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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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Vou mais adiante no exemplo que envolve o quesito raça, articulado com<br />

o quesito religião: em escolas públicas onde a maioria dos alunos está ligada a<br />

religiões de tradição afro-brasileira, seguem as diretoras mantendo <strong>na</strong>s paredes<br />

ape<strong>na</strong>s crucifixos católicos – quando não quadros da Virgem Maria ou do Sagrado<br />

Coração, num evidente desconhecimento – ou desprezo – em relação com os<br />

demais pertencimentos religiosos. Será pedir demais que, ao pensar em colocar<br />

símbolos religiosos pelas paredes da escola ou das salas de aula, se busque verificar<br />

quantas e quais são as religiões professadas pelos nossos alunos? O simples acesso<br />

à <strong>educação</strong> escolar pode ser armadilha bastante perversa para os tradicio<strong>na</strong>lmente<br />

excluídos: eles ingressam no espaço escolar, verificam que ali ape<strong>na</strong>s são discutidas<br />

questões que não dizem respeito ao seu cotidiano, passam a ter um péssimo<br />

rendimento escolar, são expulsos do sistema, e ainda vão ter que escutar frases do<br />

tipo “a gente deu chance, mas eles não aprendem mesmo”.<br />

O que queremos não é o simples acesso à <strong>educação</strong>. A diferença entre<br />

acesso e inclusão é enorme. As estratégias de inclusão implicam ações de<br />

acolhida e verdadeiro interesse em conhecer quem são os novos públicos de<br />

alunos que passaram a ter acesso à escola. Pelo conhecimento destes variados<br />

perfis, suas questões e seus problemas, suas necessidades de conhecimentos,<br />

os professores e as professoras, que detêm autonomia pedagógica, devem elaborar<br />

outros programas e diretrizes para o ensino. Não se trata de jogar fora<br />

o que vem sendo tradicio<strong>na</strong>lmente ensi<strong>na</strong>do, mas sim de pensar a inclusão de<br />

diversos temas e questões trazidos pelos novos tempos, e de indagar-se sobre<br />

o que deve ser mantido. Não é um “modismo” de ficar simplesmente mudando<br />

programas e currículos; é uma discussão necessária de ser feita, de tempos em<br />

tempos, quando a escola se indaga acerca da pertinência dos conteúdos que<br />

ensi<strong>na</strong>. Nem tudo o que a sociedade traz de novidade vai virar “matéria” de sala<br />

de aula e nem tudo o que ali está vai ser retirado dos programas. Mas temos<br />

que enfrentar a tarefa da seleção de conteúdos, competências e habilidades<br />

prioritárias, e isto deve ser feito de olho <strong>na</strong>s necessidades dos novos públicos<br />

atendidos pela escola.<br />

Somente com esta compreensão estaremos promovendo a verdadeira inclusão<br />

daqueles que sempre estiveram excluídos ou tiveram muita dificuldade<br />

de permanecer <strong>na</strong> escola, entre os quais se incluem os alunos gueis, as alu<strong>na</strong>s<br />

lésbicas e as jovens travestis. Também estaremos criando um ambiente de<br />

maior respeito às diferenças, e de maior democracia, duas características muito<br />

necessárias <strong>na</strong> construção dos espaços públicos em nosso país.<br />

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