Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco
Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco
A Escola e @s Filh@s de Lésbicas e Gays: reflexões sobre conjugalidade e parentalidade no Brasil Luiz Mello* Miriam Pillar Grossi** Anna Paula Uziel*** Buscamos neste texto trazer elementos que auxiliem profissionais do ensino e do corpo diretor de escolas a acolher positivamente crianças cujos pais vivam em situação de conjugalidade homoerótica ou que se reconheçam socialmente como gays, lésbicas ou bissexuais. Como questão social, o tema parece ainda invisível no Brasil mas, a partir da bibliografia especializada e dos trabalhos que temos realizado na rede de pesquisa “Parceria civil, conjugalidades e homoparentalidades”, sabemos que a filiação é um fenômeno cada vez mais * Professor adjunto do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Goiás. Possui Graduação em Ciências Sociais (1989), Mestrado (1991) e Doutorado (1999) em Sociologia pela Universidade de Brasília. Realizou Pós-Doutorado na Universidad Complutense de Madrid (2006/2007), onde desenvolveu a pesquisa “Novas famílias e uniões homossexuais: um estudo comparativo Espanha, Portugal e Brasil”. Coordenador do Ser-Tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade da UFG. ** É professora dos Programas de Pós-graduação em Antropologia Social e Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina. Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1981), Mestrado (1983), Doutorado (1988) em Antropologia Social e Cultural pela Université de Paris V (1983) e Pós-doutorado realizado no Laboratoire d´Anthropologie Sociale (1996/1998). Coordenadora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS) da UFSC. *** Psicóloga, professora adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pesquisadora associada do Centro-Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (IMS/Uerj). Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio, doutora em Ciências Sociais pela Unicamp. É professora também do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Uerj. Coordena o Curso de Especialização em Psicologia Jurídica/Uerj. 1 Esta rede foi fundada em 2004 e é coordenada pelos professores Miriam Pillar Grossi, Luiz Mello e Anna Paula Uziel. Reúne docentes, pesquisadores e estudantes do Brasil e da América Latina que se debruçam sobre questões relativas à parentalidade e à conjugalidade entre pessoas do mesmo sexo.
presente nos lares de casais de pessoas do mesmo sexo, no Brasil e no mundo. Pensamos que a escola precisa se preparar para receber estas crianças em um ambiente livre de preconceitos e de discriminações. Como fio condutor, abordamos sucintamente a seguir aspectos da questão que consideramos fundamentais: . direitos humanos, sexualidades e identidades de gênero não-convencionais; . a família como instituição social e sua diversidade na contemporaneidade; . a liberdade de orientação sexual e de identidade de gênero como campos de luta política; 4. a especificidade das famílias formadas por adultos homossexuais e seus filhos; . a escola como instituição central na aceitação social de famílias homoparentais. Direitos humanos, sexualidades e identidades de gênero não convencionais Ao refletimos sobre os direitos civis de gays e lésbicas, geralmente temos em mente adultos a quem são negadas prerrogativas elementares de cidadania. Isto se dá, especialmente no âmbito da conjugalidade e da parentalidade, dada a inexistência de arcabouço legal que regulamente as uniões afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por homens e mulheres cuja orientação sexual e identidade de gênero não sejam convencionais. Dificilmente pensamos que jovens e crianças possam também ter seus direitos civis negados por serem filhos e filhas de pais e mães homossexuais. Saímos de nosso adultocentrismo, no máximo, quando ficamos chocados com as informações estatísticas que explicitam o fato de que adolescentes gays, lésbicas e transgêneros têm uma probabilidade significativamente mais alta de cometer suicídio, quando comparados a seus iguais heterossexuais, devido às pressões internas e sociais que são obrigados a enfrentar em conseqüência de sua não-inserção nos padrões dominantes de exercício da afetividade e da sexualidade. Da mesma forma, pouco se aborda na escola a situação de crianças que não se enquadram nos modelos de identidade de gênero hegemônicos, ignorando-se conflitos e sofrimentos decorrentes de preconceitos, discriminações e violências de gênero, homofóbicas ou transfóbicas. Os casos de bullying 4 associados à intolerância sexual e 2 Utilizamos a expressão “orientação sexual e identidade de gênero não-convencionais” para definir escolhas afetivas, sexuais e de identidades corporais de indivíduos que fogem aos padrões culturais vigentes em nossa sociedade, que associam sexo (biológico) ao gênero, construto social que define identidades masculinas e femininas (HÉRITIER, 1996; SCOTT, 1998; BUTLER, 2003b). 3 Artigo publicado na Archives of Pediatric and Adolescent Medicine (GAROFALO et al.,1999) sustenta que o índice de suicídio entre adolescentes homossexuais é três vezes maior que entre seus pares heterossexuais. 4 Entende-se por bullying “o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob tensão; termo que conceitua os comportamentos agressivos anti-sociais, utilizado pela literatura psicológica anglo-saxônica nos estudos sobre o problema da violência escolar” (FANTE, 2005: 27). 160
- Page 101 and 102: ção” na fase narcísica, respon
