14.04.2013 Views

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

de gênero são freqüentes e assustadores no âmbito escolar desde tenra idade, e muitas<br />

vezes ainda continuam ignorados em nível institucio<strong>na</strong>l. Relatos de estudantes que<br />

questio<strong>na</strong>m mais ostensivamente os bi<strong>na</strong>rismos de gênero, a partir de suas maneiras de<br />

vestir, andar, falar e gesticular – que comumente são chamados <strong>na</strong> escola de “meni<strong>na</strong>s<br />

masculinizadas” ou de “meninos efemi<strong>na</strong>dos” – revelam que, em geral, são obrigados a<br />

abando<strong>na</strong>r os estudos devido aos preconceitos que sofrem por não seguirem os modelos<br />

de gênero esperados para seu sexo. Sabemos, portanto, que gays, lésbicas e transgêneros<br />

não ape<strong>na</strong>s têm menos direitos do que os indivíduos heterossexuais, mas que<br />

também estão mais sujeitos à violência, à discrimi<strong>na</strong>ção e ao preconceito em diversos<br />

âmbitos da vida social, tanto <strong>na</strong> vida adulta quanto <strong>na</strong> infância e <strong>na</strong> juventude.<br />

Refletimos aqui, porém, sobre uma nova modalidade de preconceito e de discrimi<strong>na</strong>ção,<br />

também associada à orientação <strong>sexual</strong> e à identidade de gênero não<br />

hegemônicas, que é a sofrida por crianças e por jovens em idade escolar – os filhos<br />

e as filhas de mulheres lésbicas e de homens gays – seja vivendo em situações de<br />

conjugalidade e, portanto, de dupla filiação, seja em situações de monoparentalidade.<br />

Tais crianças constituem um conjunto crescente de alunos e alu<strong>na</strong>s das escolas<br />

brasileiras, até o momento praticamente ignorado, já que a vivência pública da<br />

maternidade e da paternidade por gays e lésbicas ainda é uma realidade recente no<br />

Brasil. Na escola, essas famílias são geralmente invisíveis, com pais e mães muitas<br />

vezes orientando seus filhos e filhas a omitirem de seus colegas, professores, funcionários<br />

e diretores a composição não-convencio<strong>na</strong>l de sua família, especialmente nos<br />

casos em que as crianças convivem com um casal de indivíduos do mesmo sexo, por<br />

receio de que sejam vítimas de preconceito, de discrimi<strong>na</strong>ção e de violência. Poucas<br />

são também as iniciativas, <strong>na</strong>s escolas voltadas a escutar e a respeitar estas diferenças<br />

<strong>na</strong> organização familiar de seus estudantes, mesmo nos casos em que é visível o<br />

compartilhamento da guarda das crianças por casais não-heterossexuais.<br />

A dimensão social da família e sua diversidade<br />

<strong>na</strong> contemporaneidade<br />

Cientistas sociais de todas as partes do mundo há muito têm constatado que<br />

as formas de organização da família variam muito no tempo e no espaço, havendo<br />

múltiplas possibilidades de organização dos laços de consangüinidade e de afinidade<br />

entre as pessoas (PARKIN e STONE, 004).<br />

5 Pesquisas realizadas em Santa Catari<strong>na</strong> são ilustrativas sobre este ponto. O trabalho de Fer<strong>na</strong>nda Cardozo<br />

(2006) sobre parentalidades travestis recupera depoimentos de travestis que foram obrigadas a abando<strong>na</strong>r<br />

a escola por esta razão. As observações de Débora Sayão (2005) sobre jogos e performances infantis<br />

<strong>na</strong> pré-escola mostram que crianças são consideradas “fora de seu gênero” quando não correspondem<br />

aos padrões esperados para meninos e meni<strong>na</strong>s.<br />

161

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!