]. Vale observar ainda que o Brasil tem sido um importante ator nesse cenário. O país levou o tema<br />

para a Conferência Regio<strong>na</strong>l das Américas (Santiago, 2000) e defendeu-o <strong>na</strong> Conferência Mundial contra<br />

o Racismo, a Discrimi<strong>na</strong>ção Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância (Durban, 2001). Em<br />

2004, apresentou a Resolução “Orientação Sexual e Direitos Humanos” no Conselho de Direitos Humanos<br />

da ONU e é sig<strong>na</strong>tário das “Declarações” da Nova Zelândia (2005) e da Noruega (2006). O programa<br />

“Brasil sem Homofobia” constitui um marco para a formulação de políticas públicas nesta área.<br />

16 Sobre a “heteros<strong>sexual</strong>ização compulsória”, vide: BUTLER, 2003.<br />

17 Tais brincadeiras camuflam injúrias e insultos, autênticos instrumentos de objetivação (BOURDIEU, 1983:<br />

73). São jogos de poder que marcam a consciência, inscrevem-se no corpo e <strong>na</strong> memória e moldam as<br />

relações com o mundo (ÉRIBON, 2008:27-28). Sobre insultos, vide também: FLYNN, 1977; PRESTON<br />

e STANLEY, 1987. Sobre a ambigüidade do papel do humor <strong>na</strong> afirmação ou <strong>na</strong> crítica a estereótipos e<br />

hierarquizações opressivas, vide, por ex.: POSSENTI, 2001: 72-74, 2002a e 2002b: 227-239.<br />

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