- Page 103 and 104: A mãe que mostra ter sido a lei pa
- Page 105 and 106: cujas razões (na espécie humana e
- Page 107 and 108: Diversas críticas podem ser feitas
- Page 109 and 110: definição ainda muito limitada, p
- Page 111 and 112: dentes, superando toda predetermina
- Page 113 and 114: O mesmo se deu com a valorização
- Page 115 and 116: lação ao que “não se pode ir c
- Page 117 and 118: CHAUÍ, Marilena. O que é ideologi
- Page 119 and 120: RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e d
- Page 121 and 122: vemos uma grande ampliação no ace
- Page 123 and 124: das ONGs de gueis, lésbicas, trave
- Page 125 and 126: que há diversos grupos na sociedad
- Page 127 and 128: quem eles podem dialogar, embora ne
- Page 129 and 130: Vou mais adiante no exemplo que env
- Page 131 and 132: 136 discussão. Nada deve ser feito
- Page 133 and 134: 138 Bibliografia para aprofundament
- Page 135 and 136: Construção de Comportamentos Homo
- Page 137 and 138: que desenhamos para nossas vidas po
- Page 139 and 140: tempo todo nos comparando, escrutin
- Page 141 and 142: seus erros (TREVISAN, 000). Ao se a
- Page 143 and 144: permeadas por uma série de “libe
- Page 145 and 146: De que forma as meninas seguem suas
- Page 147 and 148: subordina todas as outras - são um
- Page 149 and 150: segredos mais caros. Nesse sentido,
- Page 151: HALL, Stuart. A identidade cultural
- Page 155 and 156: Não há dúvidas, porém, de que c
- Page 157 and 158: Orientação sexual e identidade de
- Page 159 and 160: sociais (GAGNON, 00 ). Em outras pa
- Page 161 and 162: No Brasil, o movimento LGBT está c
- Page 163 and 164: leis próprias sobre direito de fam
- Page 165 and 166: giosas. Os três setores que compõ
- Page 167 and 168: menor de homossexualidade entre pes
- Page 169 and 170: Considerações finais Vivemos um m
- Page 171 and 172: _______. O parentesco é sempre tid
- Page 173 and 174: HERITIER, Françoise. Masculin/Fém
- Page 175 and 176: A Ambientalização de Professores
- Page 177 and 178: Além disso, é interessante salien
- Page 179 and 180: Tecendo breves considerações sobr
- Page 181 and 182: Seja como for, é importante lembra
- Page 183 and 184: gravitando, porém, entre a acepç
- Page 185 and 186: Desde os anos 90, houve um aumento
- Page 187 and 188: Um programa com o teor que possui o
- Page 189 and 190: A história de nossas vidas é cons
- Page 191 and 192: Todos/as os/as professores/as desta
- Page 193 and 194: pela heteronormatividade e que a in
- Page 195 and 196: Louro ( 004:8 ) ainda observa: [...
- Page 197 and 198: Sempre fui muito respeitada, porque
- Page 199 and 200: A partir do momento em que os profe
- Page 201 and 202: CÂMARA, Cristina. Cidadania e orie
A Escola e @s<br />
Filh@s de Lésbicas<br />
e Gays: reflexões<br />
sobre conjugalidade<br />
e parentalidade<br />
no Brasil<br />
Luiz Mello*<br />
Miriam Pillar Grossi**<br />
An<strong>na</strong> Paula Uziel***<br />
Buscamos neste texto trazer elementos que auxiliem profissio<strong>na</strong>is do ensino<br />
e do corpo diretor de escolas a acolher positivamente crianças cujos<br />
pais vivam em situação de conjugalidade homoerótica ou que se reconheçam<br />
socialmente como gays, lésbicas ou bissexuais. Como questão social,<br />
o tema parece ainda invisível no Brasil mas, a partir da bibliografia especializada e<br />
dos trabalhos que temos realizado <strong>na</strong> rede de pesquisa “Parceria civil, conjugalidades<br />
e homoparentalidades”, sabemos que a filiação é um fenômeno cada vez mais<br />
* Professor adjunto do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia<br />
da Universidade Federal de Goiás. Possui Graduação em Ciências Sociais (1989), Mestrado (1991) e<br />
Doutorado (1999) em Sociologia pela Universidade de Brasília. Realizou Pós-Doutorado <strong>na</strong> Universidad<br />
Complutense de Madrid (2006/2007), onde desenvolveu a pesquisa “Novas famílias e uniões homossexuais:<br />
um estudo comparativo Espanha, Portugal e Brasil”. Coorde<strong>na</strong>dor do Ser-Tão, Núcleo de Estudos e<br />
Pesquisas em Gênero e Sexualidade da UFG.<br />
** É professora dos Programas de Pós-graduação em Antropologia Social e Doutorado Interdiscipli<strong>na</strong>r em<br />
Ciências Huma<strong>na</strong>s da Universidade Federal de Santa Catari<strong>na</strong>. Possui graduação em Ciências Sociais<br />
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1981), Mestrado (1983), Doutorado (1988) em Antropologia<br />
Social e Cultural pela Université de Paris V (1983) e Pós-doutorado realizado no Laboratoire<br />
d´Anthropologie Sociale (1996/1998). Coorde<strong>na</strong>dora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades<br />
(NIGS) da UFSC.<br />
*** Psicóloga, professora adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pesquisadora<br />
associada do Centro-Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (IMS/Uerj). Mestre<br />
em Psicologia Clínica pela PUC-Rio, doutora em Ciências Sociais pela Unicamp. É professora também<br />
do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Uerj. Coorde<strong>na</strong> o Curso de Especialização em<br />
Psicologia Jurídica/Uerj.<br />
1 Esta rede foi fundada em 2004 e é coorde<strong>na</strong>da pelos professores Miriam Pillar Grossi, Luiz Mello e An<strong>na</strong><br />
Paula Uziel. Reúne docentes, pesquisadores e estudantes do Brasil e da América Lati<strong>na</strong> que se debruçam<br />
sobre questões relativas à parentalidade e à conjugalidade entre pessoas do mesmo sexo.