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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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intelectual e moral), pois constituem um trabalho do pensamento preconceituoso<br />

(social, mas também o de cada um) que, embora se reconhecendo como tal, não<br />

cessa de agir. Em muitos casos, trabalho que se crê portador da verdade da homos<strong>sexual</strong>idade,<br />

da qual os próprios homossexuais estariam privados, pois ignorariam a<br />

razão (desconhecida para eles; inconsciente; genética, psicossocial, etc.) de sua “tendência<br />

<strong>sexual</strong>”. E que se pretenda que no anúncio dessa verdade encontra-se uma<br />

posição ética que concorreria para uma maior aceitação social da homos<strong>sexual</strong>idade<br />

ou para a liberação dos homossexuais numa maior aceitação de si, tal pretensão não<br />

é menos produto do imaginário colonizado pela ideologia da heteronormatividade,<br />

colonizado pelo preconceito.<br />

Por efeito da longa memória dessa história de colonização pelo preconceito,<br />

pensar que existem causas específicas que produziriam a homos<strong>sexual</strong>idade, estigmatizada<br />

como um desvio, tornou-se uma idéia que está <strong>na</strong> cabeça da maioria, se<br />

não de todos. Mesmo às vezes no pensamento daqueles que se crêem sem preconceitos.<br />

Quando não manifesto, permanece latente no imaginário social a crença<br />

de que um homem ou uma mulher cuja identidade <strong>sexual</strong> é a de homos<strong>sexual</strong>, é<br />

alguém que, no seu desenvolvimento <strong>sexual</strong>, carrega algo que se constitui fundamento<br />

de uma variação não conforme à tendência <strong>sexual</strong> majoritária. O homos<strong>sexual</strong><br />

seria sempre alguém que teria uma <strong>sexual</strong>idade a ser esclarecida, investigada, por ele<br />

próprio e pelos outros, pois não coincide em relação à uma pretensa normalidade<br />

<strong>sexual</strong> (que seria também normalidade psíquica, moral, social). Na boa “tradição européia<br />

da confissão, que começa pela confissão católica e desemboca <strong>na</strong> psicanálise”<br />

(FOUCAULT, 004: 0), o homos<strong>sexual</strong> é sempre visto como aquele de quem se<br />

deve extrair a confissão de sua <strong>sexual</strong>idade. A homos<strong>sexual</strong>idade como desvio, para<br />

cuja existência pesa uma causa específica (talvez variando conforme o caso), é objeto<br />

das mais variadas fantasias... das crendices da opinião popular às dos consultórios<br />

médicos e dos divãs, passando pelos laboratórios universitários de pesquisa.<br />

Na psicologia e <strong>na</strong> psicanálise, uma vez que a <strong>na</strong>turalização do <strong>sexual</strong> é refutada<br />

por Freud (FREUD, 90 [ 97 ]), a homos<strong>sexual</strong>idade aparece como uma<br />

concretização dos percalços a que a <strong>sexual</strong>idade do ser da linguagem pode regularmente<br />

ser submetida. Resumidamente, três fatores determi<strong>na</strong>riam a homos<strong>sexual</strong>idade<br />

masculi<strong>na</strong>: o forte vínculo do filho com a mãe, a fixação <strong>na</strong> fase <strong>na</strong>rcísica e<br />

problemas <strong>na</strong> “castração”. No primeiro, a homos<strong>sexual</strong>idade teria início em razão de<br />

uma intensa e incomum atração do filho pela mãe, o que impediria a ele de se ligar<br />

a outra mulher. O segundo fator, a fixação no <strong>na</strong>rcisismo, faria com que o indivíduo<br />

investisse menos trabalho (psíquico) em se ligar ao seu igual (mesmo sexo) que a<br />

outro sexo (diferente). A homos<strong>sexual</strong>idade representaria uma espécie de “estag<strong>na</strong>-<br />

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